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Entenda o que é o Fórum Econômico Mundial e a sua importância

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Na imagem, Greta Greta Thunberg discursando em palco na reunião de Davos 2020.
Greta Thunberg, na Reunião Anual do Fórum Econômico Mundial 2020 em Davos. Foto: Manuel Lopez/Fotos Públicas.

Todos os anos, em janeiro, grandes empresários, figuras políticas e personalidades influentes reúnem-se em Davos, na Suíça, para debater questões relevantes para o desenvolvimento socioeconômico do mundo. Este evento é realizado pelo Fórum Econômico Mundial (FEM), e é quase um sinônimo da própria organização. 

Neste artigo, a Politize! te conta um pouco da história do FEM, explica seus aspectos e suas principais realizações.

Um breve histórico do Fórum Econômico Mundial

O Fórum Econômico Mundial foi fundado em 1971 pelo economista e engenheiro alemão Klaus Schwab, que à época ministrava aulas de gestão empresarial na Universidade de Genebra. 

Com o patrocínio da União Europeia, o professor convidou 444 empresários europeus a uma conferência na pequena cidade de Davos, na Suíça — um local recluso e afastado, longe dos ambientes habituais do mundo dos negócios — para introduzi-los aos métodos empresariais americanos.

Com o sucesso do encontro, Schwab passou a organizar um evento anual, sob o nome de Simpósio Europeu de Administração. A intenção, naquele momento, era discutir os interesses dos empresários participantes. Foi apenas em 1987 que a organização mudou seu nome para Fórum Econômico Mundial, ou, em inglês World Economic Forum (WEF). 

Em 1973, Schwab redigiu um código de ética para práticas empresariais, conhecido como “Declaração de Davos”. Em 2020, em comemoração à 50ª edição do Fórum, Schwab apresentou uma nova Declaração, que incluiu, entre outras mudanças, a preocupação com o meio ambiente para as gerações futuras.

Para ler o código, acesse: Davos Manifesto 1973: A Code of Ethics for Business Leaders

Não demorou para que o evento chamasse a atenção de autoridades políticas. Em 1974, políticos começaram a ser convidados para compor o fórum de Davos, que expandiu o âmbito das suas discussões para além dos assuntos empresariais e incluiu questões socioeconômicas em suas pautas. Com focos mais abrangentes, também passou a ser comum que ativistas de causas humanitárias comparecessem às reuniões.

A participação de autoridades serve, normalmente, para criar e aprofundar laços econômicos com outros países e atrair investidores. Em 2019, por exemplo, o então presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), foi um dos cinco líderes mundiais a discursar no plenário, que é a assembleia geral do evento.

Em seu discurso, prometeu abrir espaço para novos empreendimentos internacionais, diminuindo a carga tributária e regulamentações estatais. Além disso, garantiu investimentos em segurança — para atrair interesse turístico — e preservação ambiental, especialmente para a Floresta Amazônica.

Leia também: O que os dados mostram sobre o desmatamento no Brasil?

O que é o Fórum Econômico Mundial?

Em poucas palavras, o Fórum Econômico Mundial é uma organização internacional cujo objetivo é facilitar a cooperação público-privada. Por sua história, vimos que a organização começou como um simpósio que reunia apenas empresários. Mas ela rapidamente expandiu seu foco e passou a reunir também representantes do setor público.

Sua atividade mais importante é a reunião anual realizada em Davos, na Suíça. Este encontro é tão importante que tornou-se sinônimo da organização, e muitas vezes é confundido com ela.

Embora a conferência de Davos simbolize o FEM, vários outros encontros são organizados durante o ano, muitos deles com focos específicos em alguma localidade ou tema. Há, por exemplo, o Encontro Anual dos Novos Campeões (Annual Meeting of the New Champions), que ocorre na China e funciona como um “Davos de verão” para as maiores e mais inovadoras empresas de ciência e tecnologia do mundo.

Mais próximo de nós, o FEM organiza um encontro para os países da América Latina, que normalmente ocorre todos os anos, embora não tenha a mesma estabilidade da reunião mundial. A última edição ocorreu em 2018 e foi sediada em São Paulo. 

Encontros em Davos

Os encontros em Davos duram cerca de cinco dias e muitas das suas atividades são acompanhadas por jornalistas e transmitidas a todo o mundo. Além disso, os encontros incluem líderes empresariais, líderes governamentais, acadêmicos e outras personalidades importantes de todo o mundo.

Em 2020, por exemplo, ocasião em que a temática da conferência foi “Grupos de interesse para um mundo coeso e sustentável”, a jovem ativista Greta Thunberg foi uma das convidadas do Fórum Econômico Mundial. Nesta edição, foi atribuída grande relevância ao debate sobre mudanças climáticas e políticas ambientais.

Veja também: Quem é Greta Thunberg? Conheça a ativista socioambiental!

Por isso, realizou o convite à jovem ativista, que, por sua vez, fez um discurso marcante sobre os riscos iminentes da poluição e da atenção que a humanidade deve dar aos alertas da ciência. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, por outro lado, recomendou que semelhantes “previsões apocalípticas” deveriam ser rejeitadas.

Além disso, a edição de 2020 foi marcada por outro fato interessante: a preocupação dos organizadores em promover um evento sustentável, já criticados por sua falta de consciência climática nos eventos anteriores, com o tema “verde”. O FEM proibiu utensílios de mesa descartáveis; determinou que apenas uma a cada dez refeições conteria carne vermelha e que, obrigatoriamente, cada refeição servida em encontros de líderes deveria possuir pelo menos uma opção vegana. 

Veja também nosso vídeo sobre economia sustentável!

O Fórum e suas previsões

O Global Risks Report (Relatório Global de Riscos) é um relatório anual publicado pelo Fórum Econômico Mundial (WEF) que analisa os principais riscos globais que ameaçam a estabilidade econômica e os avanços sociais. 

Esse relatório é baseado em uma pesquisa global envolvendo especialistas e líderes empresariais e governamentais. O objetivo do relatório é fornecer reflexões para ajudar a comunidade global a se preparar e gerenciar os desafios econômicos, ambientais, geopolíticos e tecnológicos.

Para realizar a leitura dos relatórios do Fórum Econômico Mundial, basta acessar o site: Global Risks Report

Algumas realizações importantes

Reunir líderes políticos e as maiores empresas do mundo já gerou iniciativas e mudanças com impacto na história. O objetivo do FEM não é criar projetos e desenvolvê-los, mas abrir canais e facilitar a comunicação entre as pessoas que podem cumprir este papel. 

Em 2003, por exemplo, discussões em Davos levaram à criação da Global Education Initiative, que uniu esforços de empresas, governos e sociedade civil para implementar sistemas e estruturas de educação tecnológica em Egito, Jordão, Rajastão e territórios palestinos.

Em 2008, foi lançado no encontro a 2030 Water Resources Group, uma iniciativa que concentra esforços de empresas e países para evitar que a demanda por água no mundo supere sua disponibilidade até 2030. O 2030 WRG atua em 11 países do mundo, inclusive no Brasil, no estado de São Paulo.

Para verificar os projetos que surgiram a partir dos encontros do FEM, acesse: More Projects!

O Fórum contribui especialmente com relações diplomáticas. Alguns historiadores consideram o discurso de 1987 do ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Hans-Dietrich Genscher, que pediu “uma chance” para o ex-líder soviético Mikail Gorbachev, um marco importante para o fim da Guerra Fria.

Em 1989, Grécia e Turquia assinaram a Declaração de Davos, aproximando-os em um período de guerra iminente. Em 1990, ainda, o Fórum organizou uma conferência entre os líderes europeus para integrar os países do leste europeu e da extinta União Soviética na economia mundial.

Críticas

O Fórum Econômico Mundial reúne em uma pequena cidade algumas das pessoas mais ricas do mundo. Isto é um grande chamariz para críticas, que vêm de ativistas anticapitalistas e anti globalistas. Alguns de seus fundamentos são as alegações já conhecidas dos problemas do capitalismo e da globalização: a concentração de renda e o aumento de pobreza no mundo decorrentes desses dois fatores.

Além disso, a reunião de Davos é vista por muitos como um acontecimento sem importância, onde se discutem banalidades e não se toma nenhuma medida efetiva. 

No fim dos anos 1990 e começo dos 2000, protestos enérgicos e, por vezes, violentos, marcaram as realizações do evento. Tendo em vista a recorrência dos protestos, o governo da Suíça, em 2018, por meio de voto popular, aumentou as verbas de segurança para o Fórum, chegando a ultrapassar 1 bilhão de dólares.  

Diante dessas pressões, com o objetivo de abrir espaço para outras camadas da sociedade, o FEM passou a realizar, a partir de 2003, um fórum aberto ao público, que ocorre concomitantemente ao evento principal em Davos, embora fisicamente afastado deste. O fórum aberto é sediado em escolas secundárias da cidade. É gratuito e conta com a participação de autoridades políticas, artistas, empresários e ativistas de variados setores da sociedade civil.

Notas: [1] Membros institucionais. Site do WEF, em inglês.

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27 mar. 2024

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