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LabHacker: o laboratório de inovação da Câmara dos Deputados

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POR QUE INOVAÇÃO EM GOVERNO?

Se vamos falar sobre casos de inovação em governo, vale a pena conversar brevemente sobre conceitos – já que muito se fala sobre inovação, quando na realidade se está falando sobre criatividade. De maneira simples, inovação significa criar algo novo, que seja implementado e que entregue valor. Se as pessoas não perceberam ou não obtiveram benefício, e não houve mudança de comportamento com o novo produto ou serviço, não é inovação. Falar sobre inovação e fazer inovação é algo bastante evidente no setor privado, por ser essencial à sobrevivência das empresas. Elas precisam entregar novos benefícios aos consumidores de maneira constante, para que se mantenham no mercado e não sejam eventualmente substituídas por novas empresas.

Inovação ainda pode ser categorizada como incremental ou radical. É incremental quando se refere a melhorias feitas em algo que já existe, e é inovação radical quando implementa novos produtos, serviços, processos, negócios que promovem uma mudança de comportamento completa. Em alguns casos, as avaliações são subjetivas, as linhas são tênues e não é tão simples fazer essa separação. E, honestamente, não faz diferença. O importante é que haja um benefício sendo entregue e percebido por quem vai utilizar.

No caso do setor público, associá-lo a instituições inovadoras não é tão comum, já que esse setor não sente a necessidade de se preocupar (tanto) com concorrência. A gestão e os processos não foram projetados com o olhar de quem irá utilizá-los. O governo entrega serviços, independente de serem eficientes ou de oferecerem uma experiência diferenciada aos cidadãos.

LABORATÓRIOS DE INOVAÇÃO EM GOVERNO

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No entanto, há alguns anos o movimento de criação de laboratórios de inovação no setor público expandiu, e segundo Sophie Reynolds, da Nesta, isso aconteceu pela complexidade dos problemas atualmente enfrentados pelo governo, como “populações envelhecendo, restrições orçamentárias, e aumento crescente das expectativas dos cidadãos”.

Sophie ainda afirma que “essas organizações estão dando à formulação de políticas e ao desenho de programas públicos uma injeção de criatividade e experimentalismo necessárias – aproximando atores para explorar soluções de problemas complexos, e desenhar e testar novas abordagens e soluções”.

Há laboratórios espalhados pelo mundo, como é possível ver neste relatório da Nesta (em inglês), e o Brasil passou a fazer parte desse movimento há poucos anos. Trazemos aqui um exemplo de experimentação e desenho de soluções feito de forma colaborativa: o laboratório criado na Câmara dos Deputados, o LabHacker.

O QUE É O LABHACKER

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Para ilustrar nosso primeiro post sobre casos de inovação no setor público, vamos falar sobre o Lab Hacker da Câmara dos Deputados, em Brasília. O portal e-Democracia lançado em 2009, é considerado como o projeto que deu os primeiros passos para que o Lab Hacker acontecesse. A ideia para o laboratório surgiu de uma maratona hacker, em 2013, e a proposta foi levada ao presidente da Câmara na época, que aceitou.

“Criado pela Resolução 49, de 2013, este laboratório dentro da Câmara dos Deputados tem o objetivo de articular uma rede entre parlamentares, hackers e sociedade civil que contribua para a cultura da transparência e da participação social por meio da gestão de dados públicos.” (http://labhackercd.net/about.html)

A palavra hacker é associada a pessoas com conhecimento avançado em sistemas de informática e que são capazes de acessar esses sistemas de forma ilícita, roubando senhas e bloqueando sistemas para que pessoas não possam mais utilizá-los. No entanto, a intenção de utilizar a palavra hacker, como explica Cristiano Ferri, diretor do laboratório, se dá pela associação da palavra com criatividade, inovação e quebra de padrões burocráticos.

O laboratório foi criado com a intenção de “promover o desenvolvimento colaborativo de projetos inovadores em cidadania relacionados ao Poder Legislativo”, e desde então promove hackathons para que os dados públicos sejam utilizados pela sociedade civil. O LabHacker realizou o primeiro Hackathon Legislativo Mundial, e desenvolveu projetos como a Wikilegis e o Retórica Parlamentar.

A ferramenta Wikilegis, do portal e-Democracia, permite que cidadãos leiam os projetos de lei em trâmite na Câmara, que estão separados por temas, e assim deem contribuições para a formulação do texto dos projetos.

Já o projeto Retórica Parlamentar apresenta de forma visual os temas mais abordados nos discursos dos parlamentares, facilitando o entendimento sobre o interesse de cada deputado de acordo com o que mais fala durante seus discursos.

De acordo com Cristiano Ferri, os maiores resultados do laboratório desde sua criação foram as leis construídas com participação social e o fomento de uma cultura de transparência legislativa e da transformação para o governo como plataforma. Como expectativa para o futuro, ele espera que esse trabalho colaborativo ocorra também de maneira sustentável

O Laboratório Hacker é aberto para visitação e o espaço fica disponível para que programadores, desenvolvedores de software e outros profissionais possam trabalhar com dados públicos, em projetos que sejam benéficos à promoção da cidadania.

Outros laboratórios têm surgido, nas diferentes esferas e poderes, com diferentes focos temáticos. Vale a pena ficar atento às possibilidades de participar e ajudar o governo a co-criar soluções que melhorem a experiência dos cidadãos com o setor público!

Referências:

Lab Hacker – Portal e-Democracia – Entenda o surgimento do Laboratório Hacker da Câmara dos Deputados – [WeGov] O cenário dos laboratórios de inovação no setor público

A WeGov é um espaço de aprendizado em governo, que dissemina a cultura de inovação no setor público. Pensando em ilustrar como a inovação tem se expandido, a WeGov preparou uma trilha sobre casos de inovação em governo no Brasil. Fique ligado!

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Conteúdo escrito por:
Responsável pela Rede de Relacionamentos da WeGov. É formada em Design de Produtos pelo IF-SC, com mestrado em Antropologia Social pela Universidade de Manchester, na Inglaterra, e MBA em Gestão Empresarial pela FGV. Tem experiência em grandes empresas com inovação, usabilidade e qualidade. É professora voluntária de inglês em uma comunidade de Florianópolis, já fez trabalho voluntário na Ucrânia, e acredita que as pessoas podem conviver sabendo respeitar as diferenças e trabalhando para um bem comum.

LabHacker: o laboratório de inovação da Câmara dos Deputados

29 mar. 2024

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