Você já ouviu falar em narcocultura? Talvez não com esse nome, mas com certeza já viu exemplos dela por aí em músicas, filmes, séries e até nas redes sociais.
Esse termo tem ganhado destaque em debates sobre segurança pública, cultura, juventude e redes sociais. Mas afinal, o que é narcocultura? Ela é crime? Como este conceito surgiu?
Neste conteúdo, vamos te explicar tudo isso de forma simples e direta.
Bora entender?
O que é narcocultura?
Narcocultura é o nome dado ao conjunto de práticas, símbolos, comportamentos e expressões artísticas que glorificam ou romantizam o universo do narcotráfico.
Ela aparece em músicas, filmes, vídeos, roupas, tatuagens e postagens nas redes sociais, exaltando o poder, a riqueza e o estilo de vida dos envolvidos com o tráfico de drogas.
No entanto, a narcocultura não se limita ao consumo de drogas ou à glorificação de traficantes, o termo também traz consigo a criação de uma narcoestética, responsável por idealizar um estilo de vida associado ao narcotráfico.
Como surgiu esse conceito?
O termo narcocultura começou a ser usado com mais força nos anos 2000, especialmente na América Latina. Países como México e Colômbia foram os primeiros a identificar o fenômeno, principalmente com a popularização dos narcocorridos, que são músicas que contam histórias de traficantes como se fossem lendas populares.
Com o tempo, a narcocultura se expandiu por meio da música, do cinema, da televisão e, mais recentemente, das redes sociais.
No Brasil, o conceito é comumente relacionado a alguns gêneros musicais como o funk ostentação, o trap e o rap que retratam a realidade das favelas e do crime.
Narcocultura é crime?
Não exatamente. Representar o crime em obras artísticas não é, por si só, uma conduta criminosa. A Constituição Brasileira garante a liberdade de expressão e de criação artística (art. 5º, inciso IX).
No entanto, quando a manifestação cultural faz apologia ao crime, ou seja, defende, incentiva ou exalta publicamente práticas criminosas ou criminosos, ela pode sim ser enquadrada no artigo 287 do Código Penal, que trata da apologia ao crime.
Nesse sentido, há uma diferença importante entre retratar a realidade do crime (como denúncia ou crítica) e glorificar o crime (como se fosse algo desejável).

Narcocultura: arte ou apologia?
Esse é um dos debates mais polêmicos sobre o tema. Muitos artistas afirmam que suas músicas ou obras apenas refletem a realidade das comunidades, sem fazer apologia. Eles denunciam a violência, a desigualdade e a ausência do Estado.
Por outro lado, críticos argumentam que certas produções romantizam o crime, mostrando armas, drogas e luxo como símbolos de status, sem questionar as consequências disso.
Na prática, a linha entre arte e apologia pode ser muito tênue. Por isso, cada caso costuma ser analisado individualmente pela Justiça.
E aí, entendeu o que significa narcocultura? Deixe suas dúvidas e opiniões nos comentários!
Referências
- América Becerra – El estudio de la narcocultura mexicana: trayectoria y enfoques
- El País – El culto a la imagen del Mencho y el poder de la ‘narcocultura’ en México
- Guerra Híbrida Brasil – A Cultura do Crime: A Narcocultura e Ideologia de Facção
- Maurício de Bragança – A narcocultura na mídia: notas sobre um narcoimaginário latinoamericano