Guia de como fazer advocacy

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Quando existe urgência em defender uma causa social, o caminho mais rápido é pressionar os políticos que já estão no poder. O nome genérico dado a essa forma de reivindicação é advocacy. É a pressão que ONGs e pessoas exercem juntas para reivindicar dos poderes políticos aquilo que está faltando na sociedade.

A luta por direitos sociais no Brasil é tão complexa, que dificilmente influenciadores da internet ou dos movimentos sociais conseguirão sozinhos promover a mudança. Fazer advocacy não é só participar da foto oficial quando uma nova lei é assinada, nem dar entrevistas o tempo todo. O trabalho não é fácil nem dá resultados imediatos, e está longe de ser realizado por um grupo de pessoas “especiais”. Você não precisa ser advogado para fazer advocacy, nem precisa fazer parte da direção de uma ONG internacional.

Sabemos que o seu desejo de fazer parte da mudança é enorme, por isso preparamos 4 dicas sobre como fazer advocacy de forma inteligente.     

Confira também nosso vídeo feito em parceria com o CLP – Centro de Liderança Pública, sobre o que é advocacy:

1) PENSE NOS PROBLEMAS À SUA VOLTA

Acredite, você é a pessoa “especialista” nos problemas da cidade onde mora, porque já os conhece bem: por exemplo, os serviços públicos que não funcionam, o ensino que não engaja os jovens, o lazer e a cultura que não possuem espaços formais para acontecer. Quando vemos tragédias humanitárias postadas no Facebook é fácil pensar que as guerras no Oriente Médio ou ataques terroristas na Europa são as causas mais urgentes para nós.

Nessa hora, não fique apenas no facebook. Se houver uma petição online sobre o assunto, assine e compartilhe, demonstrando publicamente o seu apoio, ou faça uma doação. Depois, volte a pensar nos problemas da sua cidade. Pois é lá que a sua ajuda é mais direta, e o reconhecimento da sua participação tem mais chances de se concretizar. Não se preocupe, isso não é egoísmo, é foco.  

“A regra número 01 do advocacy é priorizar uma causa entre várias”

FAÇA UM TESTE. PERGUNTE-SE: eu conheço o site da Assembléia Legislativa da minha cidade? Existem audiências públicas marcadas? Que outras ONGs e movimentos desejam a mesma mudança? Elas trabalham com advocacy nas suas campanhas? Como eu poderia aprender com elas?

As respostas devem sugerir o grau de conhecimento e envolvimento da sua causa com advocacy.   

Entenda: o que é advocacy?

2) ENTENDA O OBJETIVO DA CAUSA

Se você já é ativista em alguma organização ou movimento social, procure saber os objetivos de advocacy da campanha que você participa. Lembre-se que fazer advocacy é reivindicar “concretamente” uma mudança, seja uma lei contra a corrupção ou um plano nacional de segurança pública.

Não se espante se você descobrir que a campanha não possui objetivos de advocacy, mas apenas de sensibilização do tema junto à população ou um grupo político influente. E isso é legítimo, pois o tema pode ser muito difícil de ser trabalhado, precisando antes ser reconhecido pela própria sociedade. Evite a frustração de saber só no final que a campanha não pretendia criar ou modificar uma lei. Você também pode ir atrás de outra causa, na qual fazer advocacy é a parte principal.  

“Mobilizar pessoas é fazer advocacy com a sociedade”

ANTES, PENSE A RESPEITO: Mobilização e Advocacy dão as mãos quando a causa social é abrangente e os alvos de uma campanha são alcançados por fases. Em outras palavras, quanto mais ambicioso o objetivo do advocacy, mais longa será a campanha, e mais ela precisará de uma estratégia conjunta de mobilização. Por isso, quem mobiliza pessoas em torno de uma causa, ao longo de meses, muitas vezes 24 horas por dia, já está fazendo advocacy com a parte mais importante: a sociedade!

Por exemplo, a iniciativa Embaixadores Politize! busca pessoas que queiram fazer mobilização e advocacy na própria cidade onde moram. O projeto visa formar jovens lideranças em todo o Brasil para que atuem como agentes de mudança nas eleições de 2018.

3) PROCURE MAIS EXPERIÊNCIAS

Se você nunca participou de causas sociais, ganhe experiência fazendo trabalho voluntário. Busque ONGs e movimentos sociais onde você sabe que o advocacy é parte principal de uma campanha, e mostre sua disponibilidade para ajudar em tudo que puder. Trabalhos voluntários são altamente educativos, nos ensinando profundamente sobre a causa que escolhemos atuar. Dica: faça isso antes de pensar em advocacy.

Por exemplo, você pode acessar a plataforma Atados, pesquisar trabalhos voluntários perto da sua casa e se candidatar online mesmo. O resultado final de todo trabalho de advocacy é um acúmulo de ações de mobilização e pressão política de longo prazo. Por isso, você precisará de paciência para entender de verdade a causa que escolheu e preparar-se para trabalhar efetivamente em uma campanha de advocacy quando surgir a oportunidade.

“O voluntariado nos educa sobre a causa que escolhemos”

SEM TANTA PRESSA: comece pelo começo e aproveite as etapas iniciais do seu aprendizado com a causa escolhida. “Aprender a causa” é uma experiência que não pode ser acelerada, ela deve ser 100% presencial. Quem menospreza a importância do trabalho voluntário e da mobilização de pessoas dificilmente consegue inovar com advocacy, pois as duas atividades se complementam no fim das contas. As atuais causas sociais necessitam de pessoas que saibam se colocar no lugar do outro, captar as necessidades óbvias da sociedade, compreender os limites da política, e saber que o tempo da teoria muitas vezes é diferente do tempo da prática.

4) ORGANIZE UM GRUPO

Faça parte de uma organização ou movimento social que incentivam a criação de grupos de ativismo, e organize o seu. Geralmente esses grupos realizam atividades na cidade, seguindo a agenda de campanhas da ONG. Além disso, é necessário prestar contas do que foi realizado e se comprometer com o aumento da base de apoiadores da causa na própria cidade. Essa é uma ótima chance para testar sua capacidade de liderar um grupo de pessoas em atividades variadas, enquanto aprende como fazer advocacy através das ações realizadas pela organização com apoio do seu grupo local.

Por exemplo, grandes ONGs internacionais como Greenpeace e Anistia Internacional incentivam a criação de grupos locais de ativismo. Busque no site dessas organizações a sessão “junte-se a nós”, e faça a sua proposta de criação de grupo. É importante que você possua pelo menos 4 pessoas que desejam administrar o grupo com você. Uma vez criado, o grupo deve ser levado a sério, pois ele será um laboratório da vida real de uma causa.    

“Lidere o advocacy na cidade com grupos de ativismo da sua ONG”

DESTAQUE-SE: se quiser destacar ainda mais o seu trabalho, proponha a formação de um grupo de mobilização e advocacy para uma ONG que não disponha desse recurso pessoal – em geral, são as ONGs de menor porte. O trabalho vai requerer acompanhamento de perto e metodologias específicas. Aqui o seu comprometimento deverá ser total. Por outro lado, se o grupo é local, torna-se mais fácil fazer o gerenciamento das atividades, e o impacto é mais visível e satisfatório para todos.   

  

PLANEJE. Anote essas dicas ou imprima cada uma separadamente.

Registre em um bloco de papel todas as dúvidas, ideias e oportunidades que vierem à sua cabeça. Releia tudo quantas vezes for preciso até identificar o seu perfil, e por onde deve começar.

Chame mais gente e bom trabalho!

Nota: conteúdo inspirado na experiência do redator na mobilização da Anistia Internacional Brasil.

Última atualização em 23 de fevereiro de 2018.

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Conteúdo escrito por:
Formado em Relações Internacionais, com mestrado em Filosofia. Possui interesse em metodologias de voluntariado, conteúdo de causas sociais e culturais, e temas da mente.

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18 abr. 2024

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