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Eleições nos EUA 2020: as convenções partidárias

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Esse é o primeiro de uma série de textos do Politize! em parceria com Pedro Paiva, da página Eleições EUA 2020, no Instagram. O objetivo da série é descomplicar para os brasileiros o que está acontecendo na eleição americana. Para começar, falaremos um pouquinho sobre as convenções partidárias que aconteceram em agosto. Vamos lá?

Bandeira dos Estados Unidos (Foto: Visual Hunt)
Bandeira dos Estados Unidos (Foto: Visual Hunt)

Enfim começaram, oficialmente, as eleições americanas. Sim, é verdade, as campanhas já começaram há muito tempo, mas foi só no fim de agosto que os candidatos foram oficializados nas convenções partidárias. E as convenções não são uma mera formalidade, mas sim uma oportunidade para cada partido passar a mensagem central das suas candidaturas, a linha política que cada um apresentará até o decisivo 3 de novembro. Mas e então, o que é importante saber?

Antes de mais nada, o que é uma convenção?

As convenções partidárias são eventos que têm como objetivo oficializar o nome daquele ou daquela que disputará a eleição presidencial. Vale lembrar que nos Estados Unidos os dois grandes partidos, Democrata e Republicano, passam por processos de prévias que elegem delegados. É nas convenções que os delegados, enfim, votam e escolhem o candidato que estará na cédula em novembro. Mas não se trata só disso: a convenções também são o primeiro momento no qual os partidos podem expor sua plataforma, seu programa de governo e sua linha política.

Relembre as diferenças das eleições dos Estados Unidos para as brasileiras.

A Convenção Democrata

A primeira convenção foi a do Partido Democrata. Diferentemente dos anos anteriores, quando milhares de partidários se reuniam, geralmente em um estádio, para o evento, neste ano um “pequeno” detalhe fez com que o partido mudasse seus planos: a pandemia. O evento aconteceu, então, de forma 100% virtual e foi televisionado por todos os grandes canais de TV dos Estados Unidos. 4 noites, com aproximadamente 2 horas cada, inteiramente dedicadas ao encontro que tinha como objetivo principal convencer os americanos de que é chegada a hora de tirar Donald Trump da Casa Branca.

Os democratas, como é de se esperar do partido da oposição, passaram muito tempo criticando o governo atual, com figuras importantes como Barack e Michelle Obama afirmando que Trump não tinha a capacidade de liderar o país. Outras figuras tiveram como objetivo coesionar (tornar mais coeso) o partido, como Bernie Sanders que fez um apelo para sua base progressista sobre a importância da unidade nesta eleição. Até mesmo figuras do Partido Republicano, como John Kasich, ex-governador de Ohio, falaram, em um objetivo claro de tencionar a base republicana que está insatisfeita com o presidente.

E não foram só os figurões do partido que marcaram presença. Uma criança que teve sua mãe deportada falou sobre imigração, uma filha que perdeu o pai para a COVID sobre o combate à pandemia e os familiares de George Floyd sobre o racismo. Diga-se de passagem, os momentos que envolveram pessoas comuns foram os mais emocionantes, cada qual falando dos seus estados, ao vivo ou gravado.

O tema do racismo foi central na convenção. E já era de se esperar, afinal de contas 90% dos negros americanos declaram hoje que pretendem votar em Joe Biden e o país vive um dos momentos de maior ascensão da luta antirracista desde as mobilizações pelos direitos civis nos anos de 1960.

As falas mais importantes foram as de Kamala Harris e Joe Biden, aceitando a tarefa de representar o partido nas eleições. A linha dos dois foi a de que os Estados Unidos vivem um momento sombrio da sua história, com violência, ódio, racismo e divisionismo, segundo eles incentivados por Donald Trump.

A Convenção Republicana

Mas os Republicanos também deram sua versão dos fatos na semana seguinte. A convenção do partido também foi 100% digital – ou melhor, 99%. Mas não era isso que Trump queria. Mesmo com a pandemia, o presidente tentou manter o evento presencial na Carolina do Norte, mas o estado barrou. Depois tentou mudar para a Flórida, o que também não deu certo. Por fim, aceitou e fez algumas manobras para ter público presencial nas falas mais importantes.

Assim como os democratas falaram muito do racismo por causa das manifestações do Black Live Matter, os republicanos também bateram muito nessa tecla, mas por outro viés. A linha do partido foi a de que os Estados Unidos hoje vivem um caos provocado por baderneiros apoiados pelos democratas. Os protestos eram tratados como guerras campais, e não como manifestações pacíficas.

O momento mais polêmico da convenção foi exatamente sobre isso. Mark e Patricia McClosky, aquele casal que ficou mundialmente conhecido após apontarem suas armas para manifestantes do BLM, em St. Louis, falaram sobre o direito de carregar armas e proteger sua propriedade. Falou também a esposa de um policial que foi morto em uma das manifestações, uma fala tocante que tinha como objetivo jogar a opinião pública contra os protestos.

Mas os republicanos também quiseram deixar nítido que não são um partido racista. Apesar de terem apenas um senador negro e pouquíssimos deputados negros, diversas pessoas negras falaram na convenção. Até mesmo um deputado estadual democrata da Georgia falou e declarou apoio a Trump, afirmando que ser negro não significa votar em Joe Biden. A fala foi um mix de alfinetar os democratas por terem levado um republicano para a sua convenção e a tentativa de furar a bolha de um dos eleitorados mais fiéis dos democratas.

A família de Trump também teve um lugar de destaque: 4 filhos e sua esposa, Melania, tiveram tempo de fala. Algumas mais pessoais, como a de Melania, e outras mais fortes na linha política de ultradireita, como Donald Trump Jr. Os momentos mais importantes da convecção, porém, foram as falas de aceitação de Mike Pence (vice de Trump) e a do presidente.

As falas dos candidatos foram criticadas por serem feitas em espaços públicos e com plateias. Principalmente a fala de Trump, que foi feita nos jardins da Casa Branca (algo inédito) e com quase 2.000 convidados, na sua maioria sem máscaras. A linha dos dois foi muito parecida: os Estados Unidos serão um lugar menos seguro com Joe Biden e, ele, é um “cavalo de Tróia para o socialismo”, como disse Donald Trump, para a ala “radical” do Partido Democrata.

Em resumo…

As convenções foram importantes para dar o pontapé inicial no processo eleitoral, mas a verdade é que elas impactaram muito menos nas pesquisas do que aconteceu em eleições passadas. Talvez pelo modelo, pela pandemia, e talvez pela própria polarização que já toma conta do país. É possível afirmar, porém, que Donald Trump, que esteve muito mal nas últimas pesquisas, parece estar recuperando, principalmente nos tão importantes Swing States. O que vai acontecer? Só o tempo dirá.

E você, o que achou das convenções? E em quem votaria nestas eleições? Deixei sua visão nos comentários.

Referências:

CBS News – 90% dos negros em pesquisa declaram votar em Biden – Discurso de Barack Obama na Convenção DemocrataDiscurso de Michelle Obama na Convenção DemocrataDiscurso de Bernie Sanders na Convenção DemocrataDiscurso de John Kasich na Convenção DemocrataDiscurso de Kamala Harris na Convenção Democrata – Discurso de Joe Biden na Convenção Democrata –  Discurso de Mark e Patricia McClosky na Convenção Republicana – BBC (Sobre o casal McClosky)Discurso de Vernon Jones na Convenção Republicana – Discurso de Melania na Convenção RepublicanaDiscurso de Donald Trump Jr. na Convenção RepublicanaDiscurso de Mike Pence na Convenção Republicana –  Discurso de Donald Trump na Convenção Republicana.

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Eleições nos EUA 2020: as convenções partidárias

29 mar. 2024

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