Quero ser um candidato. E agora?

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Em outro texto, vimos como os partidos se organizam para definir seus candidatos nas eleições. Mas vamos olhar da perspectiva dos aspirantes à carreira pública: o que é realmente necessário para ganhar espaço e ter a chance de concorrer nas eleições como candidato? Qual é o perfil ideal para a carreira política? É isso que vamos mostrar aqui.

A dificuldade dos novatos

Coloque-se na seguinte situação: você é jovem, socialmente engajado(a), é carismático(a), tem capacidade de liderança e possui ótima retórica. Você gosta de projetos sociais e já ajudou a concretizar muitas coisas legais para sua comunidade.

Agora, você quer tomar um passo adiante e entrar para a política “de verdade”, aquela política que você vê todos os dias na TV – suja, baixa, imersa em corrupção. Você, jovem líder, quer mudar essa história, mostrar que não é necessário se corromper para ser um político no Brasil.

Isso tudo é muito positivo, não tenha dúvida. O grande problema é: para entrar na política, você terá de começar do mesmo jeito que todos os políticos começaram! E aí começa o desafio: como fazer diferente?

Não é fácil ingressar no mundo da política. Pessoas novas e cheias de ideias podem encontrar vários obstáculos para concretizar suas aspirações. Sua trajetória política dependerá da sua capacidade de se articular dentro de um partido político. Para isso, em muitas situações será preciso dançar com a música, mesmo que às vezes você não goste da música.

Preparamos abaixo um passo a passo para que você consiga deslanchar sua carreira política.

Passo 1: antes de ser candidato, trabalhe em projetos voluntários

Ter experiências prévias em trabalhos sociais, voluntários e afins, e com impacto real e mensurável nas comunidades envolvidas é um componente que aumentará suas chances de sucesso na política. Participar de projetos dessa natureza demonstra que você possui interesse em temas coletivos. Além disso, você pode adquirir experiência em encontrar soluções para problemas coletivos. Em sua carreira política, você terá de lidar com esse tipo de problemas o tempo todo e terá de desenvolver pensamento estratégico para pensar em suas soluções.

Também recomendamos que você participe das instâncias locais de deliberação política. Existem várias delas, e é uma forma de você viver a política na prática desde cedo. Veja alguns exemplos:

Muitas lideranças nacionais importantes surgiram do movimento estudantil, dos sindicatos e organizações similares. Esse pode ser um bom ponto de partida para você, pois irá demonstras que estás engajado coletivamente na defesa de direitos e ideais.

Passo 2: ingresse em um partido político de sua escolha (ou crie seu próprio)

No Brasil, os partidos políticos possuem o monopólio sobre as candidaturas para as eleições. Portanto, qualquer que seja o aspirante a um cargo eletivo, ele terá de ingressar em um partido político (ou então criar seu próprio partido, o que é uma tarefa ingrata para quem está apenas começando).

Cada partido tem suas exigências em relação aos filiados, por isso conheça as regras do partido antes de fazer a filiação. Além disso, eles possuem princípios “ideológicos”, orientações de pensamento político que (em tese) devem nortear a decisão dos seus afiliados enquanto representantes políticos. Certifique-se de escolher um partido de sua confiança.

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Passo 3: faça contatos dentro do partido

O aspirante a político precisa passar por provas de fogo até demonstrar que tem potencial para a política. Provavelmente, você terá de convencer os “caciques” do partido de que pode conseguir muitos votos. Conquistar a confiança dessas pessoas é essencial.

O que fazer, então, para aumentar sua projeção no início da carreira? Muitos iniciantes trabalham em campanhas de outros políticos, o que lhes permite conhecer o dia a dia de uma campanha e entrar em contato com a rede de pessoas e organizações que estão envolvidas nelas. Outros vão trabalhar no gabinete de candidatos eleitos, entendendo como é a rotina e os desafios de um político eleito. Tudo isso abre portas e facilita o ingresso nesse mundo.

Observação: os fatores “vantajosos”

Ainda queremos lembrar que existem alguns fatores que podem colocar algumas pessoas em vantagem em relação aos seus concorrentes. São vantagens que, infelizmente, fazem parte do cotidiano da política.

Ser parente de político pode pesar muito a favor de um principiante. Além de ter um nome de família já conhecido pela população (o que facilita o marketing), o parente de político também acessa mais facilmente contatos importantes. Não é à toa que 49% dos deputados federais eleitos em 2014 possuem políticos na família. Apenas é preciso lembrar que a Constituição (art. 14, par. 7) limita a candidatura de vários parentes de prefeitos, governadores e do presidente.

Ser assessor de político, ou trabalhar em posição de destaque nesse meio, também ajuda os principiantes em corridas eleitorais, pela facilidade com que os políticos com cargo eletivo conseguem transferir votos, pela vinculação de sua imagem.

Ser famoso também pode dar vantagem ao candidato. Jogador de futebol, humorista e participante de reality show: essas são apenas algumas das antigas ocupações de políticos que hoje nos representam no Poder Legislativo federal.

A fama prévia ajuda porque, dessa forma, o candidato já é conhecido e tem grande potencial de voto. No caso das eleições para vereadores e deputados, isso importa muito, pois os votos de sobra de um candidato garantem cadeiras para outros candidatos do partido ou coligação no Legislativo. É assim que muitos famosos tornam-se puxadores de voto, como aconteceu com Tiririca em 2010 e 2014.

Passo 4: angarie recursos e apoiadores’

Este passo é complementar ao anterior. Contatos no mundo político levam a recursos. De fato, este é um dado desanimador acerca da política brasileira: é improvável que você consiga desenvolver sua carreira sem ter acesso a grandes financiadores de campanhas –  quadro que pode mudar com a proibição das doações empresariais nas campanhas. Mas, por hora, vamos partir da realidade atual até então.

Os financiadores são essenciais, pois você precisará de recursos para fazer uma campanha bem-sucedida. Nossas campanhas eleitorais estão entre as mais caras do mundo e quem consegue mais recursos ganha mais visibilidade junto aos eleitores, aumentando suas chances de sucesso.

A grande dificuldade é conciliar os interesses dos financiadores com o interesse dos eleitores em geral. Balancear esses fatores será um desafio permanente em sua vida pública – seja como vereador, prefeito, deputado ou presidente.

Além dos contatos com financiadores, é importante que você tenha correligionários, pessoas que acreditam no seu potencial e que o apoiem de perto. Tais pessoas podem se dispor a ajudar na sua campanha, seja no planejamento, seja como cabos eleitorais.

Passo 5: tenha propostas coerentes, factíveis e de apelo à população

É muito importante que você tenha um plano de governo bem delineado, antes mesmo de conseguir uma candidatura oficial. Pense nas “dores” dos seus eleitores e desenvolva uma pauta propositiva, que mostre claramente os problemas a serem atacados, e principalmente os resultados almejados. Ter clareza quanto ao objetivo que você quer alcançar transmite uma mensagem clara tanto aos seus pares dentro do partidos, quanto para os eleitores.

Esses são os fatores que consideramos os mais importantes para você se tornar um candidato político. Leve esses fatores em conta caso queira entrar nesse mundo. E não se desanime se você ainda não tiver muitos contatos dentro da política partidária! Lute por seu espaço e ajude a construir uma política diferente.  

E você, tem algum tipo de interesse em se tornar candidato? Conte pra gente nos comentários!

Última atualização em 27 de abril de 2018.

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1 comentário em “Quero ser um candidato. E agora?”

  1. O QUE PODE SER FEITO NAS ELEIÇÕES? VEJA 5 PERMISSÕES E 5 PROIBIÇÕES NA PRÉ-CAMPANHA! – Portal O Farol

    […] é crime. Seja ao andar pela rua ou até mesmo em um programa de rádio ou televisão, o pré-candidato nunca poderá pedir voto de maneira explícita, nem usar de propaganda privada para realizar essa […]

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Conteúdo escrito por:
Bacharel em Relações Internacionais da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

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