Este conteúdo integra a trilha de conteúdos do Projeto Amazônia Urbana, uma iniciativa que busca aprofundar o entendimento sobre os desafios e transformações ambientais das cidades na região amazônica.
O projeto é realizado pela Politize!, em parceria com o Pulitzer Center.
A urbanização da Amazônia não é um fenômeno recente. Trata-se de um processo histórico complexo, marcado por ondas distintas de ocupação e transformação do território.
Entender esse processo é fundamental para pensar alternativas sustentáveis de desenvolvimento urbano e garantir melhores condições de vida para milhões de pessoas que hoje vivem nas cidades amazônicas.
Acompanhe a leitura para saber mais sobre!
- Qual o contexto histórico da urbanização da Amazônia?
- Século XIX: o ciclo da borracha e a modernização urbana
- O ciclo e o declínio da borracha na Amazônia
- A ditadura militar e os projetos de integração nacional
- Urbanização dispersa e desigual
- O crescimento recente da Amazônia e seus dilemas
- Amazônia urbana atualmente
- Iniciativas urbanas sustentáveis e o papel das cidades amazônicas no futuro
- Referências
Qual o contexto histórico da urbanização da Amazônia?
Antes mesmo do século XVI, havia uma população expressiva de cerca de 10 milhões de pessoas, distribuídas em redes de assentamentos articulados aos rios, florestas, roças e pomares, sem uma separação clara entre o urbano e o rural.
No final do século XX, observaram-se tanto impactos negativos quanto transformações estruturais significativas na região de fronteira amazônica, compreendida aqui como um espaço dinâmico e em constante formação, suscetível à produção de novas realidades sociais, econômicas e culturais.
Entre as mudanças observadas, destaca-se a ampliação da conectividade regional, considerada por muitos um dos fatores centrais para o desenvolvimento da Amazônia.
Essa conectividade não se limitou à construção de estradas, frequentemente apontadas como responsáveis por processos de degradação ambiental e social, mas incluiu também a expansão das telecomunicações, que permitiram articular comunidades locais com redes nacionais e globais.
No campo econômico, a região passou por um processo de diversificação: do extrativismo tradicional para atividades industriais, como a mineração e a instalação da Zona Franca de Manaus.
Essa última é interpretada de diferentes formas: enquanto alguns a veem como um instrumento estratégico de integração e desenvolvimento promovido pelo Estado na fronteira norte, outros a criticam por suas limitações estruturais e impactos ambientais.
Ainda assim, é inegável que a Zona Franca se consolidou como um polo produtivo relevante, especialmente nas indústrias de bens de consumo duráveis, como o setor de duas rodas, telecomunicações e biotecnologia.
Século XIX: o ciclo da borracha e a modernização urbana
A urbanização mais recente da Amazônia foi marcada por dois momentos relacionados à sua integração ao restante do país.
O ciclo e o declínio da borracha na Amazônia
A urbanização na Amazônia teve um grande impulso no final do século XIX, com o auge do ciclo da borracha, entre 1879 e 1912. Durante este período, a exploração do látex extraído das seringueiras transformou a região amazônica em um dos centros econômicos mais importantes do Brasil, especialmente nas cidades de Manaus e Belém.
O colapso do ciclo da borracha gerou um processo de retração urbana, abandono de estruturas e empobrecimento das cidades amazônicas, como Belém e Manaus. Esse declínio foi marcado por uma crise econômica e social que aprofundou as desigualdades e interrompeu o desenvolvimento urbano na região.
O esvaziamento econômico e a perda de protagonismo nacional da Amazônia levaram a um estado de dependência de políticas externas, com investimentos governamentais episódicos e pouco estruturados.
Como consequência, muitos migrantes que haviam se estabelecido na região para trabalhar nos seringais, atraídos pelas promessas de prosperidade, encontraram-se em um cenário de recessão sem a infraestrutura necessária para reintegrá-los à vida urbana.
Esse cenário foi agravado pela falta de preparação das cidades para absorver o grande fluxo de pessoas que migraram do campo para os centros urbanos.
Esse abandono das atividades econômicas tradicionais deu espaço para a transição de um modelo voltado para o extrativismo para novas atividades industriais, como a exploração mineral e o incentivo ao polo industrial da Zona Franca de Manaus, criada em 1967.
A Zona Franca, embora tenha gerado um impacto econômico positivo ao estimular a instalação de indústrias e a produção de bens de consumo duráveis (como os da indústria de duas rodas e telefonia) foi criticada por não valorizar as “potencialidades locais”, como aponta César Augusto Queirós, professor da Universidade Federal do Amazonas.
Enquanto o setor industrial prosperava, as desigualdades sociais persistiam, especialmente em relação às comunidades tradicionais que continuavam dependendo das práticas extrativistas.
O novo modelo econômico trouxe consigo uma intensificação da exploração dos recursos naturais e das terras indígenas, o que gerou tensões e conflitos que perduram até os dias atuais.
A falta de políticas públicas adequadas e de investimentos contínuos agravou a situação de muitos habitantes da região, que se viram cada vez mais afastados das decisões políticas e dos processos de desenvolvimento.
Assim, a transição do ciclo da borracha para uma economia industrializada e voltada para o mercado global resultou, em muitas áreas, em um processo de marginalização social e econômica, onde a exploração dos recursos naturais muitas vezes não se traduziu em benefícios para a população local, mas, ao contrário, exacerbou as desigualdades regionais.
A ditadura militar e os projetos de integração nacional
O segundo momento decisivo da urbanização ocorreu após 1970, com a política de “integração nacional” adotada durante a ditadura militar. Nesse período, cidades e vilas surgiram ou cresceram rapidamente no entorno de eixos rodoviários como a Transamazônica.
A população total e urbana saltaram, respectivamente, de 8,2 e 3 milhões em 1970 para 12,4 e 5,8 milhões em 1980. Os grandes planos de ocupação, voltados para o “Brasil Grande“, incluíam colonização agropecuária, exploração florestal e mineral, incentivos fiscais e grandes obras de infraestrutura, como estradas e hidrelétricas.
A chegada do regime militar ao poder resgatou e amplificou a ideia de que seria necessário ocupar a Amazônia para consolidar o domínio sobre esse território. O governo lançou campanhas para povoar a região com o intuito de protegê-la de um imaginado risco de invasão estrangeira.
A iniciativa era resumida pelo slogan “Integrar para não entregar“, que servia de justificativa para grandes projetos e degradação ambiental. Foi um período marcado por obras de infraestrutura, exploração mineral, expansão do agronegócio e falta de planejamento para lidar com os indígenas da região.
“Os indígenas eram considerados uma população sem perspectiva de progresso, e foram criadas propagandas para habitar essa região, que o governo dizia ser sem homens, sem habitantes”, diz a historiadora Lilian Moser, professora da Universidade Federal de Rondônia.
Em 1970, o governo militar lançou o Programa de Integração Nacional e anunciou obras que serviriam de estímulo para atrair migrantes, especialmente do Nordeste. Um dos eixos foi a abertura de rodovias, como a Transamazônica, que ligaria a Paraíba ao sul do Amazonas, e a BR-174, para conectar Manaus à Venezuela, e a destinação das áreas que margeiam as estradas a particulares.
Também houve investimentos em projetos de mineração, como o Programa Grande Carajás, no sul do Pará, onde a Vale explorou diversos minérios, como ferro, estanho e bauxita.
Nesse período ocorreu a expansão do agronegócio no Pará e em Mato Grosso, com incentivo à pecuária extensiva e políticas fundiárias que beneficiaram grandes proprietários. “O governo militar foi na direção oposta aos anseios por reforma agrária e se colocou do lado dos interesses dos grandes agricultores”, diz Queirós.
Segundo ele, boa parte das terras nessa região pertenciam ao Estado e foram repassadas a grandes posseiros e grileiros, que tinham a obrigação de desmatar ao menos 50% da área, com uso frequente de trabalhadores em condição análoga à escravidão.
Em 1967, foi criada a Zona Franca de Manaus, com o objetivo de estabelecer indústrias na região, o que teve impacto econômico positivo para a Amazônia, mas sem valorizar as “potencialidades locais”, diz Queirós.
A relevância geopolítica da Amazônia para os militares pode ser entendida à luz dos projetos de “integração nacional”, com um foco centralizado na ocupação e exploração do território.
As ideias de integração nacional vinham desde os primeiros geopolíticos brasileiros nos anos 1930, mas foram realmente postas em prática a partir dos anos 1960, com a ditadura militar. Durante esse período, a Amazônia também se tornou o palco de uma das maiores guerrilhas rurais de contestação à ditadura, a guerrilha do Araguaia, que foi dizimada pelos militares na década de 1970.
Urbanização dispersa e desigual
O modelo de urbanismo hegemônico que inspirou cidades como Brasília também foi projetado sobre a Amazônia como uma “tábula rasa”. A floresta era vista como um obstáculo ao progresso, e a construção de cidades não dialogava com o território. Isso resultou em cidades pouco integradas à floresta e marcadas por deficiências em infraestrutura, planejamento e acesso a serviços.
As cidades da região continuam enfrentando desafios socioambientais graves e demandam políticas urbanas efetivas e adaptadas à realidade local.

Nesse sentido, é importante destacar o argumento de Cardoso, Dal’Asta e Monteiro (2023), que mostram como a Amazônia contemporânea apresenta uma urbanização em “continuum”, na qual se articulam formas de ocupação que não se encaixam perfeitamente nas categorias tradicionais de urbano ou rural.
O modelo clássico de dicotomia entre cidade e campo não dá conta das formas de vida existentes em vilas ribeirinhas, comunidades extrativistas ou em territórios de populações tradicionais, que têm acesso precário à infraestrutura, mas mantêm conexões urbanas e redes de circulação complexas.
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Esse panorama desafia as estatísticas e políticas públicas convencionais, especialmente na saúde, que se baseiam em recortes urbanos e rurais que não se aplicam ao contexto amazônico.
A partir dessa abordagem, torna-se mais evidente a urgência de redesenhar os instrumentos de planejamento territorial e de gestão urbana na região, com base em compreensões mais realistas e culturalmente sensíveis do que é o urbano na Amazônia.
O crescimento recente da Amazônia e seus dilemas
A urbanização brasileira conheceu uma aceleração expressiva a partir da segunda metade do século XX, impulsionada por transformações econômicas, políticas e sociais. Esse processo, no entanto, não se deu de maneira homogênea em todo o território nacional.
A região amazônica, em particular, apresentou trajetórias próprias, marcadas por uma combinação singular de crescimento populacional, migração, políticas de ocupação e transformação do espaço. Para compreender melhor esse fenômeno, é fundamental observar os dados em perspectiva histórica, acompanhando suas principais fases e implicações.
A tabela a seguir sintetiza a evolução da urbanização no Brasil e na Amazônia entre 1950 e 2000. A comparação permite perceber tanto o ritmo acelerado de urbanização nacional quanto as particularidades da dinâmica populacional amazônica.
Ano | % População Urbana (Brasil) | % População Urbana (Amazônia) | Taxa média anual de crescimento urbano (Brasil) | Taxa média anual de crescimento populacional total (Amazônia) |
1950 | 36% | ~30% | — | 3,35% (1950–1962) |
1960 | 45% | 35,5% | 5,2% (década de 1950) | — |
1970 | 56% | 42,6% | — | 5,02% (1970–1980) |
1980 | 68% | — | 4,5% (década de 1970) | 3,85% (1980–1991) |
2000 | — | — | — | 2,57% (1991–2000) |
Enquanto o Brasil consolidava sua transição para uma sociedade majoritariamente urbana, a Amazônia experimentava um processo distinto. O crescimento populacional na região foi intenso, sobretudo impulsionado por fluxos migratórios e políticas de ocupação das fronteiras agrícolas.
No entanto, esse aumento demográfico não se traduziu automaticamente em urbanização acelerada.
O percentual da população urbana na Amazônia subiu de 35,5% em 1960 para apenas 42,6% em 1970, bem abaixo da média nacional.

Isso se explica por fatores como a ausência de infraestrutura urbana consolidada, a dispersão dos assentamentos e o predomínio de atividades econômicas ligadas ao extrativismo, à agricultura e à expansão de projetos desenvolvimentistas.
O avanço da urbanização no Brasil, especialmente a partir da década de 1970, deu origem a formas cada vez mais complexas de organização territorial. As categorias tradicionais de “urbano” e “rural” passaram a ser insuficientes para explicar a realidade de muitos espaços do país, especialmente na região Norte.
Entre as transformações observadas, destacam-se:
- A expansão de metrópoles sobre áreas rurais vizinhas, absorvendo antigos distritos e zonas agrícolas;
- A emergência de cidades médias e pequenas em zonas estratégicas de logística e produção;
- A chegada de infraestrutura urbana (como eletricidade, água tratada e internet) a áreas classificadas oficialmente como rurais;
- O surgimento de empreendimentos residenciais, turísticos, comerciais e industriais em locais isolados, muitas vezes associados a polos de ecoturismo, mineração, agronegócio ou grandes obras de infraestrutura.

Diante da diversidade de configurações socioespaciais no território brasileiro, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) passou a adotar uma classificação mais refinada das áreas urbanas e rurais, reconhecendo zonas de transição e hibridismo.
Quadro 1 — Subcategorias do espaço urbano-rural segundo o IBGE
Subcategoria | Características principais |
Áreas urbanas isoladas | Localizadas fora de grandes centros urbanos, mas com estrutura e funções urbanas |
Áreas de expansão urbana | Regiões contíguas às cidades, com crescimento acelerado e adensamento populacional |
Aglomerados rurais de extensão urbana | Núcleos rurais com infraestrutura e serviços típicos de áreas urbanas |
Núcleos rurais | Conjuntos populacionais localizados em áreas rurais com relativa densidade |
Assentamentos rurais | Áreas destinadas à reforma agrária ou regularização fundiária, com infraestrutura básica |
Amazônia urbana atualmente
Em muitos debates sobre o futuro da Amazônia, a floresta e suas espécies ganham centralidade, mas as cidades amazônicas e seus mais de 24 milhões de habitantes permanecem invisíveis.
Esse esquecimento compromete a própria preservação do bioma. Como alertam especialistas, não há como proteger a floresta sem cuidar das cidades amazônicas — onde vivem mais de 8 em cada 10 habitantes da região.
Belém, cidade-sede da COP30, simboliza essa encruzilhada. Enquanto recebe vultosos investimentos em obras urbanas e infraestrutura, enfrenta sérios desafios sociais: 35% de sua população vive em extrema pobreza e 83% das residências não têm acesso à coleta adequada de resíduos.

Os bairros ribeirinhos, como os que margeiam o Canal São Joaquim, são especialmente vulneráveis — alvos de enchentes, doenças infecciosas e carência de serviços públicos. Embora projetos de requalificação urbana estejam em andamento, muitos moradores temem que as soluções priorizem a estética em detrimento das necessidades reais da população local.
As cidades amazônicas concentram o poder político, econômico e intelectual da região. Elas são, ao mesmo tempo, polos de degradação — com altas taxas de desmatamento indireto, poluição e violência — e potenciais motores de transformação, com capacidade de liderar uma transição para economias sustentáveis e soluções baseadas na natureza.
Experiências como as da cidade de Belém, com sua crescente participação no setor de serviços e comércio, mostram ser possível reconfigurar trajetórias urbanas antes ancoradas em atividades predatórias.
Como destaca Beto Veríssimo, do Imazon, “corrigir os rumos das cidades não basta para salvar a floresta, mas cidades mais prósperas e ordenadas reduzem os incentivos à pilhagem e ao desmatamento.” Por isso, planejar e investir nas cidades amazônicas é uma agenda ambiental, social e estratégica de primeira ordem.
Outra dimensão urgente da urbanização amazônica é a crescente violência urbana nas principais cidades da região, como Macapá. Conhecida como “joia urbana da Amazônia”, Macapá tem enfrentado um aumento alarmante na criminalidade.
Com uma população de quase 500 mil habitantes, a cidade registrou uma taxa de homicídios de 71,3 por 100 mil habitantes em 2023, a mais alta entre as capitais regionais brasileiras. A cidade vizinha de Santana superou essa taxa, atingindo 93 homicídios por 100 mil.
Essa onda de violência reflete a migração de organizações criminosas para a região amazônica, atraídas pelas rotas de tráfico de drogas e pelas falhas estruturais no policiamento e nos serviços públicos.
Em bairros periféricos e áreas de ressaca, onde a urbanização precária empurra a população para regiões alagadiças, os serviços básicos são ausentes e o Estado tem baixa presença.
Segundo o IPEA, mais de 80% dos crimes violentos na região têm ligação direta com disputas entre facções pelo controle de mercados locais de drogas.
A resposta das autoridades tem incluído tanto medidas de repressão, com altos índices de letalidade policial (29,1 por 100 mil habitantes no Amapá, em 2023), quanto propostas de reestruturação do sistema prisional e das políticas de segurança pública.
Contudo, especialistas como Leidiene Souza de Almeida e Marcus Cardoso argumentam que políticas duras não bastam: é necessário investir em infraestrutura, serviços básicos e inclusão social nas periferias urbanas.
A violência na Amazônia, cada vez mais urbana, está intimamente conectada ao modelo desigual de crescimento urbano da região, e combatê-la exige transformações estruturais de longo prazo.
Iniciativas urbanas sustentáveis e o papel das cidades amazônicas no futuro
O desenvolvimento sustentável da Amazônia dependerá da melhoria das cidades onde está concentrada a maior parte da população. É necessário investir em saneamento, saúde, educação, transporte público, segurança, conectividade e inclusão digital.
No entanto, essas melhorias devem estar alinhadas a um planejamento urbano que considere as especificidades ambientais, sociais e culturais da região.
Para isso, é essencial abandonar modelos urbanos impostos e fortalecer soluções desenvolvidas localmente.
Projetos urbanos devem incorporar princípios bioclimáticos e dialogar com as práticas de populações tradicionais, como aquelas ligadas ao uso de materiais locais e organização do espaço conforme os ciclos da natureza.
A diversidade cultural e territorial da Amazônia não é um obstáculo, mas sim um ativo essencial para a construção de cidades mais resilientes e inclusivas.
Exemplos como o de Paragominas (PA), que articulou uma estratégia coletiva para frear o desmatamento e promover um novo modelo econômico, demonstram que é possível aliar desenvolvimento urbano à sustentabilidade.
Iniciativas como uma Bienal do Urbanismo para a Amazônia, concursos de arquitetura voltados à realidade regional, congressos internacionais e exposições culturais podem contribuir para gerar conhecimento, visibilidade e articulação entre os atores locais e globais comprometidos com o futuro das cidades amazônicas.
Outro exemplo é a experiência das comunidades Achuar no Equador, onde o uso de energia solar tem revolucionado a vida cotidiana em áreas remotas da Amazônia.
Nessas regiões, a instalação de painéis solares viabilizou transporte fluvial limpo, acesso à internet nas escolas, aulas noturnas e até a capacitação de jovens como técnicos em energia renovável.
A tecnologia se transformou em vetor de autonomia e sustentabilidade, ao mesmo tempo em que fortalece os modos de vida tradicionais — demonstrando ser possível conciliar inovação com preservação cultural e ambiental.
Nesse sentido ainda, é possível mencionar Afuá, no Pará, apelidada de “Veneza da Amazônia”, uma cidade sem carros e construída sobre palafitas, onde o transporte é feito por bicicletas e barcos.
Em 2022, Afuá proibiu oficialmente automóveis, reforçando um modo de vida sustentável já enraizado na cultura local.
Mesmo com desafios de infraestrutura e pobreza, a cidade se destaca pela mobilidade de baixo carbono, pela governança pragmática e por sua capacidade de adaptar o urbanismo à realidade fluvial da Amazônia, oferecendo um modelo alternativo ao desenvolvimento rodoviarista dominante na região.
Entendeu tudo sobre a história da urbanização da Amazônia? Se ficou alguma dúvida, deixe nos comentários!
Referências
- Costa, S. M. F.; Rosa, N. C. O processo de urbanização na Amazônia e suas peculiaridades: uma análise do delta do rio Amazonas. Revista Políticas Públicas & Cidades, v.5, n.2, p.81–105, 2017
- Pulitzer Center – Gang Violence Is Moving Into the Amazon’s Fast-Growing Cities
- Pulitzer Center – The Amazon: A New Way to Live With Nature
- Pulitzer Center – A Car-Free Town in the Amazon Serves Up Lessons on Pedaling to Net-Zero Emissions
- Pulitzer Center – The Amazon Rainforest Is Urban, Too
- SciELO – Modernidades na selva: urbanização estendida na Amazônia brasileira
- Amazônia 2030 – Cidades Amazônicas: um chamado à ação
- SciELO Brasil – Desafios da urbanização em áreas periféricas da Amazônia
- UOL Notícias – Exploração e destruição marcam história da Amazônia