Neste texto, vamos conhecer histórias inspiradoras de ativistas e representantes de movimentos sociais que estão transformando Belém e as ilhas amazônicas com iniciativas de sustentabilidade, educação e mobilização comunitária. Esta matéria foi escrita com base no podcast Belém 30º, uma série da Politize! em parceria com o Pulitzer Center, que apresenta pessoas de Belém em destaque no ativismo ambiental e climático. Continue a leitura!
Este conteúdo integra a trilha do Projeto Amazônia Urbana, uma iniciativa que busca aprofundar o entendimento sobre os desafios e transformações ambientais das cidades na região amazônica.
- Vozes da Amazônia: quando o ativismo nasce das margens do rio
- Irmãs da Horta: quando o cultivo vira resistência em Belém
- A força da periferia de Belém nas vozes que falam sobre o clima
- Mulheres de Cotijuba constroem há 25 anos um modelo de sustentabilidade e autonomia
- Movimento Escola Viva: educação ambiental e criatividade sustentável em Belém
Vozes da Amazônia: quando o ativismo nasce das margens do rio
Nascida em uma comunidade ribeirinha no interior do Pará, Ivaneza Sousa cresceu cercada pela floresta e pelos rios. Desde pequena, sua rotina esteve ligada à natureza, dela vinha o alimento, o sustento e o sentido de pertencimento. Mas, com o tempo, o cenário começou a mudar. O que antes era simples, como pescar na frente de casa, foi se tornando difícil.
“Meu pai, que é pescador artesanal, começou a dizer que estava cada vez mais complicado pescar. Antes bastava jogar o anzol, agora o peixe não vinha mais”, relembra.
As mudanças nos rios chamaram sua atenção: a água, antes limpa, passou a ficar marrom e turva; o nível do rio oscilava de forma imprevisível; o calor aumentava; e as queimadas se tornaram mais frequentes. “A água já não era mais a mesma da minha infância. Foi aí que comecei a me questionar o que estava acontecendo”, conta.
Ao mudar-se para Belém para cursar Ciências Sociais, Ivaneza encontrou nos movimentos sociais um espaço para compreender e agir sobre o que vivia desde criança. Ingressou em formações sobre mudanças climáticas e, a partir delas, criou o projeto EcoMoju, resultado do programa Empoderando pelo Clima. Diferente de outras participantes que decidiram realizar oficinas urbanas, Ivaneza quis voltar às origens: levou o projeto para sua própria comunidade ribeirinha.
Lá, reuniu moradores de diferentes idades, crianças, jovens, adultos e idosos, para conversar sobre as transformações ambientais e sobre o que poderia ser feito para se adaptar a elas.
“Foi a primeira vez que consegui juntar tantas pessoas para discutir sobre as mudanças que estávamos vivendo. Apesar do medo e da sensação de impotência, foi bonito ver que ainda existe esperança”, relata.
A partir dessa experiência, Ivaneza percebeu que sua história pessoal também era política. O envolvimento com o ativismo socioambiental se consolidou quando começou a participar de redes como a Politize! e o Movimento Móveis Juventudes, ampliando o diálogo entre comunidades tradicionais e organizações urbanas.
“No começo, eu nem me via como ativista. Diziam que eu era, e eu respondia: ‘não, só estou tentando mobilizar a comunidade’. Mas percebi que era exatamente isso, lutar pela minha história, pela minha comunidade e pelas pessoas que vivem dela.”
Escute a história de Ivaneza no nosso podcast “Belém 30º”: Juventude, clima e resistência: A jornada de Ivaneza entre o rio e Belém
Hoje, seu maior desafio é a mobilização comunitária. Muitas comunidades, segundo ela, estão cansadas e desacreditadas.
“As pessoas estão exaustas. Quando a gente convida para uma roda de conversa, muitos não querem ir, porque acham que nada vai mudar. Outras organizações têm boas intenções, mas não sabem como chegar nas comunidades. Falta escuta e sensibilidade.”
Ivaneza reforça que cada comunidade da Amazônia é única, com modos de vida, tradições e desafios distintos, e que tratá-las como um grupo homogêneo é um erro recorrente.
“Querem colocar a gente dentro de uma caixa, como se todos fossem iguais. Mas não somos. Precisamos de respeito e de espaços para construir nossas próprias narrativas.”
Com a proximidade da COP30, que será sediada em Belém, Ivaneza acredita que a capital paraense tem potencial para inspirar outras cidades, mas reconhece as limitações políticas e estruturais.
“A gente poderia ser uma referência em práticas sustentáveis e mobilização comunitária, mas ainda há poucas oportunidades de participação real. As decisões ficam concentradas em grupos específicos, e quem vem das bases precisa lutar para ser ouvido.”
Ela também critica a falta de representatividade nas obras e políticas públicas em preparação para o evento.
“Tem muita coisa sendo feita sem considerar quem mora aqui. Pegam modelos de outros países que não funcionam na nossa realidade. Isso não nos representa.”
Mesmo diante dos obstáculos, Ivaneza segue firme.
“A gente tem muito a contribuir com nossos saberes tradicionais e nossas práticas, mas precisamos ter espaço para falar. E espaços como este, da Politize!, são essenciais. É assim, colocando a cara, compartilhando nossas histórias, que a gente consegue transformar.”
Irmãs da Horta: quando o cultivo vira resistência em Belém
Em meio à pandemia, Alzira Silva, conhecida como Zira ou Zira Furacão, vivia um momento difícil. Depois de 12 anos lutando contra a depressão e enfrentando a falta de alimento em casa, chegou a pensar em desistir.
Morando em uma área urbana de Belém, distante dos recursos que antes encontrava nas zonas rurais, a sobrevivência parecia cada vez mais incerta. Até que, em um instante de reflexão, ouviu uma frase que mudaria tudo: “Se Deus deu a terra, por que tu não planta?”
A partir dessa provocação nasceu a Irmãs da Horta, uma iniciativa que transformou a dor em propósito. Zira começou sozinha, estudando, ligando para pessoas que entendiam de cultivo e testando o que podia.
O que começou como uma forma de escapar da fome logo se tornou um projeto de vida. A horta passou a ser também um espaço de aprendizado sobre saúde, alimentação e cuidado ambiental, um caminho para compreender que cultivar a terra é também cuidar de si e da comunidade.
Saiba mais sobre as Irmãs da Horta no nosso podcast “Belém 30º”: Raízes de resistência: As Irmãs da Horta e as iniciativas verdes em Belém
No quintal de casa, ela construiu uma agrofloresta em plena área urbana, onde árvores frutíferas, hortaliças e plantas medicinais convivem em equilíbrio. A experiência a ensinou que, assim como as plantas se completam, as pessoas também precisam aprender a viver em comunidade.
O impacto não ficou restrito à sua casa. Aos poucos, a Irmãs da Horta multiplicou suas ações em diferentes pontos de Belém. O grupo implantou hortas comunitárias em escolas, condomínios e até em centros comerciais, como o Shopping Boulevard e o Parque Shopping.
Hoje, a iniciativa mantém duas sedes fixas — uma na Ilha de Caratateua e outra no Parque Guajará, transformada em ponto de cultura alimentar, onde visitantes podem vivenciar o funcionamento de uma agrofloresta.
Os desafios, no entanto, continuam grandes. Em uma área urbana, tudo é comprado, e com a COP30 se aproximando de Belém, o custo de vida aumentou. Zira conta que, muitas vezes, sente que o direito de plantar e se alimentar de forma saudável é um privilégio de poucos.
Sem acesso a políticas públicas de incentivo à agricultura urbana, ela encontrou uma alternativa criativa: começou a vender sua mão de obra para manter a horta viva. Hoje, oferece serviços de manejo produtivo de quintais, transformando espaços ociosos em áreas de cultivo e gerando renda para sustentar o projeto.
Mesmo assim, ela denuncia a desigualdade na distribuição de recursos. Para Zira, os incentivos governamentais não chegam a quem realmente trabalha com a terra. Enquanto a COP30 movimenta milhões em investimentos, as comunidades que sustentam o trabalho de base permanecem à margem. Esse distanciamento, diz ela, revela um problema estrutural: muitas ações são criadas apenas para gerar boa aparência, mas sem compromisso com a continuidade.
O que a Irmãs da Horta defende é o contrário disso. Para Zira, plantar é um ato de resistência, um gesto que garante alimento limpo, digno e acessível para hoje e para o futuro. Mesmo diante da falta de apoio, ela segue firme, multiplicando o impacto da iniciativa e inspirando outras pessoas.
A energia e a persistência que renderam o apelido Zira Furacão continuam movendo as Irmãs da Horta, mostrando que, mesmo em meio ao concreto, a resistência pode florescer.
A força da periferia de Belém nas vozes que falam sobre o clima
No coração do bairro do Guamá, em Belém do Pará, a criadora e produtora Tabita Aynoã transforma sua vivência periférica em um ato político de resistência e educação ambiental. Co-fundadora do Desguiado, uma produtora cultural e audiovisual mobile e periférica, ela usa a comunicação popular como ferramenta para aproximar a juventude amazônica de debates que, por muito tempo, pareciam distantes da realidade local.
A trajetória de Tabita no ativismo climático começou de forma inesperada, quando foi contratada para trabalhar na comunicação da Palmares Lab, uma organização voltada à inovação e ao impacto social. A oportunidade levou-a até a COP29, em Baku, sua primeira experiência em um ambiente internacional de decisão sobre o clima. Lá, ela percebeu o quanto aquelas discussões, aparentemente técnicas e distantes, tinham relação direta com o cotidiano da sua comunidade — a falta de água, o calor extremo e os alagamentos frequentes em Belém.
De volta à cidade, Tabita decidiu transformar o aprendizado em ação. Passou a produzir conteúdos voltados para traduzir a linguagem da política climática ao modo de falar da periferia. Em um dos vídeos mais marcantes, ela explicou o que é a COP de forma simples e com as gírias locais. O resultado foi imediato: moradores do bairro começaram a comentar que, pela primeira vez, haviam entendido o significado e a importância daquelas reuniões internacionais. Desde então, temas como crise climática e justiça ambiental começaram a circular entre rodas de conversa e batalhas de rima.
Um dos maiores desafios, segundo ela, é fazer com que essas pautas sejam vistas como prioridade dentro da comunidade. Muitas pessoas ainda enxergam o debate climático como algo distante, pertencente a especialistas ou políticos. Para enfrentar isso, Tabita aposta na comunicação comunitária, que fala de forma direta, com exemplos reais e no mesmo tom das ruas. É assim que ela e seu coletivo conseguem conectar os grandes temas globais à vida concreta das periferias.
Para Tabita, as dificuldades não param na comunicação. Há também o peso dos estereótipos que ainda marcam o ativismo climático no Brasil. Muita gente ainda acredita que essa luta é apenas de quem está “lá fora”, quando, na verdade, ela já é realidade dentro das periferias amazônicas. A estratégia, segundo ela, é resistir e continuar produzindo, mesmo diante da falta de reconhecimento e de recursos.
Já ouviu falar sobre a Tabita? Quer saber mais? Escute tudo na íntegra, no nosso podcast “Belém 30º”: Tabita Aynoã: a força da comunicação popular na luta pelo clima
Ao falar sobre o papel de Belém na COP30, Tabita é direta. Ela acredita que a cidade pode ser exemplo se der voz a quem realmente vive e sente os impactos das mudanças climáticas. “Não tem como discutir clima sem ouvir quem mais é afetado por ele”, afirma. Para ela, o conhecimento das comunidades, tanto urbano quanto tradicional, precisa estar no centro das decisões. “Aqui a gente já cria nossas próprias adaptações climáticas. A periferia também é criativa e entende o território onde vive.”
A jovem também critica a postura de pesquisadores e organizações que visitam comunidades apenas para extrair dados e depois desaparecem. Para ela, a solução é construir junto, combinando o conhecimento acadêmico com os saberes locais. Funciona quando é coletivo — o problema é que nem sempre querem ouvir.
Apesar das dificuldades, Tabita mantém uma visão esperançosa sobre o futuro e acredita que a comunicação popular é uma das armas mais potentes da Amazônia urbana. Ao ser questionada sobre uma palavra que define sua relação com Belém, ela escolhe “coletividade”. “Essa cidade me abraçou. Tudo o que eu faço é com os meus, e é juntos que a gente faz acontecer.”
Entre os lugares que mais ama, cita a Ilha do Combu, um refúgio que, para ela, “renova as energias e reconecta com o que é essencial”. Se pudesse enviar uma mensagem durante a COP30, ela se dirigiria aos Estados Unidos, pedindo respeito e abertura para aprender com o Brasil e a Amazônia. “A gente tem muito conhecimento para compartilhar. Que venham com calma, com educação e com a mente aberta.”
Como inspiração, Tabita menciona Kim, sua diretora regional na Palmares Lab, e destaca o papel das mulheres periféricas e nortistas no enfrentamento das crises climáticas. “Ela me ensina como resistir nesse meio, que às vezes pode ser violento pra gente. Mas é nesse espaço que a gente precisa estar pra construir uma vida melhor.”
Com sua voz firme e sua câmera na mão, Tabita Aynoã mostra que a Amazônia urbana também tem protagonistas — jovens, criativos e engajados — que estão reinventando o ativismo climático a partir das bordas.
Mulheres de Cotijuba constroem há 25 anos um modelo de sustentabilidade e autonomia
Na ilha de Cotijuba, em Belém do Pará, um grupo de mulheres vem transformando há mais de duas décadas a forma de viver, produzir e proteger o meio ambiente. À frente dessa história está Briana Lima, uma das fundadoras do Movimento de Mulheres das Ilhas de Belém, associação que nasceu em 1998 com o propósito de fortalecer a autonomia financeira feminina e promover o desenvolvimento sustentável a partir dos próprios recursos da comunidade.
O movimento surgiu com uma ideia simples e poderosa: criar alternativas de renda sem depender de soluções externas. A motivação era olhar para o que existia dentro da ilha e transformar isso em fonte de trabalho e dignidade. A partir dessa visão, o grupo passou a atuar em frentes como artesanato, turismo de base comunitária, educação e formação social, impactando gerações inteiras de mulheres, jovens e idosos.
Hoje, o Movimento de Mulheres das Ilhas é um dos pilares comunitários de Cotijuba. Com projetos que vão desde salas de leitura até atividades voltadas à terceira idade, a associação se consolidou como um espaço de pertencimento e resistência. Briana explica que o movimento é conduzido exclusivamente por mulheres, com mandatos de dois anos e renovação constante das lideranças, o que garante a formação política e coletiva das mulheres da ilha e o engajamento das mais jovens na continuidade do projeto.
Quer saber mais sobre as Mulheres das Ilhas? Escute a história na íntegra, no nosso podcast “Belém 30º”: Entre maré e memória: As Mulheres da Ilha e o futuro da floresta amazônica
Os desafios, porém, continuam grandes. Por ser uma associação comunitária e sem fins lucrativos, o grupo atua sem apoio direto do poder público. O trabalho é totalmente voluntário e depende da união da comunidade, dos associados e associadas. Ainda assim, a força do coletivo tem garantido a continuidade das ações e inspirado novas gerações.
Quando o assunto é sustentabilidade, o movimento entende que as chamadas inovações verdes fazem parte do cotidiano das ilhas. Para Briana, viver de forma sustentável é, antes de tudo, garantir qualidade de vida e respeito ao meio ambiente. Ela destaca que as ilhas de Belém são fundamentais para o equilíbrio climático da cidade, pois ajudam a manter o conforto térmico e a qualidade dos rios, mas ainda não recebem a atenção necessária do poder público.
A líder reforça que as ilhas não devem ser vistas apenas como refúgio turístico, e sim como territórios vitais para a regulação climática e o bem-estar coletivo. Em um contexto em que a COP30 se aproxima, o movimento alerta para a necessidade de um olhar mais cuidadoso sobre esses espaços e suas populações. “O que a gente faz aqui não é só por nós, é pelo futuro da cidade e do planeta”, afirma Briana.
Para ela, Belém representa uma “fuga”, o lugar onde quem vive nas ilhas busca equilíbrio e reconexão com a natureza. Entre seus locais preferidos estão as beiras de rio e as casas ribeirinhas, que considera o melhor lugar do mundo para contemplar o que a Amazônia tem de mais essencial.
Se pudesse enviar uma mensagem durante a COP30, Briana se dirigiria aos países com interesses econômicos na Amazônia, pedindo mais responsabilidade ambiental e social. “Aqui vivem pessoas que dependem dos ecossistemas explorados. É preciso lembrar disso antes de extrair.”
Com 25 anos de história, o Movimento de Mulheres das Ilhas mostra que sustentabilidade e justiça social caminham juntas e que, nas margens dos rios de Cotijuba, o futuro verde começa com as mãos das mulheres.
Movimento Escola Viva: educação ambiental e criatividade sustentável em Belém
Em Belém do Pará, o estudante de Engenharia Civil Arthur Jales faz parte de um coletivo que vem transformando o modo como a cidade pensa e lida com o meio ambiente. Integrante ativo do Movimento Escola Viva, ele ajuda a promover uma educação ambiental criativa, que une arte, sustentabilidade e engajamento comunitário.
A Escola Viva nasceu da iniciativa da artista plástica Silvana Palha, que há mais de duas décadas atua ressignificando o que muitos chamam de lixo. Inspirada por sua experiência com bioconstrução e reaproveitamento de materiais, Silvana decidiu reunir amigos que já praticavam ações sustentáveis no dia a dia. O grupo passou a compartilhar saberes antigos herdados de avós e moradores das ilhas e adaptá-los à realidade urbana.
Segundo Arthur, a Escola Viva é um movimento socioambiental itinerante, que atua em várias frentes — do saneamento básico à criação de hortas e quintais produtivos. O projeto se expandiu pela Grande Belém e pelas ilhas próximas, levando oficinas, mutirões e práticas de reaproveitamento de resíduos a diferentes comunidades.
Com o tempo, o projeto ganhou força e autonomia, tornando-se um espaço de aprendizado e mobilização coletiva. Mas os desafios também cresceram. No início, a principal dificuldade foi encontrar parceiros que compartilhassem da mesma visão, um trabalho movido por propósito e não por retorno financeiro. O movimento se manteve sem grandes investimentos, mobilizando principalmente pessoas e pequenas colaborações locais.
Escute a história de Arthur na íntegra, no nosso podcast “Belém 30º”: Reaproveitar para educar: a revolução sustentável da Escola Viva.
Hoje, com um laboratório ecológico já inaugurado em Belém, o grupo enfrenta novos obstáculos, como o pagamento de contas básicas e a manutenção do espaço. Arthur observa que, embora muitos reconheçam a importância do projeto, poucos se sentem responsáveis por investir no destino dos próprios resíduos. Ele alerta que os lixões da cidade são uma extensão da vida urbana e que é urgente que a população reconheça o impacto direto de seus hábitos no ambiente.
Apesar das dificuldades, o movimento segue firme. A Escola Viva atua de forma descentralizada, indo até as comunidades em vez de esperar que as pessoas se desloquem até ela. Oficinas gratuitas de compostagem, reciclagem, bioconstrução e reaproveitamento de resíduos sólidos e orgânicos são oferecidas a crianças, jovens e adultos. O lema do grupo sintetiza sua filosofia de “fazer carinho no planeta”.
Para Arthur, o papel central da Escola Viva é ressignificar. O movimento transforma o que seria descartado em algo novo, útil e bonito — uma lição que vale tanto para o lixo quanto para as formas de pensar e viver. Em sua visão, se mais pessoas desenvolvessem essa consciência ecológica, o planeta poderia finalmente respirar melhor.
Ao refletir sobre o futuro e a COP30, Arthur vê a Escola Viva como exemplo de inovação comunitária na Amazônia. Para ele, o diferencial do projeto está na ação prática e na aproximação com as comunidades, um modelo que poderia inspirar o mundo inteiro.
Entre suas maiores inspirações está Silvana Palha, fundadora do movimento. Arthur afirma que conhecê-la transformou sua forma de enxergar o mundo e o tornou mais responsável com o planeta.
Com orgulho de sua origem, define sua relação com Belém em uma palavra: pertencimento. Ele diz se sentir parte da cidade e não suportar vê-la se degradar. Seu lugar preferido é o laboratório da Escola Viva, onde os sonhos se tornam concretos e os resíduos se transformam em possibilidades.
Se pudesse enviar uma mensagem ao mundo durante a COP30, Arthur escolheria fazê-lo por meio de uma imagem: a da primeira casa bioconstruída do movimento, localizada em Santa Bárbara. Para ele, aquela casa representa um modo de viver que respeita o planeta e reconstrói a relação das pessoas com o ambiente.
Com sua voz serena e o entusiasmo de quem constrói com as próprias mãos, Arthur mostra que o futuro sustentável de Belém está sendo erguido tijolo por tijolo, garrafa por garrafa, por pessoas comuns que decidiram fazer carinho no planeta.
Gostou de saber mais sobre as iniciativas atuais na região amazônica? Deixe um comentário sobre o que achou da nossa série de podcasts, e não deixe de conferir no Spotify!
Se você gostou do conteúdo, conheça o Projeto Amazônia Urbana, uma iniciativa da Politize! em parceria com o Pulitzer Center. O projeto busca ampliar o olhar sobre os desafios das cidades amazônicas, promovendo conteúdos acessíveis e didáticos sobre urbanização, justiça climática e participação cidadã na região. Acompanhe essa jornada!