As novas regras do PIX no Brasil: entenda as mudanças

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O PIX foi criado para revolucionar as transações financeiras no Brasil. Em junho de 2025, o sistema de pagamentos foi atualizado para uma nova funcionalidade: o Pix Automático.

Em janeiro do mesmo ano, já havia enfrentado uma polêmica em torno de novas regras propostas pela Receita Federal. Essas regras previam o monitoramento de transações acima de R$ 5 mil, realizadas por pessoas físicas e jurídicas. O objetivo seria aumentar a transparência e combater crimes financeiros, como lavagem de dinheiro e evasão fiscal. Entretanto, a proposta gerou preocupações sobre privacidade e desinformações, levando à sua eventual revogação.

Acompanhe este texto para entender as principais mudanças nas regras do Pix, o que é e como funciona o Pix Automático e muito mais.

Pix automático: o que é e como funciona?

O PIX Automático é uma inovação do Banco Central no sistema de pagamentos instantâneos brasileiro. Essa atualização permite que usuários autorizem débitos recorrentes diretamente via PIX — ideal para contas como mensalidades escolares, academias, planos de saúde ou serviços de assinatura.

Diferente do PIX tradicional, que exige uma ação manual a cada transação, o PIX Automático funciona de forma semelhante ao débito automático, mas com mais flexibilidade e segurança digital. A autorização será feita uma única vez, com possibilidade de cancelamento a qualquer momento pelo pagador.

Objetivos e detalhes de outras regras do PIX

As regras propostas, implementadas através do ato normativo RFB nº 2219, de 17 de setembro de 2024, visavam fortalecer o combate à sonegação fiscal e à lavagem de dinheiro por meio da maior vigilância de transações eletrônicas. A Receita Federal exigiria que instituições financeiras informassem automaticamente transações acima de R$ 5 mil realizadas via PIX

Essa comunicação incluiria dados como CPF ou CNPJ, informações básicas que a Receita Federal normalmente já possui, além de valores e datas das operações para uma melhor análise de movimentações suspeitas.

A Receita Federal também determinou que movimentações feitas por cartões de crédito, TED e DOC acima de R$ 5 mil por pessoas físicas, ou R$ 15 mil no caso de empresas, seriam reportadas ao Fisco. 

Essa ampliação das obrigações incluiria também transferências menores que, somadas, ultrapassassem esses valores no mês. A regra entrou em vigor em 1º de janeiro de 2025, intensificando o monitoramento fiscal. 

Texto: As novas regras do PIX no Brasil: entenda as mudanças
Imagem: O Globo.

Segundo o governo, o objetivo não era monitorar o cotidiano financeiro dos cidadãos, mas sim focar em casos específicos de fraude. A medida previa integração mais rigorosa entre a Receita Federal e as instituições financeiras, algo que poderia trazer maior burocracia para bancos e empresas. 

A advogada, Daniela Poli Vlavianos, afirmou que embora a medida seja legítima do ponto de vista jurídico, a ampliação no monitoramento deve respeitar os limites legais para evitar abusos, especialmente em relação à proteção de dados pessoais e ao sigilo bancário, garantidos por lei.  

Por outro lado, o Senador Mecias de Jesus (Republicanos – RR), afirmou que “não podemos tratar todos como suspeitos sem fundamentos. Precisamos de um sistema que incentive o desenvolvimento econômico e respeite os direitos dos cidadãos que cumprem suas obrigações”. 

O Senador também declarou que a medida extrapola os limites do poder regulamentar e gera impacto sobre a privacidade de milhões de brasileiros.

Nesse sentido, a Fenacon (federação de empresas de contabilidade), alertou para os riscos que as pequenas empresas sofrem com o cruzamento de dados do pix, e enumerou três problemas:

  • Aumento do risco de autuações fiscais: “com base nas informações obtidas pelas transações por pix, a Receita Federal pode autuar empresas que não estejam cumprindo suas obrigações fiscais, como a emissão de notas fiscais ou o pagamento de impostos”.
  • Necessidade de maior controle fiscal: “as empresas precisam ter um controle fiscal mais rigoroso, registrando todas as suas transações de forma correta e documentando-as adequadamente. Isso inclui manter um livro caixa atualizado e emitir notas fiscais para todas as vendas, mesmo para pequenas quantias.”
  • Custos com profissionais contábeis especializados: “o aumento da complexidade da gestão fiscal pode levar à necessidade de contratar profissionais contábeis especializados”.

A polêmica e a disseminação de fake news

A introdução das novas regras foi acompanhada por uma intensa onda de desinformação. Boatos amplamente divulgados em redes sociais sugeriam que o governo teria acesso irrestrito às contas bancárias e que todas as transações, independentemente do valor, seriam monitoradas. Essas informações falsas alimentaram um sentimento de desconfiança e receio entre os usuários e pequenos empresários.

Essa confusão foi agravada pela comunicação inicial limitada por parte da Receita Federal, que demorou a esclarecer os reais objetivos da medida. Um pronunciamento mais detalhado foi dado 10 dias após o início das novas regras.

Já empreendedores trouxeram outro lado da medida, e se posicionaram contra a proposta, alegando que o monitoramento de transações poderia desestimular o uso do PIX, prejudicando um sistema que se consolidou como uma ferramenta essencial para a economia brasileira.

A decisão de revogar as mudanças

Diante da crescente pressão popular e da repercussão negativa, o governo decidiu revogar as novas regras antes mesmo de sua implementação. A Receita Federal anunciou a revogação em 15 de janeiro de 2025, enfatizando que a decisão foi motivada pela necessidade de proteger a credibilidade do PIX e a relação de confiança entre o governo e a população.

Em nota oficial, a Receita esclareceu que, mesmo com o monitoramento, não haveria acesso à origem ou à natureza dos gastos efetuados, em respeito ao sigilo bancário e fiscal. Ficou esclarecido que a Receita só recebe os valores totais movimentados mensalmente e proíbe que sejam informados os detalhes das transações, como origem ou destino dos pagamentos.

O objetivo seria evitar inconsistências que poderiam fazer contribuintes caírem na malha fina injustamente e melhorar a identificação de movimentações que podem estar ligadas a crimes financeiros.

No entanto, o governo reconheceu a necessidade de comunicar, com mais clareza, medidas dessa natureza para evitar a proliferação de fake news e o impacto negativo sobre a opinião pública.

A decisão também representou um esforço para conter danos à imagem do governo, que enfrentava acusações de impor medidas impopulares sem consultar a sociedade. O episódio destacou a necessidade de maior clareza e participação social na formulação de políticas públicas.

Entendeu tudo sobre as novas regras do PIX e atual revogação delas? Se tiver ficado alguma dúvida, deixa pra gente nos comentários!

Publicado oficialmente em 16/01/2025, atualizado em 17/06/2025.

Referências:

UOL Economia – Novas regras do PIX não mudam privacidade das transações, dizem especialistas

O Globo – Nova regra do PIX: quais dados a Receita Federal terá acesso

OpinaNews – Especialista explica o que muda com a revogação das novas regras do PIX

InfoMoney – PIX acima de R$ 5 mil vai ser taxado 10 respostas sobre a nova regra da Receita

Poder360 – PIX na mira do Fisco deixa pequenos comerciantes incertos pelo país

Poder360 – Em derrota de Haddad, Fisco revoga medida que fiscaliza o PIX

G1 Economia – Os 15 dias de boatos sobre PIX que abalaram governo Lula

CNN Brasil – Após onda de fake news, governo decide revogar ato de monitoramento do PIX

G1 Política – Receita vai revogar mudança nas regras de fiscalização sobre cartões e PIX

Gazeta do Povo – Vigilância do pix

Terra – Pix: o que o governo faz com monitoramento das transações? Que dados são enviados à Receita?

G1 – PIX Automático: veja 9 perguntas e respostas sobre nova modalidade de pagamento

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Conteúdo escrito por:

Júlia Christina Gírio Gonçalves

Faço parte da equipe de conteúdo da Politize!.
Gonçalves, Júlia. As novas regras do PIX no Brasil: entenda as mudanças. Politize!, 17 de junho, 2025
Disponível em: https://www.politize.com.br/novas-regras-do-pix/.
Acesso em: 3 de jul, 2025.

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