As terras raras são um grupo de 17 elementos metálicos essenciais para a tecnologia moderna, presentes em ímãs poderosos, telas de smartphones e baterias de carros elétricos.
Apesar do nome, não são tão raras, mas sua extração é complexa, cara e ambientalmente impactante. Atualmente, a China domina a produção global, o que torna seu fornecimento uma questão geopolítica estratégica.
Vem que a Politize! te explica o que são terras raras e qual seu impacto global.
O que são terras raras?
As terras raras constituem um grupo de 17 elementos químicos metálicos, formado pelos 15 lantanídeos (elementos de número atômico 57 a 71) somados ao escândio e ao ítrio, devido às suas propriedades químicas similares, dentro desses elementos podem ser encontrados e separados em grupos, mais em específico.
A divisão fundamental ocorre entre dois grupos: as terras raras leves e as terras raras pesadas. Essa classificação está diretamente associada aos métodos de processamento e extração dos minérios, que, por sua vez, causam poluição atmosférica por longos períodos.
– As terras raras leves (grupo do cério): incluem lantânio, cério, praseodímio, neodímio, promécio e samário. São amplamente utilizadas na produção de ímãs, baterias, displays e catalisadores, além de outras aplicações industriais.
– As terras raras pesadas (grupo do ítrio): incluem európio, gadolínio, térbio, disprósio, hólmio, érbio, túlio, itérbio, lutécio e o próprio ítrio. São utilizadas em áreas médicas, por exemplo, em máquinas de ressonância magnética e na fabricação de ímãs, além de outras aplicações em diversos setores.

Como funciona o processo de redução e separação dos minérios?
Cada processo de separação de minério é realizado de maneira distinta, podendo ocorrer por meio de técnicas em meio líquido ou por suspensão. Essa escolha é determinada pela densidade de cada material, uma vez que muitos processos empregam centrifugação para efetuar a separação.
Os minérios considerados pesados são mais poluentes, pois sua extração e “lavagem” exigem um processo intensivo até atingirem o ponto desejado pela mineradora para as transformações finais. Já os minérios leves são assim classificados devido à facilidade de sua extração e mineração.
E qual é o impacto ambiental?
A exploração de terras raras foi de um grande legado ambiental marcado por impactos de longo prazo que transcendem gerações. Mesmo algumas matérias sendo de extração mais leve, deve-se levar em consideração o processo ao longo dos anos e a degradação do meio ambiente.
Durante décadas, os Estados Unidos dominaram 70% da produção global de terras raras por meio da mina Mountain Pass, na Califórnia. No entanto, com o passar do tempo, uma série de intercorrências, incluindo o fechamento da mina, permitiu que a China assumisse a posição de liderança que ostenta atualmente.
Essa mudança no cenário global foi impulsionada por fatores que, anteriormente, não foram devidamente estudados ou levados a sério.
Um exemplo relevante nesse contexto foi a desativação de uma mina em 2002, motivada por diversas acusações de contaminação do solo e da água pela empresa responsável. É importante destacar que a extração desses minérios pode causar diversas doenças ao longo dos anos, além de gerar um impacto ambiental significativo no entorno da mina.
Inovação no setor
A inovação no setor de terras raras concentra-se em três frentes principais:
- Processos de separação avançados: desenvolvimento de técnicas hidrometalúrgicas e biometalúrgicas que prometem reduzir drasticamente o consumo energético e o impacto ambiental;
- Reciclagem: criação de métodos eficientes para recuperar terras raras de produtos eletrônicos descartados e resíduos industriais;
- Substituição: pesquisa de materiais alternativos com propriedades similares, embora, até o momento, com sucesso limitado em aplicações de alta performance.
Briga entre EUA x China sobre as terras raras
As terras raras, cujas propriedades e aplicações vêm sendo estudadas desde as décadas de 1950 e 1960, são um recurso estratégico controlado pelos dois maiores detentores do mundo: China e Estados Unidos.
O debate atual concentra-se em como esses minerais podem ser utilizados de forma mais eficaz e compreendidos de maneira mais clara para impulsionar o desenvolvimento tecnológico e industrial.
O controle da China sobre o mercado de terras raras e sua capacidade de defender seus interesses nas negociações internacionais criam uma dependência estratégica que preocupa outras nações.
Essa defesa de interesses é resultado de uma estratégia consistente, aperfeiçoada desde a década de 1980 até os dias atuais. Dessa forma, os países dependentes desse recurso essencial frequentemente se veem em uma posição vulnerável e sujeitos a pressões.
Um exemplo recente que ilustra essa dinâmica foi a decisão dos EUA de impor tarifas à importação de terras raras. A medida afetou diretamente setores industriais e tecnológicos do país, uma vez que os Estados Unidos não são um dos principais produtores desses minérios. Como consequência, a economia interna foi impactada pelo aumento nos custos de produção e pela maior dependência de fornecedores externos.
Nova geopolítica dos minerais críticos
O futuro aponta para uma re-globalização estratégica, em que a segurança e a resiliência das cadeias produtivas suplantarão progressivamente a busca pura pela eficiência de custos, princípio que orientou a globalização nas últimas décadas.
As terras raras representam apenas o caso mais visível de uma tendência mais ampla: a crescente importância de minerais críticos para a segurança econômica e tecnológica das nações.
O lítio, essencial para baterias; o cobalto, fundamental para eletrônicos; e a platina, crucial para células de hidrogênio, testemunham o surgimento de uma nova geopolítica, na qual o acesso a recursos estratégicos redefine alianças e rivalidades globais.
A capacidade de processar e dominar a cadeia produtiva desses minerais críticos pode colocar uma nação em posição de dependência estratégica por parte de outras.
Essa dependência pode se estabelecer em um prazo variável, de meses a anos, a depender da urgência das necessidades industriais envolvidas e da complexidade da extração e do refino do mineral necessário para a fabricação dos produtos finais.
Para compreender a relevância das terras raras na atualidade, é preciso reconhecer sua essencialidade. Esses minerais estão integrados ao nosso cotidiano, presentes em computadores, televisões, carros e até em exames médicos. Apesar de muitas vezes imaginarmos que sua produção é simples, o processo de transformá-las nos produtos que conhecemos é, na verdade, longo e complexo.
E aí, gostou de saber o que são terras terras? Se tiver mais alguma sugestão, deixe nos comentários!
Referências:
- Gov.Brasil – As várias faces da questão terras-raras e a corrida pelo domínio científico-tecnológico
- SANTOS, Elaine – O cenário mundial das terras raras a partir de uma perspectiva brasileira. Jornal da USP
- CNN Brasil – Trump ameaça tarifa de 200% à China se ímãs não forem exportados aos EUA
- Vietnam.Vn – Competição global por terras raras
- Politize! – Globalização: o que é?
- BBC News Brasil – Terras raras: Trump ameaça tarifa de 100% sobre a China em retaliação a decisão do país asiático sobre terras raras