Em 2008, os Estados Unidos da América elegeu seu primeiro presidente negro, Barack Hussein Obama II, um dos presidentes mais populares da história do país. Porém, ele não chegou só. Michelle Obama, esposa do ex-presidente, foi por dois anos consecutivos considerada a mulher mais admirada do mundo, superando a popularidade de seu marido.
A Politize! vai te contar a trajetória de vida de Michelle LaVaughn Robinson Obama. Sua trajetória desde a infância até à Casa Branca e suas contribuições como primeira dama dos EUA.
- Os primeiros anos de vida de Michelle Obama
- A carreira acadêmica e profissional
- O papel como primeira-dama dos EUA
- Let’s Move! Campaign (Campanha Vamos nos Mexer)
- Joining Forces (Unindo Forças)
- Reach Higher Initiative (Iniciativa Alcançar Mais Alto)
- Let Girls Learn (Deixe as Meninas Aprenderem)
- Pós-Casa Branca
- O futuro de Michelle Obama na política
- Referências
Os primeiros anos de vida de Michelle Obama
Vejamos alguns pontos principais da vida de Michelle Obama.
Infância em Chicago
Michelle LaVaughn Robinson nasceu em 17 de janeiro de 1964, em Chicago, Illinois. Cresceu no bairro de South Side, uma comunidade vibrante e diversificada, reconhecida por seu caráter trabalhador com uma forte presença afro-americana.
O South Side de Chicago era um lugar onde as tradições comunitárias e a solidariedade entre vizinhos eram profundamente valorizadas. Contudo, também era uma área marcada por desafios econômicos e sociais.

Seus pais, Fraser e Marian Robinson, foram importantes na formação de seu caráter e valores. Fraser Robinson trabalhava como operador de bombas na estação de tratamento de água da cidade e também atuava como chefe do Partido Democrata do distrito.
Marian Robinson, por sua vez, trabalhava como secretária e depois em casa, cuidando dos filhos. Ela era conhecida por sua sabedoria e paciência, sempre incentivando seus filhos a pensar criticamente e a valorizar a educação.
Desde cedo, Michelle foi incentivada a estudar e a aproveitar as oportunidades educacionais. Seus pais investiram muito em sua educação, muitas vezes sacrificando suas próprias necessidades para garantir que Michelle e Craig (seu irmão) tivessem acesso às melhores oportunidades possíveis.
Fraser e Marian insistiam que a educação era a chave para superar as barreiras que muitos afro-americanos enfrentavam na sociedade.
Educação
Michelle frequentou a escola pública Bryn Mawr Elementary School, onde demonstrou ser uma aluna excepcional. Seu excelente desempenho nesta escola lhe rendeu uma admissão na Whitney M. Young Magnet High School, uma escola de elite para estudantes talentosos em Chicago.
Em sua nova escola, Michelle continuou a se destacar. Passou também a ser reconhecida pela sua capacidade de liderança e seu profundo senso de responsabilidade social. Manteve excelentes notas, mas também se envolveu em diversas atividades extracurriculares, como o Conselho Estudantil, onde começou a desenvolver suas habilidades de comando.
A carreira acadêmica e profissional
Após o ensino médio, Michelle Obama ingressou na Universidade de Princeton (1981), onde cursou Sociologia. Sua decisão por este curso deu-se pelo seu interesse em questões sociais e pela vontade de entender melhor as desigualdades. Formou-se com honras em 1985.
Durante seu tempo em Princeton, Michelle enfrentou alguns desafios, incluindo a sensação de isolamento por ser uma das poucas alunas negras na universidade. Este fato a estimulou a se envolver em atividades que promoviam a inclusão e a diversidade.

Ao final da graduação defendeu sua tese que abordou o impacto da identidade racial na experiência dos estudantes em Princeton. O objetivo da pesquisa era analisar como os estudantes negros percebiam sua experiência acadêmica e social na universidade. Destacou a necessidade de criar um ambiente mais inclusivo e acolhedor.
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Faculdade de Direito em Harvard
Após se formar em Princeton, Michelle ingressou na Faculdade de Direito de Harvard, uma das instituições de ensino jurídico mais renomadas do mundo.
Ela começou seus estudos em 1985 e concluiu o Juris Doctor (JD) em 1988. Era um ambiente intenso e competitivo. Michelle se destacou não apenas por seu desempenho acadêmico, mas também por seu compromisso com a justiça social.
Durante seu tempo em Harvard, Michelle foi uma das poucas mulheres negras em sua turma, o que, novamente, a colocou em uma posição desafiadora. Mais uma vez ela usou essa oportunidade para se envolver ativamente em causas sociais e em organizações de estudantes.
Foi editora da Harvard Law Review, uma posição de prestígio que exige habilidades excepcionais de escrita e análise. Essa experiência foi determinante para o desenvolvimento de suas habilidades jurídicas. Além disso, contribuiu para a construção de sua reputação como uma pensadora crítica e uma líder no campo do direito.
Carreira profissional e encontro com Barack Obama
Após concluir seus estudos em Harvard, Michelle retornou a Chicago e iniciou sua carreira profissional no escritório de advocacia Sidley Austin. Trabalhou em questões de direito corporativo, o que lhe proporcionou uma experiência valiosa no mundo dos negócios e das corporações. No entanto, sentiu que seu trabalho neste setor não estava alinhado com suas paixões e valores pessoais.
Michelle decidiu redirecionar sua carreira para causas que impactavam diretamente a comunidade. Começou a trabalhar no escritório do prefeito de Chicago, Richard M. Daley, onde atuou como assistente do prefeito para assuntos públicos. Foi responsável por promover a colaboração entre o governo e a comunidade. Também desenvolveu políticas e programas que beneficiavam a população local.
Naquele tempo, já demonstrava habilidade em construir relacionamentos e coordenar iniciativas. Tais competências foram essenciais para o sucesso de diversos projetos voltados à melhoria da qualidade de vida em Chicago.
Em 1993, Michelle contribuiu com a Universidade de Chicago. Trabalhou em várias funções importantes, incluindo a vice-presidência de assuntos externos e comunitários do centro médico da Universidade de Chicago.
Desenvolveu e gerenciou iniciativas para engajar a comunidade e melhorar a saúde pública. Também liderou programas de extensão comunitária que ofereciam serviços e recursos para pessoas de baixa renda e comunidades carentes.

Michelle conheceu Barack Obama no escritório de advocacia Sidley Austin. Ela era supervisora enquanto ele era estagiário. O relacionamento profissional evoluiu para um romance, e o casal se casou em 1992.
A mudança na carreira de Michelle para se concentrar em causas sociais e comunitárias preparou-a para seu papel futuro como primeira-dama. Sua experiência em advocacia, administração pública e engajamento comunitário moldou sua abordagem para as iniciativas e projetos que liderou durante seu tempo na Casa Branca.
O papel como primeira-dama dos EUA
A eleição de Barack Obama em 2008 foi histórica, tornando-o o primeiro afro-americano a ocupar a presidência dos Estados Unidos. Sua campanha foi baseada em esperança e mudança, capturando apoio de uma ampla base de eleitores.
Michelle Obama foi fundamental na campanha de Barack. Como oradora habilidosa e carismática, conectou-se com eleitores ao compartilhar histórias pessoais sobre sua vida familiar. Ela focava em destacar o caráter de Barack, seu compromisso com o serviço público e sua visão para o futuro dos EUA.
Michelle também abordou a importância da educação e da família, aproximando-se das mulheres e das famílias de classe média. Além de discursos inspiradores, participou de eventos, entrevistas e aparições públicas, humanizando a imagem de Barack Obama. Com isso, reforçou a confiança na liderança de Barack. Sua participação foi vital para mobilizar eleitores, especialmente mulheres e minorias.
Como primeira-dama, Michelle Obama se concentrou em várias iniciativas importantes que impactaram positivamente a vida de muitos americanos. Dentre elas pode-se destacar:
Let’s Move! Campaign (Campanha Vamos nos Mexer)
Lançada em 2010, a campanha “Let’s Move!” tinha como objetivo combater a obesidade infantil nos Estados Unidos. Michelle incentivou crianças e famílias a adotarem hábitos alimentares mais saudáveis e a praticarem atividades físicas regularmente.
A campanha abordou várias áreas, incluindo a melhoria das opções alimentares nas escolas, a promoção de atividades físicas diárias e a educação das famílias sobre nutrição saudável. A iniciativa trouxe mudanças significativas nas políticas alimentares das escolas, com mais alimentos frescos e menos opções de alto teor calórico.

Joining Forces (Unindo Forças)
Em 2011, Michelle e a Dra. Jill Biden lançaram a iniciativa “Joining Forces”, destinada a apoiar militares, veteranos e suas famílias. A iniciativa focava em áreas como educação, emprego e saúde.
Michelle e Jill trabalharam para aumentar a conscientização sobre os desafios que as famílias militares enfrentam e para promover recursos e apoio que podem ajudar a melhorar suas vidas.
Elas conseguiram a colaboração de empresas e organizações para oferecer melhores oportunidades de emprego e educação para militares e suas famílias, além de melhorar o acesso aos cuidados de saúde.
Reach Higher Initiative (Iniciativa Alcançar Mais Alto)
A “Reach Higher Initiative” foi criada para inspirar os jovens a continuarem seus estudos após o ensino médio. Michelle incentivou os estudantes a se prepararem para a faculdade e a desenvolverem habilidades que os ajudariam a ter sucesso no mercado de trabalho.
A iniciativa promovia visitas a faculdades, apoio para a inscrição em programas de auxílio financeiro e encorajamento para que os estudantes explorassem carreiras que exigem educação superior. Michelle visitou escolas e faculdades em todo o país. Compartilhou sua própria história e incentivou os alunos a buscar educação superior como uma forma de alcançar seus sonhos.
Let Girls Learn (Deixe as Meninas Aprenderem)
Michelle Obama também liderou a campanha “Let Girls Learn”, lançada em 2015. O objetivo era garantir que meninas em todo o mundo tivessem acesso à educação. Esta iniciativa reconheceu que milhões de meninas são privadas da oportunidade de ir à escola devido a fatores como pobreza, discriminação de gênero e violência.
Michelle trabalhou com parceiros globais para fornecer recursos e apoio às comunidades. Incentivou a educação de meninas e destacou a importância de educar mulheres jovens como uma maneira de promover o desenvolvimento econômico e a igualdade de gênero.

Pós-Casa Branca
Listamos abaixo algumas ações feitas pela Michelle Obama após deixar a Casa Branca.
Publicação do Livro “Becoming”
Após deixar a Casa Branca, Michelle Obama publicou sua autobiografia “Becoming” em 2018. No Brasil, a obra foi publicada sob o título “Minha História”. O livro ofereceu uma visão íntima de sua vida pessoal, carreira e tempo como primeira-dama.
“Becoming” não só detalha suas experiências na Casa Branca, mas também compartilha suas memórias de infância, desafios pessoais e reflexões sobre sua identidade e papel público. Michelle embarcou em uma turnê mundial para promover o livro, onde participou de eventos e discussões, compartilhando suas experiências e inspirando milhares de pessoas.
Atuação em causas sociais
Michelle continuou seu trabalho em várias causas sociais, incluindo a promoção da educação para meninas ao redor do mundo e a defesa de uma alimentação saudável e acessível para todos.
Ela e Barack Obama fundaram a Obama Foundation, uma organização dedicada a inspirar e capacitar a próxima geração de líderes. A fundação se concentra em áreas como liderança jovem, cidadania global e engajamento comunitário. Oferece programas de treinamento e desenvolvimento para jovens líderes de todo o mundo. Michelle também tem sido uma voz ativa em questões de igualdade.
O futuro de Michelle Obama na política
Em 2024, o nome de Michelle foi suscitado para substituir a candidatura de Joe Biden na campanha eleitoral contra Donald Trump. Segundo pesquisa da Ipsos, Michelle Obama apareceu como a única personalidade democrata capaz de derrotar Trump nas urnas. Ela conquistou 50% da preferência dos americanos contra os 39% registrados por Trump no cenário estimulado.
Ocorre que mesmo diante do apelo popular, Michelle já afirmou repetidas vezes que não tem planos para se candidatar a nenhum cargo político. Muitos especulam sobre o seu potencial impacto caso decidisse entrar na disputa política.
Sua popularidade e habilidade de conectar-se com as pessoas provavelmente a tornariam uma candidata potente, contudo, no documentário produzido pela Netflix – Minha história – ela foi ainda mais assertiva:
“A política é dura […] as pessoas que entram nela… tem que querer. Precisa estar na sua alma, porque é muito importante. Não está na minha alma”.
Você conhecia essas curiosidades sobre Michelle Obama? Quais suas impressões sobre a ex primeira-dama dos EUA? Deixe seu comentário!
Referências
- OBAMA, Michelle. Minha história; tradução: Débora Landsberg, Denise Bottmann, Renato Marques – 1ª ed. – Rio de Janeiro: Objetiva, 2018.
- SLEVIN, Peter. Michelle Obama: a life – 1ª ed. – New York: Alfred A. Knopf, 2015. [ebook]
- NETFLIX. Minha história
- NETFLIX. Nossa luz interior – Michelle Obama e Oprah Winfrey
- BBC. Michelle Obama: ‘odeio que me perguntem se vou concorrer à Presidência’
- CNN. Por que Barack e Michelle Obama não se candidatam à Presidência? Entenda
- EL PAÍS. O legado de Michelle Obama
- INFOMONEY. Michelle Obama: a ex-primeira dama que ainda influencia e inspira
- HARPER’S BAZAAR. Oprah entrevista Michelle Obama sobre infância difícil
- REVISTA PIAUÍ. Meu presidente era preto