Direitos civis
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Direitos Civis: afinal, o que são e como surgiram?

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Manifestação artística em apoio à cultura e pela regularização de salários atrasados dos funcionários do Theatro Municipal (Foto: Fernando Frazão | Agência Brasil).
Manifestação artística em apoio à cultura e pela regularização de salários atrasados dos funcionários do Theatro Municipal (Foto: Fernando Frazão | Agência Brasil).

Você já ouviu falar em direitos civis? E em Martin Luther King? Talvez em direito de ir e vir? Aposto que sim! E se nós te falarmos que tudo isso está diretamente ligado? Se você ficou curioso/a, vem com o Politize! que nós te explicamos o que são os direitos civis e como eles surgiram.

O que são os direitos civis?

Os direitos civis são aqueles relacionados às liberdades individuais. O Artigo 5º da Constituição Federal de 1988 é responsável por garanti-los. Esse trecho da nossa Carta Magna define que:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade”.

O Artigo 5º contém 78 incisos que objetivam garantir inúmeros direitos civis aos brasileiros e brasileiras, os quais devem ser garantidos aos cidadãos pelo simples fato de eles pertencerem a uma sociedade.

Esse grupo de direitos busca garantir que a liberdade de escolha seja uma das principais bases da vida em sociedade. Assim, respeitam-se as decisões feitas pelos cidadãos no dia-a-dia, as quais são tomadas com base em suas liberdades individuais, como a liberdade religiosa.

O três grupos de direitos

Os direitos civis podem parecer um tanto óbvios agora que já são garantidos, mas eles constituem um dos três grupos de direitos fundamentais para o funcionamento do nosso país. Torna-se mais fácil entender os direitos civis ao compreender também o que são direitos sociais e políticos.

Existe diferença entre Direitos Civis e Direitos Humanos?

Os direitos civis muitas vezes são englobados pelos direitos humanos, mas isso não quer dizer que eles sejam a mesma coisa. Enquanto os direitos humanos têm uma abrangência internacional – algo defendido pela Organização das Nações Unidas (ONU) por meio da Declaração Universal dos Direitos Humanos, assinada em 1948 –, os direitos civis têm limitações nacionais. Assim, eles só podem ser definidos por um Estado para que sejam válidos dentro do território daquele país.

Mesmo assim, a proximidade cultural dos países ocidentais faz com que as nações do Oeste global compartilhem diversos princípios e liberdades individuais, que ao serem positivados (tornados lei) constituam os direitos civis. Claro que isso não é uma regra. O casamento entre pessoas do mesmo sexo, por exemplo, é legalizado em países como o Brasil, Argentina e Uruguai, mas proibido nos vizinhos Bolívia, Peru e Venezuela.

Como os direitos civis são garantidos?

Garantir os direitos civis é uma tarefa complexa, que exige participação do governo e da população. O Estado atua na proteção dos direitos civis ao inseri-los na Constituição e em demais leis e também por meio dos tribunais, que consistem em instituições públicas com poder e função de garantir os direitos civis. São os tribunais que devem julgar se um cidadão está, ou não, no direito de ser ressarcido em caso de danos causados por outras pessoas, por exemplo. Outra tarefa que cabe aos tribunais é a realização de julgamentos justos para suspeitos de crimes.

Já à sociedade civil cabe o papel de respeitar a diversidade nos modos de pensar, ser e agir. Para que nós cumpramos nossa função, devemos buscar combater a intolerância presente em nosso dia-a-dia. Afinal, se nós desejamos ter nossas liberdades diversas – como de religião, de pensamento e de manifestação – garantidas, também precisamos respeitar os direitos civis do próximo.

Quais os limites dos direitos civis?

A questão sobre os limites dos direitos civis e, consequentemente, das liberdades individuais é antiga. A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, aprovada após a Revolução Francesa, em 1789, já se propunha a respondê-la:

Art. 4.º A liberdade consiste em poder fazer tudo que não prejudique o próximo: assim, o exercício dos direitos naturais de cada homem não tem por limites senão aqueles que asseguram aos outros membros da sociedade o gozo dos mesmos direitos. Esses limites apenas podem ser determinados pela lei.

O documento tão antigo traz a noção popularizada pela frase atribuída ao filósofo inglês Herbert Spencer “a liberdade de cada um termina onde começa a liberdade do outro”. Apesar de simples, é difícil tornar essa afirmação como realidade e por isso precisamos atuar em conjunto com nossos governantes, como já explicado.

Como os direitos civis surgiram?

Os direitos civis são muito antigos, tão antigos que não se sabe ao certo quando eles nasceram. Mesmo assim, um dos primeiros registros que se tem da positivação (legalização) dos direitos civis é a mencionada Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão de 1789.

Estudiosos entendem que a positivação dos direitos civis rompeu com a dominação baseada em relações comunitárias tradicionais. Características do período medieval e do sistema feudal, essas relações eram hierarquizadas – com uma pessoa ocupando um lugar superior à outra na pirâmide social, que não representava apenas diferenças econômicas entre a população, mas também de direitos. Essas relações também eram hereditárias, ou seja, passavam de pai para filho.

Com as revoluções acontecidas na Europa no século 18, quando a burguesia revoltou-se contra as famílias reais – como a própria Revolução Francesa –, as monarquias absolutistas foram enfraquecidas (ou até destruídas) e acabaram perdendo o monopólio da autoridade política. A partir dessas revoluções, os direitos civis começaram a ser reconhecidos, um processo que demorou um longo tempo e ainda está acontecendo.

Já no Brasil, o primeiro avanço na área dos direitos civis foi a abolição da escravatura, em 1888. A partir da Constituição de 1891 – que garantiu a igualdade legal entre os cidadãos e também as liberdades de crença, associação e reunião, tal como permitiu o habeas corpus –, todas as Constituições do Brasil passaram a defender os direitos civis. No caso da Constituição de 1988, válida atualmente, o trecho de lei que define a inviolabilidade desse grupo de direitos é o Artigo 5º, como já mencionado.

Espera aí! O que Martin Luther King tem a ver com isso?

Marcha pelos direitos civis

Quando se fala na luta pela defesa dos direitos civis, é impossível não lembrar de Martin Luther King. O pastor protestante e também ativista político foi um dos principais líderes do Movimento dos Direitos Civis, acontecido nos Estados Unidos entre os anos de 1955 e 1968. O movimento buscava acabar com a segregação racial vigente no país e conquistar igualdade de direitos entre negros e brancos.

Leia também: Direitos étnico-raciais: o que são?

Um dos episódios mais memoráveis do Movimento dos Direitos Civis foi a Marcha Sobre Washington, acontecida em 28 de agosto de 1963, quando 250 mil pessoas – de diversas etnias e regiões dos EUA – reuniram-se na capital do país em atos pelos direitos igualitários. A marcha foi o maior protesto pacífico realizado nos Estados Unidos para combater o racismo. Nesse dia, Martin Luther King proferiu seu famoso discurso “I have a dream” (“Eu tenho um sonho”), que você pode conferir no vídeo abaixo. King foi assassinado em 1968, aos 39 anos.

Entenda mais: e o movimento negro no Brasil?

O exemplo de Martin Luther King é apenas um dos vários que poderiam se dados sobre pessoas que se engajaram na luta pelos direitos civis, não apenas nos Estados Unidos, mas no mundo todo. Entretanto, essa luta ainda não acabou. Enquanto existir intolerância religiosa, LGBTfobia, xenofobia, racismo e tantos outro tipos de preconceito que restringem as liberdades individuais de alguém, os cidadãos e o Estado precisarão se engajar na defesa de todos os direitos.

Leia também: A história dos direitos étnico-raciais

Conseguiu entender o que são direitos civis? Deixe suas dúvidas e sugestões nos comentários!

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REFERÊNCIAS DO TEXTO:
Direitos Civis

JusBrasil – Direitos civis, políticos e sociais no Brasil: uma inversão lógica

SciELO – Direitos civis e Direitos Humanos: uma tradição judiciária pré-republicana?

Serviço Social – O que são direitos civis, políticos e sociais?

Sociologia em Foco – O que são Direitos Civis?

UOL Educação – Cidadania e direitos civis: Os direitos civis e as revoluções do século 18

Wiki – Direitos Civis


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Conteúdo escrito por:
Assessora de conteúdo no Politize! e graduanda de Relações Internacionais pela Universidade Federal de Santa Catarina. Quer ajudar a tornar um tema tido como polêmico e muito complicado em algo do dia a dia, como a política deve ser!

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13 mar. 2024

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