14 causas do abandono escolar no Brasil

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14 causas do abandono escolar no Brasil - Politize!
Saída da escola. Fonte: Domínio Público / Pexels.com

Este é o segundo texto de uma trilha de conteúdos sobre Evasão escolar. Confira os demais posts da trilha: 1 2345

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Hoje discute-se muito a Reforma do Ensino Médio brasileiro, que pretende revisar os objetivos educativos e flexibilizar o currículo dos alunos, para tornar a escola um ambiente instigante e enriquecedor para o jovem. Apesar de todos os nossos avanços no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB), que mede a qualidade do ensino, o Brasil ainda sofre de uma tragédia silenciosa: dos 10,3 milhões de jovens entre 15 e 17 anos que deveriam estar na escola, 2,8 milhões saem todos os anos.

A inclusão destes jovens nas atividades escolares é premissa para termos um sistema educacional efetivo. Para isso, é preciso contemplar tudo aquilo que impede e desmotiva o jovem de frequentar a escola, e criar soluções adicionais para esses desafios. Em um país continental como o Brasil, já é de se esperar que existam vários motivos.

O GESTA – Engajamento Escolar investigou a questão e chegou a 14 motivos que fazem o jovem sair da escola. Confira:

1. ACESSO LIMITADO

A falta de acesso ainda é um problema em todos os estados brasileiros. Quando falamos de áreas rurais e periferias urbanas, faltam escolas e vagas próximas à residência do jovem e o transporte público pode ser demorado ou inexistente. Para resolver essa questão, as políticas públicas devem racionalizar a oferta de vagas, construir ou ampliar escolas, oferecer educação à distância e ampliar a rede de transporte escolar. 

2. NECESSIDADE ESPECIAL

Mais de 5% dos jovens abandonam a escola por conta de limitações físicas, seja por deficiência, por doenças graves (crônicas ou contagiosas) ou por serem portadores de necessidades especiais. Quando o jovem não pode ir até a escola, é preciso que a escola vá até o jovem. Quando a questão é uma necessidade física, visual, auditiva ou cognitiva, é necessário que a escola se adapte às suas condições especiais – e é importante destacar que a legislação brasileira prevê esses tipos de atendimentos. Atualmente, 37% dos jovens com necessidade especial beneficiados pelo Benefício de Prestação Continuada (BPC) do governo federal não frequentam a escola. Para atender à demanda, é necessário formar professores para o atendimento integrado de alunos com necessidades especiais e introduzir nas salas de aulas recursos multifuncionais.

Leia mais: acessibilidade e o direito das pessoas com deficiência

3. GRAVIDEZ E MATERNIDADE

A maternidade precoce pode causar constrangimentos sociais e limita o tempo disponível para os estudos. A gravidez na adolescência, a despeito de certo declínio recente, continua elevada e retira da escola uma parcela significativa das jovens brasileiras. Uma pesquisa de 2016 feita pelo MEC, OEI e Flacso revelou que 18% das meninas que pararam de estudar teve a gravidez como principal motivo.

4. ATIVIDADES ILEGAIS

O uso de drogas e envolvimento em outras atividades ilegais rivaliza com a frequência às aulas. Ações preventivas e educativas que informem os jovens sobre os malefícios do envolvimento em atividades de risco, acompanhadas de repressão inteligente e coibição ao uso e ao comércio de drogas nos entornos escolares são opções viáveis para solucionar este problema.

Brasil: resultados da política de drogas atual

Pessoas em ambiente escolar. Fonte: Pexels.com

5. MERCADO DE TRABALHO

Reconhecidamente, um dos fatores de maior importância para afastar os jovens das atividades escolares é o seu envolvimento, de forma precoce e em intensidade inadequada, com o mundo do trabalho. Muitos jovens têm que trabalhar, já outros escolhem trabalhar. Os jovens com 17 anos ou mais são os que mais saem da escola por esse motivo.

6. POBREZA

O jovem às vezes não tem condições mínimas de alimentação, vestuário ou higiene para frequentar a escola com dignidade ou não tem estrutura em casa para realizar os deveres de casa, como acesso a energia elétrica, internet, livros e cadernos. Existem diversos programas que buscam prover as necessidades básicas destas famílias e até condicionam apoio financeiro à frequência escolar.

7. VIOLÊNCIA

As violências física e psicológica (bullying e assédio, por exemplo) podem acontecer dentro de casa, na escola ou nas ruas, podendo gerar sérias consequências e traumas que tornam ir à escola uma experiência insuportável ou impossível, comprometendo o aprendizado dos jovens e desviando sua atenção dos estudos. 

8. DÉFICIT DE APRENDIZAGEM

Há evidência de que reprovações cumulativas são uma das principais causas da evasão e abandono. Todo ano, 1,2 milhõe de jovens repetem a série. Isso tem um impacto psicológico grande, pois o jovem começa a se sentir incapaz, desmotivado e extremamente fora de lugar em uma turma com alunos mais novos, aumentando assim sua chance de sair da escola.

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Relógio em muro na escola. Fonte: Pexels.com

9. SIGNIFICADO

Jovens que sentem que a escola não está adequada à sua realidade e visão de futuro consideram a escola como uma perda de tempo e acabam preferindo se dedicar a outras coisas. Adequar o conteúdo que a escola oferece às necessidades dos jovens e da sociedade é o objetivo de uma variedade de ações voltadas à ressignificação do currículo escolar, em particular, do currículo do Ensino Médio.

10. FLEXIBILIDADE

Jovens que não acham que a escola é dinâmica ou inovadora se engajam menos nas atividades escolares. Uma escola rígida, por melhor que seja naquilo que oferece, irá atender aos interesses de apenas uma fração dos jovens. Assim, para promover o interesse de todos os jovens nas atividades escolares, é necessária uma boa dose de flexibilidade que deve ser aplicada a todos os aspectos essenciais da educação, dos componentes curriculares a horários, estilos de ensino-aprendizagem e formas de avaliação. Quanto mais flexível for a escola, mais fácil é a adequação desta aos interesses e às motivações de seus alunos.

11. QUALIDADE DA EDUCAÇÃO

Tão importante quanto convencer os jovens de que aquilo que a escola ensina é essencial, é garantir que o conteúdo ensinado seja verdadeiramente relevante para a juventude. Se os serviços educacionais são de baixa qualidade, o jovem não verá nenhum sentido em investir seu tempo com educação. Existem ações voltadas à melhoria da infraestrutura e dos equipamentos das escolas, mas, acima de tudo, ações focadas no desenvolvimento do professor são essenciais. Uma solução pode ser incentivar turmas menores e oferecer formação continuada para professores.

Leia também: como um facilitador pode ajudar na educação política?

12. CLIMA ESCOLAR

Ninguém voluntariamente fica em um lugar que não se sente bem ou que não se sente pertencente. É preciso que o jovem na escola se sinta seguro, respeitado e acolhido. Quanto mais ele percebe que a escola e as atividades oferecidas ali foram idealizadas pensando nele e entenda que a escola é dele, maior será sua motivação para se engajar e menores serão as chances de abandono e evasão. Assim, para que o engajamento aconteça, o sentimento de pertencimento é vital.

13. PERCEPÇÃO DA IMPORTÂNCIA

É papel da educação e da escola não apenas ensinar temas relevantes, mas também motivar os jovens estudantes para esses temas, mostrar que o que está sendo ensinado é ou será útil para a sua vida, apresentar a educação como um valor. Às vezes o jovem simplesmente não tem as informações necessárias para entender que estar na escola é importante. Por isso, é preciso que a escola e até mesmo os pais deixem isso claro no seu discurso, para que não seja feita nenhuma escolha possivelmente desmedida de abandonar a escola.

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Desmotivação na escola. Fonte: Pexels.com

14. BAIXA RESILIÊNCIA EMOCIONAL

Por último, desentendimentos com os professores ou colegas, baixo desempenho acadêmico, problemas pessoais ou com a família e amigos e até a depressão podem gerar desinteresse do jovem na escola. Esse desinteresse momentâneo, caso seja rapidamente identificado, solucionado ou compensado com o apoio da comunidade escolar, pode não ter qualquer repercussão de longo prazo. Toda política de promoção do engajamento dos jovens em atividades escolares deve contemplar ações voltadas ao acompanhamento e ao aconselhamento dos jovens em processo, ou em risco, de desengajamento com a escola.

Algumas vezes jovens deixam a escola por motivos mais diretos e perceptíveis: necessidade de ingresso no mercado de trabalho, envolvimento com o crime, gravidez e maternidade. Em outras vezes, os motivos são mais complexos e subjetivos, que requerem uma atenção individualizada e mudanças inclusive na própria escola como a conhecemos. Portanto, políticas de combate à evasão e abandono não têm uma fórmula única. É preciso oferecer um conjunto de ações e programas diversos que promovam o engajamento dos jovens nas atividades escolares. No fim das contas, a escola não pode ser boa para alguns jovens – tem que ser boa para todos. 

Para conhecer melhor as ações que podem combater cada um dos 14 fatores o GESTA também mapeou 125 programas nacionais, tanto federais quanto estaduais, e outras 110 programas internacionais. Além disso, no site você poderá saber com mais detalhes o que está acontecendo e o que pode ser feito a respeito destes 14 motivos. Todo o conteúdo didático do GESTA – Engajamento Escolar é baseado no estudo do economista Ricardo Paes de Barros, “Políticas públicas para redução do abandono e evasão escolar de jovens”.

O próximo conteúdo sobre evasão escolar é: o que as políticas educacionais devem considerar?

Última atualização em 21 de dezembro de 2017.

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1 comentário em “14 causas do abandono escolar no Brasil”

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18 abr. 2024

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