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Big Techs: até onde vai o poder das corporações que dominam o mercado de tecnologia?

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Escritório do Google na Irlanda.
Foto: Wikimedia Commons.

A tecnologia está cada vez mais presente na vida das pessoas, trazendo benefícios ao resolver problemas e facilitar atividades. No entanto, também pode criar dependência das empresas que fornecem essas inovações. Este artigo aborda as Big Techs, um pequeno grupo de corporações que dominam o mercado de tecnologia, e como elas podem afetar a vida das pessoas.

O que são as Big Techs?

As Big Techs são grandes empresas de tecnologia que desenvolveram serviços inovadores e disruptivos, escalando rapidamente e dominando o mercado. Elas se tornaram parte da vida diária de bilhões de pessoas em todo o mundo, oferecendo produtos e soluções de alta qualidade, muitos deles gratuitos.

Embora isso seja positivo, essas empresas também criaram monopólios em seus setores, o que levanta questões sobre seu poder de influência nas decisões das pessoas, proteção dos dados dos clientes e pagamento de impostos. Como lidar com essas questões quando as empresas são globais e atuam em vários países sem pagar tributos na maioria deles?

E quem são essas empresas?

O grupo de empresas que é associado ao termo Big Techs são o Google, Facebook, Apple, Amazon e Microsoft. Essas empresas, das quais você provavelmente já ouviu falar, trazem diversos benefícios para os consumidores, mas elas também controlam os mercados em que atuam, evitando com que novas empresas surjam.

Google

A empresa  é conhecida pelo seu mecanismo de pesquisa eficiente e foi fundada em 1998 por Larry Page e Sergey Brin – dois estudantes de doutorado da Universidade de Stanford. De lá para cá, seus criadores viram a sua companhia ter um sucesso estrondoso, conquistando mais de 92% do mercado em que atuam. Em 2019, por meio dos anúncios em sua plataforma, conseguiram atingir uma receita de US$162 bilhões.

A Alphabet, holding do grupo Google, não atua somente na área de mecanismo de pesquisa. Ela também obteve bastante sucesso no desenvolvimento do sistema Android – muito comum nos celulares -, no Google Chrome, e nos aplicativos de geolocalização, como Waze e Maps. O Google também tem em seu portfólio a maior plataforma de vídeos do mundo, o Youtube.

Facebook

Antes de fundar o Facebook em 2004, Mark Zuckerberg já havia desenvolvido em 2003 uma rede social exclusiva para os alunos de Harvard. O Facebook acabou fazendo sucesso desde a sua criação, especialmente nos Estados Unidos. A plataforma, que conecta você aos seus amigos através de mensagens, posts e likes, só chegou no Brasil em 2007, quando o suporte para língua portuguesa foi inserido pela companhia.

Para evitar a perda de seu domínio, o presidente da empresa decidiu comprou concorrentes, como o  Instagram e o WhatsApp. Mark Zuckerberg também tentou comprar o Snapchat, mas recebeu uma negativa, o que acabou sendo o gatilho para a criação dos famosos Stories do Instagram.

Em 2021, o número de usuários mensais das plataformas do Facebook atingiu cerca de 3 bilhões de pessoas, quase metade da população mundial. Com essa grande quantidade de clientes ativos, a empresa conseguiu gerar uma receita de US$116 bilhões em 2022.

Apple

A Apple foi fundada por  Steve Jobs e Steve Wozniak em 1976. Ela revolucionou o mercado de tecnologia pessoal ao introduzir produtos inovadores como o Macintosh, o iPod, o Ipad e o Iphone.

Presidida por Tim Cook, a companhia continua com seu DNA criativo muito forte, trazendo novos produtos como o AirPods, ou investindo no desenvolvimento de veículos elétricos autônomos, o iCar. Além disso, a empresa ainda aposta no legado de Jobs para a criação de um mundo Apple, onde o cliente fica imerso em uma cadeia completa de produtos da empresa.

O domínio em seu setor de atuação rendeu muitos frutos financeiros para a companhia e, somente em 2022, a empresa dona do iPhone teve uma receita de US$394 bilhões.

Amazon

A empresa que foi pioneira no comércio eletrônico iniciou sua trajetória em 1994 guiada pelo seu fundador Jeff Bezos, que na época estava confiante de que o novo mercado criado na internet dominaria as vendas no futuro. A Amazon, que tem esse nome inspirado no Rio Amazonas, começou atuar nas vendas online com foco em um produto: livros.

A empresa expandiu muito o seu negócio, estando envolvida com serviços de streaming, como o Prime Video, e com a venda de e-books e o seu leitor especializado, o Kindle. Além disso, eles também oferecem soluções de inteligência artificial, como a Alexa, e de armazenamento e hospedagem em nuvem com a AWS (Amazon Web Services). Com essa vasta gama de produtos, em 2022, a empresa reportou uma receita de US$513 bilhões.

Contudo, metade de suas receitas ainda são geradas pelo e-commerce, no qual obteve domínio global ao introduzir inovações como listas de desejo, avaliações e produtos sugeridos. Nesse aspecto, destaca-se o Amazon Prime, cujo propósito é fidelizar os clientes através de entregas grátis e rápidas mediante uma assinatura mensal ou anual. Isso só foi possível graças a sua eficiente rede de logística. 

Microsoft

A big tech fundada em  1975 por dois jovens, Bill Gates e Paul Allen, domina o mercado da internet desde a sua criação. Responsáveis pelo desenvolvimento do mais usado sistema operacional do mundo, Windows, que possibilitou uma disseminação dos computadores individuais, assim como da criação dos serviços de edições mais famosos, o pacote Office, que engloba Word, Excel, PowerPoint entre outros.

Mas a Microsoft tem diversificado bastante os seus produtos, apostando muito em soluções para computação em nuvem, através dos aplicativos do Azure, como também na criação de jogos, e até redes sociais, como o LinkedIn. Em 2022, a empresa apresentou um faturamento total de US$13,8 bilhões.

Qual o poder das big techs?

Como pôde ser visto, os serviços e produtos que essas cinco empresas oferecem estão presentes em nosso cotidiano, o que por si só já confere muito poder para elas, entretanto, o poder que está nas mãos das Big Techs vai muito além disso. Quando usamos a maioria desses serviços, disponibilizamos nossos dados mais sensíveis a essas empresas, o que nos deixa em uma posição de muita impotência perante elas. 

No documentário, o Dilema das Redes Sociais, que engloba algumas das empresas citadas, pode ser visto para como os seres humanos têm ficado à mercê das definições que os algoritmos que essas grandes empresas desenvolveram, podendo até fazer com que os comportamentos e ações dos usuários mudem. Uma frase retirada do longa-metragem sintetiza isso:

“A tecnologia persuasiva tem o intuito de ser aplicada ao extremo, buscando a mudança no comportamento das pessoas.”

Nos Estados Unidos, a discussão sobre o domínio desses conglomerados já está em um nível mais avançado. O presidente da Comissão Antitruste, David Cicilline, iniciou o discurso da apresentação do relatório sobre essas companhias dizendo que elas têm muito poder, e posteriormente completou a sua fala com a seguinte frase:

“Seja privilegiando-se, estabelecendo preços predatórios ou levando os usuários a comprar produtos adicionais, as plataformas dominantes exerceram de forma destrutiva e prejudicial seu poder de expansão.” 

O relatório, fruto de 16 meses de investigação, apresentou diversas formas de atuação em que cada empresa busca eliminar os seus concorrentes e proteger sua influência na vida dos consumidores. 

O Facebook foi acusado pelos congressistas de usar  dados obtidos em suas redes sociais para rastrear e prever próximas empresas concorrentes, com o intuito de eliminá-las.

Já o Google e a Microsoft se encaixam nas táticas anticompetitivas ao usarem de seus sistemas operacionais e mecanismos de buscas para privilegiar o seu conteúdo ou de seus clientes. Sendo assim, os seus usuários ficam a mercê do que essas companhias acham mais interessante que a pessoa leia, compra e etc.

Por fim, a Amazon e a Apple se usam dos seus marketplaces e aplicativos para dar ênfase aos seus produtos, reduzindo a  possibilidade da escolha dos clientes e eliminando possíveis produtos concorrentes. Além disso, também se utilizam dos dados de seus clientes para influenciá-los a consumirem mais e para preverem as suas futuras demandas.

E como isso impacta na sua vida?

Sob o ponto de vista econômico, o monopólio de um setor por uma companhia acaba sendo  ruim para o cliente, pois a tendência é de que os preços desses serviços aumentem e a sua qualidade caia. Além disso, a escassez de escolha para os consumidores é algo ruim também, até porque quem domina o mercado não tem mais uma necessidade de inovar. 

Ao contrário, pode focar apenas em  manter o seu produto com poucas mudanças ao longo do tempo, e o consumidor sem escolha acaba comprando do mesmo jeito. Por fim, um monopólio pode também criar barreiras de acesso ao mercado para os possíveis concorrentes. 

Um bom exemplo disso é o Google, que foi multado em 2,4 bilhões de euros pela Comissão Europeia por abuso de poder econômico, após receber denúncias de outras empresas por prejudicá-las em seus mecanismos de buscas. A comissária antitruste, Margrethe Vestager, disse o seguinte sobre a companhia:

“Google tem criado muitos produtos e serviços inovadores que mudaram as nossas vidas, o que é uma boa coisa.[..] Entretanto, o Google abusou da sua posição dominante no mercado na vertente de motor de busca, promovendo o seu próprio serviço nos seus resultados de pesquisa e despromovendo os dos concorrentes.”

 Como já mencionamos, outro ponto importante sobre o domínio do mercado pelas gigantes de tecnologias se deve ao fato de que elas acabam tendo acesso a diversos dados sensíveis de seus usuários. Isso permite que essas empresas saibam dos gostos e costumes de seus clientes, tornando-as  mais influenciáveis. 

Um caso que levantou o debate sobre o assunto ocorreu durante as eleições de 2016 dos Estados Unidos, que culminou com a vitória de Donald Trump. A consultoria Cambridge Analytica utilizou dados obtidos de 87 milhões de usuários do Facebook para customizar a campanha de Trump a diferentes tipos de internautas. 

Com campanhas moldadas para cada perfil de indivíduo, as chances de converter aquela pessoa acaba sendo muito maior. Essa mesma companhia já tinha usado a mesma estratégia durante o Brexit, plebiscito que perguntava sobre a saída do Reino Unido da União Europeia.

Christopher Wylie, cientista de dados que denunciou o que a Cambridge Analytica fazia, disse o seguinte sobre o funcionamento da consultoria:

“Exploramos o Facebook para colher perfis de milhões de pessoas e construímos modelos para explorar o que sabíamos sobre eles e atacar seus medos internos”

Outro problema são as fake news. As plataformas relatam problemas em controlar essas notícias falsas, pois em uma democracia ninguém tem o monopólio da verdade. Sendo assim, a definição sobre fake news em alguns casos pode ser subjetiva e taxada como censura. Entretanto, não é por isso que determinadas notícias forjadas não possam ser detectadas. O debate sobre o que deve ser incluído como notícias falsas está ocorrendo no mundo, assim como no Brasil.

Voltando para as Big Techs, deve-se levantar dois pontos sobre as fake news pelo ponto de vista das empresas. Primeiro, não dá para esquecermos que elas são empresas privadas que buscam lucrar. Portanto, quanto mais engajamento e uso dos seus serviços, melhor. E, infelizmente, essas notícias forjadas acabam movimentando bastante as atividades das pessoas na internet.

O segundo ponto é a  censura. Essas empresas já se utilizam dos seus termos de uso, na qual proíbem diversos conteúdos que não são aceitos pela lei, como tráfico de drogas, por exemplo, para limitar a atuação de seus usuários. Porém, quando o assunto é sobre as fake news, elas acabam sendo mais tolerantes, até porque é difícil que a determinação do que é verdade ou mentira fique na mão de uma empresa privada, o que poderia gerar problemas para ela, como perda de clientes, ou até sofrer com processos nas esferas judiciais.

Veja também nosso vídeo sobre fake news:

É possível limitar o poder dessas companhias?

Os governos, especialmente o americano e o europeu, decidiram criar formas para regulamentar essas companhias. Entre os pontos em discussão estão: a questão comercial dos monopólios, a proteção de dados dos seus cidadãos, o debate sobre censura e fake news, assim como a questão fiscal.

Leia também: por que caímos em fake news?

Começando pela questão dos monopólios, o presidente americano, Joe Biden, deu a entender que vai seguir com as investigações impostas pelo comitê antitruste, que inclusive foram criadas por membros do seu partido – os democratas -, na qual acusavam as Big Techs de monopólio. O relatório da comissão antitruste sugere a proibição de que as plataformas dominantes operem em linhas adjacentes dos negócios, ou seja, o Google não poderia ser dono do YouTube, e nem o Facebook do Instagram ou do WhatsApp.

O próprio documento traçou um paralelo, com o que vem acontecendo atualmente com as grandes empresas de tecnologia, ao se lembrar do que ocorreu em séculos passados com o surgimento dos magnatas do petróleo, ferrovias e aço.

Outra medida tomada, dessa vez pela União Europeia, em 2018, foi a aprovação do Regulamento Geral de Proteção de Dados (GDPR), com o intuito de garantir transparência e segurança para os cidadãos que compartilham seus dados pessoais com determinadas companhias, criando diversas forma de requisitar dados e colocando barreiras no uso desses dados por parte das empresas. 

Por fim, uma questão que já está muito adiantada na Europa referente as 5 grandes companhias é sobre a questão fiscal. A primeira-ministra alemã, Angela Merkel, disse o seguinte sobre a possível taxação dessas empresas:

“Espero que com o novo governo dos EUA possamos continuar e intensificar o trabalho da OCDE sobre a taxação de companhias digitais”

Essa necessidade de conversa para com o presidente americano deve-se ao fato de que o então presidente norte-americano, Donald Trump, não aceitou muito bem quando a França criou um imposto de 3% sobre o volumes de negócios das Big Techs. Como prova da sua insatisfação, o ex-presidente ameaçou taxar em até 100% os produtos franceses nos Estados Unidos, como queijos, vinhos e produtos de beleza.

E no Brasil? 

No Brasil, a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) entrou em vigor em 2020, visando garantir uma proteção aos usuários do mundo digital. Assim, a lei determina possíveis sanções as companhias que não se comportarem de acordo com as disposições, trazendo maior segurança para as informações que os brasileiros disponibilizam para empresas, especialmente da internet. 

Além disso, também circula um projeto no Senado referente as fake news, que pode ser apresentada através do resumo abaixo:

Estabelece normas relativas à transparência de redes sociais e de serviços de mensagens privadas, sobretudo no tocante à responsabilidade dos provedores pelo combate à desinformação e pelo aumento da transparência na internet, à transparência em relação a conteúdos patrocinados e à atuação do poder público, bem como estabelece sanções para o descumprimento da lei.

A ideia do projeto visa gerar uma internet mais saudável para os brasileiros, podendo punir as companhias que não se comprometam em diminuir a circulação de notícias falsas e de pessoas que criem ou compartilhem essas informações. Todavia, esse projeto entrega para o Estado a responsabilidade de realizar a checagem e controle das notícias, o que pode ser perigoso para a liberdade de expressão em uma democracia, como foi mostrado no caso da BBC com o governo chinês. 

 

A PL das fake news

No Brasil, a discussão sobre a disseminação de notícias falsas, ou fake news, resultou na elaboração do Projeto de Lei 2630/2020, conhecido como PL das Fake News. Este projeto tem como objetivo principal regular as plataformas digitais e combater a propagação de informações falsas

A proposta tem gerado debates acalorados entre diferentes grupos políticos e setores da sociedade, sendo vista por alguns como uma tentativa de controlar conteúdos falsos, enquanto outros a veem como uma ameaça à liberdade de expressão.

Leia mais: PL das Fake News: os 10 pontos principais para entender o projeto de lei

O PL das Fake News propõe uma série de medidas que impactam principalmente as grandes empresas de tecnologia, como Google, Meta (Instagram e Facebook), Twitter e TikTok, além de serviços de mensagens instantâneas, como WhatsApp e Telegram. Entre as principais medidas estão a obrigação de moderar conteúdos publicados na internet, a responsabilização das empresas por conteúdos publicados por terceiros e a proibição da criação de contas falsas e do uso de contas automatizadas geridas por robôs.

A proposta também prevê a criação do Conselho de Transparência e Responsabilidade na Internet, uma entidade autônoma responsável por regulamentar e fiscalizar os provedores de internet. As empresas que não cumprirem as medidas previstas na lei poderão sofrer sanções, que vão desde advertências até multas que podem chegar a R$ 50 milhões de reais por infração.

No entanto, o PL das Fake News tem enfrentado resistência de alguns setores. Críticos do projeto argumentam que ele pode levar à censura e limitar a liberdade de expressão. Além disso, há preocupações sobre como a lei será aplicada e se ela poderá ser usada para fins políticos. O partido NOVO, por exemplo, se opõe ao projeto, alegando que ele transforma as plataformas em “polícias digitais” e traz riscos à liberdade de expressão.

Leia mais: PL das Fake News: os 10 pontos principais para entender o projeto de lei

E qual a sua opinião sobre as Big Techs? Você já havia parado para pensar sobre esse assunto? Conta para a gente!

REFERÊNCIAS

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1 comentário em “Big Techs: até onde vai o poder das corporações que dominam o mercado de tecnologia?”

  1. As teles estão desligando de uma vez e sem aviso prévio telefone fixo, internet e TV! Agem como cartel e de forma complementar.

    MAM

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Conteúdo escrito por:
Estudante de Engenharia Elétrica na UNESP. Já foi presidente da Liga de Mercado Financeiro FEB e embaixador da Fundação Estudar. Amante dos assuntos econômicos e políticos, e sonha que um dia a educação esteja ao alcance de todos!

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