Olímpiadas: como o esporte promove a paz entre as nações?

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A cada quatro anos, um país integrante da Comissão Olímpica Internacional é escolhido para sediar o maior evento esportivo do mundo: as Olimpíadas. Em 2024, 206 países enviarão atletas para disputar as mais diversas modalidades esportivas na França, cidade que sediará essa edição dos jogos. 

Os Jogos Olímpicos celebram a união entre as nações e a paz, representado através de seus 5 aros coloridos, que demonstram a união entre os continentes pelo esporte.

Mas a história mundial demonstra que diversas vezes os países entram em guerra entre si, então qual a relação entre o esporte e a promoção da paz mundial?

Quer entender tudo sobre os Jogos Olímpicos? Vem com a gente!

Origem das Olimpíadas

Os Jogos Olímpicos são uma tradição de origem grega, sendo realizados desde a antiguidade na cidade de Olímpia, daí se origina o nome do evento.

Originalmente, os jogos tinham o objetivo de homenagear os deuses gregos, especialmente Zeus – o deus mais importante na mitologia grega, Deus do céu e trovão.

O evento é conhecido até os dias atuais como um marco de paz e integração entre as nações participantes, tendo esse mesmo objetivo na sua origem. A Grécia antiga era organizada por cidades-estado, essas tinham diversos conflitos entre si, mas no período de dois meses anteriores aos jogos e até que se encerrassem  eram cessadas as guerras.

Na ocasião, eram praticadas diversas modalidades esportivas, como corrida, luta, corrida de cavalo e pentatlo (que consistia em cinco campeonatos: corrida, arremesso de disco, lançamento de dardo, luta e salto em distância). Os vencedores recebiam coroas de louro, algo que se tornou uma representação de honra e vitória.

Em 393 d.C, os Jogos Olímpicos foram proibidos, pois o imperador romano Teodósio I baniu todos os festivais pagãos após se converter ao cristianismo.

estátua em mármore branca com homem nu inclinado para frente com um braço para trás segurando um disco redondo.
Estátua grega representando o lançamento de disco. Imagem: Depositphotos.

Jogos Modernos: a retomada dos Jogos Olímpicos

Em 1896, o barão francês Pierre de Coubertin idealizou o retorno dos Jogos Olímpicos, em uma proporção mais abrangente do que só o continente europeu, contendo países da Oceania e da América. 

Essa edição foi localizada na cidade de Atenas, em homenagem à origem grega do evento. Além disso, foi feita uma reconstrução do Estádio Panathinaiko, o local onde eram feitas diversas competições na Grécia Antiga.

Desde então, os jogos são realizados a cada quatro anos, com algumas exceções, como períodos de guerra ou a pandemia de Covid-19.

As grandes guerras mundiais e os jogos

O primeiro cancelamento dos jogos olímpicos veio em 1916, dois anos após o início da Primeira Guerra Mundial. Essa edição seria realizada em Berlim, na Alemanha, país que participava da entente na primeira grande guerra. 

O cancelamento veio tanto porque o país que sediaria estava em guerra, quanto pela realidade dos demais países que convocaram diversos atletas para servirem no exército.

As Olimpíadas retornaram no ano de 1920, mas inicialmente com a exclusão dos países que se aliaram à Alemanha durante a primeira grande guerra, podendo retornar somente em 1928.

A edição de 1936 foi realizada na Alemanha, que no momento se encontrava sob o regime nazista e que este utilizou desse momento para propagandear a ideologia da superioridade ariana para o mundo. Durante a cerimônia, utilizaram saudações ao líder do partido nazista e líder da Alemanha, Adolf Hitler e suásticas.

Um marco dessa edição foi a participação de Jesse Owens, atleta afroamericano de atletismo, que conquistou quatro medalhas de ouro durante as Olimpíadas, o que foi um marco para desmentir a propaganda nazista de superioridade racial.

 Jesse Owens recebendo sua medalha. Imagem: Bundesarchiv Bild.

Na Segunda Guerra Mundial, os jogos foram cancelados novamente, na edição de 1940 e 1944, retomando apenas em 1948, uma edição que ficou tomada pelo sentimento de esperança e recuperação no pós-guerra.

O Brasil e as Olimpíadas

A primeira participação do Brasil foi em 1920, realizada na cidade de Antuérpia, na Bélgica. O país saiu com três medalhas dessa edição dos jogos, sendo essas:

  • Ouro: Guilherme Paraense conquistou a medalha de ouro na prova de pistola rápida 30m (tiro esportivo);
  • Prata: Afrânio da Costa ganhou a medalha de prata na prova de pistola livre 50m (tiro esportivo);
  • Bronze: a equipe brasileira de tiro esportivo conquistou a medalha de bronze na prova de pistola livre por equipes.

Isso marcou o início de uma longa jornada do país com os esportes olímpicos, que já conquistou 150 medalhas até a edição de 2024.

2016: Olimpíadas no Rio de Janeiro

Em 2016, a capital carioca foi a escolhida para sediar os Jogos Olímpicos. Esta foi a primeira vez que o evento ocorreu no Brasil.

Nessa edição, ocorreram alguns marcos importantes, como a conquista de três medalhas olímpicas pelo baiano Isaquias Queiroz, marcando a primeira vez que um brasileiro atinge tal feito. Além dele, Michael Felps, nadador americano, tornou-se o atleta mais condecorado da história.

Para sediar o evento, o país investiu em desenvolvimento urbano e infraestrutura, além do investimento em desenvolvimento sustentável e uma campanha de recuperação de áreas degradadas. A cidade do Rio de Janeiro recebeu obras importantes como o término da obra do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), além da reforma do aeroporto Santos Dumont.

Porém, houve controvérsias em relação à realização dos jogos no país. Os custos para construção de diversos estádios e para sediar as Olimpíadas foram altos, em um momento que o país passava por diversas dificuldades financeiras e em um cenário de desigualdade social. Isso provocou críticas de uma parcela da população alegando que o dinheiro investido nas Olimpíadas poderia ter sido utilizado de outra forma.

Saiba mais em: 5 Polêmicas das Olimpíadas do Rio 2016.

Alt text: Mascote das Olimpíadas semelhante a um gato, representando a onça pintada, em cima do Bondinho do Pão de Açúcar, no fundo a Praia da Urca e a cidade do Rio de Janeiro.
Mascote das Olimpíadas em cima do Bondinho do Pão de Açúcar. Foto: Getty Images.

Qual a expectativa para 2024?

As vibrações para a vitória do país nas mais diversas modalidades se espalham de Norte a Sul. Com o resultado das Olimpíadas de 2022, algumas modalidades geram mais expectativa, como a modalidade do skate, que teve sua estreia em 2021 e já contou com a Rayssa Leal, skatista brasileira conhecida como “fadinha”, ganhando medalha de prata.

Menina negra com cabelos ondulados grandes, utilizando casaco com as cores verde e amarelo, segurando um buquê e carregando uma medalha de prata no pescoço.
Rayssa Leal “fadinha” com sua medalha de prata. Foto: Patrick Smith/Getty Images.

Além do Skate, há grande expectativa para o desempenho do país na ginástica artística, com a ginasta Rebeca Andrade, que ganhou medalha de ouro nas Olimpíadas de 2022, além de Mayra Aguiar, medalhista em diversas edições dos jogos e Isaquias Queiroz, atleta de canoagem medalhista de ouro em 2021.

Contudo, nem o título popular de “país do futebol” conseguiu classificar o Brasil para competir nas Olimpíadas no futebol, o que gerou frustração por parte dos torcedores e insegurança sobre o desempenho da seleção brasileira na Copa do Mundo de 2026.

Olimpíadas em 2024: França

A França foi a cidade escolhida para sediar os principais jogos das Olimpíadas de 2024. Tendo início no dia 26 de julho e encerramento em 11 de agosto.

Neste ano, a cerimônia de abertura contará com algo inédito, ao contrário das demais edições que eram realizadas dentro de estádios, essa será ao ar livre, onde os atletas “desfilarão” em barcos pelo Rio Sena.

O mascote dessa edição se chama Phryges, que é um gorro vermelho em homenagem à Revolução Francesa, trazendo o significado de liberdade e inclusão. Uma das figuras mais marcantes nos quadros sobre Revolução Francesa foi Marianne, que em um dos quadros mais marcantes da revolução aparece utilizando um gorro vermelho e segurando a bandeira da França.

dois gorros vermelhos desenhados em 3d com olhos grandes e sorrindo, um possui uma prótese na perna e segura a bandeira da França.
“Phryges” mascotes das Olimpíadas na França. Imagem: Divulgação Comitê Olímpico.

Novas modalidades

A chegada de novas modalidades para as Olimpíadas torna a competição ainda mais plural e atrativa, foram adicionadas as seguintes competições:

  • Breaking Dance: parte da cultura hip-hop afro americana, a estreia dessa modalidade de dança será no dia 9 de agosto, contando com a disputa de 32 atletas;
  • Caiaque cross: é uma modalidade similar a canoagem, mas onde quatro atletas disputam simultaneamente. Os atletas precisam passar por um percurso de oito portões; seis portões a favor da correnteza e dois portões contra.

Paraolimpíadas

Assim como as Olimpíadas visam promover a integração e o esporte entre as nações, as Paraolimpíadas possuem o mesmo objetivo, mas focadas também na promoção de acesso ao esporte para pessoas com deficiências (PCDs) e levantando a pauta da acessibilidade.

A primeira edição ocorreu em Roma no ano de 1960, celebrando a visibilidade dos PCDs e a luta contra o capacitismo internacional.

Alguns exemplos de modalidade são:

  • Futebol de 5: futebol para atletas com deficiência visual, nele todos os jogadores utilizam vendas, para que independente do nível da deficiência todos joguem em condições justas;
  • Bocha: esporte vinculado ao boliche que requer precisão ao acertar as bolas do jogo, praticado por atletas com paralisia celebral;
  • Basquete de cadeira de rodas: basquete adaptado para pessoas com deficiência física que utilizam cadeiras de rodas.

Nas Paraolímpiadas de Tóquio em 2021, o Brasil atingiu a 7° posição no quadro de medalhas, sua melhor posição desde sua primeira participação em 1972.

atleta do Brasil em cadeira de rodas com a bola de basquete na mão durante jogos olímpicos.
Basquete em cadeira de rodas. Imagem: Comitê Paralímpico brasileiro.

Os países em guerra participam das Olimpíadas?

Assim como mencionado, as grandes guerras mundiais chegaram a fazer os Jogos Olímpicos serem cancelados, mas existem outros conflitos entre países que ocorreram durante as edições das Olimpíadas. Nesses casos, o que acontece?

O Comitê Olímpico Internacional (COI) possui  uma série de regulamentos sobre como as Olimpíadas devem ser realizadas. Esse regimento está na Carta Olímpica que possui 61 artigos divididos em 5 capítulos. 

A COI também determina que os países participantes dos jogos precisam seguir a Trégua Olímpica, prevendo que os países em conflito precisam respeitar o período de trégua durante sete dias anteriores ao início dos jogos até sete dias após o encerramento das Paraolimpíadas.

Separamos alguns exemplos de como essas situações da discussão entre os países em guerra nas Olimpíadas ocorreram.

Israel x Palestina

O conflito entre Israel e Palestina existe há décadas e é alvo de diversas discussões sobre a ocupação desse território localizado no Oriente Médio. Israel é um Estado reconhecido pelas Nações Unidas, ao contrário da Palestina que não é reconhecida como um país pela ONU, mas a COI classifica a Palestina como nação e a permite participar dos jogos.

Em 2021, um atleta de judô da Argélia se recusou a competir com um atleta israelense. O argelino Fethi Nourine apresentou o seu apoio à causa do povo Palestino e, por isso, se recusou a disputar com um atleta de Israel durante os jogos. Ele foi suspenso de participar da competição por 10 anos, acusado de ter utilizado os jogos como promoção de propaganda política e religiosa, o que fere a Carta Olímpica.

Devido aos recentes conflitos na Faixa de Gaza, envolvendo o bombardeio da região, ativistas pró-palestina alegaram que Israel deveria ser banido das competições devido ao desrespeito com a ideia de Trégua Olímpica. O presidente da França Macron se pronunciou dizendo que essa medida seria exagerada e errônea, em entrevista ao Le Parisien.

“Podemos discordar de Israel sobre as modalidades de dar a resposta e de se protegerem, mas não podemos dizer que Israel é um atacante.”

Ucrânia x Rússia

A guerra entre a Ucrânia e a Rússia, apesar de possuir uma origem histórica extensa, eclodiu em 2022, após a Rússia invadir o atual território ucraniano chamado Criméia. 

Em 2024, a Rússia foi proibida de participar das Olimpíadas devido aos conflitos com a Ucrânia. Porém, o país já havia cometido doping e sido proibida de participar de edições anteriores como a de Tóquio em 2021.

Contudo, o COI autorizou a participação de 11 atletas russos e bielorrussos a competirem em modalidades individuais e sob bandeira neutra, o que gerou críticas por parte do governo ucraniano, que defende que isso fere os princípios éticos do Olimpismo ao permitir a participação desses países.

Conclusão

Os eventos esportivos são um ponto em comum na cultura de vários países, e atualmente 208 participam das Olimpíadas, o que torna o evento uma grande celebração internacional dos valores de integração internacional e promove o desejo comum da paz internacional.

E aí, qual sua opinião sobre a importância das Olimpíadas e do esporte? Deixe aqui nos comentários!

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Conteúdo escrito por:
Sou graduanda em Relações Internacionais pela UFF. Apaixonada por política desde o Ensino Médio, busco expressar meu interesse através da escrita e da pesquisa.
Jim, Lívia. Olímpiadas: como o esporte promove a paz entre as nações?. Politize!, 13 de julho, 2024
Disponível em: https://www.politize.com.br/olimpiadas/.
Acesso em: 30 de nov, 2024.

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