Deepfake: como funciona e o que seu futuro reserva

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Quem usa a internet com frequência certamente já se deparou com o termo deepfake em algum momento. O avanço das fake news faz com que o uso dessa técnica se torne uma preocupação cada vez maior. Mas você conhece seu funcionamento? Sabe por que ela é polêmica e quais são seus principais problemas?

Neste texto, a Politize! explicará tudo o que você precisa saber a respeito do tema, que vem sendo bastante discutido.

Veja também nosso vídeo sobre o inquérito e o PL das fake news!

Você sabe o que é deepfake?

Deepfake é um tipo de tecnologia que pode ser usada para criar vídeos falsos, geralmente com o objetivo de enganar as pessoas. Seu funcionamento é baseado em inteligência artificial (I.A.), capaz de gerar vídeos muito realistas, às vezes tanto quanto os vídeos reais.

De forma mais detalhada, trata-se de uma técnica de I.A. que permite a criação de vídeos e imagens realistas de pessoas que não existem ou de pessoas reais, fazendo parecer que elas disseram ou fizeram coisas que nunca foram ditas ou feitas, de fato.

Saiba mais: qual o impacto das deepfakes para as eleições?

Como os deepfakes estão sendo usados?

Os deepfakes estão sendo usados de diversas maneiras, algumas vezes para fins positivos, como a criação de efeitos especiais em filmes, e outras vezes para fins negativos, como a disseminação de fake news. Algumas pessoas também usam os deepfakes para criar vídeos pornográficos, o que é ilegal em muitos países.

Deepfake: Ferramenta foi utilizada para transformar a dublê Ingvild Deila em Carrie Fisher no filme ‘Rogue One’ (2016) — Reprodução

A tecnologia para gerar deepfakes está cada vez mais avançada e isso também inclui o campo da computação gráfica. Recentemente, pesquisadores desenvolveram um software que pode mapear rostos, sincronizar expressões faciais e até mesmo trocar de identidades de uma maneira praticamente perfeita. Isso parece até ficção científica, mas é a pura realidade!

Ao olhar para as redes sociais, você provavelmente já viu alguém colocar o seu rosto em um corpo famoso — ou até mesmo já brincou com isso. É bem divertido imaginar como seria você no corpo de uma celebridade, não é?

Esse é um exemplo de uma técnica de edição de imagens. Aplicativos como o FaceApp, que caíram no gosto popular, são capazes de trocar o rosto de uma pessoa pelo de outra. À primeira vista inofensivos, eles causam polêmicas por armazenarem os dados do usuário, que podem ser utilizados mais adiante para fins escusos.

Assim, tais softwares incentivam o que hoje conhecemos como deepfakes. A tecnologia, que utiliza inteligência artificial para substituir os rostos das pessoas e sincronizar expressões faciais, faz com que o conteúdo final pareça o mais natural possível.

Antigamente, já era possível fazer isso, mas não com tanta precisão. Hoje, os programas de mapeamento de rostos são cada vez mais precisos, o que pode ser perigoso. Agora, com o avanço das técnicas de I.A., é possível fazer essa troca de forma praticamente imperceptível. Esse é um avanço que acende um alerta, pois pessoas mal-intencionadas podem usar essa tecnologia para fins ilícitos.

Veja também: Tecnologia nas eleições: vale tudo? #NãoValeTudo

Os impactos negativos do deepfake

Deepfake mostra pesquisa falsa na voz de Renata Vasconcellos — Foto: Reproduçã

Há diversas maneiras pelas quais os deepfakes podem impactar negativamente a sociedade. O principal deles é a manipulação da opinião pública, mediante a disseminação de informações falsas.

Nas eleições de 2022, por exemplo, a apresentadora do Jornal Nacional, Renata Vasconcellos, foi vítima de deepfake. O vídeo falso dela começou a circular nas redes sociais e em aplicativos de mensagens instantâneas, como o WhatsApp, o que causou muita polêmica.

A apresentadora mostrava Jair Bolsonaro em primeiro lugar, com 44 % nas pesquisas de intenção de voto, e Luiz Inácio Lula da Silva em segundo lugar, com 32%. Na verdade, o resultado, à época, era exatamente o oposto. Lula era o primeiro, com 44% das intenções dos votos, e Bolsonaro o segundo, com 32%.

A intenção de manipular as pessoas que assistiriam ao vídeo é clara. Nos deepfakes, em geral, a forma como as cenas são montadas e os efeitos especiais usados criam uma atmosfera que leva o espectador a se sentir como se estivesse testemunhando o(s) evento(s) em primeira mão.

Conclui-se, portanto, tratar-se de um passo além das fake news, pois os vídeo criados parecem muito reais, possuindo alto potencial de ilusão. Se quem recebê-los não se atentar aos detalhes e checar a veracidade da notícia, corre o risco de ser facilmente enganado.

Veja também nosso vídeo sobre como reconhecer notícias falsas!

A novela e a realidade: como a ficção reflete o mundo

Deepfake em Travessia Lucy Alves em cena da novela ‘Travessia’ (2022)/TV Globo

A nova novela da TV Globo Travessia aborda a questão do deepfake. A personagem principal, Brisa (Lucy Alves), é a vítima e acaba sendo confundida com uma ladra de bebês após alguns adolescentes terem feito uma montagem com fotos da maranhense encontradas no Instagram.

A trama é baseada na história real de Fabiane Maria de Jesus, que sofreu linchamento coletivo no Guarujá, litoral de São Paulo, depois de ser confundida com uma sequestradora de crianças.

“Gosto muito de olhar a sociedade e como nos comportamos hoje através do avanço da tecnologia, porque cada tecnologia nova introduz possibilidades novas de dramas para a humanidade”, contou Glória Perez, a autora da novela durante coletiva de imprensa.

Iniciativas para combater o problema dos deepfakes

As iniciativas para combater o problema dos deepfakes são importantes para garantir a veracidade das informações que circulam na internet. Isso porque a desinformação é um problema sério que afeta a sociedade de diversas maneiras, podendo levar as pessoas a tomar decisões erradas, de modo a prejudicar a si mesmas e às demais.

Nesse sentido, a criação de ferramentas de detecção de deepfakes é muito bem-vinda, assim como a educação da população para que esteja atenta a este tipo de conteúdo falso. Oferecer mais informação de qualidade, por meio do jornalismo profissional, por exemplo, é uma outra forma de combater a desinformação e ajudar as pessoas a tomar decisões mais conscientes.

O papel da escola no combate à desinformação

As escolas têm um papel crucial no combate aos deepfakes. Elas podem ajudar a educar as pessoas sobre o que eles são, como são criados e como podem ser usados para manipular as pessoas. Além disso, as instituições de ensino podem ajudar a sensibilizar os estudantes para os perigos de serem expostos a deepfakes e ensiná-los a identificar esses conteúdos.

É na escola que deve ser adquirida também a habilidade fundamental de pensar criticamente e analisar as informações recebidas de forma mais criteriosa. Ela deve ainda ensinar a pesquisar e a verificar as fontes das informações para que se assegure sua confiabilidade.

As maiores ameaças dos deepfakes no futuro

O futuro do deepfake será caracterizado por uma maior precisão e realismo dos retratos gerados. A tecnologia também se tornará mais acessível, permitindo que qualquer pessoa crie seus próprios deepfakes com facilidade.

Essa evolução levantará questões éticas sobre o uso da tecnologia, especialmente quando se trata de retratos de outras pessoas. No entanto, o deepfake também poderá ser usado com intenções positivas, permitindo que sejam experimentadas situações e cenários virtuais de forma segura.

Em suma, o futuro dos deepfakes é promissor. A tecnologia está se tornando cada dia mais sofisticada e tende a se popularizar. Assim, é importante estar atento aos seus riscos e tomar medidas para preveni-los. Afinal, por mais que seja possível fazer algumas previsões, ninguém sabe ao certo o que os deepfakes representarão nos anos que estão por vir.

Como identificar deepfakes?

Como vimos, os deepfakes representam um grande perigo, pois podem ser facilmente criados e disseminados. Diante disso, fique de olho e exercite o seguinte passo a passo de como identificá-los para evitar cair na armadilha:

  • Verifique se a fonte da notícia é confiável;
  • Cheque se a notícia foi confirmada por outras fontes;
  • Analise o conteúdo da notícia e verifique se há possíveis distorções ou informações inverossímeis;
  • Verifique se a notícia tem um viés político ou ideológico;
  • Ouça o áudio do vídeo, pois a tecnologia ainda não é perfeita e é possível perceber ruídos ou distorções;
  • Atente-se ao movimento dos lábios, que às vezes fica artificial;
  • Se você suspeitar que uma notícia é falsa, pesquise mais sobre o assunto e verifique as informações antes de compartilhá-la.

E aí, conseguiu compreender o que é deepfake? Nós amamos ouvir a opinião dos nossos leitores! Deixe seu comentário nos contando o que achou do texto e do tema.

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Conteúdo escrito por:
Pesquisadora, observadora e contadora de histórias. Bacharel em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo. Possui MBA Assessoria de Imprensa na Comunicação Digital. Gosta de escrever e de falar sobre jornalismo e mídias digitais! Entusiasta da comunicação, tecnologia, empreendedorismo, economia, história, meio ambiente, arte, design, criatividade e cultura.

Deepfake: como funciona e o que seu futuro reserva

08 maio. 2024

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