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Efeito estufa, aquecimento global e crise climática: qual a relação?

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O que é o Efeito Estufa?

O efeito estufa consiste em um processo físico que equilibra a temperatura do planeta de forma a favorecer a manutenção da vida nos ecossistemas terrestres. Foi descrito e nomeado pela primeira vez em 1824, pelo físico Joseph Fourier.

A radiação solar é nossa principal fonte de energia e, quando chega à terra, encontra uma barreira gasosa chamada atmosfera. A atmosfera funciona como uma máquina térmica que filtra os raios ultravioleta nocivos e retém o calor no planeta.

A figura abaixo demonstra como ocorre a distribuição da energia solar no planeta a partir da ação da atmosfera que leva ao efeito estufa.

Balanço energético da Terra
Figura 1: Balanço energético da Terra. Crédito: imagem modificada de NASA, domínio público. Disponível em Wikimedia Commons.

A atmosfera possui 480 quilômetros de espessura e permite a circulação do ar entre os trópicos. Dessa forma, ela contribui para a manutenção da temperatura média da terra. A cobertura atmosférica é composta principalmente pelos gases Nitrogênio, Oxigênio, Argônio, Dióxido de carbono, Metano, Óxido nitroso e Ozônio.

Ao longo de sua extensão existem diferenças na composição química, densidade, temperatura e movimento dos gases. Essas variações dividem-na em cinco camadas: Troposfera, Estratosfera, Mesosfera, Termosfera e Exosfera.

Camadas da atmosfera
Figura 2: Camadas da atmosfera. Crédito: imagem do Infoenem. Disponível em Pinterest.

A Mesosfera, a Termosfera e a Exosfera são camadas onde o ar é mais rarefeito. Elas protegem o planeta contra meteoros, por exemplo. Já a Estratosfera, que inclui a chamada camada de ozônio, filtra a radiação solar ultravioleta do tipo B (maléfica para a saúde humana).

Por último, a Troposfera, contém os gases essenciais para nossa sobrevivência. Juntas, Estratosfera e Troposfera detém 99,9% da massa gasosa total que compõem a atmosfera, sendo que 90% encontram-se nos primeiros 17 quilômetros.

A Troposfera é protagonista na regulação da temperatura e no efeito estufa. Os gases que a compõem absorvem os raios solares e os retornam para a terra em forma de calor. O dióxido de carbono (CO2), o metano (CH4), o óxido nitroso (N2O) e o ozônio (O3) são os principais Gases do Efeito Estufa (GEE).

O efeito estufa é um processo fundamental para a vida planetária. Estima-se que sem ele a temperatura média da Terra seria 18°C negativos. Mas então a partir de quando o efeito estufa começou a apresentar desequilíbrio?

Um estudo publicado na revista científica Nature, realizado em 2016, constatou que o aumento anormal das emissões de gases de efeito estufa começou na Revolução Industrial. Foi analisado o chamado “arquivo natural do clima”, (corais tropicais, núcleos sedimentares, anéis de crescimento e gelos) dos últimos 500 anos em ambos os hemisférios.

A Revolução Industrial iniciou-se na Inglaterra no século XVIII. Este foi um processo histórico estabelecido pelo desenvolvimento da indústria. As fases da Revolução Industrial marcam as transições energéticas dos processos produtivos. A partir deste período, houve um significativo aumento das emissões de GEE até os dias atuais.

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Efeito estufa x Aquecimento global

Apesar de atualmente estar claro que as atividades humanas a partir deste período são a principal causa do aumento dos GEE, levou tempo até que pesquisas científicas diferenciassem o efeito estufa do aquecimento global e reconhecessem a crise climática.

A primeira associação foi em 1856 pela estudiosa Eunice Foote. Por meio de um experimento com a luz solar, ela mostrou que o CO2 poderia absorver o calor. A pesquisadora também sugeriu que um aumento de CO2 o na atmosfera resultaria em um planeta mais quente.

Posteriormente, houve a constatação no campo acadêmico-científico, por parte do físico John Tyndall. Em 1859, o pesquisador constatou que o vapor d’água e alguns gases desaceleravam a saída de radiação infravermelha, culminando em aquecimento. Tyndall concluiu que o aumento dos gases elevaria a temperatura, mas não relacionou essa descoberta ao aspecto climático.

Somente em 1896 foi levantada a hipótese de que a queima de combustíveis fósseis poderia potencializar o aquecimento global. Svante Arrhenius foi o primeiro cientista a propor matematicamente uma relação entre concentração de CO2 e temperatura.

A temática voltou a ser abordada em 1938, quando o engenheiro Guy Callendar demostrou que houve aumento da temperatura no século anterior. A partir de 1955, começaram as medições mais precisas de CO2 e aumento de temperatura.

Quanto à mobilização na sociedade, apesar da primeira conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre o meio ambiente ter ocorrido em 1972, a crise climática não era tão discutida. O termo “aquecimento global” foi cunhado apenas em 1975, quando o cientista Wallace Broeck o utilizou no título de um de seus artigos.

A partir destas descobertas, ficou evidente a distinção entre efeito estufa – um processo de regulação de temperatura – e aquecimento global, causado pela ação humana a partir do aumento das emissões de GEE aliado a outros fatores de degradação.

Os alertas da comunidade científica passaram a repercutir politicamente em 1987, quando 46 nações assinaram o Protocolo de Montreal, que restringiu o uso de substâncias que destroem a camada de ozônio. Em 1992, na Conferência das Nações Unidas ECO-92, foram acordados os termos da “Conferência Quadro das Nações Unidas para as Alterações Climáticas”.

Principais causas do aquecimento global

Ao contrário do efeito estufa, as causas do aquecimento global não são naturais. Muitas são as atividades humanas que levam às emissões de GEE. Porém, as principais fontes de emissão são:

  • Uso de combustíveis fósseis;
  • Agropecuária;
  • Desmatamento;
  • Consumismo;
  • Má gestão de resíduos.

O uso de combustíveis fósseis ocorre majoritariamente para geração de energia, transporte de pessoas ou mercadorias e na fabricação de produtos nos processos industriais. A maior parte da eletricidade mundial ainda é gerada pela queima de carvão, petróleo ou gás.

Da mesma forma, a maior parte dos meios de transporte depende de derivados do petróleo para seu funcionamento. A produção industrial de mercadorias também utiliza petróleo e seus derivados como componentes ou combustíveis de maquinários.

O setor agropecuário, por sua vez, ainda está predominantemente ligado a técnicas não sustentáveis de manejo do solo, como fertilizantes, queimadas e plantio de monoculturas que exaurem a terra. Cita-se, em especial, a soja que serve de base para ração bovina.

No caso da pecuária, além do desmatamento para abertura de espaço para os bovinos, aumenta-se a emissão de metano, em função do ruminar do gado e de seus dejetos. O metano, em cem anos, contribui cerca 28 vezes mais para o aquecimento do planeta que uma molécula de dióxido de carbono.

O desmatamento ocorre também em função da exploração comercial de madeira, especialmente a ilegal, e da urbanização. Em ambos os casos, a supressão das áreas verdes reduz a capacidade de absorção do CO2 por meio da fotossíntese.

Por fim, o consumo excessivo de energia e mercadorias, em especial os eletrônicos, roupas e derivados do plástico geram impacto ambiental após o descarte. Boa parte dos resíduos mundiais vão para lixões ou aterros sanitários, que emitem grande quantidade de metano.

O excesso de GEE aliado ao desmatamento levam à elevação da temperatura média da Terra de forma desfavorável. De acordo com a Organização Meteorológica Mundial (OMM), nos últimos 140 anos a temperatura média global aumentou 0,7°C. À primeira vista parece pouco, mas tem gerado consequências alarmantes.

O que o aumento da temperatura média global causa na Terra?

Trata-se do fator primordial da própria crise climática. Esse aumento de temperatura leva à desertificação e ao derretimento de gelo nas regiões polares, ocasionando o aumento do nível do mar.

Além disso, o oceano absorve CO2, torna-se mais ácido e ameaça a vida marinha. A alteração da temperatura interfere nos regimes de chuvas, aumentando a incidência de tempestades e períodos de seca.

A elevação na temperatura afeta, ainda, o plantio de alimentos e a biodiversidade, podendo levar várias espécies à extinção. A mudança nos padrões climáticos também leva à expansão de doenças como a malária e a dengue.

O que a crise climática causa na vida das pessoas?

Entre as consequências, pode-se citar doenças, mortes e deslocamentos forçados. Segundo a ONU, entre 2010 e 2019, eventos climáticos provocaram o deslocamento forçado de 23,1 milhões de pessoas por ano, em média. Ademais, a cada ano, fatores ambientais tiram a vida de cerca de 13 milhões de pessoas.

Ainda, de acordo com um estudo da Climate Trends, o perfil socioeconômico que mais sofre as consequências da crise climática são pessoas vulneráveis economicamente. Por outro lado, a ONU constatou que o 1% da população global mais rica responde por mais emissões de GEE do que os 50% mais pobres.

Observando as principais fontes de emissão, nota-se que interesses econômicos e hábitos de consumo exacerbados são as forças motrizes da crise climática que vivemos.

Como analisar as soluções propostas?

Os que os estudos evidenciam é que a Terra é um organismo vivo, sutil e conectado. As soluções para o aquecimento global que têm sido discutidas precisam estar alinhadas com a restauração deste equilíbrio.

Neste aspecto, temos muito a aprender com as comunidades indígenas. O planeta abriga mais de 476 milhões de indígenas distribuídos em 90 países. Juntos, elas possuem, administram ou ocupam aproximadamente 25% das terras do mundo. Pesquisas apontam que esses territórios se saíram melhor do que o resto da Terra em termos de preservação.

A regeneração dos ecossistemas naturais demanda a transformação dos ecossistemas sociais e da nossa relação com a natureza. Por isso, é importante que soluções para o aquecimento global incluam o olhar dos povos indígenas e quilombolas como referência.

Conseguiu entender a diferença entre efeito estufa e aquecimento global? O que você acha que pode fazer para colaborar? Deixe suas dúvidas e sugestões nos comentários!

Referências

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23 abr. 2024

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