Guerra do Vietnã: o conflito mais emblemático da Guerra Fria

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Conflito que durou dezesseis anos (1959-1975) e considerado um dos mais violentos pós Segunda Guerra Mundial, a Guerra do Vietnã destaca-se como o conflito mais emblemático do período da Guerra Fria e marca um dos capítulos mais humilhantes da história militar norte-americana. 

A partir de que evento começou o conflito, em que momento entram as principais potências mundiais da época, como se deu o desdobramento da guerra civil, e a relação atual entre países são algumas das questões tratadas nesse post. 

Antecedentes do conflito

Para muitos historiadores, a guerra do Vietnã não é mais do que um desdobramento da guerra da Indochina, conflito que aconteceu entre 1946-1954. As tropas vietnamitas, que integravam a grande maioria do exército na Indochina, tinham como principal objetivo o fim do processo colonial francês na região e declararam independência de Laos, Camboja e Vietnã.

A região da Indochina, que ficou sob o poder francês desde o período colonial no século XIX, foi invadida e ocupada durante a segunda guerra mundial pelo Japão. Devido a esse acontecimento, crescia internamente no Vietnã os movimentos de emancipação, e surgia então a Liga Revolucionária para a Independência do Vietnã, movimento de caráter comunista que ficou conhecido como Vietminh. 

O principal objetivo do Vietminh era garantir a expulsão dos japoneses na região. Para isso, utilizou o apoio dos Estados Unidos e da China. Os Estados Unidos passam a apoiar o Vietminh porque agora a preocupação era conter o avanço ideológico chinês na região. Como a área de atuação dos Vietmin era no norte do país e com a vitória na guerra, os comunistas vietnamitas apossaram-se desse território, e a parte sul do país continuou a ser dominada pelos franceses. 

Contudo, as tensões entre o norte e o sul começaram a surgir principalmente pelo fato de que os franceses tinham interesse em retomar sua antiga colônia por completo. Esse objetivo levou a França a atacar o Vietnã do norte em 1946, um conflito que ficou conhecido como Incidente de Haiphong, que marcou o início da guerra entre vietnamitas e franceses.

A partir de 1949, após a Revolução Chinesa, os vietnamitas passaram a receber apoio efetivo da China (agora como uma nação comunista) e da União Soviética. A França, por sua vez, passa a ter o apoio dos Estados Unidos, que agora passa a preocupar-se com o avanço comunista capitaneado pela China na região. 

Em 1950 a França abandonou o território, devido à falta de conhecimento do terreno no Vietnã, e também por estar recebendo forte pressão interna para o fim da guerra. No total, estima-se que dois mil franceses morreram na guerra. O cessar-fogo aconteceu oficialmente durante a conferência de Genebra em 1954, onde além de marcar o fim do domínio colonial francês, definiu-se a independência e Laos e Camboja. 

A partir da convenção de Genebra em 1954, o país dividiu-se em duas entidades distintas, o Vietnã do norte, apoiado e financiado pela União Soviética, e o Vietnã do Sul, apoiado pelos Estados Unidos da América

Na conferência de Genebra, tanto Vietnã do Norte quanto Vietnã do Sul, ambos com características ditatoriais e amplamente denunciados por violações a direitos humanos, comprometeram-se em realizar eleições livres em 1955 e assim finalizar o processo de reunificação do país asiático.

No entanto, em 1955 o Vietnã do Sul recusa-se a participar das eleições, afirmando que o Vietnã do norte não teria condições necessárias para realizar um processo eleitoral livre. O governo do Vietnã do norte, entre 1954-1959, passa a realizar ataques ao Vietnã do Sul, por meio de guerrilheiros infiltrados, dando início à guerra civil. 

Veja também nosso vídeo e saiba quais são os últimos países comunistas (de verdade) no mundo!

O conflito que foi a maior derrota dos Estados Unidos em uma guerra

Guerra do Vietnã

O Exército do norte era composto pela Frente Nacional de Libertação, conhecidos como o Vietcongues e apoiados pela China (estima-se que cerca de 170 mil soldados chineses auxiliaram no combate aéreo). 

Já o exército do sul era composto por tropas norte-americanas auxiliadas por tropas da Coréia do Sul, Tailândia, Filipinas, Austrália e Nova Zelândia. 

Apesar da guerra ter durado dezesseis anos, os EUA apenas entraram efetivamente nos últimos oito anos de conflito. De início, o país norte-americano fornecia armamentos e enviava conselheiros de guerra para o Vietnã do sul. No entanto, com a morte de John F. Kennedy, Lyndon Johnson assume em 1964 e começa a enviar tropas para o país asiático,  motivado pela incapacidade do governo sul-vietnamita de combater as tropas comunistas. 

Os americanos entraram efetivamente na guerra a partir do incidente do golfe de Tonquim: em agosto de 1964, o navio USS Maddox foi atacado duas vezes por torpedeiros norte-vietnamitas. Apesar da marinha americana até o dia de hoje não comprovar o ataque, o incidente serviu como estopim para os Estados Unidos. 

Uma das estratégias utilizadas pelos Estados Unidos na guerra foi o uso de bombas incendiárias como o napalm, e armas químicas como o agente laranja, específicas para a destruição de plantas e vilas. O uso dessas armas geraram sequelas que duram até os dias atuais, várias crianças nasceram com deficiências físicas e as plantações não conseguiram se restabelecer.

Outra característica marcante nesse conflito foi a forte presença da mídia, a guerra do Vietnã moldou como é feito o jornalismo de guerra até os dias atuais, e assim, imagens de violência e horror logo correram o mundo, o que gerou uma forte pressão interna nos Estados Unidos para colocar encerrar o conflito. 

Entre agosto de 1964 e janeiro de 1973, os Estados Unidos enfrentaram além de forte pressão popular, um total de 58 mil baixas no seu exército. Assim, o então presidente Richard Nixon é pressionado a fazer algo para encerrar essa batalha asiática que parece não ter mais fim.

Assim, em 27 de janeiro de 1973, o governo americano anuncia um cessar-fogo. Com a saída dos Estados Unidos, o Vietnã do Norte em dois anos consegue ocupar a capital do Vietnã do Sul, Saigon, instaurando assim a unificação do país sob um novo governo comunista em 1976.

A retirada de tropas dos Estados Unidos caracteriza a pior derrota do país em uma guerra durante toda a sua história, onde houve entre 1,5 e 3 milhões de mortes, 58 mil no lado americano e mais de um milhão de vietnamitas entre soldados e civis .   

A relação Vietnã – Estados Unidos na atualidade

Nos primeiros doze anos após a guerra, estima-se que cerca de um milhão de vietnamitas do sul refugiaram-se em solo americano. No entanto, uma relação comercial e diplomática só é normalizada a partir de 2001, quando os dois países firmaram acordos comerciais.

A reaproximação com os EUA também coloca o Vietnã de volta ao sistema internacional. Em 2007, o país consegue sua entrada na Organização Mundial do Comércio. Atualmente, Estados Unidos e Vietnã agem em conjunto para impedir a expansão chinesa na região do sul da Ásia.

A Guerra do Vietnã no cinema

O conflito no Vietnã é um tema bastante retratado no cinema hollywoodiano, especialmente durante os anos 80.

Além do famoso Forrest Gump, protagonizado por Tom Hanks, outros dois filmes um pouco menos popularizados no Brasil acompanham a jornada de soldados americanos no Vietnã: Platoon (1979) e Apocalypse Now (1986), dirigidos por Oliver Stone e Francis Coppola, respectivamente. Os filmes proporcionam uma leitura crítica acerca do que foi o conflito e, especialmente, dos efeitos psicológicos dessa experiência para os soldados. Abaixo, você pode conferir o trailer de Apocalipse Now:

Conseguiu entender o que foi a Guerra do Vietnã? Você conhece algum filme sobre o assunto? Deixe suas dúvidas e sugestões nos comentários! 

REFERÊNCIAS

História do mundo: Guerra do Vietnã

BBC: Vietnã

Escola Brittanica 

Educa Mais Brasil: Guerra do Vietnã

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Conteúdo escrito por:
Antes de tudo, Pernambucano. Bacharel em Relações Internacionais e Pós-Graduado em Ciências Políticas pelo Centro Universitário ASCES-UNITA. Atualmente desenvolve pesquisas sobre acompanhamento político.

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25 mar. 2024

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