Império Romano e sua influência na sociedade atual

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O Império Romano foi uma civilização que teve origem em 27 a.C. na Península Itálica. No início da civilização romana, essa região era apenas uma pequena aldeia, mas séculos depois acabou se tornando um dos maiores impérios do mundo antigo.

A civilização chegou a uma estimativa de 50 a 90 milhões de habitantes, cerca de 20% da população global da época. O território cobria 6,5 milhões de quilômetros quadrados no seu auge entre os séculos I e II.

Nesse artigo, a Politize! selecionou os principais pontos para explicar o que foi o Império Romano e sua importância na história da civilização humana.

Criação e ascensão do Império Romano

Para compreender o Império Romano, é preciso entender toda a história da civilização romana. A história política de Roma está dividida em três períodos: Monarquia ou Realeza (séc VIII – séc VI a.C.), República (séc VI – séc I a.C.) e Império (séc I a.C.- séc V d.C.).

Existem provas sólidas da existência de uma antiga monarquia que trazia uma divisão dos habitantes em duas classes: patrícios e plebe.

Mais tarde, no lugar do rei, era eleito anualmente dois cônsules no período que ficou conhecido como República. Apenas os patrícios podiam ocupar as magistraturas, o que causou uma violenta luta e a progressiva aparição da discriminação social e política.

Após uma série de lutas civis e uma politica polarizada e violenta, o general Júlio César comandou suas tropas contra o senado romano. César saiu vencedor e foi nomeado ditador vitalício de Roma.

Saiba mais: Monarquia e República: qual é a diferença?

César, em seu tempo como único regente, implementou mudanças importantes no governo que surtiram efeito na redução da corrupção e melhoria dos direitos dos cidadãos. Porém, ele foi assassinado em 44 a.C. e sua morte levou caos mais uma vez aos civis.

O sucessor de César, seu filho adotivo Otaviano, foi capaz de consolidar seu poder e, em 27 a.C., foi nomeado pelo senado como o primeiro imperador de Roma, adotando o nome Augusto. O sistema que estabeleceu foi caracterizado por autoridade e estabilidade.

Com sua força militar extensa, o Império continuou a expandir-se sob os governos subsequentes, conquistando novas terras e expandindo ainda mais o comércio e a cultura romana.

O Império teve uma de suas fases de maior estabilidade da época, pois o imperador revitalizou Roma e garantiu um desenvolvimento econômico do império, além da melhoria de sua infraestrutura.

Essas mudanças aconteceram em todo o império como parte da Pax Romana: obras e planos que garantiam o desenvolvimento econômico das províncias em troca de fidelidade e paz, pois disputas entre os cidadãos estavam repercutindo na vida política e econômica do Império. Claro que a Pax Romana não significou paz em todo o Império, mas trouxe mais estabilidade.

A prosperidade do império perdurou por séculos, tornando o Império Romano uma das maiores potências mundiais da história.

Augusto permaneceu no poder até 14 d.C, regendo como centro do poder político, deixando o Senado com um poder secundário. Após sua morte, o trono foi sucedido por Tibério, seu filho.

Expansão territorial

O Império Romano abrangia uma enorme área territorial. No seu auge, por volta do século II d.C., o império incluía a Península Ibérica, a França, a Grã-Bretanha, a Itália, a Grécia, grande parte dos Bálcãs, o norte da África e o Oriente Médio, abrangendo uma área de cerca de 5 milhões de quilômetros quadrados.

Império Romano em 117 d.C – Imagem: Wikimedia Commons

A extensão territorial foi conquistada através de guerras que permitiram que o Império Romano controlasse importantes rotas comerciais e recursos naturais, como minerais, madeira, grãos e azeite.

Além disso, essa extensão territorial permitiu que os governantes do império tivessem controle e influência sob culturas e povos distintos. Isso promovia a difusão de sua própria cultura, apesar das dificuldades de comunicação e compreensão linguística.

Sistema político

O sistema político do Império Romano era altamente centralizado no poder do imperador. Apesar da existência de outras instituições políticas, o imperador tinha poder absoluto. Os principais personagens do sistema político eram:

  1. O imperador: tinha poder absoluto sobre o império. Era o comandante e chefe do exército, sumo sacerdote e juiz supremo. Tinha também conselheiros que o ajudavam a tomar decisões e administrar o império;
  2. O Senado: continuou a existir durante o império, mas deixou de ter um papel legislativo ativo e passou a servir como um conselho para o imperador. O Senado ainda era composto por membros da elite e continuou a ser um símbolo importante do prestígio e influência política;
  3. Burocracia: os governadores das províncias eram nomeados pelo imperador e tinham autoridade para governar suas regiões. Além disso, havia uma série de funcionários, incluindo juízes, coletores de impostos e diplomatas, que ajudavam na administração;
  4. Legislação: as leis romanas eram conhecidas pela sua clareza e precisão, e foram uma importante fonte de inspiração para a legislação em muitos países;
  5. Culto Imperial: o culto ao imperador e aos seus antecessores falecidos era muito importante. O imperador era visto como um deus e os cidadãos romanos eram obrigados a prestar homenagem a ele;
  6. Forças Armadas: o exército romano foi uma parte fundamental do sistema político, servindo tanto como uma força de defesa quanto uma força de expansão territorial.

Exército poderoso

Apesar de deter o poder político, militar e religioso, o imperador tinha o exército como preocupação pois foi um grupo que frequentemente voltou-se contra a autoridade máxima romana e por isso era fundamental garantir a satisfação dele.

A organização do exército romano é utilizada até os dias de hoje em diversas unidades militares. Veja algumas das linhas de organizacão:

  1. Disciplina: era vista como essencial para manter a ordem e coesão dentro das unidades militares;
  2. Treinamento: os soldados romanos passavam por um treinamento extenso que os preparava para uma variedade de situações de combate. O treinamento incluía exercícios de combate, táticas de formação e técnicas de armamento;
  3. Hierarquia: o exército romano era organizado em uma hierarquia estrita, com oficiais comandando unidades cada vez maiores;
  4. Flexibilidade: o exército romano era altamente flexível e podia se adaptar a diferentes tipos de terreno e táticas de combate;
  5. Recrutamento: acontecia em todas as partes do império, independentemente de sua origem social ou étnica.

A queda do Império Romano

O século III d.C. marca o início da crise romana, que perdurou por mais de 200 anos. A economia foi a primeira área do império que demonstrou seu enfraquecimento, e isso estava diretamente relacionado com o sistema escravista.

O trabalho dos escravos era fundamental para a produtividade romana e quando o número de escravos começou a diminuir, a economia estagnou. Essa causa se relacionou com a diminuição das guerras de conquista, fontes de obtenção dos escravos para Roma.

Com a crise da economia, a principal área afetada foi a das tropas. Sustentar o exército ficava cada vez mais difícil e o império foi ficando desprotegido com o passar do tempo. Além disso, foi necessário aumentar os impostos, o que prejudicou a estabilidade social e econômica.

Foi necessário então dividir Roma, cada parte com sua capital. A capital do Império Romano Oriental, também chamado de Império Bizantino, era Constantinopla (atual Istambul), região que mais tarde foi invadida pelos turcos que a conquistaram em 1453.

Em razão de ataques de bárbaros assim como falta de organização política, o Império Romano Ocidental, com a capital Mediolano (atual Milão), também caiu. O último a administrá-la foi Rômulo Augusto.

O fim do Império Romano deu-se oficialmente em 476, quando os hérulos – povo germânico, referido nos séculos III-VI – invadiram Roma e Odoacro. O líder dos germânicos destituiu Rômulo Augusto, o último imperador. A parte oriental seguiu existindo, mas como Império Bizantino, e sobreviveu até 1453.

Influência na língua, religião e legislação

As línguas românicas são a continuação do latim e assim o império teve grande influência na propagação da língua latina durante sua extensão territorial.

Um dos maiores exemplos disso é a cidade de Cartago, na Tunísia, que teve seu idioma nato, o púnico, quase totalmente substituído pelo latim quando se tornou um lugar de refúgio para os romanos devido a seus teatros, circos, banhos e boa organização econômico-social.

Eles também deixaram o alfabeto e os números romanos, que é usado na maioria das línguas indo-europeias. Geograficamente, isso inclui toda a Europa Ocidental, as Américas e boa parte da África Subsaariana e da Oceania.

Mapa dos países que usam idioma baseado no latim – Imagem: Wikipedia Commons

Outro exemplo da influência dos romanos, e a maior de todas, é a religião. Com uma forte crença nos costumes e nos deuses, os romanos faziam oferendas para agradar e agradecer aos deuses.

Apesar da consolidação do culto ao imperador e das antigas tradições religiosas, houve uma grande proliferação de religiões orientais, que coexistiram dentro do Império, entre elas o cristianismo (religião oficial do império a partir de 380 d.C).

A aceitação de uma religião monoteísta no lugar de uma politeísta foi difícil, mas aos poucos os cidadãos do império foram concordando com a religião pois trazia muitos dos ideais já impostos pela civilização.

O cristianismo tinha em sua base a tradição judaica que pregava a crença na chegada de um messias à Terra, aquele que salvaria os pecadores.

Este sobressaiu-se, em meio às outras religiões, entre outros fatores, por seu caráter proselitista – tentativa de conversão de pessoas em prol de determinada doutrina, ideologia ou religião – , o que determinou sua expansão por todos os cantos do Império.

Deve-se destacar que o contexto da Pax Romana favoreceu o alargamento das fronteiras das religiões estrangeiras de um modo geral.

Por fim, os romanos também ajudaram a criar o sistema de leis parecido com o atual. O direito romano teve como ponto de partida a Lei das Doze Tábuas (450 a.C.), uma das primeiras leis que ditavam normas eliminando as diferenças de classes.

Mais tarde, surgiram as leis votadas pelas assembleias. O sistema tinha três grandes ramos:

  • jus civile (Direito civil): aplicável apenas aos cidadãos de Roma;
  • jus gentium (Direito das gentes ou dos estrangeiros): conjunto de normas comuns ao povo romano e aos povos conquistados;
  • jus naturale (Direito natural): representava o aspecto filosófico do direito. Baseava-se na ideia de que o ser humano é, por natureza, portador de direitos que devem ser respeitados.
Lei das Doze Tabuas. Imagem: Desenho de Silvestre David Mirys (1742-1810). Via: Wikimedia Commons

O sistema romano-germânico é o sistema jurídico mais disseminado no mundo, baseado no direito acima. Ele é utilizado em toda a América Latina, Europa continental, quase toda a Ásia (exceto partes do Oriente Médio) e cerca de metade da África.

Realizações culturais e arquitetônicas

Com sua ampla extensão territorial, o Império Romano levou sua cultura para diversos territórios e povos distintos. Com isso, sua cultura é uma grande influência em diversos locais até os dias de hoje, especialmente nas áreas da literatura, arte, arquitetura e filosofia.

No âmbito da literatura, a sociedade romana, herdeira das formas literárias dos gregos, reuniu poetas, filósofos, juristas, teatrólogos e historiadores. Alguns dos nomes mais conhecidos até hoje são os poetas Virgílio e Horácio, o pensador político Cícero, os historiadores Tito Lívio e Públio Cornélio Tácito e o filósofo Sêneca.

Os romanos também tiveram influência na mitologia, trazendo forma e paixões humanas aos deuses. Alguns dos nomes mais conhecidos até hoje estão Júpiter, Mercúrio, Marte, Vênus e outros.

Na arquitetura, a colunata e o frontão do templo grego foram conservados, mas os romanos adicionaram o arco redondo e a cúpula. Com as novas técnicas, edificaram templos, casas de banho, anfiteatros, pontes e arcos de triunfo, muitos dos quais sobrevivem até hoje.

O império também foi conhecido por suas realizações tecnológicas nas áreas da engenharia civil, medicina e matemática.

Coliseu, em Roma – Imagem: Guy Persival CC0 Public Domain

O extenso sistema de estradas que foi construído pelo exército romano dura até hoje. Esse sistema foi importante para interligar a Europa durante séculos e foi o principal meio de acesso entre as cidades até o advento da energia a vapor no século XIX.

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Referências:

  • Universidade Federal Fluminense – Uma introdução ao Baixo Império Romano: Pesquisa e Debate Científico no Brasil (Brunno Oliveira Araujo)
  • História do Mundo – Império Romano
  • Infoescola – Legado da Civilização Romana (Ana Luíza Mello Santiago de Andrade)
  • PUCRio – O Império Romano e seus costumes (Maxell)

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Jornalista e defensora dos direitos humanos, acredito que uma boa comunicação e acesso a informação podem mudar o mundo. Sou paulista e descendente de árabe. Meu coração dividido por essa duas culturas é inteiramente apaixonado pelas pessoas e pelas artes.

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22 abr. 2024

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