5 coisas que você precisa saber sobre Insegurança Alimentar

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Insegurança Alimentar e fome são termos fundamentais de serem debatidos quando falamos sobre o acesso à comida no nosso país e no mundo. Essa palavras representam grande preocupações por parte dos governos e de representantes da sociedade civil, além de apresentarem importantes pontos de congruência.

No entanto, apesar de muitos confundirem as duas nomenclaturas, usando-as como sinônimos, elas não são idênticas.

Mas então qual é a diferença entre as duas? Para te dar um spoiler do que vem aí, podemos te explicar de antemão que uma pessoa que passa fome enfrenta uma situação de insegurança alimentar, mas nem todos que estão enquadrados em um cenário de insegurança alimentar passam fome.

Ainda não conseguiu entender muito bem? Não se preocupe, pois a Politize! te explicará a seguir 5 pontos para você saber tudo que precisa sobre o assunto.

Quer entender melhor sobre as questões ligadas à fome? Confira o nossa publicação sobre causas e consequências da fome no mundo.

1. O que “Insegurança Alimentar” quer dizer?

Segundo a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), uma pessoa está em uma situação de insegurança alimentar quando ela não tem acesso regular a alimentos seguros e nutritivos suficientes para o seu crescimento e desenvolvimento e para alcançar uma vida ativa e saudável.

Ou seja, a Insegurança Alimentar (IA) não está apensas relacionada à quantidade de alimentos a que uma pessoa tem regulamente acesso, mas também à qualidade dessa comida.

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Ademais, indivíduos que estão inseridos em um cenário de insegurança alimentar não têm certeza por quanto tempo sua comida irá durar, assim como não sabem como e quando irão se alimentar.

Por essas razões, eles podem ser forçados a reduzir a qualidade e/ou quantidade dos alimentos que consomem para sobreviver. Além disso, em alguns casos, também precisam sacrificar outras necessidades básicas, apenas para poder comer um alimento muitas vezes pobre em nutrientes.

Nesse sentido, a insegurança alimentar se diferencia em certas questões do conceito de fome. Isso porque esse último estaria atrelado especificamente a uma sensação física desconfortável ou dolorosa causada pelo consumo insuficiente de energia alimentar, segundo a FAO.

No entanto, vale destacar que apesar de não serem sinônimos, as ideias de “insegurança alimentar” e “fome” se conectam na medida em que a insegurança alimentar no seu estado mais grave (ou seja, quando a pessoa passa um dia ou mais dias sem comer) pode levar, na maior parte das vezes, à sensação de fome.

2. Quais são as causas?

A Insegurança Alimentar pode acontecer, por exemplo, devido à indisponibilidade de alimentos e/ou falta de recursos para obter comida. E apesar de parecerem causas simples à primeira vista, elas apresentam caracterísitas bastante multidimensionais e complexas.

Por exemplo, a indisponibilidade de alimentos pode ser causada por períodos de chuva ou de seca intensos que impactam em uma lavoura ou problemas de abastecimento causados, entre outras coisas, por conflitos armados.

Já a falta de recursos está muitas vezes associada às crises econômicas que acentuam o aumento no preço dos alimentos enquanto muitos indivíduos passam a ter redução da renda.

Recentemente, por exemplo, podemos perceber o impacto da pandemia de coronavírus no agravamento da insegurança alimentar em muitos países.

No Brasil, por exemplo, a emergência da pandemia da Covid-19 afetou de forma negativa e relevante o direito humano à alimentação adequada e saudável da população do nosso país, segundo relatório da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional.

De acordo com a pesquisa, a disseminação do novo coronavírus explicitou ainda mais as desigualdades entre diferentes realidades sociais.

Entretanto, a pandemia não é a única razão para o agravamento da situação alimentar do Brasil: conforme trazido pela organização, o agravamento da Insegurança Alimentar (IA) no país, revelado no documento, “é parte de um processo que já estava em curso de deterioração das condições de vida de um significativo contingente populacional e do aumento das desigualdades sociais”.

Ainda assim, de forma geral, a pandemia pode ser apontada como uma causa bastante relevante e atual para a ampliação da IA no mundo. Como explica a FAO, ela expôs as deficiências em nossos sistemas alimentares ao redor do globo.

Confira também nosso conteúdo sobre Coronavírus e seus impactos no Brasil e no mundo!

3. Quais são as consequências da Insegurança Alimentar?

Na medida em que a Insegurança Alimentar está associada não somente à falta de comida, mas também à substituição de alimentos ricos em nutrientes e vitaminas por alimentos mais baratos e com baixo valor nutricional, os seus efeitos são os mais diversos.

A seguir, listamos algumas consequências desse fenômeno que impactam diretamente na saúde dos indivíduos.

  • Perda de energia e consequentes problemas nas funções física e cognitiva;
  • Anemia e diminuição do sistema imunológico;
  • Desnutrição ou sobrepeso;
  • Compromentimento no desenvolvimento da criança;
  • Fome;
  • Perda ou deterioração da qualidade de vida;
  • Morte.

4. Tipos de Insegurança Alimentar

Como dito anteriormente, uma pessoa que passa por uma situação de fome está enquandrada na categoria de Insegurança Alimentar, mas nem todos que estão inseridos no contexto da IA, passam fome.

Isso porque existem diferentes tipos de Insegurança Alimentar. No nosso país, por exemplo, se utiliza a Escala Brasileira de Insegurança alimentar (EBIA) que classifica a IA em três graus.

O primeiro deles é a Insegurança Alimentar Leve. Nesse estágio, existe a preocupação ou incerteza quanto acesso ao consumo de alimentos no futuro.

Ademais, percebe-se que existe uma qualidade inadequada dos alimentos resultante de estratégias que visam não comprometer a quantidade de alimentos. Ou seja, para que se possa comprar mais comida, é feita a escolha por alimentos com menor benefício nutricional.

O segundo tipo é a Insegurança Alimentar Moderada. Nela, é descrito que há uma “redução quantitativa de alimentos entre os adultos e/ou ruptura nos padrões de alimentação resultante da falta de alimentos entre os adultos”.

Em outras palavras, nesse estágio já existe uma diminuição mais significativa da quantidade de comida disponível para o indivíduo adulto – ou seja, os responsáveis pelas famílias.

Por fim, o último estágio é o da Insegurança Alimentar Grave. Nessa etapa, a redução quantitativa de alimentos também passa a afetar as crianças.

Isso quer dizer que passa a existir uma ruptura nos padrões de alimentação resultante da falta de alimentos entre todos os moradores, incluindo as crianças. Nessa situação, segundo o IBGE, a fome passa a ser uma experiência vivida no domicílio.

5. Dados atuais do Brasil

Nos últimos anos, a pauta acerca da Insegurança Alimentar continuou sendo de importante preocupação no Brasil. Em 2022, a FAO publicou um relatório correspondente ao período de 2019 a 2021, no qual apontou que mais de 60 milhões de brasileiros enfrentaram algum tipo de Insegurança Alimentar.

Tais dados são ainda mais alartamentes quando pensamos que esse número corresponde a quase 30% da população do país. Ou seja, aproximadamente, 3 em cada 10 brasileiros estão inserido em um contexto de falta de segurança alimentar.

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Além desse número mais abrangente, o documento também explicita que do total de casos de Insegurança Alimentar no Brasil, 15,4 milhões enfrentaram uma Insegurança Alimentar Grave.

Vale destacar que na tipologia utilizada pela FAO, pessoas que enfrentam Insegurança Alimentar Grave são aquelas que ficaram sem comida e passaram fome, chegando a ficar sem comida por um dia ou mais.

É fundamental salientar, a partir da notícia trazida pelo G1, que os últimos números da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura revelam uma piora significativa da falta de segurança alimentar no Brasil.

Entre 2014 e 2016, os índices mostraram que a Insegurança Alimentar atingiu 37,5 milhões de pessoas, e dessas, 3,9 milhões estavam na condição grave. Ou seja, em relação ao número total a quantidade de pessoas atingidas por essa dramática situação quase dobrou, e no que se refere ao estágio mais grave os números quase quadruplicaram.

Por fim, é curioso destacar também o estudo realizado recentemente pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional. A partir da metodologia empregada, foi observado que 33 milhões de pessoas se encontram em situação de insegurança alimentar grave em nosso país.

Os dados apresentados mostram ainda que esse grau de insegurança alimentar é mais comum nas zonas rurais. E em relação às regiões do Brasil, a mais atingida por essa realidade é a Norte.

Desse modo, a partir de tais elementos, conseguimos perceber como o Brasil ainda precisa percorrer um longo caminho na direção da Segurança Alimentar para que possamos garantir uma vida digna para os cidadãos do nosso país.

Conseguiu entender melhor o que signfica o conceito de “Insegurança Alimentar” e como ele é de extrema importância quando falamos sobre o acesso à refeições nutritivas e regulares? Deixe suas dúvidas e sugestões nos comentários!

Referências:

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1 comentário em “5 coisas que você precisa saber sobre Insegurança Alimentar”

  1. Aloisio souza porto junior

    Otimo estudo de caso. Sou estudante de Marketing e estou estudando esse caso tão debatido nas faculdades.e gera sempre estudo sobre assunto. O básico para o ser humano
    Comer e educação. Que nosso pais ainda tem muito para melhorar. Quem tem fome precisa de ajudar urgente.

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Conteúdo escrito por:
Filha do menor estado do Brasil. Tenho os pés na minha cidade de Aracaju, mas a mente no mundo. Graduanda em Relações Internacionais pela UFS. Fã de carteirinha dos Jonas Brothers e dos estudos sobre Política Externa Brasileira.

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22 abr. 2024

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