PEC do fim da reeleição: o que pode mudar nas eleições brasileiras?

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Em maio de 2025, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado aprovou a PEC 12/2022, o PEC do fim da reeleição, que propõe mudanças no sistema eleitoral brasileiro. 

A PEC visa acabar com a reeleição para cargos do Poder Executivo, aumentar a duração dos mandatos para cinco anos e unificar as eleições a partir de 2034. Essas mudanças têm gerado discussões intensas entre políticos, especialistas e a sociedade em geral, com diferentes pontos de vista sobre suas implicações para a política brasileira. 

A seguir, exploramos os detalhes da proposta e os principais argumentos a favor e contra essas mudanças.

Quais mudanças propõem a PEC do fim da reeleição?

A PEC 12/2022 propõe três mudanças principais no sistema eleitoral brasileiro. Veja a seguir.

Fim da reeleição para os cargos de presidente da República, governadores e prefeitos

Segundo a proposta, esses cargos não poderão mais ser reconduzidos por um segundo mandato consecutivo, uma vez que a reeleição será extinta. No caso dos prefeitos, essa mudança começaria em 2028; para os governadores, em 2030; e para o presidente, em 2034.

Veja também: Você sabe o que é uma PEC?

Aumento do tempo de mandato para cinco anos

Essa mudança valeria tanto para os cargos do Executivo (presidente, governadores e prefeitos) quanto para os cargos do Legislativo (deputados federais, estaduais e vereadores). 

Esse aumento visa proporcionar mais estabilidade e menos pressão eleitoral sobre os governantes, permitindo um foco maior na governança e menos no ciclo eleitoral. 

A medida também atinge os senadores, que inicialmente teriam seus mandatos aumentados para dez anos, mas que, após um acordo, terão um mandato de cinco anos, alinhando-se ao restante dos cargos eletivos.

Tabela que simplifica o que propõe a PEC do fim da reeleição.
Imagem: G1.

Unificação das eleições

A partir de 2034, todos os cargos eletivos, tanto municipais, estaduais quanto federais, seriam disputados na mesma data, a cada cinco anos. 

Atualmente, as eleições acontecem alternadamente a cada dois anos, o que causa um “clima constante de eleição”, com campanhas eleitorais frequentes e intensas. A unificação visa reduzir os custos dessas campanhas e aumentar a clareza do processo eleitoral, tanto para eleitores quanto para candidatos.

Quais são os argumentos contra e a favor da PEC de reeleição?

A seguir, observamos o que dizem a favor e contra a PEC do fim da reeleição.

Argumentos a favor

Os defensores da PEC, como o relator da proposta, senador Marcelo Castro (MDB-PI), argumentam que a reeleição tem sido um “malefício” para o Brasil, dificultando a renovação política e incentivando uma política voltada para a perpetuação no poder, ao invés de focar em projetos de longo prazo. 

Castro afirma que, ao retirar a possibilidade de reeleição, os governantes terão mais liberdade para implementar políticas públicas sem a constante pressão por uma segunda eleição. 

Ele também defende que o aumento dos mandatos de quatro para cinco anos permitirá que os governantes tenham mais tempo para realizar mudanças estruturais, sem a necessidade de se preparar para uma nova campanha eleitoral a cada quatro anos.

A unificação das eleições é vista como uma forma de reduzir os custos e a complexidade do processo eleitoral. O senador Otto Alencar (PSD-BA) defende a unificação como uma maneira de acabar com a “pressão política constante” que dificulta a governança, tanto para os candidatos quanto para os eleitores. 

Alencar argumenta que o sistema atual de eleições a cada dois anos gera uma atmosfera de eleição constante, prejudicando a capacidade de governar de forma eficaz.

O objetivo de reduzir os gastos com campanhas também é um argumento central. O senador Marcelo Castro destaca que, ao realizar todas as eleições em uma única data, o governo poderá economizar recursos que poderiam ser investidos em áreas mais urgentes, como saúde e educação.

Argumentos contra

Por outro lado, críticos apontam que a proposta pode enfraquecer a democracia e aumentar a concentração de poder no Congresso. Raul Galhardi argumenta que a PEC pode ser uma tentativa de o Congresso ampliar suas prerrogativas, uma vez que o fim da reeleição e a unificação das eleições podem enfraquecer o papel do Executivo

A medida pode gerar uma maior dependência dos governantes em relação ao Legislativo, que já detém considerável poder, especialmente com a implementação de práticas como o “orçamento secreto”. 

Além disso, Raul também argumenta que a proposta pode resultar em uma redução da participação popular. Com menos eleições, o povo teria menos oportunidades de avaliar e cobrar seus governantes. 

Em um sistema com mais eleições, como o atual, os cidadãos têm mais chances de se envolver diretamente nas decisões políticas e de influenciar o rumo do país. A unificação das eleições e o aumento dos mandatos podem afastar ainda mais a população dos processos decisórios, criando um ciclo mais longo e com menos espaço para a renovação política.

E aí, o que você achou da PEC do fim da reeleição? É a favor ou contra? Conta para a gente nos comentários!

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Conteúdo escrito por:

Júlia Christina Gírio Gonçalves

Faço parte da equipe de conteúdo da Politize!.
Gonçalves, Júlia. PEC do fim da reeleição: o que pode mudar nas eleições brasileiras?. Politize!, 6 de junho, 2025
Disponível em: https://www.politize.com.br/pec-do-fim-da-reeleicao/.
Acesso em: 6 de jun, 2025.

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