Você sabe identificar um reacionário?

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Imagem: Sebastien Thibault.

O movimento reacionário é comparável ao movimento revolucionário, com uma diferença gritante: um é o utópico do passado e o outro o utópico do futuro. Ambos desejam mudanças bruscas, mas o reacionário luta para ter de volta aquilo que ele tanto gostava e que está prestes a perder.

O termo reacionário foi utilizado pela primeira vez na Revolução Francesa. Muitos que não apoiavam a revolução socialista visando o fim da monarquia e o surgimento da república se opuseram à ideia da revolução. Nesse contexto, os reacionários acabaram se misturando aos conservadores, porque vários intitulados hoje conservadores desejavam a volta da Monarquia, a exemplo do Pai do Conservadorismo, Edmund Burke.

Veja também: Revolução Francesa: etapas, causas e consequências

É normal a confusão entre conservador, reacionário e revolucionário, e a melhor forma de identificar uma pessoa reacionária é comparando. Continue lendo!

Reacionário X Conservador X Revolucionário

O reacionário é gêmeo do revolucionário, só que um visa voltar ao passado e o outro, mudar o futuro. Já o conservador difere dos dois pela virtude da prudência. Antes de qualquer atitude precipitada, existe a preocupação em pesar as consequências, seja em manter um antigo regime, ou embarcar em um novo. Tudo deve ser feito com prudência.

Veja também nosso vídeo sobre conservadorismo no Brasil!

Os revolucionários agem pela paixão de uma utopia, uma teoria que eles desejam colocar em prática a qualquer custo, e não sabem qual a consequência de tal revolução. Basicamente um tiro no escuro, um risco que pode ou não dar certo e têm em uma de suas maiores características a destruição total das bases sociais para construir em cima delas algo novo.

Os reacionários buscam reagir ao “novo” que fere aquilo que eles amam, por isso é fácil confundir com um conservador, que também reage contra, se alguém deseja destruir algo que lhe é de muita importância. A diferença é que os conservadores têm sua oposição bem definida e sempre estarão contra a destruição das bases como: amor à Família, às liberdades, às crenças, às tradições. Já os reacionários não, sempre são apegados àquilo que amam. Seja o que for que eles não querem abrir mão, eles lutaram até o fim para impedir a mudança.

Conservadorismo é um estado de espírito (alguém é um conservador), o Reacionarismo é uma tendência política que paralisa as mudanças (alguém em constante reação). Por isso, em alguns momentos um conservador age como um reacionário, mas não é um. O reacionário será sempre reacionário, não aceitando a mudança. Vejamos o que alguns autores conservadores falam sobre os reacionários.

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O reacionário na visão de João Camilo de Oliveira Torres

João Camilo de Oliveira Torres foi um escritor, professor, historiador e jornalista brasileiro. Escreveu o livro “construtores do Império” onde podemos encontrar a seguinte descrição para uma pessoa revolucionária (que, na visão do autor, se opõem ao pensamento conservador). Uma pessoa reacionária nega o tempo, e é mais redical do que o imobilista, pois não buscam simplemente para o tempo, mas faze-lo voltar.

Em segundo lugar, temos o reacionarismo: o reacionário nega o tempo, igualmente, e de maneira mais radical do que o imobilista, pois pretende que ele reflua: quer que o rio volte à fonte, que a árvore retorne à condição de semente.

O reacionário na visão de Scruton

Roger Vernon Scruton,foi um filósofo e escritor inglês autor de várias obras sobre conservadorismo, entre elas “como ser um conservador”. Scruton tem sido apontado como o intelectual britânico conservador mais bem-sucedido desde Edmund Burke, por isso se tornou o pai do conservadorismo moderno, em suas obras deixa evidente a diferença entre reacionários e conservadores.

A diferença entre um reacionário e um conservador⁠ é que o reacionário está fixo no passado e quer voltar a ele; um conservador deseja adaptar o que há de melhor no passado às novas circunstâncias do presente.

O reacionário na visão de João Pereira Coutinho

José João de Freitas Barbosa Pereira Coutinho é um cronista, cientista político e escritor português. É autor de várias obras, dentre elas “As Ideias Conservadoras Explicadas a Revolucionários e Reacionários”. Sendo um dos nomes do conservadorismo mais conhecido no país, responde ao ser questionado sobre a diferença entre revolucionários e conservadores:

Um reacionário é um revolucionário do avesso. É alguém que tem a mesma predisposição utópica para acreditar que algures no tempo existe um estado de perfeição. É um náufrago da realidade, como diria o Mark Lilla.

O reacionário na visão de Bruno Garschagen

O cientista político e escritor brasileiro Bruno Garschagen é autor do best-seller “Pare de acreditar no governo” e uma das vozes mais conhecidas do conservadorimos brasileiro na atualidade. Garschagen nos traz a análise de que o reacionário surge através da oposição às ações revolucionárias, basicamente o revolucionário cria e alimenta o reacionário.

Toda vez que as pessoas reagem segundo a pauta e as balizas definidas pelos revolucionários, entram no debate em desvantagem. O revolucionário cria e alimenta o reacionário, que se torna seu melhor amigo e idiota útil (Entrevista ao site Gazeta do povo).

Segundo os autores conservadores, o reacionário é aquele que reage às mudanças, aquele que vive preso a sua utopia do passado e sonha com um tempo que não volta mais. Conservadores não são reacionários, eles se opõem às mudanças basilares, ou revoluções baseadas em paixões ou utopias, mas não são contra a mudanças feitas de forma prudente que estejam em sintonia com as bases antigas da sociedade. Para a maioria dos autores, o reacionarismo seria uma tendência ao imobilismo.

Você concorda com os autores conservadores sobre o reacionarismo? Deixe seu comentário abaixo.

Referências

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5 comentários em “Você sabe identificar um reacionário?”

  1. VOCÊS ME DESCULPEM A SINCERIDADE MAS, A DEFINIÇÃO QUE VOCÊS APRESENTAM EM RELAÇÃO A CONSERVADORISMO E REACIONARISMO É DE UMA INCONSISTÊNCIA ASSUSTADORA. VISITEI ESSE SITE A CONVITE DE UM AMIGO, O QUAL EU CONSIDERO E RESPEITO. PORÉM, O QUE VÍ AQUI ME CAUSOU PROFUNDA DECEPÇÃO E PREOCUPAÇÃO. PEÇO QUE REVEJAM OS SEUS CONCEITOS E, SOBRETUDO, PROCUREM OUVIR O CONTRADITÓRIO PARA UM MAIOR AMADURECIMENTO NO CAMPO POLÍTICO.

  2. Dr. Rafael Custodio [ DELEGADO DE POLÍCIA]

    Muito explicativo e didático, parabéns! Vejo um labor muito bem elaborado por uma conterrânea. Me sinto muito bem quando vejo esses trabalhos elaborados pelos os meus conterrâneos. São pensamentos intelectuais impas, comentários extraído de pensamentos de grandes nomes que falam sobre o assunto; mais uma vez, PARABÉNS!!!!!!

  3. O conservador de hoje (neoconservador) não se opõe às mudanças, ele só não quer mudanças bruscas. Então, a agenda do modernismo iria ser cumprida gradualmente, ainda que lentamente. Já o reacionário reconhece que a modernidade já avançou demais, e quer voltar a uma época em que o “modernismo” não estava tão avançado. Arrisco dizer que o reacionário é mais conservador que o “conservador” moderno. O Conservador atual é como o progressista de 70 anos atrás, que só não queria mudanças bruscas.

  4. Jefferson Carvalho

    Reinaldo a critica e contraposição, é bem vinda, desde que acompanhada de uma boa argumentação. Quando fazemos criticas e ou contraposições sem justificativas alguma, não há valor social agregado nesse ato.

    Seria muito interessante, que complementasse a sua critica, expondo o seu entendimento quanto as questões criticadas, conservadorismo e reacionarismo. Esse ato permitiria no mínimo a possibilidade uma boa discussão, talvez resultando em uma compreensão diferente por parte dos envolvidos.

    Pense nisso!

  5. Que tal apresentar argumentos que justifiquem sua opinião? Já leu Burke?

    Edmund Burke é um dos principais pensadores políticos e filósofos do século XVIII, considerado por muitos como pai do conservadorismo. Para ele, a liberdade não deveria ser entendida como uma licença para fazer o que se quisesse, mas sim como a capacidade de agir dentro dos limites da lei e da tradição. Ele via a liberdade não como um direito individual desvinculado do contexto social, mas como parte de uma herança cultural e histórica que deveria ser preservada e transmitida às gerações futuras. Ou seja, a liberdade estava intrinsecamente ligada à preservação das instituições e tradições que garantiam a estabilidade social. Para Burke, a revolução francesa, por exemplo, revelou o perigo intrínseco da busca desenfreada pela liberdade que, sem consideração pela ordem social estabelecida, pode levar ao caos e à tirania. Ou seja, para Burke a importância da liberdade individual deveria ser observada dentro de um quadro mais amplo de valores e instituições que deveriam ser protegidos e preservados para garantir a ordem e a estabilidade na sociedade. O caminho seria a evolução orgânica e gradual, ao invés de mudanças radicais que possam comprometer a coesão social.

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Conteúdo escrito por:
Pernambucana residente na Paraíba, Cientista Política e Estudante de Relações Internacionais. Administradora do Perfil Conservadorismo em foco. Apaixonada pela Política.

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22 abr. 2024

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