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Edmund Burke e a origem dos fundamentos do conservadorismo

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Edmund Burke foi um filósofo, teórico, político e escritor irlandês, um dos mais brilhantes membros do Partido dos Whigs no Parlamento Britânico. Como teórico, Burke fez vários opositores que criticavam seu posicionamento sobre a ideologia da Revolução Francesa (1789-1799), em 1790 escreveu “Reflexos Sobre a Revolução Francesa”. Edmund Burke condenava o simplismo dos iluministas, e terminou por ser considerado um símbolo tanto dos conservadores como dos liberais.

Edmund Burke nasceu em Dublin, na Irlanda, no dia 12 de janeiro de 1729. Era flho de um advogado protestante e de mãe católica. Em 1750, mudou-se para Londres e ingressou no curso de Direito no Middle Temple, mas logo largou os estudos para se dedicar à carreira literária.

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Em 1765, Edmund Burke entrou para a política, quando foi escolhido para secretário do Marquês de Rockingham, líder do Partido dos Whigs, que fazia oposição ao rei George III.

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Obras de Edmund Burke

A primeira obra foi “A Vindication of Natural Society” (1756), uma sátira que relatava o abuso da lógica do ateísmo praticada no seu tempo. Em seguida, escreveu “Investigações Filosóficas Sobre a Origem de Nossas Ideias do Sublime e do Belo” (1757), livro que trata das percepções sobre o belo e o sublime, sendo o belo aquilo que agrada esteticamente e o sublime aquilo que nos leva à destruição.

Lançou também o livro “Thoughts on the use of the Present Discontents” (1770), no qual atribui o descontentamento da população a um grupo de neo-tories, que eram chamados de “os amigos do Rei”.

Como teórico político, Burke fez severas críticas sobre à ideologia da Revolução Francesa (1789-1799), em sua obra “Reflexos Sobre a Revolução Francesa”. Na obra, ele afirma que a Revolução Francesa foi um marco da ignorância e da brutalidade, causando a execução de “homens bons”, entre eles, o cientista francês Antoine Lavoisier.

Edmund Burke faleceu em Beaconsfield, Inglaterra, no dia 9 de julho de 1797, depois de deixar diversas obras que seriam os embriões do pensamento conservador. Por esse motivo foi considerado o Pai do conservadorismo.

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O pensamento conservador em Burke

Burke, em suas obras, deu a luz ao que seria o pensamento conservador original. Quando Edmund Burke escreveu “Reflexos Sobre a Revolução Francesa”, ele não tinha a intenção de intitular aquele pensamento como Conservador, mas apenas responder à indagação de um jovem nobre de Paris chamado Chames Jean – François de Pont. Entretanto, o pensamento que surgiu daquelas correspondências eram diferentes de tudo que se foi escrito, mas convergia com o pensamento de muitos.

As ideias políticas de Burke estavam mais associadas à prática da virtude, da prudência e da manutenção dos princípios tradicionais e morais do que à subversão dessa tradição em prol de um “Progresso” futuro pretensamente guiado pela “Razão”. Progresso e razão entre aspas porque Burke não acreditava que haveria um progresso promissor e nem que tudo aquilo se baseasse na racionalidade do iluminismo, mas apenas em paixões ideológicas.

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O liberalismo de Burke

A ala liberal burkeano está relacionada à economia, ele acreditava que o melhor caminho era o capitalismo de livre mercado. É comum ouvir a frase “Sou conservador no costume e liberal na economia”. A frase é usada por alguns conservadores para direcionar seu posicionamento ao liberalismo econômico. Entretanto, o livre mercado presente no liberalismo econômico já é uma premissa conservadora, fazendo dessa afirmação algo redundante.

A confusão do ideal conservador

Aqueles que possuem um espírito mais revolucionário ou progressista tendem a ter uma percepção confusa do conservadorismo. Muitos acreditam que tem a ver com retrocesso ou ideias retrógradas. Entretanto, lendo obras de Burke, ou de outros escritores conservadores como Roger Scruton e Russell Kirk, percebe-se claramente que a base desse pensamento é a Prudência. Um conservador, segundo Burke, não é contrário ao progresso, ele apenas busca esse progresso com prudência.

Significa dizer que, diferente de um reacionário ou tradicionalista, o conservador caminha a passos prudentes para o progresso, sempre com cuidado para não prejudicar as bases que sustentam nossa sociedade. A prova cabal de que um conservador não pode ser comparado a um tradicionalista é o posicionamento de Edmund Burke no parlamento inglês junto a um partido de oposição ao Rei.

Burke introduziu o pensamento de que não é necessário reconstruir a sociedade, pois seria algo impossível e perigoso, mas era preciso modificar o que estava dando errado e manter o que dava certo. Também atesta, em sua resposta na obra sobre a revolução francesa, que certas revoluções movidas por paixões e ideologia, que nunca foram testadas anteriormente, poderiam levar a erros terríveis, como guilhotinar inocentes.

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As implicações da Revolução Francesa

A Revolução Francesa, segundo o autor, foi um marco negativo. Deixar-se levar por paixões ideológicas que não foram testadas antes, pelo simples desejo de mudança, trariam consequências irremediáveis. Um trecho do livro descreve esse pensamento:

“É impossível estimar a perda que resulta da supressão dos antigos costumes e regras de vida. A partir desse momento não há bússola que nos guie, nem temos meios de saber a qual porto nos dirigimos. A Europa, considerada em seu conjunto, estava sem dúvida em uma situação florescente quando a Revolução Francesa foi consumada. Quanto daquela prosperidade não se deveu ao espírito de nossos costumes e opiniões antigas não é fácil dizer; mas, como tais causas não podem ter sido indiferentes a seus efeitos, deve-se presumir que, no todo, tiveram uma ação benfazeja”

Três anos depois desse texto escrito, o rei francês Luís XVI foi decapitado e o terror revolucionário espalhou-se pela França sob o comando dos jacobinos. Esse terror só foi “domado” quando Napoleão Bonaparte, um político habilidoso, porém centralista e com características despóticas, assumiu o poder.

Entre os mortos guilhotinados da revolução encontra-se: Maria Antonieta, Rainha francesa; Antoine Lavoisier, o pai da química; Olympe de Gouges, dramaturga, ativista política pelo direito da mulher, feminista, abolicionista e de importante autação na própria revolução. No final, com a derrota dos jacobinos, o líder da revolução Maximilien de Robespierre também foi guilhotinado.

Após a Revolução Francesa, diversas outras revoluções se seguiram na China, Coreia do Norte, Cuba, Rússia, além da divisão da Alemanha usando o mesmo método violento de opressão e morte aos opositores, com o mesmo teor revolucionário socialista. Movimentos impediram o surgimento de uma sociedade mais democrática, como aconteceu na Inglaterra antes.

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A revolução Gloriosa, ocorrida na Inglaterra de Burke, que durou 47 anos e não derramou uma gota de sangue, diminuiu o poder da monarquia e aumentou o poder democrático fazendo surgir um parlamento, do qual o próprio autor fazia parte.

Foi com essa comparação e essa experiência vivida que Edmund reprovava a revolução socialista na França, e assim deu a luz ao movimento conservador e liberal. Edmund Burke morreu sem ao menos saber que havia dado a vida a um pensamento que criou forma durante o passar dos anos e que se tornaria uma grande expoente no século XXI, em oposição aos pensamentos revolucionários.

Você já conhecia a história de Edmund Burke? Sabia que ele foi o pai do conservadorismo? Comente abaixo!

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Conteúdo escrito por:
Pernambucana residente na Paraíba, Cientista Política e Estudante de Relações Internacionais. Administradora do Perfil Conservadorismo em foco. Apaixonada pela Política.

Edmund Burke e a origem dos fundamentos do conservadorismo

22 abr. 2024

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