Rita Lobato: conheça a história da primeira médica do Brasil

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Um grande marco na trajetória feminina no ensino superior é que as mulheres hoje representam cerca de 60% das matrículas nas universidades.

Essa conquista é significativa, especialmente considerando que o acesso à educação superior foi, por muito tempo, restrito ao público feminino e que a luta pelos direitos políticos – desde o movimento sufragista até a conquista do voto.

No entanto, mesmo com essa expressiva participação acadêmica, ainda persiste uma baixa representatividade feminina em áreas específicas. Cursos de ciências exatas, como a engenharia, e as áreas tecnológicas, por exemplo, continuam com pouca presença de mulheres. Na política, a subrepresentação também é uma realidade.

Neste texto, apresentamos a vida e a trajetória de Rita Lobato, a primeira mulher a se formar em Medicina no Brasil. Acompanhe!

Quem foi Rita Lobato?

Rita Lobato Velho Lopes foi uma pioneira na história do Brasil, destacando-se como a primeira mulher a concluir um curso de medicina inteiramente no país.

Nascida em Rio Grande (RS) em 7 de junho de 1866, formada pela Faculdade de Medicina da Bahia em 1887, um período de grandes transformações no Brasil, como a Guerra do Paraguai, a Lei do Ventre Livre e o crescente questionamento da população pela monarquia.

Seu falecimento em 6 de janeiro de 1954 aos 87 anos, no município de Rio Pardo (RS), embora Rita não tenha sido a primeira a atuar como médica no país, ela e Maria Augusta Generoso Estrela tiveram um grande papel na história de nosso país.

Rita Lobato quis ser médica motivada pelo desejo de ajudar as pessoas e contribuir para a sociedade. A morte de sua mãe durante o parto despertou nela um interesse particular pela obstetrícia, levando-a a buscar especialização nessa área.

Além disso, ao escolher a Medicina, Rita também buscava romper barreiras de gênero, mostrando que as mulheres eram capazes de ocupar profissões até então reservadas aos homens e abrir caminhos para outras mulheres no ensino superior e na vida profissional, já que naquela época áreas como medicina, direito e engenharia eram áreas de exclusividade de homens.

Imagem de Rita Lobato
Rita Lobato. Imagem: Wikipédia.

Carreira médica

Um dos maiores incentivadores para continuar seus estudos foi de seu próprio pai, Francisco Lobato Lopes, que custeou todos os seus estudos desde Porto Alegre, ao iniciar os estudos na Universidade do Rio de Janeiro e depois em Salvador.

Além do incentivo de seu pai, houve o incentivo de seu tio Dr. Carlos Ferreira Lobato, que era formado em medicina na Bahia, que ajudou de diversas formas.

A maior dificuldade de Rita Lobato na medicina foi enfrentar o preconceito da sociedade e dos colegas, que acreditavam que mulheres não tinham capacidade para exercer a profissão, sendo a área com predominância masculina.

Ela precisou lidar com desconfiança e limitações no ambiente acadêmico e profissional, dedicando-se principalmente ao atendimento de mulheres e famílias de baixa renda, mostrando coragem e determinação para superar essas barreiras.

Os principais marcos de Rita Lobato na área médica incluem ser a primeira mulher a se formar em Medicina exclusivamente no Brasil, em 1887, quebrando barreiras de gênero no ensino superior.

Ela dedicou sua prática médica ao atendimento de mulheres e famílias de baixa renda, levando cuidados de saúde muitas vezes inacessíveis a essas pessoas.

Além disso, mesmo sem formação pedagógica formal, ensinava noções básicas de saúde e higiene, contribuindo para a educação popular. Sua trajetória se tornou um símbolo de pioneirismo e coragem, mostrando que as mulheres podiam ocupar espaços profissionais antes exclusivos aos homens.

“A Dra. Lobato Velho foi uma figura inspiradora que ajudou a traçar um rumo para a próxima geração de aspirantes a médicas. Ela superou as adversidades com graça e usou sua voz e habilidades para empoderar todas as mulheres no Brasil”, afirma o Google Doodle.

Para Rita, se dedicar para a comunidade era de poder levar a saúde e aos cuidados para mais que precisavam de ajuda médica, e para demonstram que as mulheres poderiam participar de forma ativa na sociedade principalmente em comunidades com pouco acesso, com falta de acessibilidade, e se tornado uma referência em empatia, solidariedade e resposnsabilidade social

Sua participação educacional

Rita Lobato também dedicou parte de sua carreira à educação, uma das poucas áreas consideradas “apropriadas” para mulheres na época. Sobretudo porque a restrição educacional para as mulheres era de forma mais restrita, ainda com afirmações da capacidade intelectual feminina para atuação em outras áreas ditas de mulheres.

Tendo em vista que também atuou como professora de Higiene e Puericultura (os cuidados com a saúde e o desenvolvimento da criança). Isso mostra seu compromisso em transmitir conhecimento, especialmente em áreas relacionadas à saúde pública e ao bem-estar familiar.

Sua dedicação aos cuidados de comunidades carentes e ao bem-estar, tendo em vista que na época era bem comum ter cuidados às comunidades mais carentes e ter em vista as aproximidades da vida social e da educação populacional.

Voto feminino

Na época, o pensamento patriarcal ainda predominava, considerando o homem como guardião da mulher. O acesso feminino à educação era restrito, principalmente em áreas como medicina, direito e engenharia, enquanto sua formação era voltada quase exclusivamente para o lar.

O voto feminino era proibido, pois o argumento era de que elas já eram representadas por seus pais ou maridos.

O reconhecimento do voto feminino ocorreu em 1932, sendo incorporado à Constituição de 1934, ainda de forma facultativa. Somente em 1965, por meio do Decreto nº 21.076, durante o governo Vargas, o voto tornou-se obrigatório para as mulheres.

Nesse processo, destaca-se sua atuação da Federação Brasileira pelo Progresso Feminino, liderada por Bertha Lutz, que tinha como objetivos: promover a educação da mulher e elevar seu nível de instrução; proteger mães e a infância; garantir condições legislativas e práticas para o trabalho feminino.

Movimento sufragista

Sua participação no movimento sufragista foi de extrema importância para a história do voto feminino. Mesmo que Rita não tenha participado ativamente no movimento sufragista, só pelo fato de ter conquistado o cargo, essa já foi uma vitória de reconhecimento para as mulheres.

Durante sua atuação política, Rita destacou a importância da saúde, do saneamento e da educação, áreas vistas como fundamentais para a inclusão social e para a valorização da mulher na esfera pública.

Essas pautas dialogavam com o programa da Federação Brasileira pelo Progresso Feminino, de Bertha Lutz, que articulava o movimento sufragista no Brasil.

Rita Lobato não foi uma das líderes organizadoras do movimento sufragista, como Bertha Lutz, mas foi uma figura pioneira que abriu caminhos. Sua candidatura e engajamento político após a conquista do voto ajudaram a legitimar a participação feminina e a fortalecer a luta por direitos iguais.

Participação na politica

Após a liberação do voto feminino e influenciada pelo movimento sufragista, Rita Lobato filiou-se ao Partido Libertador para concorrer ao cargo de vereadora, tornando-se, em 1934, a primeira mulher vereadora do estado do Rio Grande do Sul, tomando posse em 21 de agosto do mesmo ano.

No entanto, não conseguiu concluir seu mandato devido ao golpe do Estado Novo, decorrente do golpe getulista em 1937.

Rita Lobato, influenciada pelo movimento sufragista, usou sua posição em Rio Pardo para lutar por direitos civis e igualdade para as mulheres e para as pessoas em que possuiam pouca representividade.

Ela se dedicou a promover melhorias para as comunidades, especialmente nas áreas de educação e saúde, buscando garantir que pessoas de baixa renda tivessem acesso a uma educação básica de qualidade e a serviços médicos essenciais.

Além disso, sua atuação política representou um símbolo de empoderamento feminino, inspirando outras mulheres da região a participarem da vida pública e a reivindicarem seus direitos.

E aí, já conhecia a história de Rita Lobato? Deixe suas dúvidas e opiniões nos comentários!

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Conteúdo escrito por:

Sheila Muniz

Sheila Muniz Lima

Amante de livros, músicas e história do mundo, já fiz relações internacionais e comércio exterior, gosto de desvendar novas curiosidades um dos meus maiores interesses e paixões são história, direito e desvendar como funciona o sistema política, da história.
Lima, Sheila. Rita Lobato: conheça a história da primeira médica do Brasil. Politize!, 13 de novembro, 2025
Disponível em: https://www.politize.com.br/rita-lobato/.
Acesso em: 13 de nov, 2025.

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