O que é o USAID?

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Desde o início de seu segundo mandato, o presidente Donald Trump tem promovido mudanças na estrutura do governo norte-americano, e uma de suas medidas mais comentadas é a tentativa de extinguir a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID). Mas, afinal, o que é a USAID e qual o impacto de sua dissolução?

Criada para promover o desenvolvimento global e prestar assistência humanitária, a agência vem sofrendo várias críticas por parte do governo estadunidense, que a considera ineficiente e de alto custo.

O corte de financiamento, o afastamento de funcionários e a paralisação de suas atividades colocaram em xeque o futuro da ajuda internacional oferecida pelos EUA.

Acompanhe o texto para entender tudo sobre o tema!

Imagem do Congresso dos Estados Unidos. Texto: O que é o USAID?
Congresso dos Estados Unidos. Imagem: Fotos Públicas.

O que é a USAID?

A Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID) é uma instituição governamental responsável por coordenar a assistência externa dos EUA a diversos países.

Criada em 1961, sua missão é promover o desenvolvimento econômico, a segurança alimentar, a saúde global, a governança democrática e a resposta a crises humanitárias.

Com um orçamento de aproximadamente 43 bilhões de dólares anuais, a USAID responde por cerca de 40% da ajuda humanitária global.

A agência trabalha em parceria com governos estrangeiros, organizações não governamentais (ONGs) e instituições internacionais, financiando projetos em diversas áreas — desde saúde, promovendo vacinação e incentivo a pesquisas, até educação e crises humanitárias.

Por que a USAID foi criada?

A USAID foi estabelecida durante o governo do presidente John F. Kennedy, em 1961. Seu principal objetivo era consolidar e coordenar os programas de assistência externa dos EUA, que antes eram conduzidos por diversas agências governamentais.

O contexto da Guerra Fria influenciou diretamente sua criação. Durante essa época, os EUA e a União Soviética disputavam a influência global e utilizavam a assistência externa como uma ferramenta estratégica para fortalecer alianças.

Um exemplo disso foi a criação do Plano Marshall, que ajudou na reconstrução da Europa pós-Segunda Guerra Mundial, e a resposta soviética com o COMECON (Conselho para Assistência Econômica Mútua).

Além de seu papel geopolítico, a USAID também foi projetada para promover o desenvolvimento sustentável e melhorar a qualidade de vida em países em desenvolvimento. Ao longo dos anos, os recursos destinados pela agencia foram essenciais em momentos históricos, como a resposta rápida ao surto de Ebola na África Ocidental.

Debates atuais sobre a USAID

Logo após sua posse, Donald Trump anunciou que iria congelar os fundos de toda a ajuda externa por 90 dias. Esse período foi definido como uma fase de avaliação para cortes em programas considerados fora da agenda política do país.

A medida gerou fortes reações de organizações humanitárias, que alegaram que a suspensão de recursos poderia comprometer projetos essenciais ao redor do mundo.

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Entre tantas questões, um dos principais motivos apresentados pelo governo e pelo Departamento de Eficiência Governamental (DOGE) é que a agência teria se desviado de seu propósito original, resultando em desperdício do dinheiro dos cidadãos norte americanos.

Desde o início de 2025, diversas medidas foram tomadas pelo atual governo para tentar extinguir a agência, além do decreto que suspende os fundos para ajuda externa, alguns funcionários também tiveram seu acesso ao sistema da agência bloqueado.

As medidas do atual governo tiveram apoio dos republicanos, mas foram repudiadas por alguns democratas. O debate se intensificou, e a oposição alegou que as ações violavam a Constituição dos Estados Unidos.

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Em fevereiro, os funcionários da agência foram colocados em período de licença, e o site oficial foi retirado do ar. Entretanto, alguns dias depois o site voltou ao ar, com uma nota que informava a licença indefinida para todos os funcionários.

Essa decisão reforçou as preocupações sobre o futuro da USAID e o impacto que o desmonte da agência teria na política externa dos EUA.

O secretário de Estado, Marco Rubio, ressaltou que grandes reformas no programa deveriam ser esperadas. Ele enfatizou que cada programa e política externa deveriam ser justificadas e focadas nos interesses norte-americanos.

Ele também sinalizou que algumas prioridades seriam substituídas, certas questões minimizadas e outras práticas encerradas.

Imagem de Donald Trump assinando um documento
Presidente dos EUA, Donald Trump. Imagem: Fotos Públicas.

Financiamento e transparência

Desde sua criação, a USAID passou por diversas administrações que apresentaram mudanças em seu financiamento e funcionamento. Segundo o ex-administrador da agência, Andrew Natsios, mais de 20% do orçamento da USAID foi destinado a organizações internacionais.

Diversos programas da ONU como o Programa Mundial de Alimentos, a UNICEF e o ACNUR (Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados), recebiam recursos da agência.

Em depoimento ao Congresso, Natsios afirmou que “a USAID precisa ser reformulada, e não extinta, para esta nova era de competição entre grandes potências”.

O governo propôs cortes significativos no orçamento da agência, alegando que parte desses recursos deveria ser redirecionada para outras prioridades nacionais, como infraestrutura e segurança.

Defensores da medida argumentam que, ao reduzir o financiamento de projetos ineficientes, os EUA poderiam focar em iniciativas estratégicas com maior impacto direto na política externa.

Governos anteriores, tanto de democratas quanto republicanos, também discutiram mudanças no modelo de assistência internacional, buscando uma abordagem mais eficiente para os interesses dos EUA.

O papel de Elon Musk e o Departamento de Eficiência Governamental

O Departamento de Eficiência Governamental (DOGE), tem como objetivo reduzir gastos e burocracias na administração federal. Liderado por Elon Musk, o grupo conta com uma equipe formada por integrantes vindos do Vale do Silício.

Uma das soluções que o do DOGE encontrou para cortar gastos governamentais foi a demissão em massa de funcionários federais e o fechamento de agencias federais, entre elas a USAID.

A senadora republicana Joni Ernst, em entrevista à Fox News, afirmou que Musk estava cumprindo um papel importante ao combater desperdícios e fraudes, seguindo a diretriz do presidente.

De acordo com Ernst, a USAID tem ignorado as prioridades dos americanos no uso de recursos no exterior. Ela reconhece a importância de alguns projetos, mas defende uma reformulação do sistema para garantir que os interesses do país sejam adequadamente representados.

Em um documento interno, o governo dos Estados Unidos preparou uma proposta para reformular a estrutura de como Washington distribui bilhões de dólares de ajuda externa.

O documento solicita que o financiamento seja realocado para áreas avaliadas como alinhadas com os interesses geopolíticos dos EUA.

Por outro lado, políticos democratas apontam que as estimativas de economia de Musk são questionáveis, e a medida já enfrenta ações judiciais.

O congressista democrata Jamie Raskin criticou o fechamento da USAID, afirmando que a agência foi criada e financiada pelo Congresso para apoiar a política externa do país.

Segundo ele, o fechamento da agência sem aprovação legislativa é ilegal e representa um ataque à estrutura do governo.

Em maio, Elon Musk, através de sua conta no X, anúnciou que estava deixando o seu cargo no DOGE. Na publicação, ele agradece ao presidente Donald Trump pelo cargo e afirma que o departamento “apenas se fortalecerá com o tempo”.

Encontro da USAID
USAID U.S. Agency for International Development. Imagem: Fotos Públicas.

O futuro da USAID

Em março de 2025, o governo anunciou a demissão de quase todos os 900 funcionários restantes da agência, marcando uma redução drástica em sua força de trabalho, além de cancelar 83% dos contratos de ajuda externa da agência.

No dia 1º de julho, o secretário de Estado, Marco Rubio, anunciou oficialmente o fechamento da agência. Em nota oficial, Rubio afirmou que “a USAID tem pouco a mostrar desde o fim da Guerra Fria”.

No mesmo texto, intitulado “Tornar a ajuda externa grande novamente”, são destrinchados alguns valores de investimento e os nomes dos países que receberam e se beneficiaram da generosidade dos EUA, mas que não retribuíram o apoio, alegando que “objetivos de desenvolvimento raramente foram alcançados, a instabilidade muitas vezes piorou e o sentimento antiamericano só cresceu.”

Ainda na nota, o secretário informa que os programas de assistência externa agora farão parte do Departamento de Estado. E que agora vão priorizar “o comércio sobre a ajuda, a oportunidade sobre a dependência e o investimento sobre a assistência”.

Um estudo realizado pela revista médica The Lancet estima que os programas da USAID salvaram mais de 90 milhões de vidas nas últimas duas décadas. Os pesquisadores também estimam que 14 milhões de pessoas podem morrer se os cortes continuarem até 2030.

Entendeu melhor sobre o papel da USAID, sua história e impacto na geopolítica? Se ficou alguma dúvida, compartilha com a gente nos comentários!

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Conteúdo escrito por:

Santos, Gabriella. O que é o USAID?. Politize!, 31 de julho, 2025
Disponível em: https://www.politize.com.br/usaid/.
Acesso em: 31 de jul, 2025.

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