Entenda as tarifas de Trump e o impacto para o Brasil

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Em julho de 2025, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou tarifa de 50% sobre produtos brasileiros. Em abril de 2025, Trump já havia anunciado uma série de tarifas de importação sobre produtos de diversos países, incluindo o Brasil. O pacote de medidas havia apresentado como uma forma de proteger a indústria americana e reequilibrar a balança comercial, sendo nomeado como o “Dia da Libertação”.

Segundo Trump, as chamadas tarifas recíprocas, libertariam os Estados Unidos dos produtos estrangeiros.

Mas afinal, o que são todas essas tarifas e quais são os verdadeiros impactos, sobretudo para o Brasil?

Neste texto, vamos explicar os motivos para o tarifaço de Trump e os possíveis impactos dessas medidas.

O que são as tarifas de Trump?

Quando falamos em tarifas de Trump, estamos falando sobre as taxas aplicadas sobre produtos importados de outros países.

Em julho de 2025, Trump criticou o governo brasileiro quanto ao julgamento do ex presidente Jair Bolsonaro (PL) no STF, afirmando ser uma “vergonha internacional” e anunciou tarifas de 50% sobre produtos brasileiros. Em resposta, o presidente Lula afirmou que o Brasil “não aceitará ser tutelado por ninguém”, que o julgamento dos envolvidos nos eventos do 8 de janeiro é de competência exclusiva da Justiça brasileira e que responderia o aumento de tarifas com base na Lei da Reciprocidade Econômica.

Na carta, Trump afirma que:

“Por favor, entenda que essas tarifas são necessárias para corrigir os muitos anos de tarifas e barreiras tarifárias e não tarifárias do Brasil, que causaram esses déficits comerciais insustentáveis contra os EUA. Esse déficit é uma grande ameaça à nossa economia e, de fato, à nossa segurança nacional”.

Ao passo que Lula respondeu reiterando a soberania nacional:

“O Brasil é um país soberano com instituições independentes que não aceitará ser tutelado por ninguém. […] O processo judicial contra aqueles que planejaram o golpe de Estado é de competência apenas da Justiça brasileira e não está sujeito a nenhum tipo de ingerência ou ameaça que fira a independência das instituições nacionais.”

Ou seja, a medida do governo estadunidense pretende impor tarifas a parceiros comerciais na tentativa de retomar a posição de potência econômica e combater déficits comerciais de bens, que somam aproximadamente US$ 1 trilhão ao ano.

Nas tarifas anunciadas no primeiro trimestre do ano, o objetivo de Trump era proteger a indústria dos Estados Unidos, diminuir o déficit comercial e gerar empregos no setor manufatureiro. Em média, a decisão incluia tarifas de 30% para Ásia, 20% para Europa e 10% para América Latina.

Para Trump, essas tarifas combateriam o que ele vê como injustiças comerciais, já que muitos países impõem taxas elevadas sobre produtos americanos. 

Ainda assim, especialistas apontam que essas tarifas podem não ser suficientes para restaurar a competitividade dos EUA, pois fatores como custo de produção e inovação tecnológica pesam mais do que tarifas comerciais.

Veja também: Entenda os conceitos de importação e exportação

O que são tarifas recíprocas?

Uma tarifa recíproca significa que as taxas foram definidas baseadas nas que os países já cobram, incluindo tarifas existentes e demais barreiras comerciais que tendem a aumentar os custos de importação.

Segundo o discurso oficial, as tarifas impostas seriam “recíprocas”, ou seja, equivalentes às que os EUA enfrentam ao exportar seus produtos. O presidente acredita que os países tarifados tratam os Estados Unidos injustamente no comércio por meio de tarifas altas ou barreiras não tarifárias.

Tabela com tarifas de Trump.
Imagem: CNN Brasil.

Quais são os motivos para as tarifas?

Donald Trump justificou suas medidas como uma tentativa de retomar a posição de potência mundial que a indústria do país já teve, além de eliminar déficits comerciais, proteger os fabricantes locais, reduzir preços dos alimentos e criar mais empregos.

Para o presidente, o país está em desvantagem no comércio internacional, pois outros países conseguem exportar para o mercado estadunidense com baixo custo. 

Simultaneamente, esses mesmos países estariam impondo barreiras que tiram a competitividade de seus produtos no exterior. Isto, para ele, estaria prejudicando empresas locais e causando desemprego.

A lógica por trás da medida é tornar produtos estrangeiros mais caros e, assim, incentivar o consumo de produtos nacionais.

Além disso, Trump vinculou as tarifas especificamente ao México, China e Canadá, sob a justificativa de que não estariam mobilizados suficientemente para conter a imigração ilegal e combate ao tráfico de drogas.

Outro argumento utilizado pelo presidente, é a defesa de que a pressão econômica sirva para impedir conflitos armados:

“Vamos cobrar de você tarifas de 100 por cento. E de repente, o presidente ou primeiro-ministro ou ditador ou quem quer que esteja governando o país me diz: ‘Senhor, não entraremos em guerra.’”, disse Trump em comício Na Carolina do Norte.

Saiba mais: OMC: como é feita a regulação do comércio internacional?

Como outros países reagiram?

A reação internacional foi imediata, incluindo países prometendo impor suas próprias contramedidas. Confira abaixo as reações de alguns países após o anúncio das tarifas do Trump:

  • China: o governo chinês anunciou tarifas retaliatórias de 84% sobre produtos dos EUA e afirmaram que as tarifas de Trump prejudicam o sistema de comércio global. Em resposta à China, os EUA anunciaram aumento na tarifa já imposta de 104%, para 125%;
  • França: Emmanuel Macron, presidente da França, se posicionou contra a medida e pediu que empresas europeias suspendam investimentos em solo americano. O presidente francês acredita que as tarifas não sejam coerentes e que possam ter efeito reverso;
  • Reino Unido: o secretário de comércio, Jonathan Reynold, reforçou a aliança existente entre o Reino Unido e os EUA e disse que buscará um acordo para minimizar os efeitos das tarifas;
  • União Europeia: a presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, prometeu contramedidas e acredita que a política comercial de Trump caminha na direção errada.

No Brasil, mesmo tendo recebido a tarifa mais baixa (10%), houve reação por meio do Congresso Nacional. Assim, o Senado Federal aprovou um projeto de lei instituindo a Lei da Reciprocidade Econômica, permitindo a retaliação a países que impuserem barreiras comerciais.

Quais são os impactos para o Brasil?

Alguns setores específicos podem ser impactados diretamente, como o etanol e produtos agrícolas. 

Os Estados Unidos são o segundo maior parceiro comercial do Brasil, por isso, ao reduzir as relações comerciais entre ambos países, pode levar o Brasil a necessidade de estabelecer relações comerciais com outros parceiros.

Além disso, os EUA são o principal importador da indústria brasileira, principalmente dos produtos de maior intensidade tecnológica. Nesse sentido, a Embraer pode ser uma das companhias mais afetadas.

Em entrevista ao economista-chefe do Banco Master, Paulo Gala afirmou à Agência Brasil que:

“O Brasil ficou com a tarifa ‘mais barata’ de 10%. Claro que isso é um benefício, mas o Brasil vai sofrer por conta desse terremoto global que está acontecendo. Um medo de crise derrubando juros e dólar e uma recessão, obviamente, que afetariam o Brasil também”, afirmou o economista-chefe do Banco Master.

Apesar dos impactos em alguns setores, os efeitos das tarifas não devem se expandir tanto no território brasileiro. A guerra comercial pode gerar oportunidades para as exportações brasileiras.

Isso porque, se os EUA se tornarem menos atraentes como parceiros comerciais, o Brasil pode se beneficiar ao oferecer produtos a nações que buscam alternativas, segundo Volnei Eyng, CEO da gestora de ativos Multiplike.

Além disso, há possibilidade de que, com o aumento do conflito comercial entre EUA e Europa, influencie positivamente o acordo comercial entre Mercosul e União Europeia, o que poderia expandir as exportações da indústria brasileira.

Leia mais: EUA e China: entenda a guerra comercial!

Perguntas frequentes

Não saia com dúvidas! Confira as principais perguntas e respostas sobre as tarifas de Trump.

O que são as tarifas anunciadas Donald Trump abril de 2025?

Trump anunciou novas tarifas de importação, chamadas de “tarifas recíprocas”, com alíquotas que variam de 10% a 50%.

Qual foi a tarifa imposta ao Brasil? em julho de 2025?

O Brasil foi taxado em 50% sobre todas as suas exportações aos EUA.

Quando as tarifas passam a valer?

As novas tarifas anunciadas estão previstas para entrar em vigor 1º de agosto.

Qual é a justificativa de Trump para a imposição das tarifas?

Trump afirma que outros países impõem tarifas injustas aos EUA e que a medida ajudará a retomar a potência industrial do país e trazer empregos de volta.

Como foram calculadas as tarifas recíprocas?

Apesar de Trump argumentar que o cálculo considerou as tarifas cobradas pelos demais países, o documento divulgado pelo seu governo mostrou que os números se basearam no déficit comercial dos EUA com cada país.

E aí, entendeu o que é a proposta de tarifas de Trump? Deixe suas dúvidas e opiniões nos comentários!

Publicado oficialmente em 09/04/2025, atualizado em 10/07/2025.

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Conteúdo escrito por:

Layane Henrique

Faço parte da equipe de conteúdo da Politize!. Cientista social pela UFRRJ, pesquisadora na área de Pensamento Social Brasileiro, carioca e apaixonada pelo carnaval.
Henrique, Layane. Entenda as tarifas de Trump e o impacto para o Brasil. Politize!, 10 de julho, 2025
Disponível em: https://www.politize.com.br/tarifas-de-trump/.
Acesso em: 30 de jul, 2025.

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