O que é analfabetismo político?

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O analfabetismo político impede que cidadãos exerçam seus direitos e responsabilidades de forma consciente e crítica. A falta de conhecimento sobre os mecanismos de poder, os direitos e deveres, e a capacidade de entender as informações políticas gera um ciclo vicioso de apatia, manipulação e desinteresse, minando as bases da participação cidadã e da própria democracia.

Ficou curioso (a) para entender mais sobre o que é o analfabetismo político? Continue então com a leitura!

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O que é analfabetismo político?

O analfabetismo político, apesar de não ser um conceito formalmente definido, refere-se à incapacidade do cidadão de compreender e participar ativamente do processo político, como um cidadão que não sabe como um projeto de lei se torna lei, ou quem são os deputados que o representam, por exemplo.

Ele desconhece seus direitos básicos de cidadania, como votar, manifestar-se publicamente e acessar informações públicas e não compreende as responsabilidades inerentes à cidadania, como o cumprimento das leis e a participação no debate público.

Além disso, é facilmente manipulado por informações distorcidas e propagandas enganosas. Ele não consegue analisar criticamente as informações, identificar interesses por trás das mensagens e formar uma opinião própria.

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menina ruiva com as mãos tampando os olhos e falando as palavras: " não me interessa", " não vi" e " me deixa assim"
Representação do que é o analfabetismo político. Imagem: Jus Brasil

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Causas do analfabetismo político

A desigualdade social, com a concentração de renda e poder, gera um ciclo de pobreza e exclusão social, impedindo que muitos cidadãos tenham acesso à informação e aos recursos necessários para participar ativamente da política.

Segundo o estudo “Conectividade significativa: proposta para mediação e o retrato da população no Brasil”, do Cetic.br (Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação), 57% dos brasileiros não tem acesso à internet.

Por outro lado, segundo pesquisa da Confederação Nacional do Transporte (CNT), mostra que 21,7% das pessoas ouvidas disseram ter baixo interesse por política e cerca de 31,6% afirmaram que não tem nenhum interesse.

O Panorama Político 2024, elaborada pelo instituto DataSenado em parceria com a Nexus apontou que 40% dos eleitores do Brasil não se identificam com nenhum posicionamento político.

Outro fator é manipulação da informação, a propagação de notícias falsas e a polarização ideológica, que contribuem para o analfabetismo político. O estudo “Fake News e a Democracia” do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio (ITS Rio) (2018) demonstra como a proliferação de notícias falsas nas redes sociais pode influenciar a opinião pública e contribuir para o analfabetismo político.

Na mesma pesquisa do Panorama Politico 2024, indica que 72% dos brasileiros já se depararam com notícias falsas nas redes sociais.

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Além disso, eles tem a sensação de que o voto não faz diferença, ou de que a política é um jogo sujo, leva muitos cidadãos a se absterem da participação política.

Nas eleições de 2022, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o número de abstenções (pessoas que não foram votar) chegou a mais de 31 milhões, o que representa 20% do eleitorado. Já na eleições de 2024 , o índice de abstenção, no 1º turno, foi de 21,71% cerca de 33,8 milhões de brasileiros não votaram. Porto Alegre foi a capital que mais teve abstenções (31,51%) e Fortaleza foi a que teve menos (15,52%).

Gráfico de abstenções do 1º turno das Eleições 2024. Imagem: TSE

Das 15 capitais que foram para o 2º turno, a taxa dos que não voltaram foi de 29,26%, o que representa quase 10 milhões de pessoas. 6 capitais tiveram abstenções superiores a 30%. Porto Alegre continua com o maior índice de abstenção 34,83%, superando o índice do 1º turno.

Gráfico de abstenções do 2º turno das Eleições 2024 – TSE

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Consequências do analfabetismo político

O analfabetismo político enfraquece a democracia, pois impede que os cidadãos exerçam seus direitos e responsabilidades de forma plena. A filósofa e cientista política Hannah Arendt afirmava que a democracia precisa da participação ativa dos cidadãos para se manter viva.

O analfabetismo político facilita a corrupção e a impunidade, pois os cidadãos não conseguem identificar e denunciar os atos ilícitos. A falta de vigilância e controle social permite que os corruptos atuem com mais liberdade.

O sociólogo brasileiro Roberto Da Matta defende que a corrupção é um problema cultural que se alimenta da falta de participação cidadã.

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Além disso, pode alimentar a violência política, pois os cidadãos não conseguem resolver os conflitos de forma pacífica e se deixam levar por discursos de ódio e propostas de soluções violentas.

O historiador e cientista político Eric Hobsbawm alertou para o perigo da violência política como consequência da desilusão com a democracia.

Segundo um levantamento base nos relatórios produzidos pelo Observatório da Violência Política e Eleitoral da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio), no 1º semestre de 2024 teve 187 casos de violência contra deputados, prefeitos, vereadores e lideranças, que envolveram ameaças, agressões, homicídios, atentados ou sequestros.

Frase de Platão sobre o analfabetismo político. Imagem: Filosofia hoje.

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Como combater o analfabetismo político

É preciso investir em escolas públicas de qualidade, com professores bem preparados e currículos que promovam o desenvolvimento do senso crítico e da cidadania, por meio da educação política.

Segundo o economista Amartya Sen, “a liberdade de participação política e o acesso à informação são cruciais, mas podem ser promovidos por diversas instituições, não apenas pelo Estado”.

Nesse sentido, ONGs, universidades e empresas privadas podem ter papéis complementares ao governo, criando um ambiente de cooperação que favoreça o engajamento político.

O cientista político Friedrich Hayek sugere que a liberdade de escolha, incluindo o acesso a diferentes fontes de informação, é o melhor caminho para formar cidadãos críticos e engajados

E para que isso ocorra, é necessário combater a propagação de notícias falsas, promover o jornalismo responsável e ensinar os cidadãos a identificar e avaliar criticamente as informações. O Projeto Comprova (2017) é uma iniciativa que visa combater a desinformação no Brasil, verificando a veracidade de informações que circulam nas redes sociais.

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Referências

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Conteúdo escrito por:

Maicon Araújo Nunes de Jesus

Jequieense, filho de Maria Lúcia e apaixonado por esportes. Tutor da cadelinha Amora, sigo um estilo de vida vegano e mantenho uma postura anticapitalista. Como estudante de direito, trago a perspectiva de quem vive na periferia e carrega uma identidade étnico-racial forte, almejando uma justiça processual que se cumpra. Influenciado pelo Hardcore, que molda minha escrita e reflexão em prol de um mundo mais digno.
Jesus, Maicon. O que é analfabetismo político?. Politize!, 15 de julho, 2025
Disponível em: https://www.politize.com.br/analfabetismo-politico/.
Acesso em: 15 de jul, 2025.

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