Com as discussões sobre superpopulação e um possível esgotamento dos recursos naturais da terra acontecendo a todo vapor, inúmeras correntes filosóficas surgem para tentar encontrar uma solução vista como certa para resolver esses problemas. Uma das mais famosas é o Antinatalismo.
Essa teoria defende que a procriação é um ato moralmente errado. Apesar de abordar temas bem recentes, a teoria antinatalista não surgiu há pouco tempo. Ela remonta à Grécia Antiga, quando as primeiras discussões sobre os problemas relacionados a natalidade surgiram.
Neste texto, vamos compreender melhor como pensam os antinatalistas, seus principais argumentos e o que dizem as pessoas que discordam deles. Continue lendo e descubra mais!
O que defende o Antinatalismo?
A ideia central é simples e direta: o ato de procriar não é ético ou moralmente correto, pois a criança que foi concebida não consetiu em nascer, sendo uma escolha apenas dos pais.
Além disso, os problemas ambientais e sociais que vivenciamos no mundo, como degradação ambiental, desigualdades sociais e violência, fazem com que ter filhos seja condenar uma vida ao sofrimento em um mundo injusto e com recursos cada vez mais escassos.
Onde surgiu essa teoria?
Apesar de estar ganhando mais força recentemente, as discussões em torno da ideia de evitar filhos não são novas. O tema é alvo de debates desde a Antiguidade, com filósofos gregos como Sófocles, Teognis e alguns cínicos e estoicos abordando o pessimismo trágico, que, apesar de não ser uma corrente estruturada, já dava indícios do que posteriormente viria a ser a corrente antinatalidade.
Já no século XX, essa teoria tomou forma, e isso devido a três razões: maior acesso aos métodos contraceptivos, conscientização sobre os problemas ambientais e enfraquecimento de algumas crenças religiosas que incentivam a procriação, como o Catolicismo.
Em 2006, surge um grande marco para o movimento: o lançamento do livro “Melhor Nunca Ter Sido”, do autor e filósofo sul-africano David Benatar, em que é defendida a ideia de que o ser humano superestima a sua própria qualidade de vida, sendo otimista demais, o que motiva a prociação mesmo em condições não adequadas.
Nos anos seguintes, o Antinatalismo passou a tomar conta das redes sociais, com direito a grupos no Facebook, canais no Youtube e fóruns de discussão no Reddit, assumindo de vez uma posição de destaque nos debates atuais da sociedade.
Antinatalismo e “Childfree” são a mesma coisa?
Outro termo que vem tomando conta da Internet nos últimos tempos é o childfree, que, em inglês, significa algo como “livre de crianças”.
Apesar de relacionados, os dois são movimentos distintos, pois, enquanto o Antinatalismo questiona apenas a procriação, ou seja, o ato de trazer novas crianças ao mundo em si, o movimento Childfree opta pelo não convívio com crianças e advoga pela criação de espaços sem a presença delas.
Dessa maneira, podemos entender o Childfree como um passo que vai ainda além do nascimento em si, pois problematiza também a obrigação da convivência com crianças, enquanto muitos antinatalista não enxergam problemas em ter filhos via adoção, por exemplo.
Os argumentos a favor da teoria
Dentre os argumentos utilizados para defender o fim da procriação humana, os antinatalistas costumam destacar a falta de livre arbítrio, pois a criança não tem a possibilidade de escolher nascer ou não nascer, sendo uma escolha exclusiva dos pais.

Outro ponto também muito citado é a preocupação com o meio ambiente e um possível esgotamento dos recursos naturais, pois, quando a população aumenta, consequentemente é necessário que mais elementos da natureza sejam utilizados para posssibilitar a sobrevivência, o que cria uma pressão ambiental.
A ética por trás da decisão de trazer novas vidas ao mundo também é muito ressaltada, visto que, na visão dos antinatalistas, esse ato condena vidas inocentes a sofrerem em uma sociedade cada vez mais desigual e complexa, o que seria antiético.
Os argumentos contra a teoria
Do outro lado da moeda, há aqueles que discordam do ideal antinatalista. Um ponto muito questionado é em relação ao consentimento, porque, na visão de quem é contra o movimento, mesmo que uma criança não tenha voz para decidir se deseja nascer ou não, isso não seria necessariamente ruim ou antiético.
Isso porque muitas ações com consequências extremamente benéficas, como a vacinação e a escolaridade obrigatória, também são feitos sem o consetimento da criança envolvida, e mesmo assim geram frutos positivos na vida dela.
Outro ponto levantado é sobre a liberdade individual de cada um, visto que ter filhos ou não deveria ser uma escolha pessoal de cada um, e não um ato condenado moralmente, como se fosse completamente errado.
Por fim, na visão dos contrários à antinatalidade, os danos ambientais podem ser combatidos com um estilo de vida mais sustentável, sem exigir um completo apagamento da existência humana.
Dados sobre as taxas de natalidade
Indepentende de existir uma relação ou não com o Antinatalismo, segundo o levantamento de registros civis, análise de dados realizada em 2024 pelo IBGE nos cartórios e tabelionatos brasileiros, as taxas de natalidade brasileiras nunca estiveram tão baixas.
A média atual está em 1,6 filhos por mulher, abaixo do valor considerado mínimo para a reposição populacional, de 2,1 filhos por mulher. Essa é a menor taxa em 47 anos, e mostra uma tendência mundial: as pessoas estão optando por ter menos filhos, ou, até mesmo nenhum, o que tem como principal consequência o envelhecimento populacional.
Qual é o nível da influencia que a teoria contra a natalidade exerce sobre as taxas brasileiras e mundiais é um dado que ainda não foi mensurado, porém, uma coisa é certa: uma mudança cultural em relação ao ato de ter filhos tem acontecido.
Agora, nós da Politize! queremos saber: qual é a sua opinião sobre o Antinatalismo? Compartilhe com a gente nos comentários, e continue acompanhando nossas postagens para ficar por dentro de discussões relevantes e atuais!
Referências
- Fiocruz – O que está por trás do movimento filosófico que é contra a reprodução humana
- Gazeta do Povo – Antinatalismo: preocupação com o planeta ou imaturidade de uma geração supersensível?
- G1 – Número de filhos por mulher no Brasil é o menor da história, diz IBGE
- Maestrovirtuale.com – Antinatalismo: a corrente contra o nascimento de mais seres humanos
- Politize – O que é o movimento Childfree?