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Balaiada: o impacto histórico que moldou nossa identidade

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O governo Regencial no Brasil foi marcado por acontecimentos sociais e políticos, com destaque para as Revoltas Regenciais, especialmente a Balaiada, que representou parte significativa do contexto, evidenciando questões relevantes da época.

A Balaiada, um dos principais movimentos, evidencia o caráter popular nessas lutas, contribuindo para a compreensão das divisões de classe existentes dessa fase da história brasileira.

Quer saber mais sobre as relações entre essa revolta, os aspectos sociais do Brasil do século XIX e suas contribuições para a atualidade? Continue lendo esse texto que a Politize! explica isso e muito mais!

O Período Regencial

mapa com moedas em cima
Mapa – Imagem: Freepik

Para entender a Balaiada, vamos conhecer o Período Regencial e seu contexto político e social. O Período Regencial (1831-1840) começou com a abdicação de D. Pedro I e seu retorno a Portugal. Como D. Pedro II era menor de idade, regentes governaram o Brasil, originando o Governo Regencial.

Marcado por uma grande instabilidade política e crise de legitimação, esse momento chega ao fim com o golpe da maioridade. Esse movimento político possibilitou a coroação de Pedro II como imperador ainda antes de completar seus 18 anos de idade.

De forma geral, o período das regências simbolizou um momento de grandes transformações na sociedade brasileira da época. A criação de medidas que aumentavam a autonomia das províncias em relação ao poder central, como o Ato Adicional de 1834, influenciou a organização de diversos grupos sociais, que se mobilizavam em torno de interesses comuns.

A divisão política da sociedade aumentou, criando distinções entre os liberais exaltados, liberais moderados e restauradores. Essa segmentação, posteriormente, culminou no surgimento dos partidos políticos liberal e conservador, responsáveis pelas principais disputas políticas do Segundo Reinado.

As revoltas mais importantes da época demonstram como esse período foi impactante em todo território brasileiro. Entre essas revoltas destacam-se a Revolta dos Farrapos (RS), a Revolta dos Malês (BA), a Sabinada (BA), a Cabanagem (Grão-Pará) e, o tema central do nosso texto, a Balaiada (MA).

O que foi a Balaiada?

A Balaiada foi uma grande revolta popular que ocorreu no Maranhão entre 1838 e 1841. O nome “Balaiada” vem de “balaio”, o apelido de um dos líderes principais, que fazia referência aos objetos que ele criava, como cestos.

Se diferencia dos demais movimentos regenciais pois é considerada um movimento com ampla participação popular, com atuação de pessoas escravizadas, sertanejos, vaqueiros, camponeses e trabalhadores livres.

Veja mais: Participação social: o que é e qual sua importância?

Inspirada por fortes sentimentos de descontentamento popular surgiu uma manifestação em prol de justiça social na região. Acumulando-se a muitos atos de abuso de poder por parte das autoridades políticas locais, a Balaiada eclodiu como uma luta de diferentes frentes e fases de conflito, até chegar a seu fim com uma violenta repressão.

As principais causas da Balaiada

Imagem de pessoas com a mão para o alto, bandeiras e punhos levantados
Manifestação Popular – Imagem: Freepik

A luta por melhores condições de vida para a população da região constitui-se como uma das maiores motivações da revolta. O combate à fome, miséria e opressão sofridas pelos sujeitos dominou as pautas discutidas da época.

Outro fator crucial para a ocorrência da Balaiada trata-se da economia brasileira e suas crises. A queda na produção de açúcar e algodão desvalorizou os produtos brasileiros, que não conseguiram competir com outras nações produtoras da época, como os Estados Unidos.

Dessa forma, não apenas a renda da população dependente dessas atividades diminuía, como sua insatisfação também aumentava.

Além dessas causas, o elemento político foi muito influente no movimento. O aumento de autonomia das províncias com o fim do Poder Moderador estabelecido pelo Ato Adicional de 1834 proporcionou o crescimento na disputa pelos poderes locais.

O grupo de liberais, considerado parte da classe média da sociedade da época, já demonstrava insatisfação com a política de seu tempo. Além de buscar mudanças significativas nas formas com que as eleições aconteciam, uma parcela defendia diferentes direcionamentos políticos.

A oposição ao regime monárquico e o apoio a ideias republicanas também marcaram os debates da época.

Entenda aqui: Monarquia e república: qual a diferença?

Confira nosso vídeo sobre a diferença entre Monarquia e República

Radicalização e repressão: o desenvolvimento e as consequências da Balaiada

Com a revolta em curso, a Balaiada foi disputada em diferentes fases de luta e métodos. Os nativos utilizaram táticas de guerrilha, aproveitando seu conhecimento da região e do território, durante a Balaiada.

Em 1839, os revoltosos estabeleceram um Governo Provisório, o que aumentou a apreensão dos governos regentes, que temiam que a Balaiada se tornasse um símbolo de ameaça à unidade territorial do Brasil.

Após essa fase, inicia-se um período de radicalização do movimento e a consequente desvinculação da classe média das camadas populares. Por essa razão, a classe média acaba apoiando as forças militares imperiais e contribuindo para a repressão da revolta.

Entretanto, o desfecho da Balaiada tem como responsável a figura de um líder brasileiro apoiador do governo de Pedro I e das ações do governo central, Luís Alves de Lima e Silva. Após conseguir derrotar os revoltosos, ele passou a ser conhecido pelo nome de Duque de Caxias.

Caxias, inclusive, é a cidade no Maranhão que abriga hoje um grande memorial da revolta e representa tanto uma história de luta popular, quanto a vitória oficial de repressão do movimento.

Duque de Caxias, já com grande reputação militar, após o sucesso em sua missão no Maranhão, assume cargos cada vez mais altos, lutando na Guerra do Paraguai e mantendo enorme prestígio nacional na época.

Os líderes da Balaiada

A partir da diversidade de participantes no movimento, destacaram-se diversas personalidades que contribuíram para o surgimento e o desenvolvimento da Balaiada.

De origens distintas, mas com ideais semelhantes, os participantes da revolta demonstram como ela é uma iniciativa popular capaz de revelar diversos aspectos da sociedade brasileira – e maranhense – do século XIX.

Os líderes Raimundo Gomes, Cosme Bento e Manuel Francisco dos Anjos Ferreira compõem alguns dos principais nomes responsáveis pela Balaiada. Um vaqueiro, um quilombola e um fabricante de cestos, respectivamente, cujas vivências demonstram uma parte da realidade brasileira da época.

A história da Balaiada e desses homens pode, nos dias de hoje, explicar a forma como a subordinação social praticada na época foi essencial para o acontecimento das Revoltas Regenciais.

O Maranhão, especificamente, vivenciou a participação de diversos sujeitos em seus movimentos sociais. E, dentre as muitas fases da disputa, pôde dar abertura ao aparecimento de várias reivindicações políticas comuns a pessoas com trajetórias diferentes.

Os líderes da Balaiada e o estudo de suas histórias revelam muito mais que fatos históricos. Revelam, também, a lógica de ações políticas fundamentadas na desigualdade social e regional de um território extenso e diversificado.

O papel da imprensa

Como já vimos, no período da Balaiada havia muitas ideias políticas diferentes nascendo e se desenvolvendo a partir da realidade brasileira do momento. Esses ideais, na época, eram propagados principalmente de forma oral e através da impressão de cartilhas e folhetins.

O Jornal Bem-Te-Vi, iniciativa do grupo político liberal, foi uma das mais importantes publicações para a Balaiada. Sua produção era responsável por divulgar as ideias republicanas e, assim, conquistar mais adeptos para as causas defendidas.

Em referência à publicação, muitos liberais, inclusive, eram chamados de Bem-Te-Vis na época.

Desse modo, muitas ideias políticas puderam circular pelo Brasil, não ficando exclusivas ou isoladas de determinadas regiões e localidades. Essa propagação impulsionou a organização política de mais grupos e o conhecimento de novas possibilidades de formas de vida.

Veja mais: Qual é a importância da liberdade de imprensa para a democracia?

Ao conhecer mais sobre a Balaiada, podemos pensar sobre o Brasil no século XIX e, assim, refletir sobre a nossa realidade brasileira atual.

E aí, quais questões são diferentes e o que ainda encontramos como semelhante? Compartilhe sua opinião nos comentários e explore mais conteúdos sobre esse tema!

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Conteúdo escrito por:
Mestre em Ciências Sociais pela UNESP/FCLAr, apaixonada por política, cinema e literatura distópica. Sempre disposta a debater filosofia, feminismos e cultura pop.

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27 abr. 2024

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