Compostagem: o que é e como fazer em casa?

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De maneira simples pode-se produzir grandes impactos em favor do meio ambiente. Através da compostagem é possível contribuir com a preservação ambiental e também com a eficácia da implementação de políticas públicas. A destinação correta dos resíduos pode trazer benefícios inclusive à saúde pública! Sabia?

A separação doméstica dos resíduos contribui para a redução da contaminação do meio ambiente e da disseminação de doenças. Além disso, a separação dos resíduos realizada ainda dentro de casa é fundamental para o melhor funcionamento da coleta seletiva.

Neste texto, a Politize! apresenta o que é a compostagem e os benefícios que ela oferece para o meio ambiente e consequentemente para toda a população. Para saber mais, continue a leitura.

Lixeiras para coleta seletiva. Imagem: Freepik

Qual a diferença entre lixo, resíduo e rejeito?

Conforme a Lei 12.305/10, resíduos são objetos descartados nos estados sólido ou semissólido, possibilitando sua reutilização ou reciclagem. Essa lei é a mesma que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS).

Os rejeitos, consoante a mesma lei, são resíduos que apresentam uma determinada condição. Após esgotarem as possibilidades de tratamento e recuperação, eles não apresentam outra possibilidade além do descarte. Portanto, não podem ser reutilizados ou reciclados.

Por último, lixo se refere os itens considerados imprestáveis ou sem valor para quem os possui e, por consequência, os descarta. Em resumo, lixo é a nomenclatura popular dada aos resíduos e aos rejeitos quando não se conhece as diferenças entre eles.

Além dos resíduos sólidos, existem os resíduos orgânicos: são qualquer material de origem animal ou vegetal. Entram nessa classificação restos de alimentos e resíduos de jardim descartados de atividades humanas, como sementes, cascas de frutas e de ovos, alimentos estragados e grama cortada. Além dos resíduos alimentares, também são considerados orgânicos os sacos de papel e os guardanapos já utilizados.

A separação dos resíduos viabiliza o reuso e a reciclagem dos resíduos inorgânicos e a compostagem dos resíduos orgânicos. Para que a coleta funcione adequadamente é essencial a separação correta para evitar a contaminação dos resíduos. A contaminação inviabiliza tanto a reciclagem quanto a compostagem.

Os resíduos sólidos representam de 3 a 5% das emissões de gases poluentes no mundo todo. O Brasil é responsável por 16% do metano gerado a partir do descarte de resíduos orgânicos inadequado em aterros e lixões. De acordo com os dados de 2021 analisados pelo Sistema de Estimativa de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG), no Brasil, o setor de resíduos é responsável por 4% das emissões.

Apesar de os percentual ser baixo, o setor apresentou uma das maiores taxas de crescimento desde 2010. A agropecuária aumentou as taxas de emissões em 12% e o setor de energia em 17%. Enquanto isso, o setor de resíduos aumentou suas emissões em 31%.

Veja também nosso vídeo sobre sustentabilidade e capitalismo!

O que é compostagem?

A compostagem é o processo biológico (e natural) de decomposição da matéria orgânica. Essa prática reduz consideravelmente a contaminação dos aterros sanitários por agentes patógenos, causadores de doenças em humanos.

É uma prática sustentável e simples para lidar com o descarte de matéria orgânica. Também diminui a utilização de fertilizantes sintéticos, pois o produto da decomposição é um adubo natural rico em nutrientes. Mas o composto orgânico estável não é só um fertilizante. Ele também é condicionador de solo, bioestimulante e melhora a capacidade do solo de armazenar água.

A reciclagem dos resíduos orgânicos, ou seja, a compostagem, é a devolução dos resíduos orgânicos para o ciclo biológico. São consideradas três variáveis para definir a compostagem, o processo deve:

Ser aeróbico. Isso significa ter a presença de oxigênio. Sim, de ar!;

Ser biológico. Os fungos e bactérias fazem o trabalho, as pessoas manejam e monitoram;

Produzir um material estável. O composto, seu produto final, não possui variação de temperatura. O aumento da temperatura é um indicador que o processo de decomposição ainda está ocorrendo, por isso o produto ainda não é considerado material estável.

A não separação dos resíduos antes de descartá-los e a não participação na coleta seletiva ocasiona o descarte de todos os resíduos em lixões ou em aterros sanitários. Isso se torna, além de um problema ambiental, uma questão de saúde pública.

De acordo com o Instituto Pólis – Instituto de Estudos, Formação e Assessoria em Políticas Sociais – em 2019 o Brasil enviava apenas cerca de 0,5% dos resíduos sólidos urbanos para compostagem. Em escala grande, a nível municipal, uma das possibilidades para iniciar o processo é a parceria com as feiras livres, recolhendo o alimento desperdiçado para que seja compostado.

O desperdício de alimentos envolve um alto custo para toda a sociedade, considerando todos os gastos na cadeia produtiva dos alimentos. Quando os resíduos são descartados inadequadamente o prejuízo reflete em toda a sociedade, financeira e ambientalmente.

Pense bem, cada resíduo possui um tempo de decomposição diferente e os aterros sanitários estão a céu aberto. Esse cenário permite a entrada e a circulação de animais que são vetores de diversas doenças. Além disso, os resíduos descartados em lixões contaminam os lençóis freáticos e provocam fortes odores.

Quando não ocorre a separação adequada dos resíduos, os produtos que poderiam ser reciclados são desperdiçados. O descarte incorreto também impacta a vida e a renda de catadoras e catadores de resíduos sólidos que poderiam comercializar o produto descartado como “lixo”, por não ser reconhecida sua importância enquanto resíduo.

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Biodigestores

Biodigestores são equipamentos herméticos de baixo custo em que, por determinado tempo, se depositam materiais orgânicos para fermentar sem a presença de oxigênio. O uso de biodigestores é outra forma de se “reciclar” os resíduos orgânicos.

Esse armazenamento viabiliza um processo bioquímico conhecido como biodigestão anaeróbica, que produz o biogás – utilizado para gerar eletricidade ou calor – além de biofertilizantes, usado para enriquecer o solo em substituição aos fertilizantes químicos.

O biogás oferece uma alternativa importante na transição para economias circulares e na promoção da sustentabilidade ambiental. É composto principalmente por metano e dióxido de carbono, junto a pequenas quantidades de outros gases como nitrogênio, oxigênio e hidrogênio sulfetado.

Diversos países, como Alemanha, China e Estados Unidos estão se dedicando à produção de biogás impulsionados pelo reconhecimento de seus benefícios ambientais e energéticos dado sua fonte renovável. Devido a alta concentração de metano e de dióxido de carbono não pode ser considerada uma fonte limpa. Contudo, seu uso em substituição aos combustíveis fósseis contribui para a redução da poluição do ar.

Alimentos depositados em composteira doméstica. Imagem: AdobeStock

É possível ter uma composteira em casa?

Existem diversos tipos de composteiras que atendem a diferentes demandas, desde as mais baratas e simples às mais complexas. Assim, o processo pode ser feito em qualquer escala – da doméstica à industrial.

A compostagem pode ser implementada em qualquer lugar que existam alimentos e, por consequência, resíduos orgânicos como escolas, restaurantes, universidades, shoppings, hotéis, hospitais e órgãos públicos.

Segundo a Embrapa, em 2014 o Brasil produzia cerca de 242 mil toneladas de lixo urbano por dia. Você sabia que aproximadamente 60% do lixo gerado em sua casa é orgânico e pode ser transformado em adubo? Separar o lixo orgânico é um hábito que se adquire facilmente. É a primeira tarefa para realizar o processo de compostagem orgânica em casa.

A composteira caseira também é uma interessante ferramenta de educação ambiental para adultos e crianças. Alimentos crus ou cozidos, cascas, sementes, caroços, borra de café, guardanapos e papeis usados vão para o lixo orgânico. Resíduos de carne, restos de queijo, fezes de cachorro e papel higiênico não devem ser descartados na composteira doméstica. Vidro, metais, plásticos, embalagens longa vida e isopor vão para o lixo reciclável.

Estes são os materiais que serão necessários:

  • três baldes plásticos com tampa, de aproximadamente 15 litros – encontrados facilmente, como baldes de manteiga ou margarina;
  • um kit torneira de PVC de 1/2 polegada;
  • uma furadeira ou retífica;
  • uma meia calça de nylon ou uma tela de malha bem fina;

Primeiramente, numere os baldes de 1 a 3, ao final eles serão empilhados. Faça vários furos no fundo e nas laterais superiores dos baldes 1 e 2. Recorte também as tampas dos baldes 2 e 3, para que o material passe entre os baldes.

Enquanto os restos de matéria orgânica se decompõem, o chorume é armazenado no balde 3. Fixe uma meia calça ou tela entre a boca e a tampa do balde 3. Esse procedimento auxilia a filtrar o chorume.

Por fim, instale a torneira na lateral do balde 3 a aproximadamente 3cm do fundo do balde. Através dessa torneira será coletado o chorume. Empilhe os baldes na ordem numérica, com o número 1 no topo. Os baldes 1 e 2 trocam de posições ao longo do processo e o 3 fica sempre fixo na base.

O balde 1 recebe uma base de terra vegetal ou substrato. Em seguida deposite os resíduos orgânicos da sua cozinha e do seu jardim. Eles são ricos em nitrogênio Sobre eles é necessário depositar matéria seca como folhas, serragem e galhos secos, que são ricos em carbono. Esses dois materiais serão adicionados aos poucos, de maneira intercalada, até encher o balde 1.

Quando o balde 1 estiver cheio, ele troca de lugar com o balde 2. Este estará vazio, pronto para começar o mesmo procedimento que foi feito no balde 1. Quando o balde 2 estiver cheio de matéria orgânica, trocará novamente de lugar com o balde 1, que após o processo de decomposição estará repleto de adubo.

A forma de verificar se o composto se transformou em adubo é observar se o conteúdo se tornou uma massa uniforme. O adubo quando pronto não possui cheiro, também não é possível identificar pedaços de alimento em meio ao composto. O tempo para os resíduos orgânicos de cozinha serem transformados em composto varia de 45 a 60 dias.

Para compreender melhor, assista alguns dos diversos vídeos que ensinam o passo a passo para fazer a sua composteira em casa!

E você, quer fazer a diferença e ser parte da Política Nacional de Resíduos Sólidos? Se sentiu inspirado(a) a fazer uma composteira em casa? Quando fizer, conte para a gente como foi o processo aqui nos comentários!

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Conteúdo escrito por:
Feminista, ambientalista, poeta, ativista pelo veganismo popular, graduanda em ciências socioambientais pela UFMG, cozinheira amadora e advogada com especialização em políticas públicas para a redução da desigualdade. Gosto de conversar sobre economia política, comida, saúde e bem viver.
Rath, Carolina. Compostagem: o que é e como fazer em casa?. Politize!, 23 de novembro, 2023
Disponível em: https://www.politize.com.br/compostagem-como-fazer/.
Acesso em: 9 de out, 2024.

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