Corredores Ecológicos: conectando a biodiversidade

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Corredores ecológicos. Imagem: Thiago Japyassu/ Pixels.
Corredores ecológicos. Imagem: Thiago Japyassu/ Pixels.

Uma das características que fazem o Brasil ser reconhecido mundialmente é a sua biodiversidade, ou seja, a riqueza de espécies que abriga em seu território. Mas, como nos últimos anos o desmatamento tem avançado no país, os corredores ecológicos surgiram, então, como uma forma para minimizar esse impacto.

Sendo assim, sabendo da necessidade de reduzir os impactos causados pelo homem na natureza, conheça também mais um termo, ou melhor, uma expressão para fazer parte do seu vocabulário ambiental: corredores ecológicos.

A partir da leitura desse texto entenda o que são e qual seu papel para a conservação de espécies e na manutenção da nossa biodiversidade

Leia também: Tudo sobre Unidades de Conservação

O que são corredores ecológicos?

Também chamados de corredores de biodiversidade, os corredores ecológicos são um instrumento importante para a conservação de espécies e manutenção da biodiversidade.

Em contexto nacional, têm como objetivo conectar áreas fragmentadas, ou seja, grandes áreas de cobertura vegetal nativa que foram reduzidas e separadas por atividades humanas, mais especificamente Unidades de Conservação (UCs), espaços territoriais e seus recursos ambientais, com características naturais relevantes, e legalmente instituídos pelo Poder Público

Devido às interferências da ação humana no meio ambiente, como por exemplo o avanço do agronegócio e a urbanização, viu-se como necessário demarcar áreas que ligam essas áreas protegidas, visando a comunicação e intercâmbio de espécies, auxiliando na manutenção dos processos ecossistêmicos do bioma em que o corretor se situa, e assim contribuir com a conservação das espécies locais.

Ou seja, essa é mais uma forma encontrada para somar esforços na preservação dessas áreas protegidas. 

Origem do conceito

O conceito de Corredor Ecológico é relativamente recente, surgiu entre as décadas de 1980 e 1990 em um contexto de discussões e debates na comunidade científica em busca de estratégias a serem utilizadas para a conservação da biodiversidade global.

No Brasil, foi incorporado à legislação em 1993 em um decreto já revogado, no qual abordava “exploração de vegetação que tenha a função de (…) formar corredores entre remanescentes de vegetação primária ou em estágio avançado e médio de regeneração”. 

Hoje, esses corredores estão amparados pela lei e estão associados às UCs, como instrumento de gestão de paisagem e ordenamento territorial, definido pelo Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza – SNUC (Lei 9.985, de 18 de julho de 2000), regulamentado pela Lei 9985/2000, a qual institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação, e seu Decreto 4340/2002. 

Quer entender mais sobre biodiversidade? Confira o conteúdo do Projeto Direito ao Desenvolvimento: Como conservar a biodiversidade por meio do ODS 15?

Qual a real importância dos corredores ecológicos?

De maneira prática, os corredores ecológicos promovem a ligação entre diferentes áreas dentro do ecossistema.

Com isso, proporcionam o deslocamento de animais, a dispersão de espécies vegetais por meio da propagação de sementes, o que leva ao aumento da cobertura vegetal.

Além disso, possibilitam a manutenção do fluxo de espécies entre fragmentos naturais e, com isso, a conservação dos recursos naturais e da biodiversidade.

Portanto, trata-se de uma estratégia para amenizar os impactos das atividades humanas sob o meio ambiente e uma busca ao ordenamento da ocupação humana para a manutenção das funções ecológicas no mesmo território.

Os corredores ecológicos fazem parte do planejamento ambiental. Eles permitem conciliar o desenvolvimento urbano às atividades econômicas no espaço, buscando contornar as consequências da fragmentação dos habitats e, assim, conectá-los de forma a proporcionar o fluxo de diferentes espécies e populações em um mesmo espaço.

Isso também permite o enfrentamento da vulnerabilidade hídrica e climática por meio de uma ação efetiva para a proteção das florestas e da sociobiodiversidade nas Américas do Sul e Central, promovendo o desenvolvimento regional e o fortalecimento das conexões entre os povos.

Ao preservar a cobertura vegetal e permitir uma boa saúde deste local, contribui para o combate do aquecimento global, por exemplo, e com o combate de ações climáticas.

E não para por aqui.

Os corredores ecológicos também são uma forma de cumprir com as metas estabelecidas e firmadas em diversos acordos internacionais e multilaterais de preservação do meio ambiente meio ambiente dos quais o Brasil faz parte.

Veja também nosso vídeo sobre queimadas no Pantanal e na Amazônia!

Gestão

O planejamento desses pontos de ligação é determinado por um plano de manejo da Unidade de Conservação ao qual esteja associado, além do âmbito ambiental, incluem medidas voltadas a sua integração à vida econômica e social das comunidades locais e vizinhas.

Desse modo, leva a ideia de se caracterizar como elemento de um desenvolvimento territorial sustentável, uma iniciativa que promove a conservação das áreas de interesse a serem protegidas. 

A determinação para a criação e desenvolvimento desses pontos de ligação entre as UCs é baseada em uma série de estudos locais, desde as espécies que compõem esse ecossistema, área de vida e condições locais até os deslocamentos e a distribuição de suas populações.

Com essas informações são estabelecidas as regras para a utilização destas áreas. Após esses estudos, os corredores ecológicos só se tornam oficiais quando ganham reconhecimento do Ministério do Meio Ambiente.

Corredores Ecológicos do Brasil

Até o momento, o Ministério do Meio Ambiente reconheceu formalmente três corredores ecológicos federais:

  1. Corredor Capivara-Confusões: conecta o Parque Nacional da Serra da Capivara ao Parque Nacional da Serra das Confusões.
  2. Corredor Caatinga: engloba 8 unidades de conservação entre os estados de Pernambuco, Bahia e Sergipe.
  3. Corredor Ecológico Santa Maria: composto pela Bacia do Rio Apepú, a Reserva Particular do Patrimônio Natural Estadual da Fazenda Santa Maria, a Fazenda Santa Maria, a Bacia do Rio Bonito e a sua conexão com as áreas protegidas do Lago Itaipu, no Estado do Paraná. 

Há também os corredores estaduais, como os da região sul do Brasil, sendo dois em Santa Catarina: Corredor Ecológico Chapecó e Corredor Ecológico Timbó, ambos protegendo remanescentes das Mata das Araucárias e Campos de Altitude, além da região que abriga terras indígenas.

E há outro no Rio Grande do Sul: Corredor Ecológico da Quarta Colônia, o qual envolve a proteção dos biomas Mata Atlântica e Pampas no estado. 

Corredores ecológicos no Brasil. Imagem: Renan Bomtempo/ Pexels.
Corredores ecológicos no Brasil. Imagem: Renan Bomtempo/ Pexels.

Corredores Ecológicos pelo mundo

É importante deixar claro que os corredores não são exclusivos do nosso país.

Na Europa, aparece com o nome de corredores verdes, como o que conecta os Pireneus aos Cárpatos e engloba também os Alpes, o Maciço Central e a região dos Balcãs, conectando o sudoeste da Europa à Europa Oriental.

Neste caso, tem como principais objetivos:

  • Ligação entre os ambientes montanhosos;
  • Criação de corredores nesses ambientes elevados e próximos a corpos d’água;
  • Proteção especial dos grandes carnívoros.

Outro exemplo é o corredor biológico Mesoamericano, uma ponte que permite conectar a vida selvagem entre as porções Norte e Sul do continente americano, e envolve oito países – México, Guatemala, Honduras, Belize, El Salvador, Nicarágua, Costa Rica e Panamá. 

Situação atual e perspectiva para o futuro

Sabendo que a fragmentação de áreas leva a perda da biodiversidade e que o desmatamento tem avançado no país, vale reforçar a importância de criar e manter esses pontos de comunicação entre locais com alta biodiversidade. 

Por isso, eles não param por aí, hoje, existem pelo menos outros sete corredores ecológicos em fase de implementação e estudo pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

Cinco deles estão na Amazônia: Corredor Central da Amazônia, Corredor Norte da Amazônia, Corredor Oeste da Amazônia, Corredor Sul da Amazônia e Corredor dos Ecótonos Sul-amazônicos, não só a nível nacional como também abrangendo países vizinhos.

E outros dois em região de Mata Atlântica: Corredor Central da Mata Atlântica e Corredor Sul da Mata Atlântica (ou Corredor da Serra do Mar).

Nesse cenário, o Ministério do Meio Ambiente tem mostrado maior foco e concentrado seus esforços, inicialmente, no Corredor Central da Mata Atlântica (CCMA) e no Corredor Central da Amazônia (CCA).

A Politize! espera que você tenha compreendido o termo Corredores Ecológicos e que ele envolve questões complexas de relações entre meio ambiente e ser humano. Caso tenha alguma dúvida, deixe nos comentários!

Referências:
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Conteúdo escrito por:
Paranaense, graduanda em Ciências Biológicas- Licenciatura e Bacharel pela Universidade Estadual de Londrina. Curiosa, desde criança apaixonada não só pela natureza mas por toda relação com que temos com o meio, conforme crescia o interesse acompanhava. Durante a graduação, encantei-me com assuntos envolvendo a educação, assim comprei a luta em busca de uma educação de qualidade que possa chegar a um maior número de pessoas possíveis respeitando sempre cada individualidade.
Tartari, Letícia. Corredores Ecológicos: conectando a biodiversidade. Politize!, 3 de junho, 2022
Disponível em: https://www.politize.com.br/corredores-ecologicos/.
Acesso em: 10 de out, 2024.

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