a imagem mostra um castelo construído durante o feudalismo

5 pontos para entender o feudalismo

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O feudalismo foi um tipo de organização social que precedeu os acontecimentos responsáveis pela construção do mundo como conhecemos hoje. As ideias de liberdade de pensamento, liberdade religiosa e igualdade começam a ser formuladas em um longo processo após o fim deste período histórico. Como, então, se organizavam as sociedades que viviam sob este regime?

Neste texto da Politize!, além de entender 5 pontos essenciais do feudalismo, você compreenderá como eles se diferenciam frente ao capitalismo. Continue na leitura!

Ponto 1: a dominação pessoal no feudalismo

O fim do Império Romano, a partir da invasão dos visigodos e ostrogodos em 476 d.C, marca o início do feudalismo na história ocidental. A crise do sistema de produção Imperial, devido à falta de escravos, forçou os romanos a deixarem as cidades e a se deslocarem rumo aos campos. Nesses novos espaços, eles se organizaram em pequenos agrupamentos – os feudos – e passaram a viver dos frutos da terra.

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Contudo, a divisão da sociedade era bem demarcada e rígida, quase nunca podendo ser violada. Ela possuía o seguinte formato quando falamos em feudalismo:

  • Clero: aqui se situavam os membros da igreja e, por conseguinte, os que detinham maiores poderes econômicos e sociais;
  • Nobreza: este estamento era ocupado pelos reis e pelos senhores feudais, os quais ostentavam um poder simbólico. A posse de terras garantia a eles maior controle social, como a administração das leis;
  • Servos: estes detinham a propriedade de suas ferramentas de trabalho e não eram donos de nenhuma terra, sendo obrigados, portanto, a trabalhar para os senhores.

Após a exposição da maneira como se organizavam as camadas sociais no feudalismo, podemos passar ao entendimento de como eram as relações entre elas, tendo como foco aquela que se desenvolvia entre senhores e servos. O tipo de dominação existente entre estes dois atores era pessoal. Isso quer dizer que o senhor exercia um poder direto sobre os servos, ficando explícita a violência e brutalidade deste vínculo durante o feudalismo.

Veja também: o que é uma monarquia?

Ao servo nada pertencia senão os instrumentos com os quais trabalhava, não tendo controle até mesmo de suas necessidades enquanto ser. Além disso, eles ficavam sujeitos ao pagamento de tributos pelo uso da terra.

Em contraste com a dominação pessoal no feudalismo, podemos nos referir ao tipo de dominação que se desenvolve com o surgimento das sociedades capitalistas, qual seja, a dominação impessoal ou burocrática. Esta, por sua vez, não é exercida de uma pessoa a outra diretamente, mas sim através da mediação do Estado. No capitalismo, essa é uma instituição “neutra” perante os grupos sociais, e tem como o seu instrumento o Direito, cuja função se resume a “equiparar” os membros da sociedade por meio da lei.

Vitral de São Thomas de Aquino.
São Thomas de Aquino. Imagem: Pixabay

Ponto 2: a produção voltada para a subsistência era central no feudalismo

A produção no interior da sociedade também é diferente no feudalismo se comparada a outros modelos societais. Apesar de ser um ponto que suscita muitas divergências entre os pesquisadores, é fato que nos feudos a maior parte da produção era destinada à subsistência. Assim sendo, esta forma ficou conhecida como autarquia, e os senhores e seus dependentes produziam os bens de que necessitavam. Era pouca ou nula a existência de excedente produtivo nestes casos.

Por outro lado, uma das finalidades do capitalismo é a maior produção de mercadorias em menor tempo, sendo inevitável a existência de excedentes. Isso ocorre porque todas as mercadorias servem para ser trocadas no comércio de forma a gerar lucros, e não para lidar com a subsistência.

Veja também nosso vídeo sobre o que é capitalismo!

Ponto 3: a atividade mercantil

Este ponto está diretamente relacionado ao anterior. No feudalismo, tanto o comércio quanto a atividade mercantil tiveram peso importante no desenvolvimento das forças produtivas. Ainda assim, ambos existiam separados da produção de bens, de maneira irregular e em dimensões reduzidas. A produção dominante nos feudos visava à subsistência. O que se destinava ao comércio eram apenas os raros excedentes, e, dessa forma, a atividade mercantil ocupava uma posição secundária durante este período histórico.

Em contrapartida, no capitalismo os mercados desempenham um papel dominante, e não reduzido. Neste sistema, a própria forma produtiva implica a criação do mercado, já que é apenas com a circulação dos bens que se inicia um novo ciclo econômico. Em complemento, o regime capitalista somente pode sustentar suas engrenagens por meio da concorrência permanente no processo de escoar as mercadorias.

Ponto 4: a estrutura dos feudos

A maneira pela qual as cidades e habitações se organizavam variava de acordo com as funções existentes em cada uma delas. Como discutido anteriormente, há muitas diferenças entre produção, dominação e troca nos sistemas feudal e capitalista. Não é de se espantar, logo, que também haja diferenças consideráveis na estruturação das cidades entre eles.

Primeiramente, podemos citar as vias de comunicação e estradas. No feudalismo, as redes de estradas existiam apenas como requisitos administrativos, e não eram exigidas pelo comércio. A despeito disso, ainda assim eram nelas que as trocas aconteciam mais frequentemente. Melhor dito: no feudalismo, as estradas existiam apesar do comércio, e não como forma de ampliá-lo ou como resposta às suas necessidades.

Em segundo lugar, podemos elencar o processo de expansão urbana. Como no feudalismo a tecnologia se limitava a poucos instrumentos e técnicas, a produção de alimentos não se intensificava. Isto, por sua vez, impedia que a população crescesse e que os feudos e cidades ampliassem seus tamanhos.

A situação se desenrola de outra maneira no capitalismo. Como o comércio, o escoamento de mercadorias e a troca desempenham papéis centrais nele, ou seja, como a existência desses três fatores condiciona a existência do próprio sistema, toda a rede de transportes, de comunicação e de estradas deve corresponder às necessidades de ampliação e expansão das cadeias comerciais.

A consequência deste processo é a intensificação produtiva, o que leva ao incremento da quantidade de alimentos e, dessa forma, o aumento da população. Este último, aliado ao progresso tecnológico, condiciona o crescimento desenfreado das cidades.

Catedral típica do feudalismo.
Catedral de Notre Dame, arquitetura Românica típica na Era medieval. Imagem: Pixabay

Ponto 5: as trocas

Nos tópicos anteriores, você pôde perceber o papel mais ou menos central do comércio e das trocas nos dois sistemas citados. No entanto, como a troca ocorria no feudalismo e como ocorre no capitalismo? Este é, novamente, um tema que levanta polêmicas entre os pesquisadores, sobretudo quando se fala da função da moeda.

Todavia, podemos nos aprofundar um pouco mais nas qualidades distintas da troca feudal e da troca capitalista. De maneira geral, no feudalismo as trocas eram diretas, enquanto que no capitalismo elas são mediadas por uma espécie de parâmetro: o valor, o qual é representado por meio do dinheiro. As trocas diretas, nesse sentido, ficaram sendo conhecidas pelo nome escambo, enquanto que as indiretas são chamadas de trocas monetárias.

Conclusão

Ainda que as características centrais do feudalismo sejam muito estudadas pelos historiadores e pelas pessoas em geral, isso não é obstáculo para erros e confusões. Revisitar os conceitos e as diferenças nos mantêm atualizados, o que é de importância indiscutível para um debate de ideias democrático e razoável.

Após concluir a leitura do tema exposto, é mais provável que você concorde ou discorde com as ideias apresentadas? As ciências humanas possuem uma grande abertura para a discussão, e isso é essencial para o desenvolvimento dos saberes.

E aí, conseguiu entender melhor as diferenças entre os dois sistemas? Deixe sua opinião e dúvidas nos comentários!

Referências
  • História do mundo – Feudalismo
  • Bernado, João Bernardo. O Inimigo Oculto – Ensaio Sobre a Luta de Classes; manifesto anti-ecológico. Afrontamento, Porto, 1979.
  • Marx, Karl Marx. O Capital [livro III]: Crítica da Economia Política – O Processo Global da produção capitalista. [1867] (trad. Rubens Enderle). São Paulo : Boitempo, 2013
  • Mascaro, Alysson. Introdução ao Estudo do Direito. São Paulo: Atlas, 2022.
  • Salinas, Samuel Sérgio. Do feudalismo ao capitalismo: transições. Atual, 2004.
  • Weber, Max. A ética protestante e o espírito do capitalismo. Antônio Flávio Pierucci (Ed.) São Paulo: Companhia das Letras, 2004.

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Conteúdo escrito por:
De Ribeirão Preto, bacharel e licenciado em Ciências Sociais pela UNESP Araraquara, gosta de ciência política e economia, e acredita em um mundo socialmente mais justo. Já atuou como professor de cursinho popular e ama a área da educação.

5 pontos para entender o feudalismo

22 abr. 2024

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