O que é capitalismo

Capitalismo: entenda como funciona esse sistema de produção!

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Você certamente sabe que vivemos em um mundo capitalista, mas afinal, o que isso significa? Quais são as características da nossa sociedade hoje que fazem com que nossas economias sejam consideradas capitalistas? Nós já te contamos como o sistema capitalista surgiu e por quais fases o capitalismo passou desde seu início, em meados do século XV –  se ainda não viu, vai lá conferir!

Agora, o Politize! vai te explicar o que é o capitalismo, como ele funciona e quais são as principais vantagens e desvantagens desse modo de produção, adotado na maior parte dos países do mundo.

O que é capitalismo?

O capitalismo é um sistema econômico que visa ao lucro e à acumulação das riquezas e está baseado na propriedade privada dos meios de produção. Os meios de produção podem ser máquinas, terras, ou instalações industriais, por exemplo, e eles têm a função de gerar renda por meio do trabalho.

Há duas classes sociais principais nesse sistema: os capitalistas (ou burgueses) e os proletários (ou trabalhadores). Os capitalistas são os donos dos meios de produção, eles empregam os trabalhadores e a eles pagam salários. Os proletários, por sua vez, oferecem sua mão-de-obra para realizar determinado trabalho em troca de uma remuneração. Podemos dizer que o capitalismo é o oposto do socialismo, pois este defende a propriedade social dos meios de produção – não a propriedade privada.

No capitalismo, a comercialização dos produtos é realizada em um mercado livre, com pouca ou nenhuma interferência do Estado. Nesse caso, as empresas vendem seus produtos conforme as leis da oferta e da demanda. Ou seja, conforme a quantidade de produtos que são produzidos e estão em estoque, e também de acordo com a procura dos consumidores pelos serviços e bens de consumo.

Vamos pensar no exemplo de uma indústria automobilística: os capitalistas são os sócios da empresa, são eles os donos de todas as máquinas usadas na produção dos carros e de tudo o que envolve a distribuição destes ao final do processo, como caminhões, softwares de distribuição e lojas.

Os proletários trabalham para essa indústria e recebem um salário como retribuição de suas atividades. Ao final do processo, depois que os carros são vendidos, os capitalistas recebem o dinheiro pago pelos compradores. Deste dinheiro, uma parte é paga em salários, outra parte é paga em impostos, taxas e custos de funcionamento – estes são alguns exemplos – e o restante é o lucro da indústria. O lucro pode ir para os sócios, ou então, pode ser reinvestido na empresa para ampliação de suas atividades.

Principais características do capitalismo

Para ficar ainda mais fácil de entender como funciona esse sistema, nesta seção vamos explicar algumas das principais características do capitalismo:

Propriedade privada dos meios de produção

Para o funcionamento do capitalismo, é necessário que o Estado garanta a propriedade privada. Com a propriedade privada garantida, os capitalistas – detentores de terras, maquinários ou qualquer outro meio de produção – são livres para utilizá-la da forma como desejam, afinal, são os donos desses recursos.

Busca pelo máximo lucro e pela acumulação de riquezas

O objetivo do capitalismo é a obtenção de lucros cada vez maiores e esses lucros são decorrentes do trabalho dos proletários nos meios de produção – fábricas, comércio, agricultura. Para a maximização do lucro é comum que os donos dos meios de produção reduzam ao máximo os custos de suas atividades e elevem os preços dos produtos ou serviço o quanto for possível.

Economia de mercado (e a lei da oferta e da demanda)

Em uma economia de livre mercado, os bens e serviços são distribuídos de acordo com a lei da oferta e demanda e há pouca interferência do Estado. Segundo essa lei, para os produtores, ou seja, para aqueles que produzem e vendem os bens, quanto mais alto o preço do produto, mais interesse ele tem em vendê-lo e por consequência, maior a quantidade ofertada. Se o preço do produto for muito baixo, os produtores vão ter pouco estímulo a permanecer no mercado, pois terão baixos lucros.

Pelo lado da demanda, o comportamento é oposto, pois os consumidores vão ter mais interesse em consumir um produto, quanto mais baixo for o seu valor. É uma relação bem simples, pense com a gente: se você está com sede e pretende comprar uma água, você provavelmente comprará apenas uma garrafa se considerar seu valor alto, mas se ela estiver barata, você vai considerar comprar uma quantidade maior.

Quando há um intensa competição entre os capitalistas, aquele que reduzir os preços, conseguirá vender mais. Nessa dinâmica, os consumidores buscam sempre os menores preços e os donos dos meios de produção buscam sempre os maiores lucros.

Você pode saber mais sobre livre mercado neste vídeo:

Trabalho assalariado

O trabalho assalariado do sistema capitalista substituiu as relações servis e escravocratas dos séculos de feudalismo. No sistema capitalista, os proletários trabalham para os burgueses e recebem um salário em troca de sua força de trabalho.

O trabalho assalariado no capitalismo é fundamental para a manutenção do sistema, afinal, é com o salário que os trabalhadores compram bens e serviços e garantem o funcionamento do sistema. Como a classe dos trabalhadores é muito maior que a classe dos burgueses, é imprescindível que eles possam consumir, caso contrário, faltaria demanda.

Apesar de o capitalismo se basear no trabalho assalariado, sabe-se que práticas próximas ao trabalho escravo ainda são comuns no mundo. E no Brasil, será que ainda existe trabalho escravo?

Existência de classes sociais (capitalistas e proletários)

Esta é uma das características que mais geram críticas ao funcionamento do capitalismo. Isso porque, de um lado, existe uma pequena parcela da população que é detentora dos meios de produção e, a partir da acumulação de riquezas, eleva o seu poder econômico. E de outro, um número muito grande de proletários trabalham para garantir a satisfação de suas necessidades.

Por inúmeras razões, como qualificação profissional e oportunidades de educação, por exemplo, alguns trabalhadores conquistam bons salários, o que lhes permite condições confortáveis de vida e até mesmo ascensão social. Mas por outro, uma grande parcela da população recebe salários baixos, o que pode diminuir as condições de mobilidade na escala social.

Foto: Pixabay
Foto: Pixabay

Os países adotam um capitalismo puro?

Um capitalismo puro, onde não exista a interferência do Estado, não existe. Os países adotam diferentes formas de intervenção estatal, alguns reduzem o papel do Estado à regulação dos mercados e oferta de serviços básicos, como educação, saúde e segurança. Outros países tem ações no sentido de planejar a economia com investimento do Estado em determinados setores, por exemplo.

Um dos papeis importantes do Estado no capitalismo é a garantia da propriedade privada, pois é o Estado que reconhece juridicamente a propriedade dos bens dos indivíduos. Com relação ao papel do Estado, alguns países adotam um modelo mais capitalista, com pouca interferência estatal e diversos serviços privatizados, aproximando-se do liberalismo econômico. Outros optam por maior interferência do Estado e garantia de serviços básicos à população,  o que chamamos de Estado de bem-estar social.

Algumas vantagens do capitalismo

Competição reduz o valor dos bens de consumo: nos mercados onde há grande concorrência, as empresas competem entre si para vender mais seus produtos. Como o preço é um dos principais fatores de decisão de compra dos trabalhadores, as empresas adotam estratégias para diminuir o preço final.

Preços mais baixos podem aumentar o acesso – principalmente das camadas mais baixas da sociedade – a bens de consumo que seriam mais caros em um mercado não competitivo.

Empresas eficientes: a eficiência das empresas também está intimamente relacionada à competição. Como os consumidores têm a liberdade de escolher as empresas para comprar um bem ou contratar um serviço, é lógico que elas busquem aquelas que, além do menor preço, tenham um melhor atendimento, uma entrega mais rápida e por aí vai.

Inovação: o capitalismo gera uma dinâmica em que empreendedores buscam constantemente desenvolver novos produtos e serviços para satisfazer ou até criar as necessidades e, então,  obter lucros a partir deles. Assim, o capitalismo cria um mercado com muitas opções de escolha para os consumidores e novidades surgindo constantemente.

Consumidores são livres para escolher: nesse mercado de alta concorrência entre as empresas e grande diversidade de produtos e serviços oferecidos, o consumidor irá analisar as ofertas e decidir o que deseja adquirir. É claro que sua liberdade está relacionada ao seu poder de compra, mas considerando essa limitação, ele têm a liberdade de escolha.

Algumas desvantagens do capitalismo

Desigualdade social: como o objetivo principal do capitalismo é a obtenção do lucro e da acumulação de riquezas, o que ocorre nesse sistema é o enriquecimento de uma pequena parcela da população – geralmente os proprietários dos meios de produção – e o empobrecimento das camadas mais baixas.

Como existe grande concorrência e os capitalistas desejam aumentar suas vendas, eles reduzem os seus custos de produção. Já que os salários são um dos custos de produção, é comum que eles sejam reduzidos. Assim, a desigualdade social entre as classes se intensifica.

Crises econômicas: a dinâmica do capitalismo leva a economia a momentos de crescimento e recessão de maneira cíclica, isto é, em alguns momentos se produz e se vende muito e há muita oferta de empregos, e em outros ocorrem as crises econômicas. As mais famosas crises do sistema capitalista foram: a depressão de 1929 e a crise de 2008.

Enquanto a primeira foi uma crise de superprodução – muitos produtos em estoque e poucos compradores -, a segunda foi uma crise financeira, resultado de um colapso no sistema de especulação nos Estados Unidos.

Você pode saber mais sobre o assunto no texto que o Politize! preparou sobre crises econômicas!

Concentração do poder econômico: na busca pelo lucro e pela acumulação de capital, algumas empresas podem se tornar tão poderosas economicamente que passam a controlar o mercado. No caso de um monopólio – quando uma empresa sozinha domina o mercado – o elemento concorrência desaparece.

Como vimos ali em cima, a concorrência é um fator positivo do capitalismo, pois além de oferecer diversas opções aos consumidores, também garante que os preços sejam menores. Em um mercado monopolizado, as empresas podem cobrar quanto desejam – e quem sai prejudicado nesse cenário é o consumidor.

Externalidades negativas: um conceito importante em economia são as externalidades. As externalidades são efeitos colaterais de uma decisão que recaem sobre aqueles que não estão envolvidos na ação. Uma das externalidades negativas mais comuns do sistema capitalista é a poluição. Muitas empresas, ao desenvolverem suas atividades, acabam por eliminar poluentes na natureza, contaminando o ar, a água e o solo, por exemplo, o que prejudica a população como um todo.

Afinal, o capitalismo é bom ou ruim?

Você já deve ter presenciado discussões de defensores e opositores ao capitalismo – é um debate que está na boca do povo. Mas afinal, será que o sistema capitalista é a melhor opção? Será que viveríamos em uma sociedade mais justa se adotássemos um sistema econômico diferente?

Essas perguntas não são simples de se responder, pois todos os modos de produção – feudal, capitalista, comunista – têm suas vantagens e desvantagens. É como vimos nesse texto, por um lado, o capitalismo permite uma diversidade muito grande de opções e incentiva inovações, mas por outro intensifica a desigualdade social e causa prejuízos ao meio ambiente.

A gente continua esse debate aqui no vídeo! Não deixe de conferir.

O que aprendemos neste texto?

Como vimos nesse texto, o capitalismo é um sistema econômico que visa o lucro e a acumulação de riquezas e está baseado na propriedade privada dos meios de produção e na divisão de classes. Um sistema capitalista puro seria aquele onde não existe a intervenção do Estado, mas em geral, todas as economias contam com a participação do Estado de alguma maneira. 

Bom ou mau? O capitalismo, assim como os outros modos de produção tem vantagens e desvantagens e entender os argumentos de ambos os lados pode ajudar a compreender melhor o funcionamento e as implicações desse sistema. Agora que você já sabe o que é o capitalismo, que tal descobrir um pouco mais sobre o socialismo

Veja  abaixo o infográfico que preparamos para você com todas essas informações resumidas!

Infográfico Capitalismo

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Referências do texto:
Infoescola – Capitalismo

The balance – Capitalism, its characteristics, with pros and cons

Economipedia – Capitalismo

Economics help – Pros and cons of capitalism

Bizfluent – Advantages and disadvantages of the capitalism system


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6 comentários em “Capitalismo: entenda como funciona esse sistema de produção!”

  1. Filipe Rodrigues de Sousa

    O capitalismo tem seus lados bons e ruins, então não dá pra definir se o capitalismo é ruim ou bom, pois tem vantagens e desvantagens, as vantagens são as diminuições de preços, os mercados competem pra ver quem tem o preço mais baixo, pois era isso que o consumidor procurava, já a desvantagem é a poluição das máquinas

  2. Mauro Borges de Lima

    Mestre Talita, Boa tarde!. Tudo bem?
    2022.
    Capitalismo com a regulação/maior participação do estado.
    ESG com rigor e controle/empenho de todos.
    Créditos de carbono como incentivo e determinante para empresas e colaboradores é sociedade.
    B3
    Mercado aberto para pessoas físicas.
    Cada vez mais as mulheres empreendendo e marcando presença na B3 – fundamental o perfil do femenino por sua natureza e sensibilidade e competência.
    Século 21 com metas necessária e fundametais para a espécie humamana e/ou – biodiversidade.
    Será, que não estamos no caminho certo?
    Grato.

  3. O Sistema capitalista há muito tempo não se regula pela competição, e sim pelo corporativismo. Se falta um produto para um, falta para todos. Existe, também, a estratégia de retirar do mercado produtos para que o preço se mantenha. E nisso o corporativismo entre as empresas é muito forte. Um grande exemplo foi a grande produção de tomate jogada, em 2019, onde a jogada entre eles era diminuir a oferta para aumentar o preço. Não existe competição, existe corporativismo. O resto é marketing.

  4. Francisco Eduardo Almada Prado

    Sou a favor das teorias de Keynes . E contra o neoliberalismo, ou capitalismo selvagem , onde a lei do mais forte forma monopólios e oligopólios e submetem as populações e até os governos ao seus interesses particulares. A participação do governo é fundamental ,. É seu dever proteger seu povo , que o elege para esse fim .Defendê-lo tanto da exploração interna , quanto externa , garantindo a sua soberania e autodeterminação , acima de tudo .

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Conteúdo escrito por:
Formada em Economia pela UFPR e mestranda em Planejamento Territorial na UDESC. Acredita que pessoas bem informadas constroem uma sociedade mais justa.

Capitalismo: entenda como funciona esse sistema de produção!

18 mar. 2024

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