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Saiba o que foi a Guerra do Golfo

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A Guerra do Golfo pode ser considerada uma consequência de conflitos entre países como Iraque, Kuwait, Árabia Saudita e Estados Unidos na década de 1990.

Desde a década de 1970, estes países estão lutando para ter maior acesso ao petróleo do Oriente Médio, além de um bom preço por ele.

Neste texto, a Politize! te ajuda a entender o motivo pelo qual estes países se envolveram nesta guerra e quais foram os desdobramentos disso.

Mapa da região.
Mapa da região. Crédito: National Army Museum.

O que foi a Guerra do Golfo?

A Guerra do Golfo aconteceu entre 02 de agosto de 1990 e 28 de fevereiro de 1991 no Oriente Médio. O conflito teve como motivação a invasão do Kuwait por tropas do Iraque, sob o regime de Saddam Hussein, resultando em uma coalizão internacional com o intuito de expulsar as tropas iraquianas.

Ao falarmos sobre a Guerra do Golfo é preciso voltar no tempo e entender o que aconteceu durante a Guerra Irã-Iraque uma década antes.

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Guerra Irã-Iraque

Apesar de a Guerra do Golfo ter acontecido na década de 1990, a tensão entre iraquianos e kuwaitianos remete aos anos 1980, durante a Guerra Irã-Iraque.

Esse conflito foi travado entre as duas nações entre 1980 e 1988. Os EUA visavam barrar o avanço da Revolução Islâmica, que havia acontecido no Irã em 1979, com medo do poder islâmico ganhar força. Assim, usou o Iraque e o Irã a seu favor.

A Revolução Islâmica teve início em janeiro de 1979 quando o governo do xá Reza Pahlevi, no poder desde a década de 1940 e aliado aos Estados Unidos, foi derrubado. O movimento já vinha desde 1978, quando as diversas correntes de oposição ao xá se uniram sob a liderança de Khomeini.

Dois meses depois, em 1º de abril, um plebiscito referendou o governo provisório do aiatolá Khomeini. O Irã foi declarado oficialmente uma república islâmica, que, em plena Guerra Fria, não se aliava nem com os EUA, nem com a União Soviética.

O conflito Irã-Iraque, então, começou com um ataque surpresa realizado pelo Iraque com o auxílio de uma série de nações, entre as quais estão os Estados Unidos, França e Reino Unido, que forneceu armamentos e treinamento militar aos soldados iraquianos.

Financeiramente, o Iraque recebeu empréstimos de nações vizinhas – Kuwait e Arábia Saudita – ambas interessadas em enfraquecer os xiitas que governavam o Irã. O conflito estendeu-se até 1988 e terminou com um impasse, uma vez que nenhuma das duas nações conseguiu impor-se militarmente.

Mais tarde, o empréstimo feito por Kuwait para o Iraque resultaria na Guerra do Golfo.

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Como aconteceu a Guerra do Golfo?

Após a guerra, a economia iraquiana estava em crise. A maior fonte de renda do país era o petróleo, mas o valor do barril havia caído drasticamente. Em janeiro de 1990, o barril de petróleo era vendido a 21 dólares e em meados do mesmo ano, a 11 dólares. O governo iraquiano acusou o governo kuwaitiano de ser o responsável por essa redução, como estratégia para aumentar sua exportação. O Kuwait negou as acusações na época.

A relação entre Iraque e Kuwait sofria com outras fontes de desgaste. Saddam Hussein acusou o Kuwait de roubar petróleo iraquiano ao explorar poços em região de fronteira e passou a exigir a devolução das doações cedidas durante a Guerra Irã-Iraque. Hussein acreditava que a Guerra também havia servido aos interesses de Kuwait e por isso não havia necessidade de cobrá-los. As acusações foram negadas pelo Kuwait.

O Kuwait, então, negou ceder duas ilhas para que o Iraque pudesse ter maior acesso ao Golfo Pérsico.

Moeda estampando Saddam Hussein.
Saddam Hussein. Crédito: Adobe Stock.

Além disso, o Iraque, detentor do 4º maior exército do mundo à época, entendeu que se invadir e anexar ao seu território o Kuwait, e depois, a Arábia Saudita, passaria a ter metade das reservas petrolíferas do mundo. Com este monopólio, ele controlaria o preço e a oferta, ajudando sua economia.

Para os interesses internacionais e especialmente os dos EUA, esse monopólio prejudicaria as negociações, dado que o Iraque estaria exercendo um controle desproporcional no preço do petróleo. Assim, a Guerra do Golfo foi um ponto de inflexão na estratégia americana no coração energético mundial e ficou conhecida como uma guerra por petróleo.

Ou seja, os EUA se viram ameaçados pelo plano de Saddam Hussein e se envolveram na guerra, mediando as negociações, porém fracassou. Com isso, Saddam Hussein ordenou a invasão do Kuwait, iniciada em 02 de agosto de 1990.

Kuwait foi conquistado pelo Iraque em cerca de 12 horas, por ser um país pequeno e ter defesas militares simples.

Mapa da região.
Mapa da região. Crédito: Wikimedia Commons.

O Iraque forçou a saída da família real do Kuwait para a Arábia Saudita, deixando o mundo alarmado, especialmente os EUA. Este enviou tropas ao Kuwait cinco dias após a invasão com o objetivo de resguardar a soberania saudita – maior aliado dos EUA no Oriente Médio – e impedir um eventual ataque iraquiano.

Visando a importância de manter o laço com Kuwait e Arábia Saudita, os EUA intervieram na guerra, ao lado do Reino Unido, primeiro por vias diplomáticas. Os países utilizaram o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU).

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Por meio da Resolução 660, em 2 de agosto, a ONU reprovou a invasão do Iraque e exigiu a retirada imediata das tropas iraquianas. Quatro dias depois, foi emitida a Resolução 661, impondo embargos ao Iraque e, assim, o país ficava proibido de receber importações por via aérea e marítima.

Como as resoluções da ONU não tiveram o efeito desejado, o presidente norte-americano, George Bush, ordenou o envio de tropas para a Arábia Saudita. Pouco depois, a ONU autorizou o uso de força militar para fazer valer o embargo ao país de Hussein. O envio das tropas aconteceu no dia 07 de agosto de 1990 e a resposta iraquiana ocorreu com o anúncio de anexação do Kuwait, transformando-o na 19ª província do Iraque.

Tropas de outros países começaram a ser enviadas para a Arábia Saudita e uma coalização internacional começou a se formar com aproximadamente 750 mil soldados.

Quais países se envolveram na guerra?

Os EUA foram o país mais importante na guerra além dos próprios Iraque e Kuwait, porém no total houve uma coalizão de 39 países liderados pelos EUA: Afeganistão, Argentina, Austrália, Bahrein, Bangladesh, Bélgica, Canadá, Czechoslovakia, Dinamarca, Egito, França, Alemanha, Grécia, Honduras, Hungria, Itália, Marrocos, Países Baixos, Nova Zelândia, Níger, Noruega, Omã, Paquistão, Polônia, Denmark, Portugal, Qatar, Arábia Saudita, Senegal, Serra Leoa, Singapura, Coreia do Sul, Espanha, Suécia, Síria, Turquia, Emirados Árabes e Reino Unido.

Como a guerra chegou ao fim?

As negociações continuavam, mas como não houve progresso, o Conselho de Segurança da ONU emitiu, no dia 29 de novembro de 1990, a Resolução 678, que autorizava intervenção militar internacional caso as tropas iraquianas não saíssem do Kuwait até o dia 15 de janeiro de 1991.

Como as tropas iraquianas não respeitaram a data imposta, os EUA iniciaram a intervenção na Guerra do Golfo por meio da Operação Desert Storm (Tempestade no Deserto). A partir do dia 17 de janeiro de 1990, os EUA deram início a uma série de ataques aéreos que se estenderam por 42 dias.

Aviões de guerra no ar.
Operação Desert Storm. Imagem: Store Norske Leksikon.

A Operação Desert Storm foi dividida em quatro fases e idealizada com ataques coordenados por ar, mar e terra. As baixas e os estragos no exército iraquiano foram decisivos para que, antes do anoitecer, o Iraque anunciasse que deixaria o Kuwait.

A estimativa de iraquianos mortos é incerta, mas beira os milhares, entre eles soldados e civis. Após esse último ataque, o presidente George Bush anunciou um cessar-fogo em 28 de fevereiro de 1991. A Tempestade no Deserto terminou 100 horas depois do início do ataque por terra.

Saddam Hussein se manteve no poder e em 2003, ele foi capturado em consequência do atentado terrorista de 11 de setembro de 2001, realizado pelo grupo afegão Al-Qaeda, liderado por Osama Bin Laden.

Em março de 2003, o presidente dos EUA, George W. Bush, e o primeiro-ministro do Reino Unido, Tony Blair, justificaram uma invasão ao Iraque como parte de uma missão da coalizão que era “desarmar o regime iraquiano, encerrar o apoio de Saddam Hussein a organizações terroristas e libertar o povo iraquiano”.

Importância da área do Golfo Pérsico

A Guerra do Golfo foi parte de uma série de conflitos na região do Golfo Pérsico. Isso se deve porque a região abriga a maior reserva de petróleo do mundo, o que há décadas desperta a cobiça das nações mais industrializadas. O Golfo Pérsico serve de passagem para navios petroleiros que abastecem diversos países.

Consequências

Enquanto saíam do território kuwaitiano, as tropas iraquianos incendiaram cerca de 700 poços de petróleo. Os incêndios estenderam-se por todo o ano de 1991, e o último incêndio só foi apagado no dia 6 de novembro. Ao final dos incêndios, o Kuwait perdeu cerca de 1 bilhão de barris de petróleo, o que correspondia até 2% das reservas do país.

No total, 382 soldados americanos morreram, e as mortes dos soldados iraquianos são incertas — os números variam de 1500 a 100 mil. Já a estimativa das despesas relacionadas à Guerra do Golfo é de US$61 bilhões, com os EUA fornecendo US$54 bilhões.

Outro ponto que fez a Guerra do Golfo ser importante para a história, é ter sido a primeira guerra televisionada com transmissão via satélite, catapultando à notoriedade a rede de televisão CNN, que cobriu o período 24h. Horrores foram transmitidos, chocando a população.

Incêndio em Kuwait.
Incêndio em Kuwait. Imagem: The US National Archives.

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Jornalista e defensora dos direitos humanos, acredito que uma boa comunicação e acesso a informação podem mudar o mundo. Sou paulista e descendente de árabe. Meu coração dividido por essa duas culturas é inteiramente apaixonado pelas pessoas e pelas artes.

Saiba o que foi a Guerra do Golfo

22 abr. 2024

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