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Guerras Napoleônicas: antes, durante e depois

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As Guerras Napoleônicas foram um marco não só na história da França, como também na história mundial. A ambição expansionista e a busca pela criação de um Império Francês fizeram com que Napoleão Bonaparte entrasse em choque com diversas nações europeias e até mesmo mudasse os rumos da vida política de países distantes, como foi no caso do Brasil.

Você quer entender melhor o que foi esse período, quais seus antecedentes e quais as suas consequências? Não se preocupe que a Politize! explicará tudo que você precisa saber sobre esse ponto chave da história mundial.

Imagem de cavalheiro em cima de cavalo em batalha.
Pintura de Napoleão Bonaparte – Jacques-Louis David.

Quais os antecedentes das Guerras Napoleônicas?

Veja também nosso vídeo sobre esquerda e direita do espectro político!

Para entender o que foram as Guerras Napoleônicas, é preciso que, primeiramente, olhemos o contexto social, político e econômico da França antes da chegada de Napoleão ao poder.

Após a Guerra de Independência dos Estados Unidos (EUA), a França passou a viver momentos bastante conturbados. Isso porque, o apoio do país europeu aos estadunidenses agravou a crise fiscal do Estado francês e ampliou o prestígio dos ideais iluministas, como explicam Visentini e Pereira (2012).

As dificuldades financeiras, causadas pelos elevados custos da Corte e agravadas com a participação da França no conflito americano, junto com a má resposta do governo perante a crise, causou um grande descontentamento no país.

Dessa forma, entender a piora da situação econômica da França se torna um importante elemento de análise, na medida em que tal ponto é constantemente mencionado quando falamos sobre as principais causas da Revolução Francesa.

Imagem de batalha da queda da Bastilha.
A Queda da Bastilha. Imagem: Domínio Público.

Assim, com a chegada da revolução, a França passou por um período de grandes tribulações. Como sublinham Visentini e Pereira, a construção dessa nova ordem proclamada pelos revolucionários recusou não apenas as antigas estruturas políticas e sociais do Antigo Regime, como também valores e concepções predominantes até então.

A Revolução Francesa foi um momento ímpar da história mundial. Conforme destacado por Eric Hobsbawn, em seu livro A Era das Revoluções, “se a economia do mundo do século XIX foi formada principalmente sob a influência da revolução industrial britânica, sua política e ideologia foram formadas fundamentalmente pela Revolução Francesa” (HOBSBAWN, 2002, p. 83).

A crise e o fim do velho regime foram marcados por agitações políticas. Ainda segundo Hobsbawn, a Revolução na França não foi feita ou liderada por um partido ou movimento organizado. Tal movimento nem mesmo chegou a ter grandes líderes, nos moldes de outras revoluções, até o surgimento da figura pós-revolucionária de Napoleão.

Após a execução de Robespierre, principal líder jacobino, na guilhotina em 1794, os girondinos passam a dominar o diretório que o comandam pelos cinco anos seguintes. Entretanto, em 1799 os jacobinos voltam a ser maioria. Tal fato, como trazido pela Politize! no texto sobre a Revolução Francesa, faz com que girondinos e burgueses se juntassem em um apelo para um novo golpe de Estado.

Nesse novo modelo, era proposto que o poder fosse cedido a um novo monarca. Dessa forma, em 9 de novembro de 1799, Napoleão toma o poder por meio de um golpe militar e se declara cônsul da França. Conhecido como o 18 de Brumário do ano VIII, o momento finalizava a Revolução Francesa e dava espaço a um novo período: A Era Napoleônica (1799-1815).

Qual o contexto das Guerras Napoleônicas?

A chegada de Napoleão ao poder traz consigo o desejo de transformar a França em um grande império. Além disso, propunha novas questões administrativas, como de promover um período de consolidação das instituições burguesas, de estabilidade política e de eficiência administrativa proporcionada por um Estado forte.

Nesse período, internamente, a França passou por grandes mudanças em âmbito industrial, financeiro, político, educacional e religioso. Externamente, Napoleão buscou implementar a expansão territorial e política da França.

Tal fato representou uma importante ruptura com o sistema de equilíbrio de poder que caracterizava as relações entre os Estados europeus desde o século XVI, como mostram Visentini e Pereira.

Assim, com o intuito de barrar as ambições expansionistas de Napoleão, e tendo em vista que os meios diplomáticos não seriam suficientes para abafar seu desejo de crescimento francês, os países vizinhos criaram coligações para fazer frente à força francesa. Tal período, portanto, pode ser entendido como as Guerras Napoleônicas.

Imagem de batalha
A Batalha de Austerlitz por François Gérard.

Países como Áustria, Prússia, Espanha, Holanda e Grã-Bretanha se contrapuseram fortemente contra Napoleão. Tais frentes foram conhecidas como Coligações. No entanto, o exército francês vencia as batalhas, expandia sua influência e conseguia anexar lugares como a Bélgica e, na margem oriental do Reno, tinha como Estados vassalos cinco reinos governados por parentes de Napoleão.

Diante das vitórias napoleônicas contra países das coalizões, a França passava a se tornar uma ameaça cada vez mais significativa ao poder da Inglaterra, a qual ainda era um grande desafio para Napoleão. Assim, por não conseguir superar os ingleses no mar e na competição comercial, Napoleão decidiu enfrentá-los através do Bloqueio Continental de 1806.

Tal medida impunha proibições importantes aos Estados europeus. Era colocado, portanto, que tais países fechassem portos para o comércio com a Inglaterra, com o objetivo de enfraquecer o comércio dos ingleses e favorecer o consumo de produtos franceses.

Algo importante de se destacar é que, devido a questões como dos bloqueios econômicos, os mercados europeus foram fortemente afetados durante o período das Guerras Napoleônicas. Além disso, tais restrições também causaram impactos em países fora da região europeia.

Portugal, por exemplo, se contrapôs às medidas do bloqueio, pois dependia fortemente das relações comerciais com a Inglaterra. Com a recusa de Portugal a aceitar as imposições de Napoleão, as forças francesas invadiram o país, o que fez com que a Família Real e a Corte portuguesa se mudassem para o Brasil. Assim, em dezembro de 1807, começava o domínio francês em Portugal.

Nessa altura, as forças de Bonaparte já tinham tomado também a Espanha, Nápoles e Hanover. Napoleão passava a possuir um vasto comando nos mais diversos pontos do continente europeu.

Quais os resultados das Guerras Napoleônicas?

Um dos principais e mais conhecidos resultados das Guerras Napoleônicas para nós é a vinda da Família Real ao Rio de Janeiro, em 1808, após o desentendimento entre Portugal e França em relação ao Bloqueio Continental.

Esse fato, como amplamente sabido, é de extrema importância para a história do Brasil. Isso porque, com a transferência do governo central para o nosso país, a realidade brasileira passou por uma série de mudanças políticas, administrativas, sociais e econômicas.

Para entender melhor sobre o que ocorreu no Brasil em 1808, leia nossa publicação sobre Corte Portuguesa e a Monarquia no Brasil.

Na Europa, as forças de Napoleão começam a ficar enfraquecidas. O Bloqueio Continental havia levado a uma intervenção desastrosa na Rússia (1912). Segundo Visentini e Pereira (2012), apesar da conquista de Moscou, a campanha da Rússia trouxe consequências fatais para o Império Francês, com a esmagadora derrota da Grande Armée.

Ao final do conflito, o exército da França sofreu uma baixa bastante significativa: dos 610 mil soldados que ingressaram na Rússia com Napoleão, apenas 5 mil retornaram com ele. Isso fez com que os adversários de Bonaparte se sentissem mais esperançosos e se reorganizassem em mais uma coalização.

Assim, em 1813, a união das forças aliadas da Rússia, Áustria, Prússia e Suécia derrotaram Napoleão em Leipzig, localizada na atual Alemanha. Tempos depois, as forças da Grã-Bretanha e Espanha invadiram a França. Com essa vitória, as forças da coalizão passaram a ocupar o campo fortificado de Paris e Napoleão se rendeu.

Napoleão, então, assina o Tratado de Fontainebleau, abrindo mão do seu governo, e é exilado na Ilha de Elba. No entanto, o exílio não dura muito tempo, já que, rapidamente, Napoleão retorna à França e governa por 100 dias. Sua volta surpreende os demais países da região, mas não é apoiada pela burguesa francesa.

Com a falta de apoio de um grupo importante como a burguesia e com a reorganização da coalizão militar entre outros países, Napoleão é definitivamente derrotado na Batalha de Waterloo.

Após o fracasso no confronto, ele é preso pelos britânicos e exilado na Ilha de Santa Helena, onde fica até sua morte em 1821. Dessa forma, é finalizado, de fato, o período compreendido como Guerras Napoleônicas.

O término do período trouxe consequências importantes para a região. As relações estabelecidas na Europa antes das Guerras Napoleônicas são alteradas e os regimes passam por desestabilizações. Além disso, é instituída uma monarquia constitucional na França com os Bourbon e a Inglaterra se firma como um grande poder naval.

Por fim, é importante mencionar que as Guerras Napoleônicas dissolveram o Sacro Império Romano. Nessa nova configuração territorial da Europa, começa a ser despertado sentimentos importantes vinculados ao nacionalismo, por exemplo.

Congresso de Viena

Ao falarmos sobre o momento posterior às Guerras Napoleônicas é fundamental nos debruçarmos sobre as tratativas estabelecidas pelo Congresso de Viena (1814-1815). Tal Congresso era formado por Áustria, Rússia, Prússia, França, Grã-Bretanha e Portugal.

Ele consistiu em uma Conferência que tinha por objetivo reconstruir a antiga ordem europeia. Tal retorno não estava só relacionado aos limites territoriais do continente, como também às suas estruturas políticas e sociais anteriores.

O Congresso de Viena, portanto, buscou decidir o futuro da Europa após o período das Guerras Napoleônicas e superar o sistema construído por Bonaparte. Seu intuito era de evitar que novos conflitos, como aqueles ocorridos durantes as Guerras Napoleônicas, voltassem a assolar o continente e abafar a influência da Revolução Francesa no resto do continente.

É curioso sublinhar que, embora tenha sido formada por 6 países, apenas os representantes das grandes potências tomaram decisões fundamentais. Ou seja, o czar Alexandre I (da Rússia), o chanceler Metternich (da Áustria), o secretário do Foreign Office (da Grã-Bretanha), e o representante da Prússia.

Ao final das discussões, ficaram acordados a restauração das monarquias absolutistas na Europa (com o intuito de bloquear a expansão dos ideais liberais) e a divisão dos territórios anexados por Napoleão Bonaparte. Assim, o Congresso de Viena buscou trazer estabilidade para as forças do continente, mas essa paz não durou para sempre.

E aí, conheceu um pouco mais da história das Guerras Napoleônicas? Ficou com alguma dúvida? Fale para a gente nos comentários!

Referências:
  • HOBSBAWM, Eric J. Era das Revoluções: 1789–1848. 16ª edição. SP: Paz e Terra, p. 1875-1914, 2002.
  • VISENTINI, Paulo; Pereira, Analúcia. Manual do candidato: história mundial contemporânea (1776-1991) : da independência dos Estados Unidos ao colapso da União Soviética. Brasília : FUNAG, 2012.
  • DE JESUS, Diego Santos Vieira. A Era das Frustrações: as relações entre as grandes potências europeias e os legados para as relações internacionais (1713-1815). Conjuntura Global, Curitiba, v. 4, n. 1, p. 47-65, 2015.
  • MINGST, Karen. Princípios de relações internacionais. Elsevier Brasil, 2016.
  • Politize – Revolução Francesa
  • Biblioteca Nacional – A invasão napoleônica
  • Revista Galileu – O que você precisa saber sobre as Guerras Napoleônicas
  • Brasil Escola – Congresso de Viena

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Conteúdo escrito por:
Filha do menor estado do Brasil. Tenho os pés na minha cidade de Aracaju, mas a mente no mundo. Graduanda em Relações Internacionais pela UFS. Fã de carteirinha dos Jonas Brothers e dos estudos sobre Política Externa Brasileira.

Guerras Napoleônicas: antes, durante e depois

22 abr. 2024

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