Você sabia que diversos investimentos populares no Brasil, como LCIs, LCAs, Fundos Imobiliários (FIIs) e Fundo Imobiliários de Agronegócio (Fiagros), estão na mira de mudanças nos impostos sobre investimentos a partir de 2026? Essa possibilidade tem gerado debates intensos entre investidores, especialistas e o governo.
Neste artigo, vamos explicar o que são esses investimentos, por que são isentos atualmente e o que pode mudar com a nova proposta de imposto, de forma clara e didática.
O que são LCIs, LCAs, CRIs, CRAs, FIIs e Fiagros?
Antes de mais nada, é importante entender do que estamos falando:
- LCI (Letra de Crédito Imobiliário) e LCA (Letra de Crédito do Agronegócio) são títulos de renda fixa emitidos por bancos. Quem investe nesses papéis está, na prática, emprestando dinheiro para financiar setores fundamentais da economia: o mercado imobiliário e o agronegócio;
- CRI (Certificado de Recebíveis Imobiliários) e CRA (Certificado de Recebíveis do Agronegócio) também são instrumentos de crédito, mas emitidos por companhias securitizadoras e atrelados a recebíveis (valores que empresas têm a receber);
- FII (Fundo de Investimento Imobiliário) é uma forma de investir em imóveis de maneira coletiva. Os cotistas recebem rendimentos com aluguéis e valorização patrimonial dos ativos do fundo;
- Fiagro (Fundo de Investimento nas Cadeias Produtivas Agroindustriais) é semelhante ao FII, mas voltado ao financiamento do agronegócio.
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Por que esses investimentos são isentos de imposto?
Historicamente, o governo ofereceu isenção de Imposto de Renda (IR) para atrair investidores a setores estratégicos. Essa política de incentivo foi pensada para estimular o crédito imobiliário e rural, fomentar a infraestrutura nacional, além de democratizar o acesso ao mercado financeiro por meio de produtos com menor risco e boa rentabilidade.
Essa isenção ajudou a consolidar uma base de investidores pessoas físicas que movimentam bilhões de reais na economia.

O que o governo quer mudar nos impostos sobre investimentos?
O governo federal planeja editar uma Medida Provisória (MP) que aplicaria uma alíquota de 5% de Imposto de Renda sobre os rendimentos desses investimentos a partir de janeiro de 2026.
A proposta surge como uma tentativa de compensar a possível revogação do aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). Em resumo, o governo está buscando alternativas de arrecadação para equilibrar as contas públicas.
Contudo, vale destacar que essa nova taxação, até o momento, seria aplicada apenas para novas aplicações, ou seja, investimentos realizados antes da vigência da MP não seriam afetados retroativamente.
O que dizem os críticos à proposta?
Críticos da medida, classificam a proposta como “extremamente preocupante”, pois acreditam que essa mudança quebra a previsibilidade jurídica e fiscal, fundamental para a confiança de quem investe no Brasil. Além disso, argumentam que:
- A criação desse imposto abre precedentes para futuras tributações em outros ativos;
- Pode encarecer o custo do capital, dificultando o financiamento de setores estratégicos como o agronegócio e a habitação;
- Vai contra o princípio de que políticas de incentivo devem ser duradouras para surtirem efeito real;
- E, por fim, penaliza o investidor, sem resolver os verdadeiros gargalos da gestão pública, como ineficiência e desperdício de recursos.
O que dizem os defensores da medida?
Por outro lado, há quem defenda a medida como parte de um esforço legítimo de equilíbrio fiscal. A argumentação gira em torno de dois pontos principais:
- A isenção tributária representa uma renúncia de receita considerável por parte do Estado;
- É preciso equalizar o sistema tributário, tornando-o mais justo e equilibrado entre os diversos tipos de investimentos.
No entanto, mesmo entre os defensores, há o reconhecimento de que qualquer mudança deve ser feita com planejamento, transição gradual e amplo debate público.
E você, investidor, como pode se preparar?
A recomendação dos especialistas é de cautela e atenção às movimentações legais e políticas. Como ainda se trata de uma proposta, o cenário pode mudar. Porém, algumas dicas já podem ajudar:
- Acompanhe fontes confiáveis de informação para entender os desdobramentos econômicos e jurídicos dessas medidas;
- Reavalie sua carteira de investimentos e veja se faz sentido antecipar aplicações em ativos hoje isentos;
- Diversifique seus investimentos, para reduzir os riscos de exposição excessiva a um único tipo de produto;
- E, claro, consulte um profissional de finanças se tiver dúvidas sobre os impactos no seu perfil de investidor.
E aí, o que você acha sobre os impostos sobre investimentos? Deixe suas dúvidas e opiniões nos comentários!
Referências
- Banco Central do Brasil – Estatísticas monetárias e de crédito
- Clube FII – Taxação de LCIs, LCAs, CRIs, CRAs, FIIs e Fiagros é extremamente preocupante
- InfoMoney – Fim dos isentos? Entenda o impacto do IR de 5% em LCIs, CRAs e outros títulos
- Receita Federal do Brasil – Isenções e Regimes Especiais
- Tesouro Nacional – Relatório de Projeções Fiscais