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A Independência dos Estados Unidos: Causas e Consequências

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A Independência dos Estados Unidos foi um processo histórico complexo que se desenrolou ao longo de quase 100 anos. A partir da colonização inglesa, muitos embates se desenrolaram entre povos nativos, potências europeias e colonos americanizados. Você conhece os antecedentes, as causas e as consequências dessa história? A Politize! te conta!

Antecedentes históricos da Independência dos Estados Unidos

Como é de se imaginar, um processo de independência é ocasionado pela soma de muitos fatores, sejam sociais, políticos ou econômicos. No caso da independência dos Estados Unidos, desde fins do século XVII, com a Guerra da Liga de Augsburgo (1688-1697), a insatisfação dos colonos americanos com a metrópole inglesa passou a ser um fator determinante que culminaria, em último grau, no rompimento político.

Tal insatisfação se acentuou durante a Guerra de Sucessão Espanhola (1703-1713) e a Guerra de Sucessão Austríaca (1739-1742). Nas duas disputas, que colocaram frente a frente os interesses ingleses e franceses, a impressão deixada pelo Império Britânico à sociedade na América era de que os interesses europeus estavam acima dos interesses da colônia.

Vale destacar que, na segunda metade do século XVIII, a sociedade instalada no território que viria a se tornar os Estados Unidos da América (EUA) já havia se complexificado. Ou seja, a criação e o fortalecimento de negócios locais, indústrias, empresas e o nascimento de novas gerações de pessoas americanizadas levou à formação de interesses também locais. Assim, observava-se um descolamento dos interesses da coroa britânica em relação ao que desejavam os colonos instalados na América.

Um outro importante conflito seria determinante para a eclosão do processo de independência dos Estados Unidos: a Guerra dos Sete Anos (1756-1763); novamente, um conflito entre as pretensões hegemônicas francesas e britânicas. Particularmente, a Guerra Franco-Índia, considerada parte da Guerra dos Sete Anos, foi um marco para o processo de independência.

A Guerra Franco-Índia marca a união das diferentes colônias inglesas na América. O objetivo inglês era conquistar terras até então sob controle dos nativos americanos, na região de Ohio. A partir da sugestão de Benjamin Franklin, as colônias elaboraram um plano de união na luta contra os indígenas.

A inovação proposta por Franklin foi um sucesso. Para a Inglaterra, no entanto, aquele movimento significou a força e, em alguma medida, a autonomia das colônias na América. Ademais, com a vitória inglesa na Guerra dos Sete Anos, a França não mais representaria uma ameaça no território americano, diminuindo a necessidade de proteção do Exército inglês em proteção aos colonos.

Montanha com o rosto de George Washington, Thomas Jefferson, Theodore Roosevelt e Abraham Lincoln.
Mount Rushmore – Pexels

Causas imediatas

Terminada a Guerra dos Sete Anos com vitória inglesa, era de se esperar que os colonos ficassem livres para empreender uma nova fase de expansão territorial, agora sem ter de lutar contra as pressões francesas. Mas não foi o que aconteceu.

Temendo perder o controle político e econômico da colônia, a Coroa britânica implementaria uma série de medidas para restringir a liberdade dos colonos. Já desde 1750, na verdade, com a proibição das fundições de ferro, a cisão entre colônia e metrópole tomava um caminho sem volta.

Entre os atos britânicos contrários aos interesses dos colonos destacam-se a proibição de fabricação de tecidos e o aumento dos impostos sobre o açúcar (em inglês, Sugar Act). Ainda, a obrigação da utilização de selos oficiais em todos os documentos da colônia (em inglês, Stamp Act), a proibição de novas fábricas e a introdução de novos impostos sobre vidro, corantes e chá (em inglês, Townshend Acts).

A metrópole, após os exorbitantes gastos de guerra, tentava transformar a vida econômica da colônia americana em uma importante fonte de recursos financeiros. A sequência de atos em desfavor dos colonos alcançaria seu ápice em 1773, quando o Parlamento concedeu o monopólio do comércio de chá a uma empresa inglesa.

A reação dos colonos ficou conhecida como Boston Tea Party (ou Festa do Chá de Boston, em português). No porto de Boston, colonos assaltaram navios da companhia inglesa e jogaram o carregamento de chá ao mar. No ano seguinte, a resposta britânica à revolta veio na forma das Leis Intoleráveis – um conjunto de leis que reforçava o domínio inglês sobre os territórios americanos.

Em 1774, a Grã-Bretanha fechou o porto de Boston, obrigou pagamento de indenização à Companhia e instituiu que os revoltosos seriam julgados na metrópole. Indignados com a série de medidas que sufocavam a colônia, os norte-americanos passaram a exigir representação no Parlamento, em Londres. Sob o lema “no taxation without representation” (“sem representação, nenhuma taxação”, em tradução livre), colonos ampliaram o coro dos descontentes.

Ainda em 1774, ocorreu o 1º Congresso Continental da Filadélfia, uma reunião de colonos que, por fim, decidiu interromper as trocas comerciais entre colônia e metrópole até que a Coroa autorizasse, novamente, a operação de manufaturas na América. Com a oficialização da união das colônias nesse primeiro congresso, convocou-se, para 1776, uma nova reunião.

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Declaração e Guerra de Independência

Os líderes políticos da colônia, novamente reunidos no Congresso da Filadélfia, em 1776, adotaram algumas decisões importantes. Entre elas, a criação de um exército norte-americano, a ser comandado por George Washington, e, finalmente, a redação de uma Declaração de Independência dos Estados Unidos, selando a ruptura política com o Império Britânico.

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Entre os que redigiram a Declaração estavam Thomas Jefferson, Benjamin Franklin e John Adams, personagens políticos dos Estados Unidos influenciados pelas ideias iluministas e que lutaram pela emancipação americana. O texto final fez menção à igualdade entre as pessoas e a direitos inalienáveis e, após uma negociação que levou em conta os interesses dos diversos estados, a Declaração foi aprovada em 4 de julho de 1776.

Como é de se imaginar, o Império Britânico reagiu militarmente e o que se seguiu foi uma sucessão de batalhas ao longo do território, estabelecendo uma verdadeira guerra pela independência. Inicialmente, os estadunidenses contavam apenas com milícias localmente organizadas, o que deu larga vantagem aos britânicos, preparados com um exército profissional e experiente.

Desenho de George Washington
George Washington – Pixabay

Mas, após Washington liderar vitórias militares em Trenton e Princeton, a crença na vitória do movimento de independência se consolidou. Apesar de os ingleses ocuparem locais importantes, como Nova York e a própria Filadélfia, os norte-americanos conseguiram virar o jogo, principalmente a partir da Batalha de Saratoga, ocorrida em outubro de 1777, ao norte de Nova York.

Em 1778, a França reconheceu a independência americana, firmando uma aliança permanente com o país recém-constituído. A parceria possibilitou ajuda militar aos americanos, que puderam resistir às forças britânicas.

Em junho de 1781, o General inglês Cornwallis, cercado na região de Yorktown, na Virgínia, teve de se render. Dois anos mais tarde, em 1783, a independência dos Estados Unidos foi internacionalmente reconhecida pelo Tratado de Paris.

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Constituição Americana (1787)

Na década de 1780, após intensos embates sobre seu futuro e a vitória contra a potência militar britânica, a sociedade norte-americana deparou-se com o dever de redigir uma Constituição. Mais uma vez, embates ideológicos foram travados entre os principais pensadores do país. Alexander Hamilton, John Jay e James Madison fizeram circular os federalists papers (“jornais federalistas”, em tradução livre), advogando pela importância de um poder central robusto para a nação.

Houve um intenso embate entre federalistas, que defendiam mais poder à autoridade nacional, e antifederalistas, que defendiam mais poder e autonomia aos estados. Em 1787, porém, foi apresentada à população uma Constituição Federal que mesclava diferentes interesses, garantindo ao poder central prerrogativas econômicas, políticas e militares, mas resguardando os poderes locais em questões comerciais ou relativas a impostos.

Ao final deste processo, em 1787, novamente na Filadélfia, o documento final foi adotado, inaugurando o sistema jurídico nacional com um poder central robusto e dividido em três poderes: Legislativo, Executivo e Judiciário. Em 1791, a Bill of Rights foi adicionada à Constituição. Dez emendas ao texto original previram, entre outras coisas, o direito ao porte de armas e o direito à liberdade de expressão, imprensa e credo.

Consequências da Independência

Um acontecimento de tamanha importância como a Independência dos Estados Unidos gera consequências diversas, para sua própria população e para outros países. Apesar do sucesso da independência para aqueles que por ela lutaram, os resultados não foram os mesmos para toda a população. 

Os povos nativos, por exemplo, viram seus territórios cada vez mais cobiçados pelo ímpeto expansionista dos povos brancos investidos de poder. A população negra, por sua vez, continuou a ser escravizada, de modo que a independência de uma metrópole europeia pouco significou em termos políticos e sociais.

Internacionalmente, para além do próprio país que conseguiu sua emancipação, a Inglaterra foi diretamente afetada pela sucessão dos acontecimentos. Mesmo após sucessivas investidas políticas com o objetivo de garantir o controle social dos povos na colônia, o Império foi derrotado militarmente e teve de aceitar o Tratado de Paris perante a sociedade internacional.

A França, país interessado na derrota britânica e que lutou junto aos americanos, também seria impactada. Soldados franceses, influenciados pelos ideais de liberdade política e pelo espírito republicano presente na América, ajudariam a espalhar tais ideias no velho continente. Ao final da década de 1780, o regime absolutista francês viveria profundas transformações, com a eclosão da Revolução Francesa.

Para o restante do continente americano, a independência dos Estados Unidos indicou, ainda, a possibilidade concreta de rompimento com as metrópoles europeias, processo que se amadureceu com o tempo até desaguar nas independências a partir do século XIX.

Com seus impactos profundos sobre diversos povos e países, a Independência dos Estados Unidos permanece como marco histórico da luta pela emancipação colonial em relação às potências europeias. Além disso, os desdobramentos políticos internos que se desenrolaram no país também serviriam de modelo a diversos processos políticos, principalmente nas Américas.

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Conteúdo escrito por:
Mineiro de Poços de Caldas, graduado em Relações Internacionais pela UFF e pós-graduando em Jornalismo, Comunicação e a Nova Ordem Informacional na FAAP. Atualmente dedica-se a compreender o fenômeno da desinformação contemporânea e atua com verificação e checagem de notícias.

A Independência dos Estados Unidos: Causas e Consequências

22 abr. 2024

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