Invasão do Capitólio: saiba o que foi e como aconteceu

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Invasão do Capitólio dos Estados Unidos em 2021. Imagem: Tyler Merbler/ Flickr.
Invasão do Capitólio dos Estados Unidos em 2021. Imagem: Tyler Merbler/ Flickr.

No dia 6 de janeiro de 2021, ocorreu a invasão do Capitólio, nos Estados Unidos. Compostos por apoiadores do então presidente Donald Trump, os invasores entraram no prédio alegando fraude nas eleições presidenciais de 2020. Investigações sobre o caso apontam a atuação de grupos de extrema-direita e, inclusive, de Trump.

Este texto foi elaborado para ajudar a entender mais sobre como ocorreu a invasão do Capitólio e as suas consequências. Antes de entrar na invasão em si, vamos primeiro entender o que o Capitólio representa.

Leia também: O que é extrema direita?

O que é o Capitólio?

O Capitólio, localizado em Washington, D.C., é o lugar em que o Congresso dos Estados Unidos se reúne. O Congresso é formado por dois órgãos legislativos: o Senado e a Câmara de Representantes. Esses dois órgãos se reúnem em alas separadas.

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Sendo parte do poder legislativo, os congressistas atuam na introdução de leis, discutem os temas em pauta e votam projetos de lei, resoluções, nomeações e tratados.

O Capitólio também é o local de posse dos presidentes estadunidenses, algo que passou a acontecer desde 1801. É ainda o lugar em que acontece a certificação dos votos dos colégios eleitorais.

O Capitólio passou a ser a casa do Congresso em 1800, ano em que ocorreu a transferência das instalações governamentais, até então na Filadélfia, para Washington, D.C.

Nesses anos iniciais, o Capitólio não possuía a estrutura atual. Na realidade, era um prédio inacabado. Com o tempo, passou por reformas para comportar senadores e representantes. Sua estrutura é decorada por imagens, estátuas e quadros de eventos e personalidades que marcaram a história dos Estados Unidos.

O Capitólio é um símbolo de governo democrático.

Imagem: Capitólio, Washington D.C.
Imagem: Capitólio, Washington D.C.

A Invasão do Capitólio

A invasão ao Capitólio em janeiro de 2021 ocorreu durante sessão do Congresso dos Estados Unidos sobre o resultado das eleições presidenciais de 2020. Era uma sessão presidida pelo então vice-presidente Mike Pence e que pretendia confirmar a vitória de Joe Biden naquela eleição.

Porém, a sessão foi interrompida quando centenas de apoiadores do então presidente Donald Trump se encaminharam para o Capitólio, casa do Congresso dos Estados Unidos. O motivo para tal ação era fraudes nas votações presidenciais. Alegações que vinham sendo postas por meses antes da invasão, mesmo sendo sempre repelida pelas principais autoridades dos Estados Unidos.

Dentre os invasores, estavam grupos de extrema-direita, como o Oath Keepers, o Proud Boys e o QAnon.

Os invasores conseguiram entrar no Capitólio, destruir objetos históricos que o prédio abrigava e até ameaçar de morte congressistas. Câmeras de segurança flagraram os invasores portando barras de ferro e sprays químicos.

Aqueles que estavam na sessão tiveram que se retirar enquanto o prédio estava sendo invadido. A sessão teve que ser suspensa naquele dia e retomada somente no dia 7 de janeiro de 2021. Com a sessão retomada, a vitória de Joe Biden se confirmou.

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O que aconteceu com os invasores?

Parte dos invasores do Capitólio reconhece que violaram a lei, mas foram enganados pelo ex-presidente Trump. Outros afirmam ainda que agiram de acordo com o direito de liberdade de expressão. Há também relatos de testemunhas que alegam que Donald Trump incentivou seus apoiadores a realizar o ataque.

Mesmo sendo alertado por aliados e familiares, Trump reagiu ao ocorrido horas depois de seu início. Trump divulgou um vídeo ainda defendendo fraude nas eleições, mas também solicitando que os invasores se retirassem do Capitólio.

No total, 140 policiais ficaram feridos, sendo que dois invasores e três policiais morreram em decorrência do ocorrido. Quatro outros agentes de segurança presentes durante a invasão se suicidaram nos meses seguintes.

Entre os invasores, 725 foram presos e indiciados pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos, muitos dos quais já em liberdade. Pelo menos 225 pessoas foram indiciadas por agressão ou impedimento da aplicação da lei, 165 confessaram culpadas de crimes federais. Autoridades do governo alegam que 22 invasores cometeram crimes graves.

Muitos dos casos de invasores que cometeram crimes mais leves já foram resolvidos. Há ainda os casos mais complexos que podem durar anos para serem resolvidos.

Os casos mais complexos envolvem tanto os casos não violentos, que são aqueles acusados de contravenções, quanto os casos daqueles que de fato agrediram policiais, invadiram o Senado, destruíram propriedades ou até conspiraram com grupos de extrema direita.

Nos dias de hoje, muitos alegam que foram enganados pelo ex-presidente Donald Trump no que se refere a fraude nas eleições presidenciais de 2020 e se sentem arrependidos pelo ocorrido. Há também um grupo que persiste em defender a invasão ao Capitólio.

Envolvimento de Donald Trump?

Para o ex-presidente Donald Trump, a invasão de 6 de janeiro lhe causou a abertura de um processo de impeachment logo após o ocorrido. Trump foi acusado de incitar à insurreição.

Trump passou por dificuldades para montar sua equipe jurídica para lidar com o processo de impeachment, chegando a ser recusado por cinco advogados. Mesmo assim, no dia 13 de fevereiro Trump foi absolvido. Caso fosse condenado, ele teria se tornado inelegível para as eleições de 2021.

Em paralelo ao trabalho de investigação do Departamento de Justiça dos Estados Unidos, uma comissão especial de investigação do Congresso também passou a investigar o caso. A formação da comissão foi anunciada no dia 14 de maio de 2021. A comissão é presidida pelo democrata Bennie Thompson e pela republicana Liz Cheney.

A comissão trabalha para apurar a atuação da Casa Branca durante a administração de Trump sobre as eleições presidenciais de 2020 e identificar o papel da desinformação para a invasão ao Capitólio.

Por conta disso, a comissão intimou ex-chefes de gabinetes do ex-presidente Trump na Casa Branca: Mark Meadows, ex-chefe de gabinete; Dan Scavino, ex-vice-chefe de gabinete; Steve Bannon, ex-conselheiro; Kash Patel, ex-chefe de gabinete do então secretário de Defesa; e Christopher Miller, assessor do deputado republicano Devin Nunes.

O atual presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, fez até um discurso no Capitólio no dia 6 de janeiro de 2022, dia que marca um ano do ocorrido, e culpou Trump pelo ocorrido.

No dia 9 de junho de 2022, a comissão começou a divulgar o resultado de seus trabalhos e confirmou que a invasão no Capitólio foi uma conspiração organizada e liderada pelo ex-presidente Donald Trump como forma de impedir a transferência de poder pacífica. Para a comissão, a invasão colocou em risco a própria democracia.

A segurança do Capitólio, inclusive, foi reforçada após o ataque com a inclusão de detectores de metal e novas câmeras de monitoramento.

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Influência no Brasil?

No Brasil, há receio de que algo similar à invasão ao Capitólio, senão em maior grau, aconteça em decorrência das eleições de outubro de 2022. Esse foi o posicionamento de Edson Fachin, presidente do Tribunal Superior Eleitoral, em palestra no Wilson Center, Washington, D.C.

Ainda segundo Fachin, o sistema judiciário brasileiro está preparado para lidar com situações extremas, em particular contra o risco de golpe quando os resultados das eleições forem divulgados.

Já para o procurador-geral da República, Augusto Aras, um evento tal qual a invasão ao Capitólio não tem espaço de ocorrer no Brasil e que a transferência de poder em 2023 será realizada sem grandes perturbações.

E aí, já tinha ouvido falar da invasão do Capitólio? Sabia sobre a importância do Capitólio como símbolo da democracia? Deixe suas dúvidas nos comentários.

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Conteúdo escrito por:
Paranaense de origem, atualmente mora em Florianópolis, local onde se formou em Relações Internacionais na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Tem interesse em análise de dados e em temáticas envolvendo inovação, desenvolvimento socioeconômico e teoria política e econômica.

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