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Paraolimpíadas: as conquistas das pessoas com deficiência

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As Olimpíadas Rio 2016 tiveram grande número de ingressos vendidos e comentários positivos tanto de atletas, como do público. Contudo, a grande preocupação do momento pós-Olimpíadas é manter a empolgação do público para assistir às Paraolimpíadas, em que atletas com deficiência disputam as medalhas.

Vamos entender a história dos Jogos Paralímpicos e como políticas governamentais alçaram o Brasil à condição de potência paralímpica?

COMO SURGIRAM OS JOGOS PARAOLÍMPICOS?

Há mais de 60 anos, depois da II Guerra Mundial, vários ex-combatentes tinham de conviver com lesões obtidas em guerra. O neurocirurgião Ludwig Guttmann, que trabalhava no Hospital Stoke Mandeville, na Grã-Bretanha, ajudava os veteranos a se recuperar, mas também a aprender a lidar com as dificuldades que as deficiências trariam às suas vidas.

Ludwig Guttmann atestou que boa parte de seus pacientes morria um ano após sofrer as lesões, a maioria delas na coluna vertebral, deixando-os paraplégicos ou tetraplégicos. Foi então que o médico decidiu utilizar o esporte como ferramenta de reabilitação aos ex-combatentes, e percebeu que além de lhes dar mais ânimo, sua expectativa de vida aumentou.

Em 1948, Guttmann organizou uma competição para 16 homens e uma mulher com deficiência. A primeira modalidade foi o tiro com arco. A partir da visibilidade e do sucesso que causaram esses jogos, estimulou-se a pensar em uma disputa maior ainda. As primeiras Paraolimpíadas aconteceram em 1960, na cidade de Roma, e trouxe atletas de 23 países.

Leia também: A história dos direitos das pessoas com deficiência

Os Jogos Paraolímpicos ao longo dos anos

As Paraolimpíadas são um evento de esporte de alto rendimento e requer dedicação absoluta dos atletas. Um dos maiores objetivos da competição e também dos atletas é destacar sua capacidade de serem excelentes atletas. De 1960 para 2016, a competição cresceu muito: nos Jogos Paralímpicos de Verão de Roma, participaram 400 atletas; nos Jogos Rio 2016, houve mais de 4 mil atletas de 176 países.

Os Jogos Paraolímpicos têm sido sempre realizados no mesmo ano dos Jogos Olímpicos. Os Jogos de Seul, em 1988, foram decisivos para o crescimento da competição, pois, a partir de então, ambas as competições passaram a ocorrer também no mesmo local. O Comitê Olímpico Internacional, então, apoiou a criação do Comitê Paralímpico Internacional e, dessa forma, as organizações passaram a trabalhar de maneira conjunta.

As Paraolimpíadas contam com 27 modalidades, entre elas: atletismo, basquete em cadeira de rodas, bocha, ciclismo, futebol de 5, natação e vôlei sentado. Os atletas que competem podem possuir deficiências visuais, auditivas, mentais e físicas, incluindo aqueles que não possuem algum membro.

O Brasil nas Paraolimpíadas

A primeira Paraolimpíada de que o Brasil participou foi em 1976, na Alemanha, com 20 atletas homens. O primeiro pódio do país veio somente nos Jogos seguintes, no Canadá, que foi também quando a primeira atleta mulher brasileira participou dos Jogos.

Nas Paraolimpíadas de Atenas (2004), o Brasil conquistou novo recorde de 16 medalhas de ouro e levou mais 12 de prata e 7 de bronze, classificando-se como 14ª país no ranking geral. Mas foi nos Jogos de Pequim que os atletas paralímpicos brasileiros mais se destacaram e, por conseguinte, o país ficou entre os 10 melhores países no ranking de medalhas.

Os nadadores Clodoaldo Silva e Daniel Dias e os corredores Lucas Prado, Ádria Santos e Terezinha Guilhermina são alguns dos destaques paraesportivos do país.

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A seleção brasileira de golbol em preparação para os Jogos Paralímpicos Rio 2016.
Fonte: Beth Santos/PMRJ – Agência Senado.

Formas de incentivar o esporte paraolímpico

O gosto pelo esporte pode ser fomentado dentro das escolas, na residência familiar ou entre os amigos. Contudo, para se tornarem atletas olímpicos e paralímpicos, a dedicação dos entusiastas do esporte deve ser praticamente exclusiva, devido à competitividade dos Jogos e ao alto nível de desempenho que devem atingir.

Dessa forma, o governo encontrou maneiras de incentivar o sonho de várias pessoas com deficiência de ser um atleta paralímpico. Esse incentivo acontece por meio de editais, bolsas e leis de incentivo – como existe para a cultura, também existe para o esporte. E assim, os atletas conseguem ao menos pagar os gastos básicos de vida e se dedicar ao esporte, a fim de conquistar medalhas olímpicas.

Plano Brasil Medalhas

Esse plano foi lançado logo após os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Londres, em 2012, com o objetivo de preparar os atletas e paratletas brasileiros para a edição dos Jogos Rio 2016. O investimento foi de R$1 bilhão a mais do que o Ministério do Esporte já recebia do governo e de empresas estatais. Esse dinheiro foi investido em programas de apoio ao atleta e à construção, reforma e equipagem de centros de treinamento.

O objetivo para as Paraolimpíadas Rio 2016 era de que o Brasil encerrasse os jogos entre os 5 países que mais ganharam medalhas. Nossos paratletas chegaram muito perto desta meta naquele ano, posicionando o Brasil em 8º lugar.

Bolsa Atleta Pódio

A implantação da Bolsa Atleta Pódio foi uma das medidas do Plano Brasil Medalhas. A bolsa foi regulamentada pela lei nº 12.395 de 2011. Essa bolsa tem a finalidade de apoiar financeiramente os atletas e paratletas que têm chances reais de disputar os pódios em suas modalidades, e podem variar de R$ 5 mil a R$ 15 mil mensais. Podem ser renovadas a cada 12 meses, em que serão avaliadas as condições de renovação para cada atleta, baseando-se no seu desempenho no ano em questão.

Lei de incentivo ao esporte

Por meio dessa lei, sancionada em 2007, pessoas físicas e jurídicas podem apoiar o esporte por meio de doações e patrocínios. Em troca, parte desses valores será abatida de seu Imposto de Renda. As categorias que podem decidir financiar são: esporte de participação (como lazer), esporte como instrumento de educação e esporte de alto nível – onde entram as categorias olímpicas e paralímpicas. O valor captado entre os anos de 2007 e 2012 foi de R$ 869 milhões.

Sabe-se, porém, que o incentivo ao esporte paralímpico ainda é menor do que aquele destinado ao esporte olímpico. A lei Agnelo/Piva, por exemplo, determinou o repasse de 2% do lucro de loterias aos comitês que cuidam dos recursos destinados a atletas olímpicos e paralímpicos. Quando feita a divisão, 85% do dinheiro foi para o Comitê Olímpico Brasileiro e 15% para o Comitê Paralímpico Brasileiro.

Leia também: Direitos das pessoas com deficiência: o que são?

Desempenho dos paratletas brasileiros

As Paraolimpíadas de 2016 aconteceram no Rio dos dias 07 a 18 de setembro daquele ano, e o quadro de medalhas conquistadas foi bastante expressivo. Esse é um reflexo dos investimentos nos atletas com deficiência, que estão conquistando seu lugar mundialmente nesse evento.

Para os Jogos Paralímpicos 2020, realizados na cidade de Tóquio a partir de agosto de 2021, há novamente a expectativa de que os paratletas brasileiros sejam protagonistas. O Brasil possui altas chances de estar novamente no Top 10 na tabela de medalhas, principalmente por meio de modalidades como natação, atletismo, judô e futebol de 5.

E você, já acompanhou os Jogos Paralímpicos e nossos paratletas brasileiros? Deixe seu comentário!

Referências

Originalmente publicado em 16 de setembro de 2016. Republicado e atualizado em 24 de agosto de 2021.

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Sou uma jornalista brasileira procurando ouvir ideias e histórias originais, peculiares e corajosas. Trabalhando como estrategista de marcas, desenvolvo narrativas que buscam emanar o que há de mais autêntico e verdadeiro nas pessoas, marcas e negócios, criando conexão através da emoção e identificação. Hoje, minha principal atuação é como estrategista de marcas na Molde, construindo marcas que redefinam realidades e gerem impacto. Como profissional autônoma atuo com a gestão de marca do estúdio de design de produto HOSTINS—BORGES, colaboro regularmente com a FutureTravel, uma publicação digital baseada em Barcelona, e preparo palestrantes no TEDxBlumenau como voluntária desde 2016.

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18 abr. 2024

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