PORTE DE ARMA NO BRASIL: COMO FUNCIONA?

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O simbólico gesto de arminhas com as mãos deixa evidente: a defesa do direito ao porte de arma foi pauta central da campanha do Presidente da República, Jair Bolsonaro. Com sua chegada à presidência, criaram-se grandes expectativas pela liberalização da posse e do porte de armas de fogo.

Com duas semanas de governo, Bolsonaro assinou um decreto que sinaliza um compromisso com uma de suas principais promessas de campanha: a flexibilização da posse de armas. E não parou por aí: no mês de maio, outro decreto também foi assinado pelo presidente, aumentando a quantidade de categorias profissionais que poderiam ter acesso ao porte de armas de fogo.

Neste texto, o Politize! te explica o que é porte de arma e em que situação ele se encontra no Brasil. Você também pode conferir nosso vídeo sobre o tema.

O QUE É PORTE DE ARMA?

O porte pode ser entendido como um passo além do direito de posse. Desta forma, não há como tratar de um conceito sem conhecer brevemente o outro.

  • Posse de arma: possibilita comprar e registrar um armamento, que pode ser mantido em residência ou local de trabalho do proprietário da arma (apenas se ele for responsável legal pelo estabelecimento). A posse segue a lógica do direito de legítima defesa: a ideia é que o cidadão possa optar por ter uma arma em casa para proteção.

Saiba mais sobre a posse de armas.

  • Porte de arma: o direito de porte oferece uma garantia a mais — ele dá aos seus proprietários a possibilidade de andar armado nas ruas. Ou seja, com ele é possível transitar com a arma em ambientes para além da residência ou local de trabalho do dono do armamento.

Quer entender mais sobre violência e cultura de paz? Confira o conteúdo do Projeto Direito ao Desenvolvimento: Como o ODS 16 ajuda a combater a violência e promover uma cultura de paz?

O QUE DIZ A LEI SOBRE O PORTE DE ARMA?

No Brasil, o porte de arma é regido pela Lei 10.826 de dezembro de 2003, conhecida como Estatuto do desarmamento. O Estatuto é responsável por regulamentar a posse e o porte de armas e, como o próprio nome indica, tem o intuito de coibir o uso de armamentos no território nacional. Para isso, a Lei determina que o direito de posse é restrito àqueles que puderem comprovar necessidade dela.
O Artigo 6° da Lei estabelece a proibição do porte de arma em todo o território nacional, salvo casos específicos. Exemplo de exceção são os profissionais que necessitam de armamentos para o exercício de suas funções: agentes de segurança pública, membros do Exército ou funcionários de empresas privadas de segurança.

Veja também nosso vídeo sobre como era o Brasil antes Estatuto do Desarmamento!


Em suma, o Estatuto do desarmamento estabelece que apenas um grupo restrito de pessoas pode possuir e portar armas, apenas quando o uso dessas faz-se necessário para exercício profissional ou outros casos específicos.

Para ajudar você a entender a discussão sobre flexibilização do acesso a armas, preparemos esse infográfico para você!

Quer baixar esse infográfico em alta qualidade? Clique aqui!

O QUE MUDA COM OS NOVOS DECRETOS?

Em 15 de janeiro deste ano Bolsonaro assinou o decreto presidencial n° 9.685, que altera o Estatuto do desarmamento e responde a uma das principais demandas de seu eleitorado: pela flexibilização do acesso a armas.

DECRETO Nº 9.685, DE 15 DE JANEIRO DE 2019
Altera o Decreto nº 5.123, de 1º de julho de 2004, que regulamenta a Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003, que dispõe sobre registro, posse e comercialização de armas de fogo e munição, sobre o Sistema Nacional de Armas – SINARM e define crimes.

O decreto institui transformações significativas no que diz respeito ao registro e posse de armas. A regulamentação do porte, no entanto, não foi abordada por este decreto.
A principal mudança instituída pelo decreto diz respeito à exigência de comprovação da efetiva necessidade de se ter uma arma. Antes, o cidadão precisava comprovar essa necessidade junto à Polícia Federal — na prática isso impedia que civis, em geral, tivessem acesso a armas. Com o novo decreto essa exigência deixa de existir, sendo substituída por uma lista de grupos de pessoas que podem adquirir armamento.
A lista, presente no Art. 7°, inclui:

  • profissionais da área de segurança
  • residentes de áreas rurais
  • residentes de áreas urbanas com elevados índices de violência
  • donos de comércio
  • colecionadores

Na prática, o decreto facilita a concessão da posse de armas. (Em nosso post sobre posse de arma você encontra mais detalhes das mudanças estipuladas pelo decreto).

UM NOVO DECRETO: A FLEXIBILIZAÇÃO DO PORTE

No dia 8 de maio de 2019, Jair Bolsonaro assinou um novo decreto sobre armas, desta vez flexibilizando o direito de porte. Como mencionamos, o Estatuto do Desarmamento estabelecia a proibição do porte de armas em todo o território nacional, com exceção apenas para os profissionais da segurança.
Com o decreto nº 9.785, recém assinado pelo Presidente, foram ampliadas as categorias de profissionais que poderão portar armas. De acordo com o documento, agora conselheiros tutelares, advogados, oficiais de justiça, detentores de mandatos eletivos (Executivo e Legislativo) jornalistas da área policial, agentes de trânsito, motoristas de transportadoras e dentre outros profissionais poderão portar armas de fogo. (Você pode conferir a lista de todas as categorias contempladas aqui!)

A DISCUSSÃO SOBRE A CONSTITUCIONALIDADE DO DECRETO

Desde sua assinatura os decretos têm sido bastante questionados. Diversos agentes políticos, desde opositores até órgãos públicos têm alegado a inconstitucionalidade do decreto.
A controvérsia ocorre porque, de acordo com o ordenamento jurídico brasileiro, um decreto presidencial é hierarquicamente inferior a uma lei ordinária e, por esta razão, não pode modificar ou contrariar uma lei. Cabe aos decretos presidenciais apenas complementar/regulamentar aspectos da lei, sem contrariar seu conteúdo.
O especialista em direito constitucional Marcos Perez, entrevistado pela BBC, explica:

“o Brasil já possui uma lei sobre armamento e o presidente tem o poder de fazer um decreto para regulamentá-la, ou seja, especificar detalhes que são tratados de maneira ampla na lei e terminar como ela será aplicada. Mas seu decreto não pode contradizer essa lei, porque a Constituição determina uma hierarquia de normas: um decreto (criado pelo presidente) está abaixo de uma lei, (criada pelo Congresso). Ou seja, ao ter ilegalidades, o decreto é automaticamente inconstitucional.”

A contestação começou com o partido Rede, que abriu uma Ação de Inconstitucionalidade junto ao Supremo Tribunal Federal para que o decreto fosse revogado. Depois, comissões técnicas da Câmara dos Deputados e do Senado também consideraram que o decreto extrapola os limites legais. Também o Ministério Público Federal (MPF) entrou com uma ação para que o decreto fosse suspenso, por considerar que ele ultrapassa sua função regulamentar ao modificar uma lei.
No Congresso Nacional foram abertos seis pedidos de revogação do decreto. Em 12 de junho de 2019  a Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania do Senado (CCJ), acatou esses pedidos. O parecer da Comissão foi de que o decreto extrapola seus limites legais.
Mas isso não significa que o decreto foi derrubado! Agora o parecer da CCJ ainda será votado no Plenário do Senado e precisa de maioria simples para a revogação do decreto.

É DESEJÁVEL A FLEXIBILIZAÇÃO DO PORTE?

A questão da flexibilização do acesso a armas de fogo têm sido tópico central do debate político, que está longe de chegar a um consenso. O tema tem polarizado opiniões entre partidos políticos, bem como entre a população.
O relator do decreto, Marcos Val, argumenta que a flexibilização do porte de armas é a vontade do povo:

“da mesma forma, não custa lembrar que a nova regulamentação da posse e do porte de arma de fogo sempre foi uma das bandeiras políticas do presidente da República, Jair Bolsonaro, eleito com quase 60 milhões de votos.”

Para o senador Rogério Carvalho (Pros-RN), por outro lado:

“Não há que se falar que há apoio popular à publicação deste decreto. Pesquisas já revelam que 61% da população é contra a posse de armas, sendo que houve aumento no percentual de pessoas que são favoráveis à restrição à posse de armas: enquanto em outubro 55% se disseram contra a posse de armas, no levantamento de dezembro esse índice aumentou para 61%”.

O senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) ressalta que a violência é um problema grave no Brasil:

O que mais me impressiona é como parece que estamos vivendo num paraíso de segurança pública. Mas é um modelo falido. O Brasil é recordista mundial de homicídios cometidos por armas de fogo. Por causa dessa política desarmamentista, que apenas olha o marginal como excluído da sociedade.”

A violência no país também foi o argumento central do Senador Rogério Carvalho (Pros-RN), desta vez criticar o decreto. O Senador citou dados do Atlas da Violência, que aponta que 71% dos homicídios ocorridos no país envolvem armas de fogo. Ele considera o decreto de porte de armas “um atentado à segurança da população”.
Fabiano Contarato (REDE-ES) entende a medida como um “retrocesso”, uma “banalização da vida”, e ressalta que “A segurança pública é direito de todos e dever do Estado. Então, o Executivo, em nome de uma medida populista, renuncia à sua tarefa e a transfere para a população”.

Como você pode ver, o assunto não está resolvido e parece que o tema ainda renderá muitas discussões ao longo do ano. Qual a sua opinião sobre o porte de arma no Brasil? Conte para a gente e continue acompanhando o debate aqui no Politize!. E enquanto aguardamos por novidades, que tal conferir nosso vídeo sobre Segurança Pública?

Referências do texto: confira aqui aonde encontramos os dados e as informações!
BBCDecreto nº 9.785, de 7 de maio de 2019 – Folha de S.PauloG1G1 – Imprensa NacionalNotícias Uol –  PlanaltoPlanalto: Lei N° 10.826.


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2 comentários em “PORTE DE ARMA NO BRASIL: COMO FUNCIONA?”

  1. MARCO AURÉLIO.

    [ sugere que as fábricas de armas de fogo sejam taxadas, a fim de contribuir com as despesas médicas decorrentes de ferimentos causados com armas de fogo .

    a televisão e ás midias sociais . vem mostrando vários relatos de pessoas baleadas por balas perdidas de armas de fogo . que estava no local errado / na hora errada é começou um tiroteio . pois o cidadão estava indo ao trabalho , voltando do trabalho , indo na padaria , mercado , etc… é houve ou começou um tiroteio . e o cidadão levou um tiro de arma de fogo e perdeu a visão , o rins , a perna , o braço , o movimento do corpo , morreu . etc… [ é quem paga a conta médica do cidadão baleado / é o proprio cidadão que levou o tiro de arma de fogo , atraves dos seus impostos federais ] . (isso não e justo) . temos que responsabilizar ás fabricas de armas de fogo / em pagar ás despesas médicas de uma pessoa baleada por armas de fogo . não podemos aceitar que e normal um cidadão brasileiro tomba no asfalto cheio de sangue , não sabendo se vai viver ou morre pelo fato de uma bala perdida de arma de fogo . quase todos os dias as televisões dos canais / rede globo / sbt / rede record / band . etc… vem mostrando cidadões brasileiro ferido por balas perdidas de armas de fogo .

    peço a comissão de segurança pública e combate ao crime organizado . que atraves de seus técnicos avaliam a situação , que ao meu ver requer uma apuração a fim de que seja corrigido esse erro . obs: pessoas baleadas o hospital público que arca com a cirurgia / remédios / prótese de perna , joelho , quadril , etc… fora os custos dos interros para pessoas indigentes . devido essa irresponsabilidade o governo federal tinha que cobrar os valores da fabricas de armas . pois os impostos da população não poderia ser usado para pagar essa conta .

    atenção: ás fabricas de armas e munições . vem atuando com grande convicção nas vendas de armas pelo país . arrecadando [ milhões ] , se cientificando de qualquer responsabilidade na sua conduta de dano / grave . obs: pessoas baleadas o hospital público que arca com a cirurgia e os remédios . devido essa irresponsabilidade o governo federal tinha que cobrar os valores da fabricas de armas . pois os impostos da população não poderia ser usado para pagar essa conta .

    obs: qualquer pessoa que fosse baleada por arma de fogo tinha que receber um seguro de cobertura somente para danos pessoais [ morte , invalidez permanente , reembolso de despesas médicas ] . pois ás fabricas de armas de fogo diretamente fabricar armas querendo um resultado de uma ação , de uma consequência ou efeito de uma ação . por essa conduta os fabricantes de armas são responsável por qualquer lesão cometida por armas de fogo . todas as vítimas de um acidente causado por armas de fogo os pedestres ou seus beneficiários , no caso de morte do acidentado – têm direito a receber a indenização . (seguro de danos pessoais causados por armas de fogo) .

    obs: aquém cabe essa responsabilidade com ás despesas médicas de uma pessoa baleada por arma de fogo . fecharemos os olhos e pagamos á conta com os imposto da população ou cobramos ás despesas médicas das fabricas de armas .

    obs: sugere que as fábricas de armas de fogo sejam taxadas, a fim de contribuir com as despesas médicas decorrentes de ferimentos causados com armas de fogo.

    **********************************************************************************************************************************************************************************************************************

    (Projeto para Taxação de Fábricas de Armas de Fogo) .

    (Objetivo Principal) .

    *Taxar as fábricas de armas de fogo para contribuir com as despesas médicas decorrentes de ferimentos causados por armas de fogo, aliviando o peso financeiro sobre os cidadãos e o sistema público de saúde.

    (Estrutura do Projeto) .

    *Taxação das Fábricas de Armas de Fogo:

    *Implementar uma taxa específica sobre a produção e venda de armas de fogo.

    *Os recursos arrecadados serão destinados a um fundo de cobertura médica para vítimas de ferimentos por armas de fogo.

    (Fundo de Cobertura Médica) .

    *Criar um fundo específico para cobrir despesas médicas de vítimas de ferimentos por armas de fogo, incluindo cirurgias, medicamentos, próteses e reabilitação.

    *Garantir que as vítimas recebam indenização por danos pessoais, como morte, invalidez permanente e reembolso de despesas médicas.

    (Responsabilidade das Fábricas) .

    *As fábricas de armas de fogo serão responsabilizadas pelos danos causados por seus produtos.

    *Implementar um seguro obrigatório para cobrir danos pessoais causados por armas de fogo.

    (Campanha de Conscientização) .

    *Promover campanhas educativas sobre os riscos e consequências do uso de armas de fogo.

    *Informar a população sobre os direitos e benefícios do fundo de cobertura médica.

    (Fiscalização e Regulação) .

    *Monitorar a aplicação das taxas e a utilização dos recursos do fundo.

    *Garantir a transparência e a eficiência na gestão dos recursos arrecadados.

    (Resultados Esperados) .

    *Redução do impacto financeiro sobre o sistema público de saúde e os cidadãos.

    *Maior responsabilidade das fábricas de armas de fogo pelos danos causados por seus produtos.

    *Apoio financeiro às vítimas de ferimentos por armas de fogo, garantindo acesso a tratamento médico adequado.

    *Conscientização da população sobre os riscos das armas de fogo e os benefícios do fundo de cobertura médica.

    (Conclusão) .

    *Este projeto visa criar um sistema justo e eficiente para responsabilizar as fábricas de armas de fogo pelos danos causados por seus produtos, aliviando o peso financeiro sobre os cidadãos e o sistema público de saúde. A implementação de uma taxa específica e a criação de um fundo de cobertura médica são passos essenciais para alcançar esses objetivos.

    ————————————————————————————————————————————————————————————————————————————————————————————————————————————————————–

    OBS: TEMOS QUE RESPONSABILIZAR ÁS FÁBRICAS DE ARMAS DE FOGO PELOS SEUS PRODUTOS DE DESTRUIÇÃO . (OBS: AÇÃO OU EFEITO DE TIRAR A VIDAS / ELIMINAÇÃO / EXTERMINAÇÃO / MORTE ) .

    ——————————————————————————————————————————————————————————-

    ASS: MARCO AURÉLIO MARQUES DE SOUZA .

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Conteúdo escrito por:

Inara Chagas

Graduanda de Jornalismo pela Universidade Federal de Santa Catarina. Acredita que o conhecimento é a chave para mudar o mundo. Como o Politize! é uma ferramenta para difundir conhecimento e mudar a realidade em que vivemos, tem prazer em poder contribuir e realizar este propósito

Isabela Moraes

Graduada de Relações Internacionais pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Quer ajudar a descomplicar a política e aproximá-la das pessoas, incentivando a participação democrática.
Chagas, Inara; Moraes, Isabela. PORTE DE ARMA NO BRASIL: COMO FUNCIONA?. Politize!, 16 de maio, 2019
Disponível em: https://www.politize.com.br/porte-de-arma-no-brasil/.
Acesso em: 29 de abr, 2025.

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