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Soft Power e Hard Power: entenda a diferença!

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Imagem ilustrativa Soft Power e Hard Power. Imagem: Pixabay.com
Imagem: Pixabay.com

Entenda a diferença entre Soft Power e Hard Power!

No final da Guerra Fria, o mundo buscava sua nova balança de poder, afinal, as potências hegemônicas das últimas cinco décadas já não dominavam mais o cenário internacional. O mundo bipolar estava com os seus dias contados e, junto com ele, a predominância das agendas militar e econômica para entender as relações internacionais.

Neste contexto, vários autores se dedicaram a entender as novas dinâmicas de poder internacional. Um deles foi Joseph Nye, que criou os termos “Soft Power” e “Hard Power“. Antes de entendê-los, é necessário compreender o que significa “poder”.

O que é poder, afinal?

Podemos definir poder, geralmente, como a habilidade de chegar ao objetivo desejado ou de influenciar os demais a seguirem os seus comandos.

No entanto, poder é um conceito bastante fluido, porque é determinado de acordo com o contexto. Por exemplo, o petróleo que hoje garante riqueza e prestígio a um Estado, não possuía relevância antes da revolução industrial. Tal qual o urânio antes da era nuclear. A extensão territorial de um Estado – o seu tamanho – já foi muito mais importante do que é hoje.

Conhecer o significado de poder e o que ele representa em termos práticos é muito relevante para compreender as “regras do jogo”, ou seja, as maneiras de atingir seus objetivos em determinado contexto.

Origem dos termos Soft e Hard Power

Acadêmicos de ciência política, relações internacionais, política internacional e outros temas correlatos buscaram entender como se configuraria o mundo pós Guerra Fria. Desse esforço resultaram muitas obras como, por exemplo, Choque de Civilizações de Samuel Huntington, O fim da história e o último homem de Francis Fukuyama, além de Soft Power: the means to success in world de Joseph Nye.

O que essas obras tem em comum é que buscam entender e explicar um mundo completamente novo, onde novas pautas ganham relevância e novos atores conquistam espaço. A partir delas, o mundo ia compreendendo como funcionaria o equilíbrio de poder no Sistema Internacional sem o controle hegemônico dos EUA e da URSS.

Joseph Nye e a criação dos conceitos de poder

Joseph Nye é um cientista político estado-unidense, co-fundador das teorias da interdependência complexa e do neoliberalismo nas Relações Internacionais. Além de ser uma das maiores autoridades acadêmicas em relações internacionais, ele é um defensor da globalização, do multilateralismo e da cooperação internacional.

Muitos estudiosos de Relações Internacionais escreveram e construíram teorias sobre o poder e como ele se manifesta no Sistema Internacional. O realista E. H. Carr, ainda em 1939, definiu três tipos de poder: o militar, o econômico e o poder sobre opinião. No entanto, foi Joseph Nye o responsável por definir os termos Soft Power e Hard Power em 2004.

Por muito tempo, o que determinou o poder de um país para o Sistema Internacional foi a sua capacidade de começar uma guerra. Embora as maneiras de começar uma guerra tenham mudado e evoluído, pouco se considerava além da capacidade econômica e militar. No entanto, Nye se atentou para o fato de que em termos econômicos e militares, no mundo pós-guerra fria, os EUA eram imbatíveis, mas não era isso que se manifestava na realidade.

Por exemplo, os EUA eram a única superpotência do mundo em 2001, mas não puderam prever nem evitar o que aconteceu no dia 11 de setembro. Então, Nye resolveu estudar o poder que não era exercido por ameaças ou coerção. E a partir disso, dividiu as manifestações de poder em duas, os conceitos que hoje conhecemos como Soft e Hard Power.

O que é Hard Power?

Também conhecido como poder duro, é a capacidade de levar o outro a fazer o que queremos usando de meios demonstração de força. Esses meios podem ser militares, sanções econômicas ou incentivos financeiros. Logo, é uma forma de influência direta, mas nem sempre incluirá conflitos armados. Um bom exemplo é o Acordo de Munique de 1938, que foi uma forma de articular o Hard Power militar sem que se necessite do conflito, dado que o acordo cedia à Alemanha Nazista parte do território da então Tchecoslováquia, sem o consentimento da mesma.

Ademais, o Hard Power é a forma de poder mais objetiva e mais simples de ser mensurada, já que a capacidade de Hard Power de um Estado é proporcional à sua capacidade bélica e econômica. No entanto, nem toda capacidade econômica se converte necessariamente em Hard Power, prova disso são países, como o Brasil, conseguirem ter um PIB mais elevado que países como a Coreia do Sul e Canadá, mas sua capacidade de parcerias e investimento é inferior e a qualidade da barganha não é tão elevada. Ou seja, o seu volume total de dinheiro não transforma o país em um articulador do Hard Power em sua vertente econômica.

O que é Soft Power?

Em contrapartida, o chamado poder brando é definido por Nye como a habilidade de modelar os desejos do outro, ou seja, é gerar tamanha atração que o outro escolhe seguir seu exemplo. Logo, você estará exercendo uma influência indireta no outro, uma ação que precede o momento de tomada de decisão.

Existem três grandes fontes de soft power: cultura, valores políticos e política externa. A maneira mais comum dele ser exercido é por meio da propaganda, mas não a única. Filmes, música, artes plásticas e ideologias são todos meios de Soft Power. Por exemplo, direitos humanos, catolicismo, capitalismo e democracia são todas ideias europeias. Elas foram espalhadas pelo mundo durante séculos por meio das grandes navegações e das cruzadas, e hoje fortalecem o Soft Power do continente europeu.

Podemos dizer, também, que graças à sua grande indústria cinematográfica e de arte no geral, os EUA também se destacam em usar o Soft Power a seu favor. O país leva o restante do mundo a desejar o “american way of life” (o estilo de vida americano), já que ele é apresentado como um estilo de vida com qualidade altíssima.

É importante destacar que, por mais que esta forma de poder não seja palpável, nem simples de mensurar, ela não é fácil de obter. Para ter um sólido Soft Power, é preciso conquistar o respeito dos outros atores e se apresentar como uma autoridade em algum assunto. Além disso, é uma forma de poder independente do Hard Power, ou seja, é possível que ele se manifeste mesmo na ausência de Hard Power.

Por exemplo, o Soft Power do Vaticano é inegável, mesmo sem nenhum soldado, o papado até hoje continua a ditar regras morais seguidas por milhares de pessoas ao redor do mundo.

Qual o mais importante? Soft Power X Hard Power

É válido compreender, também, que apesar do Soft Power ganhar relevância quase que equivalente ao Hard Power no mundo democrático, em Estados autoritários ele não tem tanto espaço assim. No entanto, manter um regime sem nenhum Soft Power é uma tarefa muito mais difícil. Nye afirma que se um líder representa valores que os outros querem seguir, liderar se torna menos custoso. Até mesmo regimes autoritários como de Hitler e Mussolini chegaram ao poder apresentando ideias que encantavam a população.

Joseph Nye inicia sua obra relembrando que, embora Maquiavel tenha aconselhado por séculos os príncipes que é melhor ser temido do que ser amado, nos dias de hoje, é melhor ter os dois. Logo, se destaca aquele que puder balancear capacidade de coerção (Hard Power) com a atratividade das ideias (Soft Power).

Ainda de acordo com Nye, um ator que use do Soft Power combinado com uma aplicação mais criteriosa do Hard Power estaria dominando uma nova forma de poder: o “Smart Power”. E os detentores dessa capacidade seriam as únicas “super potências”.

E aí, conseguiu aprender a diferença entre Soft Power e Hard Power? Deixe sua opinião ou dúvida nos comentários!

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