Surto da varíola dos macacos. Foto: Banco de imagens Pixabay.

Varíola dos macacos: entenda o novo surto da doença

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Surto da varíola dos macacos. Foto: Banco de imagens Pixabay.
Surto da varíola dos macacos. Foto: Banco de imagens Pixabay.

A varíola dos macacos (monkeypox) tem sido tema de diversas notícias pelo mundo nos últimos dias. Não é de se surpreender que após dois anos do início da pandemia do coronavírus (COVID-19), o surgimento dessa doença e seus impactos em seres humanos esteja sendo fonte de preocupação

Pensando nisso, a Politize! reúne neste texto as principais informações relacionadas à varíola dos macacos, com base em informações e dados do Instituto Butantan, da Organização Mundial de Saúde (OMS) e de especialistas no assunto.

Leia também: Coronavírus: o que é e seus impactos no Brasil e no mundo

O que é a varíola dos macacos?

A varíola dos macacos (monkeypox) trata-se de uma zoonose silvestre, ou seja, “um vírus que infecta macacos, mas que incidentalmente pode contaminar humanos” (Instituto Butantan, 2022). 

O vírus geralmente ocorre em regiões florestais da África Central e Ocidental. A causa da doença é o vírus da varíola dos macacos, pertencente à família dos orthopoxvírus. 

De acordo com o Instituto Butantan, há dois tipos de vírus da varíola dos macacos: o da África Ocidetal e o da África Central.

O centro de pesquisa biológica aponta que “embora a infecção pelo vírus da varíola dos macacos na África Ocidental às vezes leve a doenças graves em alguns indivíduos, a doença geralmente é autolimitada (que não exige tratamento)”. (Instituto Butantan, 2022).

É importante destacar que o vírus da varíola dos macacos é diferente do vírus da varíola humana, “ele foi descoberto em 1958 e tem uma taxa de letalidade muito menor do que aquele da varíola humana, e também tem uma transmissibilidade bem menor entre humanos” (UOL, 2022).

Taxa de mortalidade da varíola dos macacos

No que diz respeito à taxa de mortalidade, a varíola dos macacos possui uma taxa de mortalidade mais baixa que a taxa de mortalidade da varíola humana. 

Segundo Raúl Rivas González, professor de microbiologia da Universidade de Salamanca, a taxa da “África Ocidental é a mais branda, com mortalidade entre 1% e 10%, e parece ser a que está causando o surto na Europa”, enquanto da “África Central, por outro lado, é mais virulenta e perigosa e pode matar cerca de 20% dos infectados” (BBC News, 2022). 

Além disso, segundo a OMS, quando trata-se de risco, crianças estão mais vulneráveis e a varíola no período de gravidez também pode gerar complicações.

De acordo com o diretor do Instituto Universitário de Doenças Tropicais e Saúde Pública das Ilhas Canárias, da Espanha, Jacob Lorenzo Morales, “os níveis mais altos de letalidade estão concentrados em certas populações”.

Em entrevista à BBC News Mundo (2022), ele disse ainda: “Com base nos dados que vimos, a maior parte das mortes ocorre em áreas rurais muito pobres da África e, em geral, em muitas crianças devido ao seu sistema imunológico menos desenvolvido.”

Como a doença foi identificada?

Descoberta em 1958, a varíola dos macacos ocorreu “quando dois surtos de uma doença semelhante à varíola ocorreram em colônias de macacos mantidos para pesquisa (Instituto Butantan, 2022).

Mas o primeiro caso de varíola dos macacos registrado em um ser humano ocorreu apenas em 1970, na República Democrática do Congo. Nesse período foram reunidos diversos esforços para eliminação da doença, que veio também a ser “relatada em humanos em outros países da África Central e Ocidental” (Instituto Butantan, 2022).

Por sua vez, em 1980, a varíola humana tornou-se a primeira doença da história a ser erradicada. Ou seja, há mais de 40 anos, a Organização Mundial da Saúde certificava-se do funcionamento da campanha global de vacinação e dos esforços destinados para a erradicação da doença. 

Nesse sentido, “como o vírus da varíola do macaco tem relação com a varíola humana, a vacina contra a varíola também se mostrou eficaz para ambas as doenças” (G1 Saúde, 2022).

Entretanto, surge em 2022 um possível surto da doença, sendo o primeiro caso o de um homem na Inglaterra “que desenvolveu lesões na pele em 5/5, foi internado em um hospital de Londres, depois transferido para um centro especializado em doenças infecciosas até a varíola dos macacos ser confirmada em 12/5” (Instituto Butantan, 2022). 

Outro caso em que as mesmas lesões na pele foram desenvolvidas teve a doença confirmada no dia 13/05. Pouco depois, no dia 15/05, o governo britânico confirmou mais quatro casos idênticos. Já no dia 18/05, mais dois casos foram confirmados pela agência do Reino Unido.

Todavia, “nenhum deles havia viajado ou tido contato com pessoas que o fizeram, indicando uma possível transmissão comunitária da doença.” (Instituto Butantan, 2022).

Como ela é transmitida entre humanos? 

Os casos de varíola dos macacos relatados ainda não tiveram a fonte de infecção confirmada pela Organização Mundial da Saúde. Desse modo, não existem muitas informações “sobre as possíveis rotas de transmissão entre humanos nos surtos atuais” (BBC News, 2022). 

De modo geral, a varíola dos macacos é transmitida por meio do contato próximo com indivíduo infectado (humano ou animal), fluidos corporais ou materiais que estejam contaminados.

Por via de regra, o período de incubação compreende entre 6 e 13 dias, podendo variar entre 5 e 21 dias. Por essa razão, as pessoas infectadas com a doença precisam manter-se isoladas e em observação por 21 dias.

Veja também nosso vídeo sobre relação entre política e pandemia!

Sintomas da varíola dos macacos

Em entrevista à BBC News Mundo, o professor de microbiologia da Universidade de Salamanca, na Espanha, Raúl Rivas González, explicou que, como na maioria das infecções, a varíola dos macacos começa “com febre e também é comum ter desconforto corporal, fadiga, dores musculares e dor de garganta”. 

De forma resumida, os sintomas iniciais da varíola dos macacos incluem: “febre, dor de cabeça, dores musculares, dores nas costas, linfonodos inchados, calafrios e exaustão” (Instituto Butantan, 2022). 

No caso das lesões na pele, essas se desenvolvem primeiro no rosto e em seguida começam a se espalhar pelo corpo, o que inclui as genitais. Essas lesões na pele “parecem as da catapora ou da sífilis até formarem uma crosta, que depois cai”. (Instituto Butantan, 2022).  

Além disso, os sintomas da varíola dos macacos podem variar entre leves ou graves, assim, casos mais leves “podem passar despercebidos e representar um risco de transmissão de pessoa para pessoa”. 

Como podemos nos prevenir da varíola dos macacos?

Conforme as recomendações de prevenção da Organização Mundial da Saúde e as informações divulgadas pelo Instituto Butantan, indivíduos residentes e viajantes de países endêmicos devem ter o cuidado de evitar contato com animais doentes, visto que podem portar a varíola dos macacos, bem como “abster-se de comer ou manusear caça selvagem”.

Outras formas de prevenir-se da doença se assemelham aos cuidados já conhecidos da pandemia de COVID-19, como, por exemplo: lavar as mãos com água e sabão, higienizar as mãos com álcool em gel, evitar a exposição ao vírus e evitar contato com pessoas infectadas.

Existe vacina para a varíola dos macacos?

De acordo com o Instituto Butantan (2022), historicamente, há comprovação de que a vacina contra a varíola comum pode ser utilizada para proteção contra a varíola dos macacos. No entanto, o instituto aponta que:

Embora uma vacina (MVA-BN) e um tratamento específico (tecovirimat) tenham sido aprovados para a varíola, em 2019 e 2022, respectivamente, essas contramedidas ainda não estão amplamente disponíveis e populações em todo o mundo com idade inferior a 40 ou 50 anos não tomam mais a vacina, cuja proteção era oferecida por programas anteriores de vacinação contra a varíola, porque estas campanhas foram descontinuadas. No Reino Unido, a vacina contra varíola está sendo oferecida às pessoas de maior risco.” (Instituto Butantan, 2022).

De tal forma, apesar de não haver uma vacina específica para o vírus, “especialistas acreditam que a vacina contra a varíola humana tem alta eficácia, de 85%, porque os dois vírus são bastante parecidos” (BBC News, 2022).

Em suma, a vacina contra a varíola humana é capaz de prevenir a maioria dos casos. Portanto, a melhor forma de prevenção é vacinar-se! Além disso, estar atento às recomendações dos órgãos máximos de saúde do país e do mundo.

A doença já chegou ao Brasil?

Desde o início de maio de 2022, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), já são “131 casos confirmados e 106 suspeitos” de infectados pela varíola dos macacos, doença que tem preocupado o mundo inteiro.

Embora nenhum caso tenha sido registrado no Brasil ainda, os dados em outras regiões estão sendo monitorados. No momento, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) antecipou a criação de uma comissão de caráter consultivo voltada para o acompanhamento da “possível incidência da doença no país”. 

O infectologista André Bon, do Hospital de Brasília, aponta que é importante observar o desenvolvimento dos casos em outras regiões do mundo, uma vez que “já existe um alerta epidemiológico em relação ao que pode ser o critério de caso suspeito. Mas o risco de chegar no Brasil e existir um surto é indeterminado, a gente não tem como saber com um número tão pequeno de casos como temos agora.” (Correio Braziliense, 2022). 

E aí, conseguiu compreender melhor o que é a varíola dos macacos? Restou alguma dúvida? Deixe nos comentários!

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1 comentário em “Varíola dos macacos: entenda o novo surto da doença”

  1. não sejamos estupidos a essas coisas ,pois o Senhor Deus dos exercitos aquele que tudo sabe é o mesmo e nos diz que devemos nos santificar e buscar as coisas dos céus ,se quardar mos sua palavra em nossos coraçãoes e não jogar mos pra traz nada de mal nos atingirá

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Graduanda em Relações Internacionais na Universidade de Brasília (UnB). Entre os interesses de pesquisa estão: movimentos negros, direitos humanos, migração e estudos de gênero, raça e classe. Acredita na educação popular como um meio de emancipação coletiva.

Varíola dos macacos: entenda o novo surto da doença

29 abr. 2024

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