Vulcanismo: como os vulcões moldaram o nosso planeta

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Vulcanismo: como os vulcões moldaram o nosso planeta

Quando um vulcão entra em erupção, os impactos devastadores e os desafios enfrentados pelas comunidades locais ganham destaque. Pessoas são retiradas de suas casas, o espaço aéreo é fechado e suas nuvens de cinzas podem se espalhar por quilômetros.

Apesar disso, essas estruturas geológicas não possuem apenas um poder destrutivo. Você sabia que o vulcanismo foi responsável pela maior extinção em massa da história da Terra, mas também foi essencial para o surgimento da vida no nosso planeta?

A Politize! separou os principais pontos para você entender esse fascinante e assustador fenômeno que é o vulcanismo. Vem com a gente!

Vulcão em erupção na Islândia. Imagem: Freepick.

Como e onde surgem os vulcões?

Os processos e eventos que provocam a ascensão do magma sobre a crosta terrestre, ou dentro dela, são chamados de Vulcanismo. A área da Geologia que se dedica ao estudo de vulcões, seus produtos e impactos ambientais é a Vulcanologia.

Os vulcões podem surgir de duas formas: pela movimentação das placas tectônicas e pela ação de pontos quentes de magma no interior dessas placas.

Formação de vulcões pela movimentação das placas tectônicas

A crosta terrestre não é uniforme, ela é dividida em placas tectônicas, blocos de rocha que deslizam sobre o manto da Terra. A maneira mais comum pela qual os vulcões surgem no nosso planeta está diretamente ligada ao movimento dessas placas tectônicas.

Conforme essas placas se movem, colidindo umas com as outras ou se afastando, elas se dobram ou criam fissuras na crosta terrestre. Esses processos resultam na formação de vulcões ao longo de suas bordas.

A placa Sul-Americana, da qual nosso país faz parte, colide com a placa de Nazca de um lado e se afasta da placa Sul-Africana de outro. O Chile, por exemplo, se localiza na borda da placa Sul-Americana em contato com a placa de Nazca, e possui atualmente 92 vulcões ativos.

Do outro lado, onde a placa Sul-Americana se afasta da placa Africana, existe uma grande cadeia de montanhas submersas com vulcanismo ativo: a dorsal mesoatlântica.

Principais placas tectônicas da Terra, com destaque para as placas de Nazca, Sul-Americana e Africana. Imagem: Infoescola.

O Painel Global, que monitora a Terra em tempo real, compila os dados de erupções vulcânicas e terremotos no mundo em um mapa interativo. Nele são registrados os vulcões ativos e as datas das últimas erupções. O menu interativo permite demarcar as placas tectônicas e é possível observar que a grande maioria desses vulcões ocorre no limite das placas.

Formação de vulcões por pontos quentes do manto da Terra

Os vulcões também podem surgir por conta de anomalias térmicas do interior da Terra, o que os cientistas chamam de plumas mantélicas. São regiões de magma muito quente, que derretem pontos da crosta terrestre e o magma ascende em direção à superfície. Esse processo é o responsável pelo surgimento de vulcões no interior das placas tectônicas.

Quando esse processo ocorre nos oceanos, além de vulcões, podem surgir ilhas vulcânicas. As ilhas do Hawaii se localizam no meio da Placa do Pacífico e foram formadas uma após a outra graças a uma pluma mantélica que perfurou a crosta terrestre.

A pluma em geral é fixa, enquanto a placa do Pacífico está em constante movimento. Isso faz com que as ilhas antigas percam o contato com esse ponto quente e cessem a atividade vulcânica. No novo local de contato da pluma, novas superfícies são perfuradas e novos vulcões são formados.

Complicado, né? Então vamos a uma analogia: imaginem uma vela acesa sobre a mesa. Se posicionarmos uma placa de plástico em cima da sua chama, essa placa derreterá no ponto em que contata a chama formando um buraco. Ao mover essa placa de plástico, um novo buraco irá se formar. Já aquele buraco que perdeu contato com o fogo continuará a existir, mas não aumentará e nem diminuirá de tamanho. Toda vez que a placa for movida, um novo buraco surgirá.

A formação de ilhas vulcânicas por ação das plumas mantélicas ocorre da mesma forma. Cada vez que a placa tectônica se move sobre a pluma, essa fonte de calor derrete a crosta e forma, não um buraco, mas um vulcão ou uma ilha vulcânica. Como a pluma não se move, a fonte de calor fica abaixo apenas do último vulcão ou ilha.

No Hawaii é assim. O vulcanismo ainda está ativo na costa sul da Ilha Grande, a ilha havaiana mais jovem. Em 2018, o vulcão Kilauea entrou em erupção e a lava expelida recobriu mais de 30 quilômetros quadrados. Além do Kilauea, outros dois vulcões da mesma ilha, Hualalai e Mauna Loa estão ativos.

Saiba mais: Como os cientistas sabem da existência dessas plumas mantélicas? Pontos quentes por baixo do Hawaii.

Estrutura vulcânica

Os vulcões são constituídos por três partes principais:

  • Câmara magmática: armazena o magma;
  • Chaminé: liga a câmara magmática à cratera, e é por onde o magma sobe quando o vulcão está ativo;
  • Cratera: região pela qual o magma é expelido;
Principais partes de um vulcão. Imagem: Infoescola.

Além dos componentes estruturais dos vulcões, o magma é um elemento importante. Apesar de parecer somente líquido quando é expelido, ele é composto por três partes:

  • Sólida: minerais se agrupando em cristais e partes de rochas que não se fundiram com o calor;
  • Líquida: são as rochas fundidas; e
  • Gasosa: gases como vapor d’ água, dióxido de carbono e enxofre.

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Do caos e destruição à origem da vida

Os vulcões habitam o nosso planeta desde a sua formação, há cerca de 4.6 bilhões de anos. Durante esse tempo, eles modificaram paisagens, formando montanhas e ilhas oceânicas. Foram, também, essenciais no processo de surgimento da vida e causaram, além de grandes desastres para a humanidade, a maior extinção em massa de que se tem registro.

Há cerca de 251 milhões de anos, durante o período Permiano, um conjunto de vulcões entrou em erupção onde hoje é a Sibéria, na Rússia. A maior evidência desse evento são as rochas vulcânicas que recobrem uma área de milhares de quilômetros de extensão e até 5 km de espessura.

Os cientistas acreditam que essas erupções duraram cerca de 1 milhão de anos. Além da lava e cinzas, foram responsáveis por mudanças climáticas como um efeito estufa global. Esse efeito estufa aumentou a temperatura do planeta e tornou os oceanos mais ácidos, sendo a principal causa da maior extinção em massa que a Terra já viu.

Contrastando com a eliminação de quase toda a vida terrestre, uma das hipóteses para o surgimento da vida na Terra está intimamente ligada à ação dos vulcões. Segundo ela, fontes termais geradas por atividades vulcânicas teriam fornecido energia e compostos químicos essenciais para a formação das primeiras formas de vida.

Existem vulcões no Brasil?

Sim, existem vulcões no Brasil. Mas calma, a boa notícia é que todos estão inativos há milhões, ou até bilhões de anos. Em diferentes períodos, nosso país passou por vários episódios de vulcânismo. Contudo, hoje só sobraram rochas dessas épocas para contar a história.

Um dos episódios mais dramáticos da nossa história geológica foi a separação da América do Sul do Continente Africano. Profundas rachaduras surgiram entre os dois continentes e delas grandes volumes de lava extravasaram por milhões de anos. Nessa época, as erupções não eram explosivas, mas ocorriam por fendas que liberavam magma continuamente.

Porém, as atividades vulcânicas no nosso país não se limitam a esse período. Na Amazônia, vulcões que estavam ativos há cerca de 2 bilhões de anos foram encontrados. No Mato Grosso do Sul, existem evidências de uma intensa atividade vulcânica que ocorreu há 130 milhões de anos, quando ainda existiam dinossauros na Terra. Além disso, estima-se que os vulcões existentes em Minas Gerais cessaram a sua atividade há cerca de 60 milhões de anos.

Hoje, o Brasil ocupa uma posição geologicamente privilegiada no centro da placa Sul-Americana. Esse é o grande motivo de não precisarmos nos preocupar com vulcões ou terremotos. Temos outras preocupações, com outros tipos de desastres naturais que impactam o nosso país.

Veja também: Como era o Brasil há 100 milhões de anos?

O vulcanismo, assim como outros processos geológicos que causam desastres e transtornos para as populações humanas, foi e ainda é importante para a formação do nosso planeta como conhecemos hoje e para a manutenção de processos ambientais.

E aí, vocês sabiam que existiam vulcões no Brasil? Teriam coragem de visitar um vulcão ativo? Conta para a gente!

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Conteúdo escrito por:
Paleontóloga, licenciada em Ciências Biológicas, mestre em Geociências e doutoranda em Zoologia pelo Museu Nacional do Rio de Janeiro, onde pesquiso sobre tartarugas fósseis. Escrevo ciência, meio ambiente, a história da vida na Terra e a nossa relação com o planeta.
Ambrosim, Mariana. Vulcanismo: como os vulcões moldaram o nosso planeta. Politize!, 14 de setembro, 2023
Disponível em: https://www.politize.com.br/vulcanismo/.
Acesso em: 13 de dez, 2024.

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