Entenda qual era o objetivo da PEC da Blindagem

Publicado em:

Compartilhe este conteúdo!

A PEC da Blindagem ganhou força em setembro de 2025, quando a proposta — aprovada pela Câmara dos Deputados — chegou ao Senado e foi rejeitada por unanimidade na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça). 

Neste texto, explicamos o que dizia a PEC, como é a regra vigente e por que a proposta foi tema de manifestações favoráveis e contrárias à proposta.

Acompanhe!

O que é a PEC da Blindagem?

A PEC 3/2021, ou PEC da Blindagem — como ficou conhecida —, pretendia restabelecer a “licença prévia” do Congresso para que o Ministério Público e o Judiciário pudessem dar andamento a processos criminais contra deputados e senadores. 

Na prática, qualquer processo dependeria de autorização do plenário da Casa Legislativa respectiva. A PEC pretendia voltar ao modelo vigente até 2001, quando o STF precisava solicitar licença para processar parlamentares. Na época, nenhum pedido do Supremo avançou

Por isso, em 2001, o Congresso extinguiu a licença prévia e, desde então, ações penais tramitam normalmente, permanecendo apenas a imunidade material por opiniões, palavras e votos.

Outra proposta da PEC, era a possibilidade do voto secreto para decidir sobre processo ou prisão, o que foi acusado de ser uma forma de reduzir a transparência e a prestação de contas dos parlamentares perante o eleitor.

Votação da PEC da Blindagem no Congresso.
Imagem: Agência Brasil.

Como é a regra hoje (sem a PEC)?

Sem a PEC, não há licença prévia do Congresso, portanto, o Ministério Público pode denunciar e a Justiça pode processar deputados e senadores por crimes comuns, sem depender de autorização das Casas Legislativas. 

Mantém-se, no entanto, a imunidade material, que protege opiniões, palavras e votos no exercício do mandato. Quanto a medidas cautelares e prisões, admite-se a prisão em flagrante de crime inafiançável, cujo caso é submetido à Casa respectiva (que pode mantê-la ou não). As demais cautelares podem ser analisadas pelo Judiciário, sujeitas a controle posterior. 

Além disso, parlamentares têm foro por prerrogativa em tribunais superiores, nos termos da Constituição e da jurisprudência. Esse arranjo busca equilibrar a liberdade de atuação parlamentar com a necessidade de responsabilização, evitando escudos processuais que travem a Justiça.

Por que a proposta dividiu opiniões?

Vamos entender o que defendiam os críticos e os defensores da PEC da Blindagem.

O que defendiam os apoiadores?

Entre os defensores, a proposta era vista como um mecanismo de proteção contra abusos. Alegavam que medidas cautelares do Judiciário, como buscas, quebras de sigilo e restrições, poderiam interferir no mandato e no debate político.

Por este motivo, consideravam legítimo submeter a continuidade de processos à autorização do plenário, para blindar o Parlamento de eventuais excessos. 

Essa leitura se amparava também na ideia de separação de Poderes, pois caberia ao Legislativo avaliar, em última instância, os efeitos de processos criminais sobre o exercício do mandato, evitando a “judicialização” da política

Saiba mais: A separação dos três poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário

O que apontaram os críticos?

Entre as principais críticas, destacou-se o risco de impunidade. A experiência anterior a 2001 indicou que a licença prévia praticamente paralisava processos, pois nenhum pedido do STF avançou naquele período.

Por isso, críticos apontavam que a recriar significaria restabelecer uma barreira que impedia a responsabilização penal de parlamentares.

Outro argumento, envolvia a preocupação com transparência, já que a possibilidade de voto secreto para autorizar (ou barrar) a tramitação de ações reduziria o controle social sobre decisões sensíveis.

A PEC da blindagem foi aprovada?

Apesar de ter sido aprovada na Câmara dos Deputados, o Senado Federal reprovou a Proposta de Emenda à Constituição. Assim, com a derrota no Senado, a PEC da Blindagem não altera a Constituição. 

Portanto, prevalece a regra em vigor desde 2001: não há licença prévia para processar penalmente parlamentares. 

Um novo texto poderia ser apresentado no futuro, mas, politicamente, a rejeição unânime na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e a derrota em plenário indicam baixa viabilidade no curto prazo.

Na análise jurídica, a CCJ do Senado também apontou inconstitucionalidade e desvio de finalidade. Segundo o relator, a PEC contrariava princípios constitucionais e operaria como um atalho corporativo, sem atender a um interesse público legítimo.

E aí, entendeu o que a PEC da Blindagem mudaria na Constituição, caso fosse aprovada? Deixe sua opinião nos comentários!

Referências

WhatsApp Icon

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Compartilhe este conteúdo!

ASSINE NOSSO BOLETIM SEMANAL

Seus dados estão protegidos de acordo com a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD)

FORTALEÇA A DEMOCRACIA E FIQUE POR DENTRO DE TODOS OS ASSUNTOS SOBRE POLÍTICA!

Conteúdo escrito por:

Layane Henrique

Faço parte da equipe de conteúdo da Politize!. Cientista social pela UFRRJ, pesquisadora na área de Pensamento Social Brasileiro, carioca e apaixonada pelo carnaval.
Henrique, Layane. Entenda qual era o objetivo da PEC da Blindagem. Politize!, 25 de setembro, 2025
Disponível em: https://www.politize.com.br/pec-da-blindagem/.
Acesso em: 26 de set, 2025.

A Politize! precisa de você. Sua doação será convertida em ações de impacto social positivo para fortalecer a nossa democracia. Seja parte da solução!

Secret Link