O ressurgimento da gripe aviária no Brasil em 2025 acendeu um alerta no setor agropecuário e na saúde pública. Desde o primeiro caso registrado em aves silvestres em 2023, o país enfrenta esforços intensos para conter a disseminação da Influenza Aviária de Alta Patogenicidade.
Neste texto, vamos explorar as causas, os impactos e as medidas adotadas para controlar essa ameaça no Brasil, além de explicar o que a população precisa saber para evitar riscos à saúde.
Acompanhe a leitura!
- Ressurgimento da gripe aviária no Brasil em 2025
- O que é e o que causa a gripe aviária?
- Quais são os sintomas e manifestações clínicas da gripe aviária em humanos?
- Como acontece a transmissão da gripe aviária e quais são os riscos para humanos?
- Quais são as recomendações à população?
- Perspectivas e riscos de pandemia
- Referências
Ressurgimento da gripe aviária no Brasil em 2025
Desde o registro do primeiro caso de gripe aviária em aves silvestres em 2023, o Brasil vem enfrentando desafios na contenção e prevenção da Influenza Aviária de Alta Patogenicidade. Em 15 de maio de 2025, foi confirmado um novo caso do vírus em Montenegro, no Rio Grande do Sul.
Diversos estados brasileiros, desde então, têm apresentado casos suspeitos e confirmados da doença, e o governo federal, por meio do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), coordena ações conjuntas com secretarias estaduais para controlar a disseminação do vírus.
O Ministério da Agricultura e Pecuária, liderado pelo ministro Carlos Fávaro, tem coordenado a resposta nacional, realizando vistorias e estabelecendo barreiras sanitárias, como ocorreu no foco da doença em granja comercial no Rio Grande do Sul, onde 17 mil aves foram abatidas e mais de 540 estabelecimentos rurais vistoriados.
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O ministro informou que o foco está contido e que, após o período de vazio sanitário, o Brasil poderá ser declarado livre da doença, retomando as exportações de carne e ovos. O Mapa também atualizou a lista de países que suspenderam temporariamente as importações de carne de aves brasileiras em diferentes níveis, refletindo a preocupação internacional diante dos casos no Brasil.
Além disso, o governo federal tem monitorado outros casos suspeitos em estados como Amazonas, Ceará, Pará, Bahia, Rio de Janeiro, entre outros, com protocolos de investigação e descarte rigorosos para evitar a disseminação da doença.
Essas ações integram o Plano de Contingência da Influenza Aviária de Alta Patogenicidade, firmado em 2022 entre a União, estados e setor produtivo, que prevê medidas de controle, vigilância epidemiológica e educação sanitária para proteger a avicultura brasileira, um setor vital para a economia e segurança alimentar do país.

Impactos econômicos e sanitários da gripe aviária no Brasil
A confirmação de casos de gripe aviária em granjas comerciais no Brasil, em 2025, resultou na suspensão da importação de carne de aves por pelo menos 24 países, incluindo mercados importantes como China, União Europeia, México e Canadá.
Alguns países restringiram a importação apenas ao estado do Rio Grande do Sul, onde ocorreu o primeiro foco comercial em 2023, enquanto outros suspenderam as compras de todo o território brasileiro.
O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, assegurou que o foco registrado em Montenegro (RS) está contido e elogiou a eficácia do sistema sanitário brasileiro, que instituiu barreiras sanitárias, realizou vistorias em mais de 540 estabelecimentos no entorno da granja afetada e aplicou medidas rigorosas de bloqueio e proteção aos trabalhadores.
Fávaro afirmou que o Brasil poderá anunciar sua condição de país livre da doença em cerca de 23 dias após o período de incubação do vírus.
Apesar de não representar risco para os consumidores, diversos países adotam medidas preventivas para proteger suas granjas e impedir a entrada do vírus em seus territórios. Por essa razão, suspenderam temporariamente a importação de frango do Brasil.
O que é e o que causa a gripe aviária?
A influenza aviária (IA), também conhecida como gripe aviária, é uma doença infecciosa causada pelos vírus influenza que pode infectar aves e mamíferos, incluindo humanos.
A gripe aviária é causada por vírus influenza do tipo A, que possuem múltiplos subtipos, incluindo o H5N1, H5N8, H7N9 e H9N2. Os vírus influenza A são responsáveis por pandemias históricas e apresentam alta morbidade e mortalidade.
Estudos mostraram que o vírus H5N1 surgiu em 1996 em gansos na China e desde então provocou surtos em aves e humanos em diversos países da Ásia, Europa, África e Américas.
Entre as pandemias de gripe mais conhecidas, estão a “Gripe Espanhola“ de 1918, causada pelo H1N1, que matou entre 40 e 100 milhões de pessoas. Além dela, estão ass pandemias subsequentes da “Gripe Asiática” (1957-58) e da “Gripe de Hong Kong” (1968-69), causadas por outros subtipos de influenza A.
A letalidade dessas pandemias variou, com a gripe aviária atual (H5N1) apresentando taxas próximas a 50% a 63% em humanos infectados.

O vírus influenza sofre mutações genéticas frequentes, incluindo o “drift”, que são pequenas variações, e o “shift”, que são grandes mutações que podem originar novos subtipos com potencial pandêmico.
A adaptação do vírus ao ser humano pode ocorrer por contato constante entre aves infectadas e humanos, podendo levar a transmissões inter-humanas limitadas, embora até o momento a circulação consistente do vírus de pessoa para pessoa não tenha sido observada.
Entenda: Como surge um novo vírus?
Conforme o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), os subtipos do vírus influenza A são classificados em duas categorias principais: influenza aviária de alta patogenicidade (IAAP), que provoca graves sinais clínicos e altas taxas de mortalidade nas aves, e influenza aviária de baixa patogenicidade (IABP), que geralmente causa poucos ou nenhum sintoma nas aves.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA), desde janeiro de 2022, surtos de IAAP têm sido observados em aves domésticas e silvestres em diversos países das Américas, incluindo Argentina, Bolívia, Canadá, Chile, Colômbia, Equador, Estados Unidos, Honduras, México, Panamá, Paraguai, Peru, Uruguai, Venezuela e Brasil. O subtipo A (H5N1) predomina nesses surtos e, pela primeira vez, tem ocorrido uma persistência prolongada desses casos nas aves
Quais são os sintomas e manifestações clínicas da gripe aviária em humanos?
Os sintomas da gripe aviária em humanos podem variar amplamente, indo desde manifestações leves até quadros graves que exigem hospitalização. Segundo os Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC), os sintomas leves a moderados incluem:
- Conjuntivite (vermelhidão e irritação nos olhos);
- Febre moderada;
- Tosse;
- Dor de garganta;
- Congestão nasal;
- Dores musculares;
- Dor de cabeça;
- Fadiga.
Entre os sintomas menos comuns em quadros leves, podem ocorrer:
- Diarreia;
- Náusea;
- Ânsia de vômito.
Já em casos moderados a graves, destacam-se:
- Febre alta;
- Dificuldade para respirar;
- Alterações do estado de consciência;
- Convulsões.
Em situações graves, a doença pode evoluir para:
- Pneumonia;
- Insuficiência respiratória;
- Falência múltipla de órgãos;
- Sepse;
- Meningoencefalite.
O virologista Fernando Spilki observou que essa variação sintomática está relacionada à forma como o vírus é introduzido no organismo humano, variando de uma conjuntivite simples a doença respiratória grave.
O período de incubação costuma ser de 1 a 10 dias, sendo que sintomas oculares podem aparecer em até dois dias após a exposição. O CDC estima que os sintomas leves duram até duas semanas, enquanto os graves podem prolongar-se por várias semanas.
Como acontece a transmissão da gripe aviária e quais são os riscos para humanos?
A transmissão da gripe aviária ocorre principalmente entre aves por contato direto ou pela contaminação de água e alimentos. A disseminação entre aves e mamíferos ocorre pela proximidade com excreções contaminadas ou predação. A passagem para humanos é rara, ocorrendo por exposição direta a aves infectadas ou inalação de partículas contaminadas.
Veja também: Como os hábitos humanos influenciam o surgimento de pandemias?
A Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) afirmaram que a transmissão pessoa a pessoa é limitada, ineficiente e não sustentada, ocorrendo somente em situações muito específicas e raras.
O risco maior está associado a profissionais que lidam diretamente com aves, como granjeiros e veterinários, especialmente sem o uso de equipamentos de proteção individual.
O Ministério da Agricultura brasileiro também enfatiza que o consumo de carne de aves e ovos, desde que adequadamente cozidos, não oferece risco para a saúde humana, visto que o vírus não sobrevive ao calor.
Estudos indicam que crianças e adultos jovens constituem uma parcela significativa dos casos humanos de gripe aviária, com idade média dos infectados em torno de 15 a 18 anos e alta letalidade entre esses grupos. A maior susceptibilidade pode estar relacionada à distribuição dos receptores virais no trato respiratório, que variam conforme a idade.
Além disso, grupos de risco incluem imunodeprimidos, idosos e pessoas com doenças crônicas cardíacas ou pulmonares, que podem apresentar sintomas mais graves e maior mortalidade. Profissionais que trabalham em contato direto com aves infectadas são os mais vulneráveis à infecção, especialmente se não utilizam equipamentos de proteção adequados.
Quais são as recomendações à população?
As principais medidas de prevenção da gripe aviária incluem:
- Evitar contato direto ou indireto com aves infectadas, ou mortas;
- Uso adequado de equipamentos de proteção individual (EPIs) para profissionais expostos;
- Higiene rigorosa das mãos;
- Desinfecção dos ambientes contaminados.
Pessoas que encontram aves mortas devem notificar as autoridades sanitárias e não manipular os animais.
O Ministério da Agricultura orienta que o consumo de carne e ovos bem cozidos é seguro, pois o vírus não resiste ao calor. Deve-se evitar o consumo de alimentos crus ou malpassados para prevenir outras infecções alimentares também.
Além disso, o Ministério da Saúde reforça que somente pessoas que tiveram contato direto com aves infectadas e apresentem sintomas devem procurar atendimento médico e, se indicado, iniciar tratamento antiviral com fosfato de oseltamivir nas primeiras 48 horas dos sintomas.
A influenza aviária também pode acometer mamíferos domésticos e silvestres, como cães e gatos, o que torna importante a adoção de medidas preventivas no manejo de animais domésticos e em ambientes rurais.
Essas recomendações visam reduzir o risco de transmissão da doença e garantir a saúde pública, em sintonia com o Plano Nacional de Contingência para Influenza Aviária.
Perspectivas e riscos de pandemia
O subtipo H5N1 é considerado um dos principais candidatos a causar uma nova pandemia devido à sua alta letalidade em humanos e capacidade de causar surtos globais em aves.
A médica infectologista Cristiana Toscano, da Organização Pan-Americana da Saúde, alerta que, apesar da letalidade atual ser alta, a transmissão eficiente entre humanos ainda não foi estabelecida, mas há risco de mutação que permita a propagação pessoa a pessoa.
Ela compara com pandemias passadas, lembrando que, no século passado, eventos como a gripe espanhola causaram milhões de mortes, e destaca a importância da vigilância e da capacidade de produção rápida de vacinas e antivirais para minimizar impactos futuros.
O virologista Edison Luiz Durigon, professor do Instituto de Ciências Biomédicas da USP, complementa afirmando que o vírus H5N1 atinge órgãos vitais além do sistema respiratório, como cérebro, coração e rins, causando falência múltipla de órgãos em pacientes humanos, o que explica a alta mortalidade. Ele também alerta que, apesar de mutações genéticas serem necessárias para que o vírus se torne pandêmico, o risco é concreto e preocupante.
Fique atento às atualizações sobre a gripe aviária e proteja sua saúde! Se ficou alguma dúvida, deixe para a gente nos comentários!
Referências
- Metrópoles – Após suspeita de gripe aviária, Seagri faz inspeção ao redor do Zoo
- Ministério da Saúde (gov.br) – Influenza Aviária
- Ministério da Agricultura (gov.br) – Gripe aviária: atualização sobre a suspensão de exportações
- BBC Brasil – Gripe aviária: o que se sabe sobre sintomas, transmissão e risco para humanos
- SciELO – Revisão sobre gripe aviária: epidemiologia, manifestações clínicas e controle
- Agricultura RS (gov.br) – Gripe aviária
- Câmara dos Deputados – Especial gripe aviária: o que é a gripe aviária?
- Agência Brasil EBC – Ministro da Agricultura anuncia que foco de gripe aviária está contido
- CNN Brasil – Gripe aviária: conheça sintomas, diagnóstico e tratamento da doença
- Poder360 – Governo analisa 11 possíveis casos de gripe aviária no Brasil
- Cleveland Clinic – Bird Flu (Avian Influenza)
- Organização Mundial de Saúde Animal (WOAH) – Avian Influenza