Inflação no Brasil e no mundo: entenda de uma forma simples o que significa o termo

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Inflação: o que é?

Ao ver notícias sobre a alta dos preços, você já deve ter se perguntado por que o governo simplesmente não imprime mais dinheiro. Neste texto, veremos o motivo pelo qual isso, em excesso, agravaria o problema da inflação, ao invés de resolvê-lo. Presente no mundo todo, ela nem sempre é negativa, mas já foi um grande desafio no Brasil. Quer saber mais sobre esse fenômeno econômico? Vem com a gente!

Veja também nosso vídeo sobre a inflação!

Definição de Inflação

Antes de falar sobre inflação no Brasil e no mundo, você sabe o que o termo significa?

A inflação pertence à área da macroeconomia, isto é, a parte da economia que estuda temas como crescimento econômico de um país ou região; moeda e inflação; investimento e consumo agregado; dívidas do governo; desemprego; balança comercial e a taxa de câmbio.

O estudo da macroeconomia é útil para decidir quais serão as melhores políticas e estratégias que serão usadas para melhorar a economia do país, além de análises que são utilizadas para prever certos fenômenos, dentre eles a própria inflação.

O IBGE, instituto que realiza a medida oficial da inflação no Brasil, define-a como um aumento dos preços, que pode ocorrer em um curto ou em um longo período de tempo.

Há 10 anos, os preços dos produtos nos supermercados eram mais baixos, o que significa que houve inflação durante esse período. Isso é um problema? Não! A inflação ao longo dos anos é normal e não é um problema por si só, porque os salários vão se reajustando na mesma medida. Porém, se for muito elevada, ela pode começar a ficar preocupante.

Além disso, é preciso notar a diferença entre um aumento específico no preço de determinado produto e a inflação. Se no supermercado um bem passou subitamente a custar mais caro, isso significa que houve inflação? Não necessariamente.

Como dito anteriormente, o fenômeno faz parte da macroeconomia (economia vista em uma grande perspectiva), portanto são levados em consideração os preços gerais de determinada região. Quando percebemos um aumento generalizado no preço dos bens e serviços, podemos falar que há inflação.

O dinheiro é o problema da inflação, e não a solução

Para entender melhor a inflação no Brasil e no mundo, vamos te explicar sobre a moeda, que nada mais é do que o dinheiro em circulação no país. Você sabia que ela possui valor?

De uma forma bem simples, se com uma determinada quantia de dinheiro você consegue comprar muitas coisas, o seu dinheiro vale mais. No entanto, se com essa mesma quantidade de dinheiro, você consegue comprar menos coisas, ele vale menos. Isso está totalmente ligado à inflação, vamos entender agora por quê.

Aqui precisamos considerar duas coisas: moeda disponível na economia e os preços. Ao produzir mercadorias ou oferecer um serviço, as pessoas cobram por isso. Logo, a produção desses bens e serviços gera o dinheiro que temos em circulação.

Sabemos também que parte desse dinheiro vai para o governo em forma de impostos, mas nem sempre é o suficiente. Nesse caso, o governo tem duas opções: emitir mais notas ou expandir o crédito.

Veja também nosso vídeo sobre impostos no Brasil!

Nesses casos, a economia passa a ter mais dinheiro não porque está se desenvolvendo, mas de uma forma artificial. Essa injeção de moeda faz com que um grupo de pessoas tenham mais disponibilidade de dinheiro, aumentando assim a demanda e fazendo com que os preços aumentem através da lógica da oferta e da demanda.

De uma forma bem resumida, tanto os preços dos bens quanto dos serviços são definidos pela quantidade de dinheiro que se tem em circulação. Quando temos grande oferta de moeda e a oferta de bens e serviços não cresce na mesma medida, aumentando assim o seu preço, isso gera inflação.

Quais são as causas da inflação e seus tipos

Há quatro grupos que podem ser considerados como motivadores da inflação no Brasil e no mundo, vamos ver quais são eles.

Aumento na demanda

Essa é uma das causas mais comuns. Acontece quando há pouca quantidade de um determinado produto que muitas pessoas querem consumir, de forma que seu preço tende a subir para equilibrar a oferta com a procura.

Aumento nos custos da produção

Ocorre nos casos em que um insumo aumenta o seu preço. Quando isso acontece, o produto final também terá o seu valor alterado.

Isso pode gerar uma inflação de demanda porque o produtor, ao ver os custos maiores para fabricar seu produto, muitas vezes escolhe diminuir a produção para ter menos gastos, e menos desse produto em circulação pode não ser o suficiente para suprir a demanda existente.

Inércia inflacionária e expectativa de inflação

Isso ocorre quando a inflação passada gera uma expectativa de inflação futura. Assim, uma inflação anterior elevada ou a expectativa de que ela volte a aumentar vai gerar um processo contínuo de inflação. Os comerciantes, por exemplo, podem elevar o preço dos produtos para se “adiantarem” caso os preços voltem a subir.

Aumento de emissão de moeda

Como explicado anteriormente, ao injetar mais moeda na economia sem que haja uma maior produção de riqueza, cria-se um volume maior de moeda em circulação, ao mesmo tempo em que a quantidade de produtos e serviços não aumentaram. Isso acarreta o aumento generalizado de preços.

É importante ressaltar que dificilmente a causa da inflação será única. Ela geralmente deriva da combinação de dois ou mais desses fatores.

Quando a inflação é um problema?

A inflação só começa a se tornar um problema quando aumenta em uma velocidade maior do que pode ser absorvida.

O fenômeno é comum em países em desenvolvimento e é esperado que esses países possuam algum grau de inflação. Ela pode servir como motor de suas economias à medida que as pessoas vão aumentando seu poder de compra, podendo gerar assim uma inflação ocasionada pelo aumento da demanda, por exemplo.

O real problema está na distorção que a inflação pode causar quando os preços aumentam e o poder de compra da moeda não acompanha esse aumento, diminunido, ao invés disso.

Já para quem recebe salário e precisa automaticamente gastá-lo, a inflação mostra seus efeitos com maior intensidade. As necessidades imediatas impossibilitam que parte do dinheiro seja investido com a finalidade de proteger seu valor, por exemplo. Logo, a inflação prejudica mais fortemente uma parte da população, constituída principalmente por indivíduos de baixa renda.

Também causa desemprego, porque os investimentos no setor produtivo diminuem, já que precisa haver uma retenção de gastos. Nesse caso, além de ocasionar demissões por corte de gastos, há uma falta de oferta de novos empregos.

Veja também: Estagflação? Saiba tudo sobre este conceito da economia!

Como é feito o cálculo da inflação

O efeito da inflação é diferente para cada pessoa, a depender do seu custo de vida e renda mensal. Vamos ver agora quais são os principais índices que fazem a análise da inflação no Brasil.

IPCA

É o índice principal, chamado Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), feito pelo IBGE. O IPCA é calculado mensalmente em 13 áreas urbanas do país, onde são analisados aproximadamente 430 mil preços em 30 mil locais.

Ao final desse levantamento, o IBGE compara com o mês anterior para concluir se houve queda ou aumento de preços.

Se há um aumento generalizado dos preços por conta da inflação e o seu salário não acompanhar essa alta, isso significa dizer que o IPCA está maior do que o salário. Ou seja, os preços gerais, definidos por esse cálculo mensal, aumentaram a ponto do seu salário não ser mais capaz de comprar a mesma quantidade de coisas.

INPC

Esse índice mede a variação dos valores dos produtos de bens e serviços de famílias com renda de até cinco salários mínimos. Essas famílias geralmente são mais sensíveis as variações dos preços, e é por isso que possuem um índice exclusivo.

Por meio dele, o governo tem ideia do quanto o valor do salário mínimo precisa ser reajustado, para que essas famílias tenham seu poder de compra reestabelecido.

IGP

Outro medidor importante é o Índice Geral de Preços. Esse índice é calculado e disponibilizado todos os meses pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas. Nele, não se observa apenas os preços que chegam ao consumidor, mas também os preços do meio do processo.

Assim, são incluídas no cálculo várias etapas de uma cadeia produtiva, levando em consideração se o preço para a produção de determinado bem de consumo aumentou ou diminuiu.

IGP-M

O IGP-M (Índice Geral de Preços – Mercado) faz a coleta de dados do dia 21 do mês anterior ao dia 20 do mês corrente. Ele é útil para aquelas pessoas que moram de aluguel, porque serve como base para o reajuste de tarifas e contratos como os aluguéis comerciais e residenciais.

IPC

Chamado de Índice de Preços ao Consumidor, ele calcula o aumento de preços no varejo para famílias com renda mensal entre 1 e 33 salários mínimos. Também é feito pela FGV e sua área de cálculo compreende sete capitais do Brasil.

Outros índices

Além dos índices oficiais, existem outros que servem para analisar a inflação em segmentos específicos, como por exemplo o Índice de Inflação da Cesta Básica, um índice não oficial criado pelo economista Jackson Teixeira Bittencourt.

Ao restringir a área de análise, é possível ter uma noção maior de como a inflação afeta cada tipo de bem, neste caso, os produtos alimentícios.

Inflação pelo mundo

É bem verdade que países desenvolvidos apresentam uma constância econômica que diminui riscos da inflação, além de se recuperarem mais rápido quando ela aparece. No entanto, fenômenos globais recentes têm desafiado os gigantes econômicos.

Estados Unidos e países que compõem a União Europeia, bem como os demais integrantes do G20 têm sofrido as consequências da pandemia da Covid-19, que afetou as cadeias de suprimentos globalmente e diminuiu a distribuição de produtos essenciais para o restante do mundo.

Adicionado a isso, a atual guerra entre Rússia e Ucrânia vem contribuindo para o agravamento dos efeitos econômicos negativos deixados pela pandemia.

Fonte: Eurostat

A Rússia, por exemplo, é um grande fornecedor de petróleo, gás e metais. Já a Ucrânia exporta trigo e milho. Graças à guerra, ao reduzir a oferta dessas commodities, seus preços se elevam e países da Europa, Cáucaso e Ásia Central, Oriente Médio, Norte da África e África Subsaariana são os mais afetados.

No entanto, como vivemos em um mundo interligado, o aumento dos preços de alimentos e de combustíveis tende a refletir em todo o mundo, inclusive nas Américas e no restante da Ásia.

A inflação nos Estados Unidos foi de 8,6% no acumulado de 12 meses, graças aos motivos mencionados acima. Essa é a maior alta inflacionária no país desde dezembro de 1981, quando o índice cresceu 8,9%. Uma das saídas para lidar com a pandemia foi injetar dinheiro na economia, o que, como vimos, contribui para que haja inflação.

A zona do euro atingiu inflação de 10% em setembro, enquanto o Reino Unido atingiu 9,9 por cento. A forte volta de demanda por serviços como viagens após o período mais crítico da pandemia contribuiu para esse cenário, aumentando a inflação mundial.

Especialistas do Fundo Monetário Internacional (FMI) apontam que a provável causa desse cenário teria sido a forte recuperação econômica em 2021, apoiada por intervenção fiscal nas economias avançadas.

Além disso, houve uma baixa recuperação no fornecimento de commodities e serviços, devido à lenta volta ao normal da cadeia de suprimentos, que teve piora após início da guerra entre Rússia e Ucrânia.

O tema da inflação é bem extenso e complexo. Aqui, você teve um panorama geral para entender melhor do que se trata e não ficar perdido quando ler as últimas notícias.

Se ainda tiver ficado alguma dúvida não esqueça de deixar nos comentários!

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Conteúdo escrito por:
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Gonçalves, Júlia. Inflação no Brasil e no mundo: entenda de uma forma simples o que significa o termo. Politize!, 29 de janeiro, 2023
Disponível em: https://www.politize.com.br/inflacao-no-brasil-e-no-mundo/.
Acesso em: 13 de dez, 2024.

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