O que é poliomielite?

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O termo poliomielite deriva do grego poliós, que significa cinza e myelós, que refere-se à espinha dorsal. O sufixo –itis denota inflamação, doença. Dessa forma, a palavra seria, em sua etimologia, a inflamação da substância cinzenta da medula espinhal.

A poliomielite ou paralisia infantil é uma doença altamente contagiosa causada por um virús chamado poliovírus (sorotipos 1, 2 e 3), que em casos mais graves pode provocar paralisia nos membros inferiores.

A grande maioria das infecções não produz sintomas, mas algo entre 5 e 10 a cada 100 pessoas podem apresentar sintomas semelhantes aos da gripe e em menos de 1% dos casos pode levar a deterioração do sistema nervoso.

Apesar de ter sido praticamente erradicado com a vacinação infantil, o vírus ainda é ativo em alguns países do mundo. No Brasil, depois de mais de 30 anos, a queda na cobertura vacinal trouxe o risco do retorno da doença.

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Causas e consequências

O poliovírus é uma doença contagiosa aguda que pode infectar crianças e adultos por meio do contato direto com fezes ou secreções liberadas pela boca de pessoas infectadas. A transmissão pode acontecer por meio de objetos, alimentos e água contaminada ou gotículas expelidas ao falar, tossir ou espirrar.

A falta de saneamento básico, más condições habitacionais e higiene pessoal precária também constituem fatores que favorecem a transmissão. A multiplicação do vírus começa na garganta ou intestino, onde entra em contato com a corrente sanguínea podendo alcançar o sistema nervoso.

A doença pode destruir neurônios motores, provocando paralisia nos membros inferiores e até a morte, caso as células dos centros nervosos que controlam os músculos respiratórios sejam infectadas.

As sequelas estão diretamente relacionadas a infecção da medúla e do cérebro. As principais são: problemas e dores nas articulações, crescimento desigual das pernas, osteoporose, paralisia nos músculos, dificuldade na fala, atrofia muscular, hipersensibilidade ao toque, entre outras questões.

Não existe um tratamento específico após o contágio, apenas contra os sintomas de acordo com o quadro clínico. As sequelas são tratadas através de fisioterapia, por meio de exercícios que ajudam a desenvolver a força dos músculos afetados. Além de medicamentos para o alívio de dores musculares e nas articulações.

A poliomielite no mundo

No ano de 1908, em Viena, o poliovírus foi identificado pela primeira vez. A pólio existiu silenciosamente até o final do século 19, quando grandes epidemias passaram a acontecer na Europa e nos Estados Unidos.

Por volta de 1910, o mundo presenciou um aumento dramático nos casos da doença, principalmente no verão. No Brasil, em 1917 o primeiro surto classificado como epidemia aconteceu no estado de São Paulo e resultou em uma lei que tornava a notificação da doença compulsória.

Nos anos que se seguiram, a epidemia continuou a se espalhar para o resto do país, com surtos em diversas cidades. Na década de 1950, no Rio de Janeiro, aconteceu a maior epidemia até então registrada. Na mesma época, estudos sobre vacinas começavam a apresentar resultados positivos.

Das que conhecemos hoje, a primeira foi a vacina de Salk, anunciada ao mundo em 1955, e na sequência a vacina oral de Albert Sabin, autorizada em 1961. Pelo fato da Sabin ser mais barata, de fácil administração e produzir excelente resposta imunológica, ela logo se tornou a mais utilizada em todo o mundo.

Vacinas contra poliomielite

A vacinação é forma mais eficaz de prevenção contra a poliomielite. Todas as crianças menores de cinco anos de idade devem ser vacinadas. Desde 2016, o esquema vacinal passou a ser composto por três doses da vacina injetável (VIP), com 2, 4 e 6 meses, e mais duas doses de reforço com a vacina oral (VOP), a gotinha.

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O público-alvo da campanha totaliza mais de 14 milhões de crianças. A cobertura vacinal deve ser sempre superior a 95% na faixa-etária. A imunização contra a polio faz parte do Plano Nacional de Vacinação (PNI) e está disponível no Sistem Único de Saúde (SUS). Ela protege contra três tipos diferentes do vírus (1, 2 e 3).

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A poliomielite hoje

O último caso confirmado de poliomielite no Ocidente é de 1991. No entanto, em alguns países asiáticos ainda existem criaças atingidas pela paralisia permanente. A doença permanece endêmica em três países: Afeganistão, Nigéria e Paquistão.

Não existe nenhum caso confirmado nas Américas, o que é um resultado da intensificação da vacinação. No Brasil, não há a circulação do poliovírus desde 1990. Em 1994, o país recebeu da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) o certificado de eliminação da transmissão do vírus.

Apesar disso, Bolívia, Equador, Guatemala, Haiti, Paraguai, Suriname, Venezuela e o Brasil estão de volta na lista de países de alto risco de volta da pólio. O que se deve principalmente pela baixa taxa de vacinação e representa um perigo para todo o continente que não registra casos há mais de 30 anos.

A possibilidade de um novo surto de poliomielite

Desde 2015, o Brasil enfrenta uma queda na cobertura vacinal. Segundo o Instituto de Políticas Públicas de Saúde (Ipes), entre 2015 e 2020, a taxa de vacinação contra a poliomielite caiu de 98% para 75,9%.

Entre os motivos estão a falta de informação dos profissionais de saúde e da população acerca do calendário vacinal, além da pouca confiança em governantes e instituições de saúde, e do crescimento do movimento antivacina.

Por conta disso, o certificado de erradicação de doenças como do sarampo, que havia sido concedido ao Brasil pela OMS, foi perdido após novas notificações. Só nos primeiros meses de 2022, mais de 17 mil casos foram contabilizados.

Especialistas vem alertando para a ameaça de um cenário semelhante com outras doenças erradicadas, como a polio. No continente africano ela ja havia sido erradicada, mas no início de 2022 novos casos surgiram no Malawi. O país viveu um surto da doença que atingiu Moçambique e serve de alerta para o Brasil.

Agora você já sabe o que é a poliomielite. Para evitar a volta dessa doença tão grave que atinge principalmente crianças menores de 5 anos, é importante estar sempre atento ao calendário de vacinação!

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Carioca e curiosa. Estudante de jornalismo na Universidade Federal do Rio de Janeiro e vê na educação política acessível o primeiro passo pra mudança. Se a política está em tudo, ela tem que ser pra todos.

O que é poliomielite?

27 abr. 2024

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