Agenda 2030: quais são os ODS e como eles ajudam a combater as mudanças climáticas?

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A Agenda 2030, criada pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2015, reúne 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) que propõem soluções integradas para erradicar a pobreza, promover a igualdade e preservar o meio ambiente. Entre eles, o ODS 13 – Ação contra a Mudança Global do Clima destaca a urgência de reduzir emissões e fortalecer a adaptação aos impactos ambientais.

Neste texto, a Politize! explica o que é a Agenda 2030, o que são ODS e quais estão ligados à ação climática e como eles ajudam a construir um futuro mais verde e resiliente para o planeta.

Este conteúdo integra a trilha do Projeto Amazônia Urbana, uma iniciativa que busca aprofundar o entendimento sobre os desafios e transformações ambientais das cidades na região amazônica.

O que é a Agenda 2030?

A Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável é uma iniciativa global criada pela ONU em 2015, com o propósito de promover um modelo de desenvolvimento que una crescimento econômico, justiça social e proteção ambiental até o ano de 2030. 

Composta por 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), a Agenda propõe um conjunto de metas universais voltadas para erradicar a pobreza, reduzir desigualdades e preservar os ecossistemas do planeta. Entre essas metas, as mudanças climáticas ocupam posição central, reconhecendo-se que o aquecimento global e a degradação ambiental ameaçam diretamente o bem-estar humano e a sobrevivência das gerações futuras.

A Agenda 2030 é vista por ambientalistas como um marco essencial para enfrentar a crise climática e promover justiça socioambiental. Eles destacam o papel dos ODS na articulação entre políticas públicas, educação ambiental e mobilização social, defendendo metas ambiciosas e soluções adaptadas aos territórios.

Já setores econômicos e industriais reconhecem o valor estratégico da Agenda, especialmente em termos de competitividade e acesso a financiamento sustentável, mas apontam desafios técnicos, financeiros e regulatórios

Metas como descarbonização e transição energética exigem investimentos elevados e mudanças estruturais, o que pode gerar resistência ou dificuldade de implementação em setores intensivos em carbono. Essas visões revelam que o sucesso da Agenda depende de diálogo, cooperação e equilíbrio entre ambição climática e viabilidade econômica.

Saiba mais: COP 30: Uma década do Acordo de Paris e os desafios do clima

O que são os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)?

Os ODS são metas interconectadas que abrangem áreas sociais, econômicas e ambientais, servindo como guia para governos, empresas e sociedade civil na construção de um planeta mais justo e sustentável. Os 17 objetivos são: 

  1. Erradicação da pobreza: acabar com a pobreza em todas as suas formas, em todos os lugares;
  2. Fome zero e agricultura sustentável: eliminar a fome, promover segurança alimentar e agricultura resiliente;
  3. Saúde e bem-estar: garantir vida saudável e promover o bem-estar para todos;
  4. Educação de qualidade: assegurar educação inclusiva, equitativa e de qualidade;
  5. Igualdade de gênero: alcançar a igualdade entre os gêneros e empoderar mulheres e meninas;
  6. Água potável e saneamento: garantir acesso à água segura e saneamento para todos;
  7. Energia limpa e acessível: assegurar acesso à energia confiável, sustentável e moderna;
  8. Trabalho decente e crescimento econômico: promover emprego digno, crescimento econômico inclusivo e sustentável;
  9. Indústria, inovação e infraestrutura: construir infraestrutura resiliente e fomentar inovação;
  10. Redução das desigualdades: reduzir desigualdades dentro e entre os países;
  11. Cidades e comunidades sustentáveis: tornar os assentamentos humanos inclusivos, seguros e sustentáveis;
  12. Consumo e produção responsáveis: garantir padrões sustentáveis de produção e consumo;
  13. Ação contra a mudança global do clima: tomar medidas urgentes para combater as mudanças climáticas;
  14. Vida na água: conservar e usar de forma sustentável os oceanos e recursos marinhos;
  15. Vida terrestre: proteger ecossistemas terrestres, combater a desertificação e perda de biodiversidade;
  16. Paz, justiça e instituições eficazes: promover sociedades pacíficas, acesso à justiça e instituições responsáveis;
  17. Parcerias e meios de implementação: fortalecer os meios de execução e revitalizar parcerias globais.

Dentre esses, vários se relacionam diretamente ao combate às mudanças climáticas. O ODS 13 – “Ação contra a Mudança Global do Clima” – busca fortalecer a educação, a conscientização e a capacidade institucional para mitigar e se adaptar aos impactos climáticos, promovendo a redução de emissões de gases de efeito estufa (GEE) e o aumento da resiliência de cidades e comunidades 

Outros ODS também contribuem para esse propósito:

  •  O ODS 7 incentiva o uso de energia acessível e limpa, aumentando a participação de fontes renováveis, como solar e eólica. 
  • O ODS 11 promove cidades e comunidades sustentáveis, com foco em transporte público, eficiência energética e redução da poluição. 
  • O ODS 12 incentiva o consumo e a produção responsáveis, combatendo o desperdício e fortalecendo a economia circular. 
  • Já o ODS 15 defende a vida terrestre, protegendo florestas e ecossistemas, fundamentais para o equilíbrio climático.

Entenda sobre: Agenda 2030: quais os esforços para promover o desenvolvimento sustentável?

Os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Agenda 2030
Imagem: Gov.br.

Como os ODS ajudam no combate às mudanças climáticas

O conjunto dos ODS, especialmente os ODS 11 (Cidades e Comunidades Sustentáveis), ODS 13 (Ação contra a Mudança Global do Clima), ODS 15 (Vida Terrestre) e ODS 6 (Água Potável e Saneamento), oferecem diretrizes práticas e ações concretas para reduzir os impactos das mudanças climáticas. 

Esses objetivos incentivam:

  • Infraestruturas verdes e adaptadas: como sistemas de drenagem urbana sustentável, telhados verdes, corredores ecológicos e planejamento urbano resiliente para lidar com enchentes, secas e ondas de calor.
  • Soluções baseadas na natureza (SbN): como restauração de florestas, manguezais, pântanos e áreas verdes urbanas, que ajudam a capturar carbono, regular o microclima, proteger a biodiversidade e reduzir riscos ambientais.
  • Planejamento urbano inclusivo e sustentável: que considera vulnerabilidades sociais e ambientais, promovendo cidades mais seguras, acessíveis e preparadas para eventos extremos.
  • Educação climática: prevista no ODS 13, busca conscientizar cidadãos sobre práticas sustentáveis, fortalecendo o engajamento social e o papel da juventude no enfrentamento da crise climática.

A ONU, por meio do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e da UNDRR (Escritório da ONU para Redução de Riscos de Desastres), reforça que a integração entre desenvolvimento urbano e natureza é uma das estratégias mais eficazes para aumentar a resiliência climática e cumprir a Agenda 2030.

Exemplos de implementação dos ODS no combate às mudanças climáticas

Diversos países e cidades vêm implementando políticas públicas alinhadas à Agenda 2030 e aos ODS. Os Países Baixos se tornaram referência mundial em governança climática, adotando soluções baseadas na natureza em cidades como Roterdã, onde parques, diques verdes e áreas de retenção de água foram projetados para prevenir inundações e reduzir os riscos de desastres urbanos.

Na América Latina, a Costa Rica destaca-se por seu compromisso histórico com a sustentabilidade. O país recebeu prêmio ambiental da ONU por suas políticas de desmatamento zero, proteção da biodiversidade e pelo fato de mais de 98% de sua matriz elétrica ser proveniente de fontes renováveis. A iniciativa mostra que é possível conciliar crescimento econômico e preservação ambiental por meio de políticas públicas de longo prazo.

No Brasil, políticas locais vêm se alinhando aos ODS. A cidade de São Paulo, por exemplo, tem desenvolvido programas de reciclagem, transporte público sustentável e infraestrutura verde, buscando reduzir a poluição do ar e melhorar a qualidade de vida urbana. 

Essas ações contribuem diretamente para o cumprimento dos ODS 11 (Cidades Sustentáveis) e ODS 12 (Consumo e Produção Responsáveis), além de reforçarem as metas climáticas nacionais.

O Brasil, apesar de ser um grande produtor de petróleo, demonstrou na COP29 seu compromisso com a redução gradual dos combustíveis fósseis e o avanço de alternativas sustentáveis. Com cerca de 90% da matriz elétrica composta por fontes renováveis, o país se posiciona como protagonista na transição energética, destacando-se na produção de etanol, biodiesel e energia eólica. 

Além disso, países latino-americanos renovaram recentemente seu compromisso coletivo com a Agenda 2030, reafirmando a necessidade de cooperação regional e financiamento climático para viabilizar a implementação dos ODS. Isso mostra que o enfrentamento das mudanças climáticas exige uma governança global baseada em solidariedade e partilha de responsabilidades.

Grupo de jovens segurando o globo terrestre. Agenda 2030
Imagem: Alistair Berg/Getty Images.

Desafios e oportunidades na implementação dos ODS para combater as mudanças climáticas

Saiba quais são os desafios e oportunidades para implementar os ODS no combate as mudanças climáticas.

Desafios para implementação

A implementação dos ODS, em especial do ODS 13 – Ação contra a Mudança Global do Clima, enfrenta uma série de obstáculos estruturais e institucionais. Um dos principais desafios é a falta de recursos financeiros para financiar políticas de mitigação e adaptação, principalmente em países em desenvolvimento, que possuem menor capacidade de investimento em infraestrutura verde e tecnologias limpas.

Segundo o Ministério do Meio Ambiente do Brasil, um dos principais entraves é a dificuldade de acesso aos mecanismos de financiamento climático, que exigem capacidades técnicas, jurídicas e administrativas que muitos municípios e comunidades locais ainda não possuem. Sem apoio adequado, os recursos disponíveis não se traduzem em ações concretas nos territórios.

Além disso, há uma resistência política e econômica de setores produtivos ainda fortemente dependentes de combustíveis fósseis e modelos extrativistas, o que dificulta a transição para uma economia de baixo carbono. 

Segundo dados do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), embora as projeções de aumento da temperatura global foram ajustadas para baixo ao longo dos ano, a meta de 1,5 °C do Acordo de Paris ainda está distante. Isso reforça a urgência de acelerar políticas e tecnologias de baixo carbono.

Saiba mais: Como interpretar os relatórios do IPCC?

Fatores geopolíticos como conflitos armados, inflação global, alta dos juros e reconfiguração de alianças comerciais têm gerado instabilidade nas cadeias de suprimento e dificultado investimentos em infraestrutura sustentável. Além disso, a instabilidade política e os entraves regulatórios em diversos países limitam a aprovação de medidas estruturantes para o setor energético.

Outro obstáculo relevante é a desigualdade tecnológica e socioeconômica entre países e dentro das próprias sociedades, uma vez que as populações mais vulneráveis são as que sofrem de forma desproporcional os efeitos das mudanças climáticas. Assim, a justiça climática torna-se um eixo essencial da Agenda 2030, exigindo políticas públicas inclusivas e redistributivas.

Entenda mais sobre: Justiça ambiental: o que é isso?

Oportunidades

Entre as principais oportunidades, destaca-se o avanço das tecnologias verdes — como a energia solar e eólica, sistemas de transporte sustentáveis e práticas de agricultura regenerativa — que tornam possível reduzir emissões sem comprometer o crescimento econômico. 

A transição energética representa uma das principais oportunidades para acelerar a implementação em especial do ODS 13, com destaque para os chamados 4Ds da energia: Descarbonização, Descentralização, Digitalização e Disrupção da Demanda. Esses eixos estruturam soluções como fontes renováveis regionais, geração distribuída, usinas virtuais e eletrificação de transportes e indústrias, todas alinhadas com os compromissos climáticos globais.

O financiamento climático é uma ferramenta estratégica para viabilizar ações concretas contra as mudanças climáticas, especialmente nos países em desenvolvimento. Segundo o Ministério do Meio Ambiente do Brasil, ele deve ser articulado com transferência de tecnologia, capacitação institucional e apoio técnico, por meio de mecanismos como o Fundo Clima e o Fundo Amazônia. 

A COP29 reforçou essa agenda ao estabelecer a meta de triplicar o financiamento climático global, alcançando US$ 300 bilhões anuais até 2035, com foco em energia limpa, empregos verdes e resiliência.

Segundo o Relatório de Progresso dos ODS 2024 da ONU, o sucesso da Agenda 2030 depende de parcerias eficazes e ações coordenadas entre governos, setor privado, sociedade civil e organismos internacionais, especialmente para impulsionar transições críticas em áreas como energia, alimentação e conectividade digital. 

No entanto, o relatório alerta que sem apoio financeiro, técnico e institucional adequado, muitas políticas sustentáveis correm o risco de permanecer apenas no plano das intenções, sobretudo nos países em desenvolvimento, que enfrentam o pior cenário econômico em décadas e um déficit anual de US$ 4 trilhões em investimentos necessários para alcançar os ODS.

No Brasil, a aprovação da Lei do Combustível do Futuro e do Marco Legal do Hidrogênio de Baixa Emissão de Carbono abre espaço para investimentos em captura de carbono, biocombustíveis e hidrogênio verde, fortalecendo a economia de baixo carbono.

Outro ponto promissor é o engajamento crescente da sociedade civil e das novas gerações. Movimentos como o Fridays for Future têm ampliado o engajamento da sociedade civil na agenda climática global, mobilizando milhões de jovens e pressionando governos e empresas a adotarem metas mais ambiciosas de redução de emissões. 

Essa atuação gerou impactos concretos, como a declaração de emergência climática em diversos países e a inclusão da participação cidadã em planos nacionais de adaptação. A ONU reconhece esse engajamento como essencial para a implementação dos ODS, especialmente os de ação climática (ODS 13) e fortalecimento institucional (ODS 16), por promover transparência, corresponsabilidade e legitimidade nas políticas públicas.

A educação para a sustentabilidade e a formação de cidadãos conscientes são pilares para o sucesso da Agenda 2030, já que o enfrentamento da crise climática requer mudanças culturais profundas e um novo modelo de desenvolvimento baseado na cooperação e na ética ambiental.

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Se você gostou do conteúdo, conheça o Projeto Amazônia Urbana, uma iniciativa da Politize! em parceria com o Pulitzer Center. O projeto busca ampliar o olhar sobre os desafios das cidades amazônicas, promovendo conteúdos acessíveis e didáticos sobre urbanização, justiça climática e participação cidadã na região. Acompanhe essa jornada!

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Conteúdo escrito por:

Luana Araujo Lopes

Baiana, vivendo no extremo sul do RS, estudante de Relações Internacionais na Universidade Federal do Rio Grande. Desde a época da escola, sempre fui fascinada por história, geografia, questões internacionais, políticas e culturais. Atualmente no 5° semestre do curso, percebo que as Relações Internacionais são a minha paixão e a chave necessária para compreender o complexo cenário global dos dias de hoje.
Lopes, Luana. Agenda 2030: quais são os ODS e como eles ajudam a combater as mudanças climáticas?. Politize!, 31 de outubro, 2025
Disponível em: https://www.politize.com.br/agenda-2030-e-ods/.
Acesso em: 3 de nov, 2025.

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