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Acidente de Chernobyl: entenda o que aconteceu em abril de 1986

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Reator nuclear de Chernobyl. Imagem: Getty Images.

Já imaginou acordar na sua casa, tomar um café da manhã com a família, sair para trabalhar ou estudar e no caminho de volta se deparar com as autoridades te dando o prazo de 36h para pegar os seus pertences mais importantes. Pois, a cidade está sendo evacuada, sem ao menos revelar o motivo. Parece cena de filme, não é? Mas, isso realmente aconteceu e hoje sabemos o que se passou no Acidente de Chernobyl.

Ficou curioso (a) para saber o que foi o maior desastre nuclear da história? Nesse texto, a Politize te explica!

Contexto histórico do Acidente de Chernobyl

O contexto histórico do Acidente de Chernobyl se passa entre o fim da Segunda Guerra Mundial em 1945, no qual a União Soviética (URSS) desenvolveu um papel fundamental no combate ao avanço das tropas nazistas.

E o período da Guerra fria (1947 – 1989) , sendo o mundo dividido entre duas grandes potências com pensamentos distintos. De um lado “a URSS representando o socialismo“ e do outro “os Estados Unidos sendo capitalista.” A disputa acontecia por meio de criações tecnológicas, tanto para a área armamentista quanto a espacial, não ocorrendo um conflito direto.

Veja também nosso vídeo sobre o que é socialismo!

O que é uma usina nuclear e para que serve

As usinas nucleares são instalações industriais capazes de produzir energia elétrica a partir da fissão nuclear. É quando o centro de um átomo é atingido por nêutrons, partículas que não possuem carga elétrica. Resultando na divisão do núcleo em dois átomos menores produzindo assim energia.

O reator nuclear é um compartimento onde ocorrem as reações, como no caso da fissão nuclear explicada no tópico anterior. Além disso, é a primeira barreira que impede a radiação de sair para a área externa do ambiente.

Leia mais: O “brilho que fere”: entenda sobre o lixo radioativo

O que foi o acidente nuclear de Chernobyl

Em 1983, na cidade de Chernobyl, foi concluída a construção de uma usina nuclear contendo quatro reatores, no qual juntos produziam aproximadamente 10% de toda a energia elétrica consumida pela região atualmente conhecida como Ucrânia.

No dia 26 de abril de 1986 os operários, responsáveis pelo controle de operação da usina, resolveram testar o reator quatro que já apresentava falhas e iria passar por uma manutenção. Eles queriam simular um apagão para saber se mesmo sem energia o reator iria continuar funcionando, até que os geradores reservas fossem ativados.

Afim de que isso ocorresse, o reator deveria estar operando com 25% da sua capacidade e o sistema de segurança desligado. No instante em que realizaram o procedimento a potência caiu para 1%. Logo, resolveram aumentar para que ela retornasse aos 25% mas ao invés disso, o reator nuclear chegou a uma temperatura de 2.000 Grau Celsius ocasionando em uma explosão e na destruição do teto que pesava 1.000 toneladas liberando, assim, radiação.

Como o sistema de segurança havia sido desligado, não existia nada que pudesse conter o calor presente no reator. O acidente de Chernobyl é considerado o maior desastre nuclear da história da humanidade.

Quais as causas levaram ao acidente

Atualmente existem duas causas que levaram ao acidente. A primeira delas é a falha humana, visto que os operadores da usina deixaram de seguir alguns protocolos na hora de realizar a testagem do reator.

Após o desastre, foi feita uma comissão para descobrir o que havia ocorrido, três pessoas foram consideradas culpadas e tiveram 10 anos de prisão. O segundo fator foi um problema no projeto do reator. Pois, o modelo usado era considerado instável quando colocado sobre potência reduzida.

Quais foram as principais medidas da União Soviética para conter a explosão:

  1. Envio de bombeiros.
  2. Helicópteros jogando areia, argila, chumbo e ferro por cima do reator com o objetivo de apagar o fogo.
  3. Deram incentivos, por meio de dinheiro e recursos médicos para os chamados “ liquidadores “, pessoas que ajudaram, voluntariamente, a limpar a cidade, cuidar de doentes, medir a radiação de determinados lugares, entre outras atividades.
  4. A criação da zona de exclusão em um raio de 30 km de distância da usina, com o intuito de isolar a área com alta taxa de radiação.
  5. A evacuação dos cidadãos que moravam próximos a essa zona de exclusão e cidades vizinhas que apresentavam altas taxas de radiação, como por exemplo Pripyat.
  6. A construção de um sarcófago cobrindo o reator nuclear. Formado por 400 mil metros quadrados de concreto e 7 mil toneladas de aço, com a função de conter a radiação do reator.

O atraso ao relatar o acidente

O governo soviético acreditava ser o radiador do reator que teria sido queimado. Além disso, temendo “a reputação do país” optou por não avisar a mídia internacional do ocorrido e nem à população local. Logo, os moradores da região não ficaram sabendo sobre o vazamento da radiação, visto que os jornais eram controlados pelo estado. Foi somente após dois dias do acidente que a verdade veio à tona.

Uma usina nuclear localizada na Suécia a 100 km de distância de Chernobyl detectou altos níveis de radiação. Os cientistas, percebendo que não se tratava da usina deles, resolveram perguntar à URSS se havia acontecido algo e o governo negou. Os suecos então resolveram fazer um relatório para anunciar a imprensa internacional, a fim de alertar e descobrir o que estava acontecendo. Não tendo mais saídas, a União Soviética assumiu o acidente, mas, afirmou que tinham tudo sob controle.

Consequências da tragédia para a população e o meio ambiente

Devido ao atraso em anunciar o desastre, a população já havia sido exposta a radiação, seja por alimentos contaminados, ou, pela atmosfera. Em consequência disso, grande parte das pessoas começaram a apresentar falhas no sistema cardiovascular, problemas no sistema nervoso, câncer e sintomas generalizados. Ocasionando em sérios riscos à saúde, podendo levar o indivíduo à morte em um curto período de tempo.

Segundo o Centro Nacional de Pesquisa Médica de Radiação, estima-se que cerca de 5 milhões de cidadãos da URSS foram afetados pelo acidente. Já na Bielorrussia corresponde a 800 mil pessoas.

Efeitos da exposição à radiação. Imagem: Graphic News.

Os efeitos da catástrofe também atingiram o meio ambiente, uma área de aproximadamente 10 km em Chernobyl ficou conhecida como “floresta vermelha“, pois muitas árvores ficaram marrom – avermelhadas e morreram devido a radiação. A Bielorrússia foi o país mais afetado, cerca de 23% do território foi contaminado, representando ¼ de florestas. Já na Ucrânia, 7% do território.

O que mudou na União Soviética após o desastre

O desastre de Chernobyl contribuiu uma parcela com o fim da URSS em 1991, já que o país passava por uma crise econômica devido aos gastos com tecnologias espaciais e a corrida armamentista decorrente da Guerra Fria. Além disso, a União Soviética dependia do dinheiro que vinha do petróleo e gás para bancar as despesas da nação, mas em 1980 os preços do petróleo caíram, prejudicando ainda mais a economia.

Outras causas determinantes para o fim da URSS foram: autoritarismo, questões relacionadas à burocracia, melhora da educação, gerando nas pessoas a busca por novas transformações, as reformas de Gorbachev, o último líder da União Soviética. Além das revoluções e movimentos separatistas.

Veja também nosso vídeo sobre como era a vida na União Soviética!

As vantagens e desvantagens da utilização de usinas nucleares

Vantagens:

  • Não causa nenhum efeito estufa ou chuva ácida.
  • Um pedaço pequeno de Urânio pode abastecer uma cidade inteira.
  • Fácil de transportar.

Desvantagens:

  • Energia não renovável, são aquelas que utilizam recursos no qual irão se esgotar.
  • Causa poluição térmica, já que a água utilizada na usina nuclear contém temperatura elevada e caso lançada nos rios poderá destruir ecossistemas.
  • Podem ser utilizadas na construção de armas nucleares, colocando em risco a vida das pessoas.

Leia mais: Energia renovável: por que é importante para a política?

Como está a região afetada pelo desastre atualmente

  • Ainda existe a zona de exclusão e algumas pessoas continuam morando em Chernobyl, apesar dos riscos à saúde.
  • Em 2002, o orçamento da Bielorrúsia destinado aos problemas do desastre foi de 6,1%.
  • Em 2011, o primeiro-ministro ucraniano, Mykola Azarov, relatou que 10% do orçamento anual do país é destinado a Chernobyl.
  • Em novembro de 2016, o governo da Ucrânia reforçou o sarcófago com uma estrutura de 108 m de altura por 257 de largura e que pesa 36 mil toneladas.
  • Ainda existem 11 reatores no modelo RBMK em operação na Rússia, o mesmo do desastre.
  • Em 2022, com a Guerra na Ucrânia, as tropas russas invadiram a região de Chernobyl, mas já se retiraram.

Depois dessa leitura, ainda deseja se aprofundar mais sobre o acidente nuclear de Chernobyl? Logo abaixo, confira as nossas indicações de filmes, séries, vídeos e notícias que abordam sobre o assunto.

Curiosidade: a Universidade de São Paulo (USP), possui um reator nuclear e é aberto para visitação. Confira aqui o link com mais informações: Superinteressante: como funciona o reator nuclear da USP

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Conteúdo escrito por:
Me chamo Victória, sou de Ipatinga, mas cresci em Belo Horizonte. Atualmente, ingressei no curso de Ciências Sociais pela UFRB. Sou apaixonada por história, literatura e ciências. Tenho como hobby escutar música e aprender sobre esse mundão que nos cerca.

Acidente de Chernobyl: entenda o que aconteceu em abril de 1986

22 abr. 2024

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