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Bebê reborn: entenda o fenômeno e as polêmicas no Brasil

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Você já ouviu falar em bebê reborn? Essas bonecas hiper-realistas, criadas para se parecerem com recém-nascidos, têm chamado a atenção no Brasil, não apenas pelo realismo impressionante, mas também pelas controvérsias que surgiram em torno de seu uso.

Nos últimos meses, os bebês reborn deixaram de ser apenas um objeto de coleção ou terapia emocional para se tornarem tema de debates públicos, projetos de lei e até questionamentos sobre o uso de recursos do SUS. 

Afinal, é possível usar uma boneca para obter direitos reservados a crianças reais? E qual o limite entre uso terapêutico e comportamento problemático?

Neste texto, vamos explicar o que são os bebês reborn, como surgiram, por que estão no centro de uma polêmica nacional e o que dizem os especialistas em saúde mental e os legisladores sobre esse fenômeno.

Boa leitura!

O que é um bebê reborn?

Um bebê reborn é uma boneca hiper-realista criada artesanalmente para se assemelhar a um recém-nascido real. Essas bonecas são produzidas com materiais como vinil ou silicone, e recebem detalhes minuciosos, como pinturas em camadas, veias, unhas pintadas, cabelos implantados fio a fio e até o peso é semelhante ao de um bebê verdadeiro.

O objetivo é proporcionar uma experiência sensorial e visual extremamente realista.

Inicialmente, os bebês reborn eram utilizados em treinamentos médicos e de primeiros socorros, simulando a aparência e o peso de um recém-nascido. Com o tempo, tornaram-se populares entre colecionadores e também são usados me terapias para pessoas que enfrentam perdas ou dificuldades emocionais.

Veja também: Saúde mental: o que é?

Fotografia de um bebê reborn.
Imagem: Carta Capital.

Como surgiu?

A arte dos bebês reborn iniciou nos Estados Unidos na década de 1990, quando artistas começaram a modificar bonecas comuns para se parecerem mais com bebês reais. 

Esse processo, conhecido como “reborning”, envolvia técnicas detalhadas de pintura e escultura para criar bonecas únicas e realistas.

Com o avanço das técnicas e a popularização da internet, a prática se espalhou globalmente, ganhando adeptos em diversos países, incluindo o Brasil. 

Hoje, existem comunidades dedicadas à criação, venda e troca de experiências sobre bebês reborn. Um exemplo dessa popularidade foi o encontro de colecionadores que ocorreu no Parque do Ibirapuera, em São Paulo. 

Qual é a polêmica do bebê reborn?

Em 2025, os bebês reborn têm sido alvo de polêmicas no Brasil, especialmente devido ao uso indevido dessas bonecas para tentativas de obtenção de benefícios destinados a crianças reais. 

Nas redes sociais, vídeos viralizaram mostrando criadores de conteúdo tratando os bebês reborn como filhos reais.

Os relatos afirmam haver pessoas tentando utilizar os bebês reborn para conseguir atendimento prioritário em serviços públicos, como o Sistema Único de Saúde (SUS), ou para acessar filas preferenciais em estabelecimentos comerciais, por exemplo.

No entanto, até o momento não houve comprovação de casos reais nos quais indivíduos tenham tentado obter consultas pelo SUS, uso de leitos infantis em hospitais ou acesso a filas preferenciais.

Essas práticas levantaram debates sobre os limites entre o uso terapêutico e comportamentos que podem indicar desequilíbrio emocional.

Projetos de lei

Diante das polêmicas, parlamentares brasileiros apresentaram projetos de lei para regulamentar o uso dos bebês reborn em espaços públicos e serviços de saúde.

Um dos projetos, apresentado pelo deputado estadual Cristiano Caporezzo (PL-MG), propôs a proibição do atendimento de bebês reborn em unidades de saúde públicas e privadas, além da aplicação de multas para quem tentar obter benefícios utilizando bonecas.

Outro projeto, de autoria da deputada federal Rosângela Moro (União-SP), estabelece diretrizes para o fornecimento de assistência psicológica através do SUS para pessoas que desenvolvam vínculos afetivos intensos com bebê reborn e outros bonecos.

Essas iniciativas visam evitar o uso indevido de recursos públicos e oferecer suporte adequado para indivíduos que possam necessitar de acompanhamento psicológico. 

O que dizem os especialistas em saúde mental?

O uso de bebês reborn como ferramenta terapêutica tem sido debatido por especialistas em saúde mental, especialmente diante do aumento de casos em que adultos desenvolvem vínculos intensos com essas bonecas. 

Embora o apego a objetos inanimados seja comum em situações de luto, estresse ou solidão, os profissionais destacam que o uso excessivo pode sinalizar a necessidade de acompanhamento psicológico.

Em entrevista à CNN Brasil, o psiquiatra Daniel Barros explicou que brincar ou cuidar de um bebê reborn não é necessariamente um sinal de problema psicológico. Para ele, o comportamento só se torna preocupante quando há confusão entre fantasia e realidade, como quando a pessoa realmente acredita que a boneca é realmente um bebê.

“O problema está quando a pessoa coloca uma realidade que não existe, que ele [o bebê reborn] é realmente o seu filhinho e que ele precisa de cuidados.”.

Em alguns casos, os bebês reborn são utilizados como parte de terapias para auxiliar no processo de luto, especialmente por mulheres que perderam filhos ou enfrentam dificuldades para engravidar. Essas bonecas funcionam como “objeto transicional”.

Entretanto, esse uso deve ser acompanhado por profissionais de saúde mental.

A psicanalista Fabiana Guntovitch afirma que:

“Pode ser terapêutico no sentido de ser uma oportunidade de elaboração de dores e questões internas dessa pessoa, que está usando um símbolo para se relacionar não com a boneca, mas consigo mesma.”

O psiquiatra Daniel Barros, diz que a proposta de leis para regular o uso dos bebês reborn não são necessárias “Quem está propondo essa lei agora também, eu acho que quer surfar nessa onda” e acredita que o assunto perderá relevância rapidamente.

E você, o que acha sobre a febre do bebê reborn? Deixe suas dúvidas e opiniões nos comentários!

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Conteúdo escrito por:

Layane Henrique

Faço parte da equipe de conteúdo da Politize!. Cientista social pela UFRRJ, pesquisadora na área de Pensamento Social Brasileiro, carioca e apaixonada pelo carnaval.
Henrique, Layane. Bebê reborn: entenda o fenômeno e as polêmicas no Brasil. Politize!, 22 de maio, 2025
Disponível em: https://www.politize.com.br/bebe-reborn/.
Acesso em: 22 de mai, 2025.

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